More A música feita no Brasil no século 21 »"/>More A música feita no Brasil no século 21 »" /> A música feita no Brasil no século 21 - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

A música feita no Brasil no século 21

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O cenário musical brasileiro, a partir de 2001, foi concretizando ritmos que nasceram no século XX como o FUNK carioca, que saiu da marginalidade para programas dominicais e de sábado à noite na TV aberta. Ritmos tradicionais que no final dos anos 90 passaram a ser “Universitários” como o forró e o sertanejo. A RitmoMelodia nasceu no século XXI, mas não focada em pautar a música dos anos 60,70,80,90 (já com vasta literatura a respeito).

A RitmoMelodia nasceu após o “aborto” de uma revista a qual fui contratado em fevereiro de 2001 para ser editor, “The Music”, que trataria nichos do “Sertanejo e Forró Universitário”. O primeiro artigo desta revista seria sobre o acidente aéreo ocorrido em quatro de fevereiro, do mesmo ano, com o cantor e compositor Herbert Vianna (dos Paralamas do Sucesso), no qual faleceu a sua esposa Lucy, mãe dos seus três filhos e o deixou paraplégico. No mês de abril, quando cheguei ao trabalho em Osasco – SP e os donos da revista, as mobílias sumiram “sem deixarem um bilhete na porta”. Após esse fato misterioso começou a gestação da Ritmo Melodia. Contratei um profissional em web designer para criar o site e depois eu mesmo passei a realizar essa função.

Meu primeiro entrevistado foi Zé Geraldo. Após gravar as primeiras respostas do cantor e compositor mineiro acionei o botão de pausa no meu gravador de fita K7 moderno e acabei o esquecendo assim, até o final da entrevista (não captada). No metrô fui escutar e, após um momento de desespero, aconteceu o “parto” de uma entrevista. Agradeci o entrevistado ser lacônico e à minha memória de um jovem de 28 anos de idade. Transcrevi tudo quase de forma psicografada e melhorada, as respostas que faltaram serem gravadas. Hoje que a entrevista padrão tem mais de 30 perguntas, eu infartaria (risos). Enviei as perguntas e “respostas” para a assessoria do artista que aprovou e elogiou a publicação. Depois dessa entrevista já se vão quase 900 entrevistas em 20 anos. Em junho de 2019 entrevistei a filha dele, Nô Stopa e avisei à disponibilidade de fazer uma nova entrevista com seu pai.

Em 2001 os shows dos grupos de “Forró Universitário” aconteciam no bairro de Pinheiros em São Paulo e acompanhei de perto, com a desconfiança de um nordestino recém chegado a Sampa. Vindo de Campina Grande – PB, cidade que tem a fama de realizar “O Maior São João Mundo” e, que aos 7 anos de idade ia dançar Forró no chão batido levado pelos meus avós paternos, José Barbosa e Amélia, nos anos 80). Eu não “comia o forró” tocado pelos jovens secundaristas e universitários, nem a forma coreografada de dançar dos casais. Os grupos eram algo como banda de garagem de Trio de Forró Pé de Serra, com pouco ensaio e habilidade de tocar. Alguns grupos tinham um sanfoneiro puxando o fole de forma “tímida”, ou seja, os grupos estavam no estágio do ensino fundamental do Forró e ora pareciam bandas de reggae quando arriscavam tocar o xote. No entanto, já haviam dois grupos que levantavam a cabeça acima da “manada”, o Falamansa e o Rasta-pé, anos depois entrevistei o grupo Falamansa. Felizmente, os grupos começaram a chamar artistas e trios tradicionais como  Dominguinhos, Anastácia, Trio Sabiá, Trio Virgulino, entre outros. Começaram a se preparar para o “vestibular” de tocar Forró, Baião, Xote. Alguns DJs e professores(as) de dança começaram a focar no Forró.

O “Sertanejo Universitário” já nasceu com a missão de abafar os sertanejos famosos nascidos nos anos 80, que ficaram pop nos anos 90. Era uma briga de “ex-caipiras” com os “agroboys”, destaque para Victor e Leo, Michel Teló, Luan Santana, Gustavo Lima, Bruno e Marrone, Fernando e Sorocaba, Paula Fernandes, entre outros. Nesse caso não teve o tal “respeito aos mestres” era cada grupo empresarial por si, alguns “ex-caipiras” entraram para o balcão empresarial de duplas do “Sertanejo Universitário”. Mas “a Lua de Mel” do cantor Leonardo como empresário de Paula Fernandes acabou no “litigioso”. Os grupos empresariais gastaram fortunas com o “jabá” em TV e Rádio para manter as duplas das antigas em evidência. No mercado do jabá chora menos quem paga mais para estar em programas dominicais e de sábado à noite da TV aberta e também na programação de rádios de grande audiência.

A RitmoMelodia nasceu com o propósito de “Cantar o Brasil” na sua diversidade musical não se limitando a um nicho musical e se consolidou como sendo uma revista focada em entrevista que, ao longo dos anos ganharam o perfil biográfico e artigos focados em mercado e carreira musical. Uma revista que não foca no factual, uma vez que os portais de internet cuidam desse cardápio. Uma revista que nasceu eletrônica e continua por 20 anos sem êxito financeiro por falta de patrocínio e por não praticar o jabá, mas se tornou uma referência por entrevistar músicos de forma igualitária independente da fama do artista, de forma que ser acessível se tornou a condição para ter espaço aberto na revista.

O Pagode e Axé Music continuam vivos, mas sem o fôlego e prestígio dos anos 90. O Sertanejo Pop domina e o Funk carioca vem chegando (e ficando pop também). A “música de acasalamento” toma conta das baladas e grande mídia. A RitmoMelodia continua no seu propósito de mostrar a diversidade musical do Brasil sem ilusão de fazer cócega na hegemonia da grande mídia. Uma revista sem nicho, mas a que mais entrevistou forrozeiros e regueiros.

Em 2020, conseguiu aprovação no Edital de Fomento ao Forró, através do qual lança esse livro em 2021, com o resultado desse mapeamento e entrevistas com forrozeiros, no decorrer desses vinte anos de existência e resistência cantando o Brasil, sem panelinha nem privilegiando um único ritmo. A revista mostra a música e os músicos que a grande mídia ignora.


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.