More Vittória Termann »"/>More Vittória Termann »" /> Vittória Termann - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Vittória Termann

Compartilhe conhecimento

A cantora, compositora e artista visual gaúcha Vittória Termann desenvolve um projeto artístico chamado Raiz Quebra Concreto, onde busca dar vida e corpo material a voz que ecoa das raízes do coração da terra. Traz na essência de sua música o contato profundo com a mãe natureza.

Sua composição musical é uma mistura de rezo e luta que bate de frente e questiona as opressões do sistema colonizador e castrador em que estamos inseridos e ao mesmo tempo quebranta os muros de concreto dos corações de quem ouve. Sua busca primordial é o resgate da sabedoria ancestral originária desta terra com honra e reverência, abrindo os caminhos para a chegada de uma nova era, a real vivência.

Dançando entre as vertentes sonoras do New Roots Reggae ao Rap, tem três singles publicados:  ”Amor como munição” lançado em 2021, produzida pelo músico e produtor Augusto Goettert. ”Videira Verdadeira” lançada em 2021 pelo músico e produtor Jackson Bagatini e ”Verbo” lançado em 2022 e produzido pelo cantor, compositor e produtor musical Tiago Herbert – Sansão.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Vittória Termann para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 19.10.2022:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Vittória Termann: Nascida em 13 de maio de 1997, em Porto Alegre – RS. Registrada como Vittória Termann Santana.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Vittória Termann: Meu primeiro contato com a música foi dentro de casa, no convívio com meu pai (Nelson José de Santana). Sempre foi um grande artista e envolvido na sonoridade Brasileira. Na juventude tinha o grupo “Semente”, de Curitiba – PR. Ele foi o meu portal de encontro com a musicalidade. Grande guerreiro baiano.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Vittória Termann: Aos 15 anos de idade (2012) fui iniciada em uma Escola Federal de Música, chamada Projeto Prelúdio. Onde fiz canto, coral e violão. Finalizei os estudos com 18 anos. Sou formada em fotografia profissional pelo Senac e estudante em Naturopatia, medicina holística e natural, originária dos povos ancestrais dessa terra.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Vittória Termann: Acredito que referências do passado estão ligadas ao meu presente. Vejo a união do antigo com o atual uma grande potência. Gosto muito de observar o propósito de cada geração, como a antiga abriu caminhos para que a nova pudesse chegar e abrir mais caminhos para a próxima. Sempre como uma flecha!
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Lia de Itamaracá, Bob Marley, Midnite, Cris SNJ, Dezarie, Lauryn Hill, Erykah Badu, Banda Unification, Chama Crescente, Marina Peralta, Gaia Pia, Banda Cultivo, GrooVI.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Vittória Termann: Em 2021, reuni coragem para olhar para minha música de forma profissional. Comecei a organizar as letras, musica-las, dar corpo e melodia. Formei um duo com Ras Gabe, onde nos apresentávamos na praia do Rosa com músicas autorais, brasileiras, latinas e clássicos do reggae. Logo depois passei a concentrar e investir na gravação das canções autorais. Focando em projetar, organizar e estruturar. Estou nessa missão atualmente.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Vittória Termann: Lancei três singles de minha autoria: ”Amor como Munição” (2021) produzido por Augusto Goettert. ”Videira verdadeira” (2021) com clipe produzido por Jackson Bagatini. ”Verbo” (2022) produzido por Tiago Herbert (Sansão).

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Vittória Termann: New Roots feminino, Música de Rezo, Hip Hop. Músicas de mensagem para abrir a consciência sobre direitos humanos e ecologia. Música de transformação e reflorestamento.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Vittória Termann: Sim, estudei técnica vocal e ainda estudo.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Vittória Termann: A importância é toda. É como o corpo, alongar, praticar, se exercitar. A voz é o mesmo, quanto mais conhecemos mais podemos expandir a força vocal.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Vittória Termann: Marina Peralta, Cris SNJ, Dezarie, Lauryn Hill, Rita Marley, Hortense Ellis, Erykah Badu, Maria Bethânia, Ana Muniz.

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Vittória Termann: Carrego um diário de anotações ao meu lado para expressar sentimentos que as vezes não consigo comunicar. Sempre que vem alguma palavra chave no coração eu anoto. Recebo frases e pensamentos e já escrevo. Tudo meio bagunçado e sem ordem, de um jeito que só eu entendo. Vou escrevendo e quando estou inspirada leio tudo o que escrevi e faço a união de tudo. E assim começa a construção de uma música, com ciclicidade. Minha inspiração são: As reais vivências, o silêncio, a solitude e o canto da natureza.

12) RM: Quem já gravou as suas músicas?

Vittória Termann: Augusto Goetter (Garopaba – SC), Jackson Bagatini (Curitiba – PR). Fernando Arroyo (Dioto), São Paulo – SP. Thiago Herbert (SANSÃO), Porto Alegre – RS.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Vittória Termann: O melhor é que você faz o seu próprio caminho. Você enfrenta os desafios e as benções de assumir a responsabilidade de levar o que pulsa dentro do seu peito. Propósito de alma. A dificuldade maior é vender e se deparar com um mercado que consome arte se é apenas para entreter e adormecer consciências. E nossa arte não é sobre isso, então acredito que adentrar no mercado seja o maior desafio.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Vittória Termann: Organização dos conteúdos para trabalhar. Concentrar para investir nas gravações dos singles. Trabalhar as composições e melodias. Dar vida e corpo para o que já tenho criado. E mais para frente captar recursos e montar um grupo para apresentar esses projetos como uma intervenção artística.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Vittória Termann: Invisto em estudos sobre desenvolvimento artístico, como ser artista e viver da arte, através de uma nova forma de economia que é colaborativa, sustentável e criativa. Estudo leis de incentivos a cultura. Trabalho de forma online, pela rede social e divulgação dos meus trabalhos.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Vittória Termann: A internet hoje em dia facilita muito a carreira do artista, é por ali que fazemos praticamente tudo. Estudamos, aprendemos, produzimos, trabalhamos, distribuímos e vendemos. Além de levar o nosso trabalho para outros lugares do mundo. A internet é benéfica para a expansão do trabalho do artista. Temos que aproveitar essa ferramenta e cada vez mais aprender formas de expandir nossos conhecimentos sobre ela. Mas também estar atenta ao estimulo que ela traz pela busca de uma perfeição irreal que vem gerando frustração e sentimento destrutivo de competição e comparação.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)? 

Vittória Termann: Praticidade, estudo, autonomia e simplicidade.

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Vittória Termann: Trabalho a música a partir do que sinto, com originalidade. Quando falamos em sentimento não existe concorrência. Pois é algo intangível. É o fechar dos olhos e encontrar com o que há de mais profundo em si mesma. Meu grande objetivo é quebrar essa ideia de ”concorrência”, mas criar um modo onde todes possam ser contemplades e tenham o seu espaço. A economia da nova era substitui a concorrência pela colaboração e parceria. Não faço música para ser melhor que o irmão ou a irmã ao lado. Faço porque sei a responsabilidade que é levar a mensagem da alma de Deus. Acredito fielmente nesse caminho e nele vou me fortalecer independentemente que me falem que sou sonhadora. A arte quebra TODAS as barreiras que nós seres humanos tentamos colocar, ela fala a linguagem do espírito.

21) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Vittória Termann: Marina Peralta, Erykah Badu, Novissimo Edgar

22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Vittória Termann: Ah… ”risos”. Já aconteceu um pouco de tudo que foi citado na pergunta, né? Bateria de violão descarregar no momento da apresentação, esquecer equipamento. Dar um branco na cabeça na hora de cantar a música e parar no meio extremamente vermelha de vergonha. Desentendimento com o parceiro de palco. Ah essas coisas acontecem, mas nos deixam mais fortes e mais preparadas. Aconteceu muitas vivências maravilhosas também que sou grata.

23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Vittória Termann: Vejo a música e a arte no geral como uma poderosa arma de revolução com o poder de quebrar barreiras nos corações de quem recebe. E o que cansa é o sistema, sempre pronto para oprimir, e os corações fechados a música de consciência. Isso entristece. Mas uma hora a gente se acostuma e passa a focar energia apenas no que vale a pena, que é a terra fértil para que possamos ali plantar a semente que levamos através da música.

24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Vittória Termann: Não me ligo ao Jabá. Faço meu trabalho e divulgo nas plataformas digitais. E se minhas músicas chegarem nas rádios será uma benção, com honestidade e merecimento.

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Vittória Termann: Estude, invista, respire e tenha em mente os seus objetivos. Não esqueça a respiração, e a conexão profunda com o propósito da sua arte. Caminhe para isso, emane o que quer. Visualize em sua mente objetivos e alvos conquistados. Estude sempre e busque ampliar seus talentos, alcançar níveis maiores. Busque o autoconhecimento, pois este facilita todo o processo.

26) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Vittória Termann: Acredito que grande parte da cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é voltada apenas para música de entretenimento das massas. Tem muito musicista bom trabalhando nas ruas, batendo de frente com o sistema sem audiência e atenção merecida.

27) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Vittória Termann: É uma grande potência para expandir a cena musical, mas acredito que aqui no Sul poderia estar acontecendo mais movimentos e atividades com artistas nesses espaços. E com certeza um olhar mais carinhoso da prefeitura, porque precisamos de apoio a arte!

28) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Vittória Termann: Vejo nesses últimos tempos muitos novos artistas se apresentando na cena do Reggae brasileira com bastante originalidade. E vejo o movimento reggae crescendo e se fortalecendo cada vez mais, como uma grande família se erguendo junta. A revelação desses tempos que mais chamou atenção acredito que seja Marina Peralta.

29) RM: Você é Rastafári?

Vittória Termann: Não sou Rastafári. E acredito que o que sou não pode ser nomeado. Pois o espírito é eterno e não cabe nos rótulos criados por homens. Mas me identifico com a fé e a cultura Rastafári.

30) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?

Vittória Termann: Respeito as diferentes culturas e tradições. Não estou aqui para julgar ninguém. Tenho minha fé e isso não está em discussão e não precisa da validação alheia. Não entrego o meu ouro a opinião dos homens. Em meu caminho acredito fortemente que verdades impostas não servem. Acredito no chegar de uma nova era que inclui e integra a todes.

34) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?

Vittória Termann: Santa Maria é erva sagrada ancestral trazida pelos povos Africanos. É para expansão de nossa consciência. O estado alterado que ficamos ao consagrar esta medicina é atenção total ao reino astral e também ao nosso interior, corpo e órgãos internos. Ficamos sensíveis ao pulsar da vida. Música reggae é o pulsar, é a batida do coração, um só. Está tudo integrado.

35) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?

Vittória Termann: O Rastafari é a fonte original do reggae, é o nutriente principal. Somos influenciados por essa raiz. Música reggae passa muita educação sobre a cultura Rastafári, sobre as sagradas profecias. É uma escola.

36) RM: Quais os seus projetos futuros?

Vittória Termann: Levar consciência através da mensagem. Espalhar a mensagem. Produzir e trabalhar em parceria com músicos.

37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Vittória Termann: [email protected]

| https://www.instagram.com/raizquebraconcreto.chant

| https://www.instagram.com/raiz.quebra.concreto

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCLCm5D1EsXPK7ncIK5Qauow

Amor como Munição: https://www.youtube.com/watch?v=nlCbaIRh7qM 

Videira Verdadeira – Raiz Quebra Concreto: https://www.youtube.com/watch?v=LOjV8N55pWI 

Verbo – Raiz Quebra Concreto (prod. Sansound Records): https://www.youtube.com/watch?v=-Z4Wqub5me8 

Fragmentos de Videira Verdadeira – RQC & Ras Gabe: https://www.youtube.com/watch?v=0pQAmJsYilA


Compartilhe conhecimento

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.