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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Movimento do “Forró Universitário”: início, meio e hoje…

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Nos anos 90 os ritmos que estavam nos programas dominicais de TV, na programação da maioria das rádios de grande audiência e no gosto popular eram Axé Music, Lambada, Pagode, Forró de Bandas, Sertanejo. Alguns desses ritmos começaram a ganhar popularidade nos anos 80 e nos anos 90 foram aparecendo novos artistas.

Alguns jovens do sudeste foram impactados pelo rock nacional dos anos 80. O Forró Pé de Serra era o ritmo dos “velhos”, dos “baianos”, dos “cabeças chatas” e só tinha uma atenção nas festas juninas. O Forró tradicional estava à deriva dos ritmos citados acima. Até as bandas de Forró (Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Calcinhas Preta, Magníficos, Limão com Mel, entre outras) se aproximavam mais do ritmo Sertanejo na temática das letras, arranjos e instrumentos (baixo, bateria, guitarra, teclado, naipe de metais). Nos anos 90 após as festas juninas no Nordeste e Sudeste, alguns Trios de Forró foram procurando espaços para manter o “ganha pão”. E alguns jovens universitários contratavam esses trios para seus eventos universitários.

Em 2000, o grupo paulista Falamansa lança seu primeiro álbum independente e o selo Abril Music contratou o grupo, fez a distribuição do CD, impulsionou o grupo na grande mídia e no final do ano já era um sucesso. A maioria dos grupos (Rastapé, Bicho de Pé, Forróçacana, Circuladô de Fulô, O Bando de Maria, entre outros) que ficaram conhecidos como fazendo parte do “Movimento e Forró Universitário” começaram no final dos anos 90 e alguns líderes dos grupos tinham contato, eram fãs de artistas forrozeiros e de alguns Trios do Forró Pé de Serra. E os Trios: Sabiá e Virgulino passaram a ser “os padrinhos” do movimento juntamente com Anastácia e Dominguinhos, entre outros.  Depois do sucesso relâmpago do Falamansa brotaram mais grupos em São Paulo e em outras cidades do sudeste. A maioria dos grupos que se destacaram no cenário do “Forró Universitário” lançaram seus álbuns na primeira década do novo milênio. Alguns donos de casa de Forró de São Paulo se tornaram empresários de grupos. Alguns empresários, artistas até afirmam que Forró Tradicional foi ressuscitado, revigorado pelo “Movimento do Forró Universitário” pelo fato de alguns estarem na grande mídia na época. É um paradoxo, já que essa afirmação não se sustenta no rigor de uma pesquisa; seria algo como Jesus Cristo ressuscitar Deus.

No calor do modismo do “Movimento do Forró Universitário”, os “puritanos” saíram em defesa do “Forró Autêntico” devido à inversão de valor entre sucesso midiático e legado musical. Os moderados ponderaram que os grupos do “Forró Universitário” estavam tocando nada mais, nada menos que Xote, Baião, Arrasta-pé ainda sem muita desenvoltura por falta da vivência com os ritmos. A designação mais justa e coerente é chamar o movimento de “Forró tocado e dançado” por jovens universitários e estudantes do Sudeste. É claro, que existia o preconceito por parte do público jovem que acompanhava esses grupos que não assistia os shows dos forrozeiros autênticos com o mesmo entusiasmo, mas era como se estivessem vendo os “Dinossauros do Forró”. E a forma de dançar no começo se assemelhava aos passos do samba – rock, reggae praiano. Os professores(as) de dança que começaram a focar o mercado do Forró, ensinaram os jovens a dançarem os ritmos: Xote, Baião, Arrasta-pé, entre outros ritmos regionais.

O Nordeste assistiu o modismo com distanciamento. No Sudeste os artistas que foram agraciados pelos donos de Casa de Forró que os traziam para “autenticar” o som dos “meninos e meninas” desses grupos, guardam as boas lembranças dos cachês e quem não entrou na seleta lista dos empresários, ou não comenta ou tem uma visão sóbria ou dura sobre o fato. Mas como em todo movimento, quem é autêntico sempre fica e quem é do modismo ganha o esquecimento. Dos grupos que fizeram sucesso na primeira década do “Movimento e Forró Universitário”, alguns deixaram de existir, outros tiveram o cantor/cantora seguindo carreira solo sem o mesmo prestígio. Alguns empresários tentam “requentar” o movimento trazendo artistas jovens que atuavam em outros ritmos para somar com alguns grupos famosos, professores (as) de dança, DJ para fomentar o Forró no exterior. Hoje o “Forró Universitário” é chamado de “Forró Urbano”.

Mas no Forró, o bom mesmo é o Xote, Baião, Arrasta-pé bem tocado e com letras que se aproximam de poemas. E para ser forrozeiro; além do talento, tem que ser forte, teimoso e resistir as tempestades dos modismos musicais que vem e vão e alguns deixam para o mercado produtos descartáveis.


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.