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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Qual será a postura dos músicos brasileiros após a pandemia do covid-19?

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Após o carnaval de 2020, março será lembrado como o mês que iniciou a pandemia causada pelo Coronavírus (COVID-19) no Brasil após a notificação dos primeiros casos e início da quarentena em algumas cidades. Foram dois anos, literalmente “osso sem tutano e com sal grosso” para a maioria dos músicos brasileiros.

Diz a lenda que o ano começa no Brasil após o carnaval, principalmente para o mercado musical. Mas em 2020 a realidade foi outra, surpreendendo toda a sociedade brasileira. Os primeiros profissionais a parar as suas atividades foram os músicos e foram os últimos a retornar com apresentações ao vivo. Nesse período de compasso de pausa entrou na pauta: live, aprender a escrever edital e conseguir se inscrever no auxilio emergencial. A maioria dos músicos passaram por privações de sobrevivência, alguns dependendo exclusivamente do auxílio de amigos, parentes e do Estado. Alguns venderam seus instrumentos de trabalho para pagarem contas básicas e terem o que comer. Alguns voltaram ao trabalho formal e informal, um bom exemplo são os motoristas de aplicativos. Escrever e aprovar edital continuou sendo uma realidade para poucos que tinham experiência no ramo.

A contribuição financeira espontânea em live de músico independente não dava nem para “comprar o sal” e a maioria não tinha audiência expressiva. Em pouco tempo esse formato de apresentação online se tornou uma nota qualquer, exceto para artistas famosos que fizeram lives privadas com pagamento antecipado. Mais uma vez a água só corre para o mar. Além de músicos que contraíram o vírus, alguns faleceram e os familiares tiveram que contar com ajuda financeira de amigos, fãs, desconhecidos e parentes para proporcionar um sepultamento simples. A triste situação de alguns músicos dependendo da caridade e causando constrangimento para si e para quem não podia auxiliar por já ter auxiliado outros ou por também estar passando também por privações. Um clima quase de Guerra. Além do desgoverno Federal e de alguns Estados e Municípios que demoraram nas ações sociais e na saúde, além dos casos de corrupção. Alguns seres inescrupulosos usaram o caos para ficarem mais ricos e em 2022, muitos escroques usarão o covid-19 para se elegerem. A desunião dos músicos e a falta de consciência de classe agravam a realidade cruel. É um tal de cada um por si, salve-se quem puder.

Em março de 2022, começaram as apresentações e quem antes da pandemia ficava “comendo calado” por ter shows até dezembro, agora “bota a boca no trombone” reivindicando a prioridade na agenda dos futuros eventos. Edital que era igual a cabeça de bacalhau se tornou filé de merluza para quem aprendeu a pescar. Mas atenção na prestação de conta do edital para não pagar para trabalhar. Não tenho otimismo que a pandemia melhorou gente ruim, mas pode ter fortalecido a essência de quem é do bem. A concorrência será mais acirrada e desleal, muitos vão querer ganhar em menos de um ano o que perderam em dois anos. Evento filé mignon será disputado a tapa, uma briga de foice no escuro, muito cuidado com a fome do músico, do produtor, do empresário mau caráter, são lobos com sorriso afável. As redes sociais mostraram muitos modelos de pessoas maldosas.

A pandemia amplificou o que temos de melhor e de pior, agora é escolher o que vamos mais utilizar. Não precisa ser santo, basta ser justo. Não precisa ser bonzinho, mas ser solidário é um avanço. A pandemia parece com uma guerra, pesa para quem é pobre, mas causa mais dor para quem é rico. Dinheiro traz felicidade, promove conforto, mas não impede a morte nem ressuscita quem é rico.

“Juntos somos mais fortes”, não é uma frase de efeito. É sobrevivência coletiva.


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Comments · 10

  1. Antonio Carlos, seu enxuto texto resume muito bem o que foram esses dois anos pandêmicos para os verdadeiros fazedores e trabalhadores da arte. Quem não se junta dificilmente não se fortalece, não sobrevive no mundo artístico.

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.