More Cláudio Lacerda »"/>More Cláudio Lacerda »" /> Cláudio Lacerda - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Cláudio Lacerda

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A música de Cláudio Lacerda traduz sua visão de artista contemporâneo, que parte da beleza exuberante do cancioneiro popular brasileiro, notadamente o baseado na matriz caipira, e incorpora as referências do seu tempo, constituindo-se numa obra com raízes profundas e amplos horizontes.

São 20 anos de carreira musical defendendo a cultura campesina, seja através de seus seis álbuns, singles ou de projetos como o ConSertão, do qual é idealizador, promovendo concertos gratuitos ao ar livre com orquestra sinfônica, o acompanhando em clássicos da música caipira.

Já dividiu palco e faixas de seus discos com Rolando Boldrin, Dominguinhos, Mônica Salmaso, Renato Teixeira, Zé Geraldo, Pena Branca, Tinoco, Amelinha, Maria Alcina, As Galvão, entre outros maravilhosos artistas brasileiros.

O álbum de estreia, “Alma Lavada” (2003), contou com a participação de Renato Teixeira e abriu portas para o início de sua carreira. Em 2004, venceu o I Prêmio Nacional de Excelência da Viola Caipira, na categoria de melhor intérprete, iniciativa do Instituto Brasileiro da Viola Caipira, feito repetido na segunda edição do Prêmio, em 2010 e na terceira e última, em 2013.

O segundo álbum “Alma Caipira” (2007) contou com as participações de Tinoco e Pena Branca e foi capa do caderno de cultura do Jornal O Estado de São Paulo. Em 2008 é selecionado pelo edital da Funarte, realizando show na sala Sidney Miller em Brasília.

Em 2010, Lacerda gravou seu terceiro álbum, o autoral “Cantador”, com participação de Dominguinhos, e elogiado pela crítica no jornal O Estado de São Paulo. No mesmo ano estreou o espetáculo “Tributo à Pena Branca e Xavantinho” com o parceiro Rodrigo Zanc, que já foi apresentado por volta de 70 vezes em cidades paulistas.

Em 2011 estreia o “Projeto 4 Cantos” junto aos violeiros Rodrigo Zanc, Luiz Salgado e Wilson Teixeira, com circulação de shows pelo ProAC ICMS em 2014, e pelo Circuito Sesc de Artes em 2017. Em 2014 lança o projeto “Olhos d’água” com circulação pelo Circuito São Paulo de Cultura e unidades do Sesc.

Em 2015 lança seu quarto álbum, “Trilha Boiadeira” com arranjos e direção de Neymar Dias, em homenagem à cultura popular. No mesmo ano é selecionado para o “Circuito São Paulo de Cultura”, para o “Prêmio Grão de Música” e é indicado ao “Prêmio Profissionais da Música”.

Em 2016, se muda de São Paulo para Botucatu – SP, no médio Tietê, e cria com o artista botucatuense Osni Ribeiro, o projeto “Sobre Trilhos e Canções”, relembrando canções que envolvem a temática dos trens e ferrovias, com seus encontros e partidas, com circulação pelo Circuito Cultural Paulista e unidades do Sesc.

Em 2018 idealiza e estreia o projeto “ConSertão” pelo ProAC ICMS, que leva para cidades paulistas, concertos gratuitos em praça pública. São arranjos inéditos de Neymar Dias para Orquestra Sinfônica, de clássicos da música caipira. Cláudio é o diretor artístico e cantor dos concertos, que na primeira temporada passou pelas cidades de Piracicaba, Araçatuba, Barra Bonita, Araraquara e Paraguaçu Paulista, atingindo um público de 16 mil pessoas.

Integra o casting do espetáculo “Canta Inezita” ao lado dAs Galvão, Consuelo de Paulo e Maria Alcina, dirigido por Thiago Marques Luiz, registrado em CD ao vivo pela Kuarup.

Ainda em 2018 lança seu quinto álbum “Canções para Acordar o Sol” que nasceu do desejo de encontrar o caipira que existe nos compositores da urbanizada e sofisticada MPB. Foram rearranjadas por Toninho Ferragutti, canções de Tom Jobim, Chico Buarque, Gonzaguinha e Ivan Lins, nos provando que todos somos um pouco caipira, independentemente da cidade onde nasceu. Participações especiais de Rolando Boldrin e Mônica Salmaso.

Em 2019 estreia a 2ª temporada do ConSertão pelo ProAC ICMS, nas cidades de Piracicaba, Brotas, Assis, Andradina e São José dos Campos, com público total estimado de 15 mil pessoas.

No mesmo ano é selecionado para o Circuito São Paulo de Cultura (Município de São Paulo) – 8 apresentações em casas de cultura (show de Cláudio Lacerda) Estreia o espetáculo “Modas e Causos da Roça” no Teatro do Engenho (Piracicaba/SP), que é levado ainda para algumas unidades do Sesc SP. Se apresenta na Bélgica, na Embaixada Brasileira, em comemoração ao dia da língua portuguesa.

Ainda em 2019 é selecionado para o Circuito Sescoop de Cultura, realizando show em 4 cidades paulistas, e é convidado para mediar o Festival de Arte Vale do Paraíba – 3ª edição, em homenagem à dupla Pena Branca e Xavantinho.

Em 2020, participa como entrevistador em 4 encontros virtuais com violeiros de todo o Brasil, a convite do Sesc Taubaté. Participa do IV Festival de Artes Vale do Paraíba – 4ª edição, em homenagem a Paulo Simões, e vai à Campo Grande entrevistar o homenageado. Selecionado para a Virada SP Online, pela APAA, e para um show virtual no Centro Max Feffer – Pardinho/SP.

Em 2021 é selecionado pelo edital ProAC LAB edital 39, realizando a gravação de seis diferentes shows online, com banda e convidados. Realiza apresentação online no projeto #EmCasaComSesc, pelo Sesc SP Integra o espetáculo online “Homenagem à Moda Paulista” para a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, com Rodrigo Zanc, Luiz Salgado, Levi Ramiro, Osni Ribeiro e Wilson Teixeira.

Em 2022, é agraciado com o Prêmio de Incentivo à Produção Artísticas (PIPA) em Botucatu/SP com o EP Alpendre, com 4 faixas autorais inéditas. Produz a 3ª temporada do projeto ConSertão, desta vez via edital direto, nas cidades de Botucatu e São José dos Campos. Se apresenta no Sesc Bauru ao lado de Toninho Ferragutti e Neymar Dias, com o espetáculo “Canções para Acordar o Sol”, baseado em seu 5º álbum.

Em 2023 é convidado pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP (CPF Sesc) para estrear a aula-show “Caipirologia”, projeto criado por ele, onde interpreta e analisa a música caipira de uma maneira um pouco mais profunda, com olhar sociológico.

Lança seu sexto álbum “Alpendre”, que traz sete faixas autorais e quatro regravações abordando temas voltadas para a celebração da vida simples com shows de lançamento em Botucatu e nos Sescs Campinas, Sorocaba, São Carlos, São José dos Campos e Bauru.

Selecionado pelo edital Sesi com o espetáculo Olhos D’água, realizando shows nas cidades de São Paulo, Marília, Birigui, São José do Rio Preto e Campinas. Realiza show de lançamento do álbum “Alpendre” no Centro Cultural São Paulo (São Paulo/SP).

Segue abaixo entrevista exclusiva com Cláudio Lacerda para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 23.02.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Cláudio Lacerda: Nascido no dia 17/05/1969 – Sou paulistano, paulista e são-paulino, como diria o violeiro Paulo Freire, e meu nome completo é Luis Cláudio Soares Lacerda.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Cláudio Lacerda: A minha família é do interior de Minas Gerais e sempre teve muita cantoria em casa. Muitos LPs. Comecei a ter aulas de violão com meu irmão mais velho aos 15 anos de idade.

Sou de família festeira de mineiros. Eu tinha um tio seresteiro que era incrível! Tio Silvinho. Era um sabiá cantador. E meus pais o visitavam muito em Passos – MG quando éramos pequenos (eu e meus três irmãos). Outros tios também tocavam violão e cantavam.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Cláudio Lacerda: Fiz aulas de canto, violão e viola caipira. Eu saí da casa dos meus pais antes de fazer 18 anos de idade (1987) para cursar Zootecnia na UNESP em Botucatu – SP. E por lá toquei por anos nos bares da cidade no formato Violão e Voz cantando MPB. Trabalhei por quase 10 anos como consultor de fazendas de produção de leite e depois, aos 30 anos de idade (1999) é que comecei uma carreira musical.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Cláudio Lacerda: A música caipira sempre foi muito presente em casa quando era criança: Pena Branca e Xavantinho, As Galvão, Inezita Barroso, Sérgio Reis.

Mas ouvíamos muito Chico Buarque, Milton Nascimento, Taiguara, Gilberto Gil. A cena da MPB borbulhava naquele início da década de 70.

Renato Teixeira até hoje é uma enorme referência. Na Faculdade ouvi Almir Sater pela primeira vez e fui atrás de conhecer mais a música dele. Vejo o meu trabalho indo na mesma direção que o deles… Com elementos rurais, hora o ritmo, hora o texto, mas com uma estética contemporânea.

Quando era menino ouvia muito rock, nacional e de fora também. Com o tempo fui preferindo a nossa MPB, principalmente a da mineirada (Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes). E nos tempos de faculdade em diante eu ouvia muito mais músicas regionais (Elomar, Almir Sater e Renato Teixeira).

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Cláudio Lacerda: Posso dizer que na Faculdade (em 1987) em Botucatu – SP, tocando nos bares da cidade. É uma baita escola. Aprendi a tocar muita música. Era preciso… a gente ficava tocando por três horas. Dos 18 aos 22 anos de idade (de 1987 a 1991).

06) RM: Quantos CDs lançados?

Cláudio Lacerda: Seis álbuns e alguns singles e EPs. O álbum de estreia, “Alma Lavada” (2003), contou com a participação de Renato Teixeira e abriu portas para o início da minha carreira.

O segundo álbum “Alma Caipira” (2007) contou com as participações de Tinoco e Pena Branca e foi capa do caderno de cultura do Jornal O Estado de São Paulo.

Em 2010 veio terceiro álbum, o autoral “Cantador”, com participação de Dominguinhos.

Em 2015 o quarto álbum, “Trilha Boiadeira” com arranjos e direção de Neymar Dias, em homenagem à cultura popular.

Em 2018 lancei meu quinto álbum “Canções para Acordar o Sol” que nasceu do desejo de encontrar o caipira que existe nos compositores da urbanizada e sofisticada MPB.

Foram rearranjadas por Toninho Ferragutti, Neymar Dias, Levi Ramiro, canções de Tom Jobim, Chico Buarque, Gonzaguinha, Ivan Lins, nos provando que todos somos um pouco caipira, independentemente da cidade onde nasceu. Participações especiais de Rolando Boldrin, Mônica Salmaso, Tatiana Parra.

Em 2023 lancei o sexto álbum “Alpendre” traz sete faixas autorais e quatro regravações abordando temas voltadas para a celebração da vida simples.

07) RM: Como você define seu estilo musical e como Violeiro?

Cláudio Lacerda: Não me defino violeiro. Sou cantador. Gostaria muito que a própria indústria cultural o definisse, mas somos muito pequenos para ela. Mas pensando bem, talvez isso fosse perigoso! É uma mistura de música caipira, MPB, folk. Talvez um rock rural, mas mais para o rural!

08) RM: Quais afinações você usa na Viola?

Cláudio Lacerda: Cebolão em Ré (A – D – Fá# – A – D).

09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?

10) RM: Quais os violeiros que você admira?

Cláudio Lacerda: Eita! Vários! Desde Florêncio, Tinoco, Tião Carreiro, Almir Sater até meus amigos Rodrigo Zanc, Ivan Vilela, Paulo Freire, Valdir Verona, Neymar Dias, Luiz Salgado, Levi Ramiro, Rodrigo Delage, Fabrício Conde, João Paulo Amaral, Wilson Teixeira, Ricardo Vignini, Pereira da Viola, Noel Andrade… a lista é grande!

11) RM: Como é seu processo de compor?

Cláudio Lacerda: Muito mais transpiração que inspiração! Vou anotando ideias soltas e em algum momento me sento pra tentar finalizar. Ou quando um amigo me manda uma letra. Ou ainda, sempre que encontro o Paulo Simões

Dou preferência para compor em parceria. Já experimentei algumas fórmulas. Coloquei Letras em melodias e musiquei poemas na ausência do parceiro. E já compus toda a canção junto com o parceiro. Prefiro a segunda maneira. É assim com o Julio Bellodi. Saímos de nossos encontros com uma canção pronta! Acho mais legal, pois não fico na ansiedade de terminar.

Tenho parcerias musicais com: Adriano Rosa, Julio Bellodi, Zé Paulo Medeiros, Paulo Simões, Pinho.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente? 

Cláudio Lacerda: Creio que a carreira independente hoje seja a única possibilidade para a grande maioria dos artistas, onde me incluo. É a realidade do mercado atual. Uma grande vantagem, claro, é a independência para se tomar o rumo que quiser, e a desvantagem é a falta de assessoria. Temos que achar os caminhos sozinhos…

É mais difícil para divulgar nossa música, mas acho que é uma tendência irreversível. As gravadoras querem apenas artistas de grande vendagem, e muitos independentes amigos meus, e eu inclusive, não focamos o sucesso como ponto principal. O sucesso a qualquer custo.

Procuramos dar um direcionamento natural de nossos trabalhos, independente se a grande massa vai absorver ou não. Em compensação, o nosso público é extremamente fiel, e frequenta em peso os nossos shows. Graças a estas pessoas, sobrevivemos.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? 

Cláudio Lacerda: Para dentro do palco, é importante estar bem preparado e confiante. A emoção vem pra somar para conseguir uma boa interpretação.

Para fora, procuro estar atualizado em relação a leis de incentivo, editais públicos e privados, faço cursos que envolvem a produção musical. Tento criar bons argumentos para novos projetos, fazer boas parcerias, vender shows…

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Cláudio Lacerda: Desenvolvimento de projetos musicais, divulgação e impulsionamento em redes sociais, inscrições em editais, parcerias, pro atividade em venda de shows… enfim, o que é possível.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Cláudio Lacerda: A internet é fundamental para a formação de público e divulgação de shows/ projetos/CDs. Não acho que atrapalhe em nada não.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)? 

Cláudio Lacerda: Também só vejo vantagens a ferramenta do home estúdio. A gravação está ao alcance de todos, e possibilita o alcance e reconhecimento em maior escala. Claro que com isso, milhares de canções são lançadas a cada dia nas plataformas, exatamente pela facilidade em se gravar. Por isso também não existe mais a atenção que se dava na fruição.

Há décadas atrás se ouvia música com fones de ouvido e com a capa do LP na mão pra ler a letra e a ficha técnica das canções preferidas. Eu fazia muito isso. Hoje é um “pega pra capar” pra gente atingir um bom número de ouvintes. Tem que ter muita dedicação.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Cláudio Lacerda: Procuro manter o contato com meu público nas redes sociais, e cantar não apenas as minhas canções, mas muitas que estão na memória afetiva de muita gente. Isso traz as pessoas pra perto. As mesmas pessoas que irão te assistir quando fizer shows em suas cidades, por exemplo.

18) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram? 

Cláudio Lacerda: Não sou de ficar analisando a carreira ou obra de outros artistas, mas posso dizer que sou um dos que veem que a música sertaneja romântica, ou baladeira, enfim, essa que controla uns 80% do showbusiness brasileiro, nada tem de sertaneja. Acho uma apropriação indevida do nome, mas… os caras são bons de serviço. Mérito deles. Zé Mulato e Cassiano continuam soberanos na música caipira.

19) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja pop. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Cláudio Lacerda: Honestamente, não acompanho esta cena musical.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Cláudio Lacerda: Mais feliz é a possibilidade de ter tempo pra ser pai, conhecer gente legal, cantar por aí com meus amigos. O que me deixa mais feliz é estar no palco com meus amigos músicos, e com um público atencioso. Gravar também é uma delícia! O que me deixa mais triste é ficar muito tempo longe disso tudo…

As incertezas do futuro preocupam, claro, mas não fico triste por isso. Fico por outros, por amigos talentosos que vivem em dificuldade financeira.

21) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?

Cláudio Lacerda: Nunca fui um grande instrumentista. Estudei muito mais canto que música propriamente. Mas arranho Viola de 10 (caipira). Violão tenho de nylon, de aço e de 12 cordas. Gosto de todos. Ah, e tenho um violãozinho. O Paulo Simões foi quem me ensinou a gostar. Por ser pequeno, ajuda na hora de compor quando a gente busca notas e palavras, e para toda hora pra escrever ou gravar trechos.

22) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda ou prejudica a musicalidade?

Cláudio Lacerda: Acho que o silêncio faz parte da música. Tem gente que não entende assim e usa notas demais. Pode mostrar grande habilidade sim, mas a música é sempre mais importante. Tocar bem e interpretar bem são coisas muito diferentes.

 

Sou muito atento à dinâmica da interpretação. Sozinho e com banda também… todos temos que interpretar juntos o que a canção tá pedindo, a história que ela conta. Tem que ter muito sentimento para atingir as pessoas.

23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Cláudio Lacerda: Que se prepare para fazer a produção de seus projetos em todas as suas etapas. Ou pelo menos que entenda bem como se faz. Existem excelentes cursos de produção musical. O artista precisa conhecer o seu negócio. Precisa saber ganhar dinheiro. Não basta ser um bom músico. Essa é apenas a premissa. Para se cercar de pessoas competentes para assessorá-lo.

24) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical?

Cláudio Lacerda: Dom no sentido de uma maior facilidade em aprender eu creio que sim. Não acho que dom seja algo divino, quero dizer.

25) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?

Cláudio Lacerda: A cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro é bem ruim. Não que fosse fácil caso quisessem de fato cobrir e divulgar. É uma pena, mas a grana é que manda. Só se fala do mesmo.

Tem um monte de artistas incríveis se apresentando por todo lado e ninguém dá a notícia. Nem os festivais, que ajudaram a lançar tantos nomes da MPB são divulgados devidamente. Por isso as redes sociais são tão importantes para formarmos nosso público.

26) RM: Qual a importância de espaço como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?

Cláudio Lacerda: É vital esses espaços. Essas instituições cumprem melhor o papel que seria das secretarias e ministério da cultura, pois são permanentes, tem um propósito, continuidade e excelência no que fazem. Diferente de órgãos públicos que mudam suas lideranças a cada eleição, e com isso os rumos, a continuidade, o propósito.

27) RM: Como você analisar o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu? 

Cláudio Lacerda: Em 20 anos alguns dos artistas incríveis que julgo indispensáveis são Zeca Baleiro, Ceumar, Paulinho Moska. Quem continuou em alta para mim: Almir Sater, Dominguinhos, Zé Renato. E quem regrediu? Não sei dizer.

28) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Cláudio Lacerda: Pena Branca, Dominguinhos, Renato Teixeira, Almir Sater.

29) RM: Você acredita que sua música vai tocar nas rádios sem o jabá?

Cláudio Lacerda: Já toca. Mas apenas nas rádios que não cobram jabá. Nas outras, não acredito não, pois elas não vão deixar de cobrar e eu vou continuar insistindo em não pagar!

30) RM: Quais os seus projetos futuros?

Cláudio Lacerda: O ConSertão é um projeto permanente e sempre darei energia por sua continuidade. Mas estou produzindo atualmente um espetáculo com o Luiz Salgado, cantador de Patos de Minas, em homenagem a Rolando Boldrin, meu Mestre. E também o “Canto de Alerta” com a Cristina Saraiva, com viés ambientalista. Vem coisa boa por aí!

31) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Cláudio Lacerda: (11) 99425 – 1820

| www.claudiolacerda.com.br

| https://www.instagram.com/claudiolacerdaoficial

Jardim da Fantasia: https://www.youtube.com/watch?v=-dRTLDadv7M 

Jardineiro sem Jardim: https://www.youtube.com/watch?v=2xsE7elK1hk 

Playlist dos álbuns: https://www.youtube.com/watch?v=Tc0gj9rPKAg&list=PLHvDrp8iQ6d4ZsJWJTY-bpia6ziXy83jd 

Playlist de Cláudio na TV: https://www.youtube.com/watch?v=tr-HMFUE7YE&list=PLHvDrp8iQ6d4XhMK0ESb6TJVQwF_XLO2Y


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.