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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Banda União Rasta

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A banda União Rasta já participou de muitos shows e alguns muitos importantes para a nossa história.

A banda União Rasta foi sorteada dentre várias bandas para a participação deste grande evento organizado pelo Fórum do Reggae junto a prefeitura de São Paulo. Por ser uma banda da Zona Norte, tivemos o privilégio de sermos convidados a tocar na Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha, onde fizemos um ótimo show.

Convidados pelo Coletivo Som Na Praça com a participação de Denise D’Paula e F o x Ahmad, o show na Galeria Olido no centro de São Paulo foi uma celebração da exposição de Fotos relacionados ao reggae. Participamos de dois grandes shows da Pista de Skate do bairro Lauzane Paulista, os dois sendo convidados pela sub prefeitura da região.

Segue abaixo entrevista exclusiva com a banda União Rasta para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.07.2020:

01) RitmoMelodia: Qual a data de nascimento e cidade natal dos membros Banda União Rasta?

Banda União Rasta: Flávio Ferreira Silva, vocalista, 16.08.1983, São Paulo, SP. Giovani Atílio Fioraso Cestini, guitarrista, 22.03.1984, São Paulo, SP. Ronaldo Pinheiro de Mattos, baixista, 19.04.1969, São Paulo, SP. Fabio Paulo da Silva, tecladista, 22.02.1991, São Paulo, SP. Rogério Marques, baterista, 16.05.1986, São Paulo, SP. Elias Orozimbo, tecladista, 25.07.1976, São Paulo, SP. Leandro da Silva, guitarrista, 15.02.1983, São Paulo, SP.

02) RM: Fale do primeiro contato com a música dos membros Banda União Rasta.

Banda União Rasta: Giovani Cestini (Guitarrista) começou a tocar Violão aos 8 anos de idade com influência de seu pai que já tocava, passou a gostar muito e por influência de seu pai ainda começou a tocar Cavaquinho, instrumento que já possuía. Após alguns anos tocando Violão e Cavaquinho, decidiu montar uma banda com amigos, e passou a tocar Guitarra. Tocou em banda de Rock, MPB, Samba e agora toca em três bandas de reggae, duas de músicas próprias e que toca as músicas do Bob Marley.

Rogério Marques (Baterista) sempre gostou de instrumentos de percussão e de reggae e trabalhou como roadie da banda Jahcarregue e começou a observar o baterista tocar e teve a oportunidade de aprender tocar com ele, passou a ter aulas de bateria. Montou sua primeira banda de reggae Raízes do Bem com amigos. Passou a ser convidado por outras bandas para tocar reggae e hoje faz parte da família (União Rasta) e freelancer como baterista em outras bandas.

Ronaldo Bass Mattos (Baixista) em 1998 começou a sua carreira musical influenciado por sua família que já faziam parte do meio musical. Tocou com a banda Superstars Steel Pan até 2005 e passou de 2005 a 2006 com a banda Essencial, após 2006 com a sua mãe Sister Nane & Rebel Roots até 2010, após isso começou seus trabalhos com a banda Nyahbinghi Brothers e desde então não parou mais, hoje faz parte das três famílias: Nyahbinghi Brothers, União Rasta e Bob for Bob in Memory. Tocou com grandes nomes do reggae underground como: David Hubbard, Fox Ahmad, Kiuadadaua, Max Ben, Lenny Fya, Denise D’Paula, Marcio Killaman, Sister Nane, MaySistah e Cláudia Mattos.

Leandro Silva (Guitarrista) faz parte da Banda União Rasta desde a primeira formação, estudou música no Conservatório Municipal de Guarulhos. Tem influência da Música Popular Brasileira de artistas como: Djavan, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nando Reis, entre outros. A sua maior influência vem do Reggae Jamaicano e seus maiores representantes como: Bob Marley, Peter Tosh, Dennis Brown, Hugh Mundell, entre outros… Já participou de outros projetos musicais como percussionista freelance em bandas de Forró Pé de Serra e MPB.

Flavio Ferreira (Vocalista) músico e compositor começou a carreira musical tocando zabumba na banda Marofa, antiga banda de forró pé de serra em que conheceu muitos músicos do estilo. Compositor de qualidade excepcional, decidiu seguir sua carreira como vocalista na banda Flora, em que ficou por três anos até que a banda que já tinha um aspecto reggae se tornou a banda União Rasta em 2003, desde então vem cantando suas canções desenvolvendo músicas próprias e se aprimorando a cada dia.

Fabio Silva (Tecladista) nascido nos anos 90 e criado nos morros do JD. Elisa Maria, extremo norte de São Paulo é cantor, compositor, produtor musical, tecladista e escaletista sob registro na OMB – 71962. Iniciou sua carreira aos oito anos de idade começando suas primeiras apresentações em casas de shows, bares e festivais de música em São Paulo. Atualmente trabalha com o gênero reggae e já excursionou por diversos Estados do Brasil ao lado de bandas famosas do gênero reggae.

Elias Orozimbo (Tecladista) Tecladista, cantor, compositor e arranjador, iniciou na música em 1986, estudando piano e flauta no conservatório. Em 1993 passou pelas bandas: Reggae Mix, Luanda, Dago Miranda e Radical Roots e também Walking Lions. No final de 1995 criou a Banda Nyahbinghi Brothers. A qual se apresentou de norte a sul do país. Nos anos 2000 participou das bandas Sensimilla Dub, Usina Reggae e Rasta Bothers e continua a prestar seus talentos para as bandas: Bob For Bob In Memory, Enah Ha Reggae e Orquestra BR’s.

03) RM: Qual a formação musical e acadêmica fora música dos membros Banda União Rasta?

Banda União Rasta: Flávio, vocalista, atua no ramo administrativo, é gestor e empresário no ramo de confecção, supervisor de vendas e sócio do estúdio União.

Giovani Cestini, guitarrista, publicitário, produtor, designer gráfico e sócio do estúdio União.

Fábio Silva, Tecladista Popular com registro 71962 na Ordem dos Músicos do Brasil, arte educador, designer Gráfico e produtor Musical.

Ronaldo Bass Mattos, baixista, preposto de despachante e sócio do estúdio União.

Rogério Marques, baterista, estampador silk, revelador gráfico, auxiliar de montagem, colorista e ajudante geral.

Leandro Silva, guitarrista, violonista (Conservatório Municipal de Guarulhos), inspetor da Qualidade, mecânico de Usinagem, operador de Máquina, programador e Operador de Máquinas Tridimensionais.

Elias Orozimbo, tecladista, organista e cantor popular com registro 43331 na Ordem dos músicos do Brasil, comerciante, eletricista e motorista.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Banda União Rasta: Para nós nenhuma influência deixou de ter importância, ainda ressaltamos que tudo é aprendizado. O vocalista Flávio no passado ouvia muito rock, por influência do irmão mais velho, e também forró pé de serra, por influência do pai, mas por ser bem eclético ouvia de tudo, samba, pagode, eletrônico, rap, reggae, etc… Mas só na adolescência que ouviu muito rap, hip hop e o reggae. Hoje em dia está ouvindo muito R&B, MPB e o Reggae que nunca deixou de ouvir.

05) RM: Quando, como e onde começou a Banda União Rasta?

Banda União Rasta: A banda começou em dezembro de 2003, com uma união de amigos (Flavio Ferreira – Vocal; Leandro Silva – Guitarra; Leandro  Borges – Bateria;  Marcos Rogério – Baixo; Jackson Max – Teclado; Ricardo Simão – percussionista; Marcelinho – Guitarra solo; Roots – Percussionista) que tocavam juntos em outras bandas. Após uma reunião desses amigos, foi combinado um ensaio e tocamos cinco covers e duas músicas autorais. Esse foi o primeiro repertório da banda que foi apresentada para o público uma semana após o primeiro ensaio, mais preciso no dia 07.12.2003, no bairro Vila Carmela em Guarulhos – SP. Inicialmente a banda tinha integrantes do bairro Vila Carmela e alguns integrantes que residiam na zona norte de São Paulo, mais precisamente do Lauzane, Vila Aurora e Vila Nova Cachoeirinha.

06) RM: Quantos discos lançados?

Banda União Rasta: Lançamos em 2017 o álbum – “Alô Brasil” e em 2012, com uma parceria com o Dj Kas Dub, a banda lançou um EP – “Babylon Down” com 9 músicas, sendo quatro músicas cantadas, e na sequência, as versões DUB das mesmas, com uma mistura de reggae dub, digital, e alguns instrumentos orgânicos. Link do CD completo: HTTPS://youtu.be/HWvpwX1-gb4 e o link Clipe Oficial: HTTPS://youtu.be/eVPO8HEc8Hs

07) RM: Como definem o estilo musical da Banda União Rasta dentro da cena reggae?

Banda União Rasta: Um reggae progressivo, que tem muita base de roots, rockers, dub, steppa, ragga, rock, blues, jazz, soul e hip hop englobado, pelo peso das músicas e ideologia das letras. O nome “reggae progressivo” tem mais a ver com a identidade musical da banda.

08) RM: Flavio Ferreira como você se define como cantor/intérprete?

Banda União Rasta: Além de ter uma forte conotação política e educativa, as canções também têm clima de “Big Up”, ou seja, letras de apoio moral e incentivadoras para que se busque uma evolução humana em cada eu e eu dentro de nós mesmos. As atitudes enérgicas e presença de palco envolvente, resulta um grande envolvimento do público com a banda nas apresentações ao vivo. A palavra que mais define o me estilo como cantor é a energia positiva emanada na canção que componho.

09) RM: Quais os cantores e cantoras que vocês admiram?

Banda União Rasta: São muitos os cantores e cantoras que nos influenciaram e influenciam até hoje, de diferentes gêneros musicais, mas no reggae, podemos citar o rei do reggae Bob Marley como o mais admirado entre os integrantes da banda e temos muita admiração por: Peter Tosh, Burning Spear, Midnite, Israel Vibration, Steel Pulse, Groundation, Gladiators, Twinkle Brothers, Dennis Brown, Márcia Aitken, Dawn Penn, Skatalite, Sister Nancy, Alpha Blondy, Dezarie, Rita Marley, Judy Mowat, Barrington Levy. Os importantes produtores: Lee Scrat Perry e Mad Professor, entre vários outros artistas, bandas, produtores, não menos importantes que representam a cena reggae.

Na cena do reggae nacional temos muita referência, admiração e respeito por: Edson Gomes, Tribo de Jah, Planta e Raiz, Natiruts, Sine Calmon, Gerson da Conceição, Adão Negro, Ponto de Equilíbrio, Leões de Israel, Jah Live, Reggae Style, Mato Seco, Jahcareggae, Denise D’Paula, Filosofia Reggae, Monkey Jahyam, Cidade Verde, entre outros. Os sound system como: Kas Dub, Africa Mãe do Leão, 13 Roots, Amanajé, entre várias outras que levam o reggae para tudo quanto é lugar.

Para não deixar de citar outros artistas da música em geral, vamos citar alguns como: Zeca pagodinho, Raul Seixas, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Cassia Eller, Ellis Regina, Cartola, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Novos Baianos, O Rappa, Planet Hemp, Chico Science e por aí vai…

Da gringa, temos o U2, James Brown, Pink Floyd, The Doors, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Amy Whinehouse, Erykah Badu, Fugees, Busta Rhymes, Tears for Fears, Queen… Entre outros vários outros não menos importantes.

10) RM: Quem é o compositor na banda União Rasta?

Banda União Rasta: Flavio Ferreira criou a maioria das letras sozinho, as que têm parcerias com amigos artistas são poucas, mas posso citar: Fabio “kabong” que também foi guitarrista da banda, Shock Mc, Júnior Litlle Car, Artur Henrique, Alfredo Viana, mas a maioria das minhas composições são individuais, caneta, papel, e pensamento unidos o tempo todo. Tenho muitas letras e pensamentos escritos, muitos deles precisando apenas de uma boa melodia para se tornas uma nova canção.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Banda União Rasta: Os prós é de se fazer o que ama, isso não tem dinheiro que pague, a satisfação de fazer arte juntando amigos faz toda a diferença e faz com que as conquistas apareçam. A parte ruim de ser independente é a falta de dinheiro para fazer as coisas acontecerem, verba para divulgação, pagar cachê, fazer a produção de um disco ou de um clipe, ou até mesmo de uma apresentação que cause impacto áudio visual no público. Tem que ter muita força de vontade para seguir em um projeto independente, já que hoje os grandes artistas e produtores é quem comandam a cena musical no país, deixando pouco espaço para que os artistas independentes consigam alcançar alguma visibilidade. Nota-se uma grande panela na grande mídia e existem muitas portas fechadas com pouco investimento e incentivo na área para artistas novos e independentes.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que vocês praticam para desenvolver a carreira musical?

Banda União Rasta: Ações de marketing, utilização de figurino nas apresentações, participação em eventos beneficentes, busca de ações culturais em comunidades, contratação de equipe de iluminação, músicos, etc… Toda a gama que abrange a área Musical. A banda têm um estúdio de produção musical, chamado Estúdio União, na Rua Augusto Tolle, 114 no bairro  de  Santa  Terezinha,  zona  norte  de  São Paulo e lá é sede da radio web, UniãoBR www.radiouniaobr.com.br e bandas alugam o espaço para ensaios e gravações.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da carreira musical?

Banda União Rasta: Ajuda muito na divulgação, na distribuição das músicas aumentando a visibilidade da banda. Hoje em dia é mais fácil de ser ouvido por outras pessoas ao redor do mundo. O que prejudica é que nossos trabalhos acabam sendo espalhados sem retorno financeiro a não ser se tiver um vídeo bombando no YouTube.

14) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Banda União Rasta: A cena reggae no Brasil existe e não são poucos os adeptos do ritmo que surgiu na Jamaica, mesmo o reggae sendo pouco visível na grande mídia. O reggae chega aos ouvidos na força da resistência de quem o faz e de quem o consome.

Analisando os artistas e bandas nacionais, dá pra perceber que muitas bandas ainda resistem e que ainda dominam a cena, bandas como: Natiruts, Ponto de Equilíbrio, Mato Seco, Planta & Raiz, são bandas que sustentam suas carreiras até hoje e ainda conseguem atrair um público bem considerável  em seus shows, sem esquecer dos pioneiros: Edson Gomes e Tribo de Jah.

Na resistência muitas bandas ainda conseguem seguir na mesma proporção de público e consistência nos trabalhos, como: Leões de Israel, que é banda de apoio artistas gringos, Maneva, que atinge um público jovem e que já entraram na grande mídia principal, a banda Chimarruts, que também vem buscando seu espaço no pop reggae e também a banda Alma Djem, entre outras.

Tem os que estão ganhando cada vez mais espaço como: Dada Yute, Cidade Verde Sounds, Monkey Jahyam, Marina Peralta, Denise d’Paula, entre outras.

Podemos citar as bandas do underground que atrai um público muito fiel, como a nossa banda, União Rasta, Indaíz, Jah Dartanham, Dawtas of Aya, QG Imperial, Ambulantes, Brilho da Mata, Nazireu Rupestre, Etiópicos, Laboratório, Vila Reggae, Jah Walla, Reggaebelde, entre outras.

E teve as que sumiram um pouco da cena mesmo tendo vários fãs que ainda ouvem e acompanham os trabalhos novos e antigos, como: Jah Live, Jahcareggae, Reggae Style, Adão Negro, David Hubbard, Filosofia Reggae, Vibrações, Jimmy Luv.

Muitas bandas acabaram e pode ter sido devido ao fato de o reggae não dar tanto dinheiro, que é necessário para o sustento de uma banda. 

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (Home Studio)?

Banda União Rasta: A vantagem é a facilidade de se criar em casa, sem depender de gravadora, colocando muita música boa no mercado e podendo ser vista pelo público e por produtores que possam alavancar a banda, por outro lado tem muita música ruim, sem qualidade rolando, o que dificulta o acesso e ascensão do(s) artista(s).

16) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Banda União Rasta: Artistas e bandas citadas acima são sinônimos de uma ampla qualidade musical e profissionalismo, desde as bandas independentes que resistem ao fato de não serem muito observadas até os artistas que estão em ascensão ou os que já dominaram a mídia principal.

17) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Banda União Rasta: Cada integrante da banda União Rasta devido a vivência musical já passaram por maus momentos, desde pagamentos irrisórios de cachê, que mal daria para pagar um pão com mortadela até o fato da falta de estrutura sonora para mostrar o som com qualidade. Uma vez, logo no início da banda União Rasta, fomos tocar em um pesqueiro em Arujá – SP, e um integrante da banda, que não está mais nessa formação mais recente, dormiu na Bateria… pois é, tocando, de tão bêbado que estava. Já teve vezes de não ter nem água pra tomar fornecida pelo contratante. Agora ser cantado não me recordo de nenhum fato desse tipo, ainda mais pelo fato de a maioria dos integrantes serem casados, ou comprometidos, normalmente o público respeita muito isso.

18) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Banda União Rasta: Mais feliz é poder emanar a energia que está rolando no seu interior, ver alguém realmente sentindo o som, os aplausos a cada término de música, as palavras de incentivo, os autógrafos dados após ser reconhecido, o reconhecimento é o melhor presente que a arte nos dá.

Já o lado ruim, é ver muita coisa tosca rolando na grande mídia, músicas sem conteúdo, com letras desrespeitosas, que não agregam em nada na vida e na evolução do ser humano. Outro fato é contratante querer apenas o dinheiro sem se importar com o artista. Outro fato é ter que pagar jabá para estar em uma grande mídia. Isso que desmotiva a carreira musical e que são motivos para que as pessoas desistam dela.

19) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?

Banda União Rasta: A cena musical em São Paulo é a mais variada possível, uma metrópole imensa, e de muitas tribos musicais, não tem como descrever essa chuva de cultura que tem nessa cidade. É um mix cultural imenso, e que faz as pessoas serem muito ecléticas e consumirem de tudo no ramo musical.

20) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Banda União Rasta: Sim, aos poucos vamos conquistando espaço, já tivemos nossa música tocada na 105 FM (105,1) em São Paulo, dentro de um quadro chamado, palco encontro das Tribos, no programa, encontro das tribos, foi mais um passo dado. Já tocamos na rádio Brasil Atual, (98,9) em São Paulo, e tocamos também nas rádios comunitárias de São Paulo, como no programa Revolução Reggae da Rádio Heliópolis e no programa Frequência Reggae da Rádio Milênio, estações de rádio que são transmitidas na frequência (87,5) e que abrangem ondas locais referente a sua região. Além dessas tem a rádio web UniãoBR -www.radiouniaobr.com.br que vêm ganhando espaço na web e abrangendo os regueiros do mundo todo, fazendo um papel importantíssimo para divulgar a arte, as rádios web, tem uma força imensurável na propagação da música e da informação.

21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Banda União Rasta: Que tenha muita persistência (risos) e jamais desista de seu sonho. Pra cima e vamos que vamos.

22) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?

Banda União Rasta: Eu analiso de forma vivente, sei que é uma erva sagrada e sei que seu uso traz muitos benefícios, tanto para a mente, como para a medicina, e também é muito usada na indústria têxtil. Bob Marley dizia ser a cura da nação e eu o apoio nesse pensamento, não se tem mortes comprovadas, e ainda pode ser usada para expansão espiritual, e cura de muitas doenças. É triste não ser legalizado o uso recreativo aqui no Brasil, tendo em vista que muitas pessoas fazem o uso escondido de uma coisa que não prejudica as pessoas que sabem fazer o uso moderado da erva santa.

23) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafári?

Banda União Rasta: Esse é o motivo do nome da banda, o Rasta tem boa vibração, sabe usar a natureza de modo sustentável, emana amor e positividade as pessoas. Eu diria um sinônimo de vida bem vivida, não é tão materialista e sabe ser mais humano que muitas outras pessoas que seguem outras culturas. Mas lembrando que o Amor é a melhor religião, não têm preconceito e não discrimina nenhum ser, infelizmente vemos muita maldade no ser humano seja ele religioso ou não. E isso tem que acabar, tolerância é a palavra que ainda vai mudar o mundo. Seja o que você quiser ser.

24) RM: Flavio Ferreira você usa os cabelos dreadlock. Você é adepto a religião Rastafári?

Banda União Rasta: Eu, Flavio não sigo à risca cultura rastafári. Acredito no amor e na sua disseminação. O fato de eu ter dreadlock não quer dizer que sigo as doutrinas da cultura rastafári, aliás estou longe de ser um Rasta verdadeiro. Sou ser humano e cometo pecados como todos nós, mas que aprendi muito com a Cultura Rasta, isso eu posso dizer. O fato de amar a natureza, de respeitar ela e as pessoas, de passar boas vibrações para o mundo, isso sim me define. O reggae ensina as pessoas a viverem bem em meio a tantas maldades e caos.

25) RM: Os adeptos a religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?

Banda União Rasta: Eu, Flavio, não diria religião, mas sim a cultura rastafári, o termo religião me soa um pouco exagerado, já que na própria Bíblia Católica cita o nome Jah, Javé ou Yah (no hebraico) em algumas de suas passagens, e assim pode se entender que também é uma busca espiritual por Deus, pelo pai da criação, também é citado Jesus Cristo. Os rastas citam passagens da Bíblia em diversas letras, o livro Negus Nagast e o Alcorão também é base de conhecimentos e buscas espirituais.

Mas a cultura rastafári dá muita ênfase em Haile Selassie como um messias negro, que abriu as portas para que o povo negro voltasse liberto para a mãe África, fazendo cumprir a profecia de Marcus Garvey. Mas o próprio Haile Selassie não se considerava um messias, mas sim uma pessoa que simplesmente abriu as portas para a libertação do povo negro africano. Acreditamos que não seja verdade o fato de só o Rasta saber fazer reggae, conheço muita gente do ramo que não segue a religião que não tem dreadlock e que toca um reggae pesado.

26) RM: Na sua opinião porque o reggae no Brasil não tem o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Banda União Rasta: Acho que é um conjunto de fatores, pois o reggae já teve melhores momentos nas década de 90 e início dos anos 2000 aqui no Brasil, época essa que o reggae estava sendo divulgado pela grande mídia, você podia ouvir Natiruts, o Rappa, Cidade Negra, Skank, Tribo de Jah, nas rádios e também assistir aos clipes na MTV, mas foi uma onda que passou, e que depois disso não voltou ainda, ficou só nas ondinhas. O reggae voltou para o underground, a falta de investimento na cultura reggae pode ser um dos fatores também, poucos produtores na cena, e a falta de programas em rádios ocultam o movimento, tanto é que temos poucos programas de rádio voltados para o reggae.

O real motivo para isso pode ser também da cultura reggae ser associada diretamente com o uso da Ganjah (maconha), despertando um certo preconceito e deboche por parte de algumas pessoas que não estudam a cultura reggae e julgam apenas por isso. A Ganjah tem o lado espiritual evidenciado dentro dessa cultura, criando um canal de conexão com Jah e abrindo a terceira visão, ou glândula pineal, para a busca de um autoconhecimento e pensamento positivo para lhe dar com as situações do dia a dia.

E temos em São Paulo o Fórum do Reggae, que se reúne toda primeira segunda feira de cada mês na Galeria Olido na Sala da Vitrine. O foco é o Programa Municipal de Fomento a Linguagem de Cultura Reggae/Rastafári, que defende a cultura e as políticas públicas para toda a população e não apenas para um grupo. “Reggae é a Lei” é uma formulação evocada desde o ano de 2017, quando o Fórum do Reggae de São Paulo, começou a direcionar as lutas para a elaboração e aprovação da lei que tramita na Câmara Municipal que “Cria o Programa Municipal de Fomento a Linguagem de Cultura Reggae/Rastafári” – Projeto de Lei Nº 478/2019 – Soninha – Soninha Francine.

26) RM: Quais os seus projetos futuros?

Banda União Rasta: Temos o projeto de expandir o Estúdio União e fazer um selo musical, com ênfase no reggae, mas também podendo abranger outros gêneros musicais. Meu (Flavio) maior projeto é tocar na Jamaica e pelo mundo, mas antes disso tocar em todo o Brasil. O nosso país é muito rico culturalmente, quero conhecer cada canto, fazendo música que é o que mais amo fazer.

27) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?

Banda União Rasta: Nossa agência de shows é o Estúdio União, Rua Augusto Tolle, 114 no bairro de Santa Terezinha, Zona Norte de São Paulo | (11) 96356-2189 (Flavio Ferreira) | (11) 97611- 9608 (Ronaldo Bass Mattos) | (11) 98790 – 0284 (Giovani Cestini) pelo Instagram da banda, @uniaorasta ou https://www.facebook.com/bandauniaorasta/ 

Canal: https://www.youtube.com/channel/UC0HxaLC7lljW7N0FyLm4Y9g 

Um Novo Amanhecer (UNA) – 11/09/2021: https://www.youtube.com/watch?v=cEM4udN0rXI

União Rasta – Alô Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=HWvpwX1-gb4 

União Rasta – Live – 25 de Abril 2020: https://www.youtube.com/watch?v=II6D4hbQN_0 

União Rasta – De Repente: https://www.youtube.com/watch?v=mmQAOTr-mn8 

Vídeo reportagem União Rasta – Rua Musical Reggae Por Filme Zero:

https://www.youtube.com/watch?v=WPaETc2P3KE


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