More Virgínia Rosa »"/>More Virgínia Rosa »" /> Virgínia Rosa - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Virgínia Rosa

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A cantora paulistana Virgínia Rosa é bisneta de índia e filha de mineiros. Em casa, além da mãe cantarolando, ouvia de Elizeth Cardoso à música sertaneja.

Seu pai, que quando jovem tocava sopro em banda de coreto no interior de Minas, tinha sempre um violão à mão e gostava de ficar cantando com as filhas: “Elvira Escuta” era a preferida. Foi com ele, aliás, que Virgínia conheceu Beatles e Secos & Molhados. Na adolescência, ela e os primos – com quem montou o “Grupo Lógica” que participou de Festival de Música estudantil e chegou a fazer algumas apresentações – curtiam Alceu Valença, Milton Nascimento, Elis Regina e outras figuras da MPB.

O tempo foi passando e nos anos 80, Virgínia começou a cantar como vocalista da banda “Isca de Polícia”, de Itamar Assumpção. Em meados da mesma década, tornou-se vocalista do grupo “Mexe com Tudo”, com o qual trabalhou por sete anos e excursionou para França e outros países da Europa.

No início da década de 90 iniciou a carreira solo fazendo diversos shows. Seu primeiro CD – Batuque (1997) – com canções de Itamar Assumpção, Luiz Gonzaga, Lenine e Chico Science – lhe valeu a indicação de cantora revelação no Prêmio Sharp. Em 2001, veio o segundo disco – A Voz do Coração. Desta vez com composições de Thomas Roth, Chico César, Herbert Vianna, Gilberto Gil e Luiz Melodia:

Algum tempo depois, em 2006, lançou “Samba a Dois”, seu terceiro disco. Nele, cantou Cartola, Candeia e novos compositores como Luísa Maita e Tito Pinheiro. Em 2008 Virgínia homenageia o inesquecível Monsueto com seu quarto CD – Baita Negão, dando voz a várias de suas canções: “Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo”, “Me Deixa em Paz” e “A Fonte Secou”, para citar algumas.

Ao longo desses anos, Virgínia cantou forró, samba, choro, maxixe, jazz, reggae, carimbó, funk, blues, baladas, baião, maracatu e até música erudita. Além dos shows que acompanharam os CDs, Virgínia subiu aos palcos muitas outras vezes. E, quando não estava só, esteve sempre muito bem acompanhada. Apresentou-se com a Jazz Sinfônica, de São Paulo, e com a Orquestra da Paraíba. Cantou com Marcos Sacramento, Ney Matogrosso, Ná Ozzetti, Lucinha Lins, Célia, Fernanda Porto, Fabiana Cozza, Lenine, Chico César, Zeca Baleiro e foi acompanhada por músicos excepcionais como Dino Barioni e Geraldo Flach – com quem gravou o seu quinto CD – Voz & Piano em 2010.

Parabenizou a cidade onde nasceu e cresceu cantando com o inesquecível Jair Rodrigues em frente ao Prédio do Banespa em “Algum Coisa Acontece no Meu Coração”, show comemorativo dos 454 anos de São Paulo. Interpretou canções de Chico Buarque, Paulo Vanzolini, Cartola, Candeia, Clara Nunes e muitos outros.

O musical “Palavra de Mulher” em que canta músicas de Chico Buarque ao lado de Lucinha Lins e Tania Alves que viajou por diversas cidades do país com enorme sucesso e foi lançado em DVD em 2015, continua na estrada. Já o show “Na Batucada da Vida” com Célia e Lucinha Lins, no qual canta Carmen Miranda, roda o país desde 2005.

O projeto Virgínia Rosa “Canta Clara” nasceu como um pequeno show em homenagem a Clara Nunes no bar Supremo Musical, infelizmente extinto. A impressionante repercussão desse trabalho levou a cantora a elaborar um novo projeto para esse show e sair em turnê por diversas cidades. Em 2004 Virginia Rosa “Canta Clara” virou também a um especial da TV Cultura, exibindo nacionalmente no dia 31 de dezembro daquele ano.  Em setembro de 2015, depois de várias temporadas de sucesso em São Paulo e inúmeras viagens, o show dá origem ao CD lançado pelo Selo SESC e é muito bem recebido pelo público e crítica especializada.

Em 2015, Virgínia Rosa aceitou o convite do diretor Denis Carvalho para estrear como atriz e dar vida à personagem Dora (mãe de Camila Pitanga e Thiago Martins) na novela “Babilônia” de Gilberto Braga na Rede Globo de Televisão.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Virgínia Rosa para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.12.2017:

 01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal? 

Virgínia Rosa: Nasci no dia 28 de Dezembro em São Paulo. Faz alguns anos… Mas como diz a atriz Glória Menezes, em alguns dias eu tenho 15 anos e em outros 70… Sou bisneta de índia e filha de mineiros, nasci exatamente no bairro da Casa Verde Alta, zona norte de São Paulo.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música. 

Virgínia Rosa: Meu pai e minha mãe gostavam muito de música. Eu posso dizer que nasci numa casa musical. Minha mãe adorava cantar e meu pai era músico amador. Foi ele que me apresentou Beatles e Secos e Molhados. Um privilégio nascer nessa família!

03) RM: Qual sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical? 

Virgínia Rosa: Não cursei Faculdade. Eu comecei a cantar muito cedo e logo percebi que esse seria o meu caminho.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância? 

Virgínia Rosa: Tudo que a gente é temos sempre uma influência. Às vezes até para você descobrir o que não quer fazer. Acho que minhas maiores influências são: Clara Nunes, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Billie Holiday, Maria Callas, Tina Turner, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Chico Buarque, Caetano Veloso… Mas eu gosto de ouvir de tudo, de conhecer novos artistas…

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical? 

Virgínia Rosa: Comecei em São Paulo cantando com um grupo que formei com meus primos, ainda na adolescência. Profissionalmente eu comecei a cantar nos anos 80 fazendo vocal para a Banda “Isca de Polícia” do Itamar Assumpção, ao lado de Vânia Bastos e Suzana Salles.

06) RM: Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

Virgínia Rosa: São seis CDS: “BATUQUE” em 1997. Levada mais pop /Produtor Swami Junior

“A VOZ DO CORAÇÃO” em 2001. Disco gravado Ao Vivo com Dino Barioni.

 “SAMBA A DOIS” em 2006. Inspirado no Samba, Fado e Tango.

“BAITA NEGÃO” em 2010. Homenagem a Monsueto Campo de Menezes

“VIRGÍNIA ROSA & GERALDO FLACH: VOZ E PIANO” em 2010. Baseado em show de grande sucesso que se originou em Porto Alegre – RS, canções brasileiras, o amor à tônica.

“VIRGÍNIA ROSA CANTA CLARA” em 2015. Homenagem à Clara Nunes.

SINGLE “Que Tal o Impossível” (Itamar Assumpção) em 2016. VIRGÍNIA ROSA E OGAIR JUNIOR.

07) RM: Como você define o seu estilo musical? 

Virgínia Rosa: Eu sou uma intérprete da música brasileira. Não gosto de rótulos. Canto o que me emociona e o que acredito. Mas os meus discos podem ser encontrados como MPB.

08) RM: Você estudou técnica vocal? 

Virgínia Rosa: Sim, com a Ná Ozetti e logo em seguida indicada pela própria , Claudia Mocchi, já falecida.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz? 

Virgínia Rosa: Estudar é sempre muito importante. Quanto mais conhecimento técnico você tem melhor você pode explorar sua voz sem estraga-la ou machucar as cordas vocais. É importantíssimo cuidar da voz, afinal é meu instrumento de trabalho, literalmente falando.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira? 

Virgínia Rosa: Inúmeros! Mas posso citar alguns como: Clara Nunes, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Billie Holiday, Cássia Eller, Marisa Monte, Tina Turner, Amália Rodrigues.

11) RM: Você compõe? Como é seu processo de compor? 

Virgínia Rosa: Não componho, mas tenho uma música em parceria com o Swami Jr. chamada “Vou na Vida”. Eu fiz a melodia e ele fez a letra.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente? 

Virgínia Rosa: Um dos prós é você ter total controle do que faz e como faz. Um dos contras é que você não tem uma gravadora investindo no seu trabalho.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? 

Virgínia Rosa: Minha estratégia é estar pronta para as oportunidades que aparecem. Estar saudável e conectada com o que acontece no meio cultural. Por que quando as oportunidades acontecem eu quero poder dar o meu melhor. Eu nunca tinha pensado em fazer novelas, por exemplo, mas a porta se abriu e eu estava disponível para esse desafio.

 14) RM: Quais as ações empreendedoras que você prática para desenvolver a sua carreira? 

Virgínia Rosa: Sou sócia da produtora que me representa, a Mesa 2 Produções, na produção dos meus discos.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira? 

Virgínia Rosa: Ela viabiliza uma comunicação direta com o público. Facilita a divulgação do trabalho. Não saberia dizer se prejudica em algum aspecto. Acho que não.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia  de gravação (home estúdio)? 

Virgínia Rosa: Acho que só existem vantagens, afinal democratiza o acesso aos artistas gravarem seus projetos a custos menores.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical? 

Virgínia Rosa: Eu não faço nada pensando que preciso me diferenciar de outros artistas. Eu apenas sou eu mesma, com a minha verdade, os meus valores e o meu desejo de me expressar através da música.

18) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu? 

Virgínia Rosa: Acho que o Brasil continua sendo o país da música. Existe uma diversidade enorme de ritmos que expressam a enorme riqueza cultural brasileira. E nesse tesouro cultural existem coisas que gosto mais e com a quais me identifico e outras que me dizem muito pouco, mas que têm seu valor também. Revelações das últimas décadas: Lenine, Chico César, Luiza Maita. E mais recentemente Dani Black, que eu adoro!

19) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística? 

Virgínia Rosa: Muito difícil responder essa pergunta sem ser injusta com muitos artistas que admiro, mas pela longevidade da carreira eu vou citar uma cantora muito especial que é uma guerreira nos mais diferentes aspectos da vida e não apenas na música: ELZA SOARES!

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical? 

Virgínia Rosa: Falta de condições técnicas acho que todo o artista já enfrentou. Lembro-me agora de uma apresentação do espetáculo “Palavra de Mulher” que eu faço com a Lucinha Lins e a Tania Alves. Fomos convidadas para fazer uma apresentação fechada em um evento em uma cidade que não vou citar. A festa era uma superprodução com uma decoração incrível, uma luz linda… Fazer evento sempre é um risco, mas tudo corria muito bem até o governador do Estado da tal cidade sair da festa. Após ele sair, as pessoas começaram a exagerar na bebida e realmente foi um desafio fazer um espetáculo tão delicado para uma plateia tão alterada. Nós três, no palco, estávamos pensando que eles estavam odiando, mas quando acabou pediram Bis e aplaudiram efusivamente. Mas que não foi fácil, ah não foi!

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical? 

Virgínia Rosa: Tristeza e felicidade são dois lados da mesma moeda. Não existiria uma sem a outra. Viver de música e para a música não é fácil. Mas eu não trocaria o dom de cantar por nenhum outro, então sou muito feliz sendo cantora. Mas o que me deixa infeliz é a injustiça. Seja ela onde for. Na música ou na vida.

22) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora? 

Virgínia Rosa: Eu moro em São Paulo. E acontece tanta coisa em São Paulo que seria quase impossível fazer uma apresentação. Depende muito qual o som, qual a tribo… Em São Paulo tem Roda de samba, Casa de jazz, lugares para ouvir Fado, baile Funk… Rola de tudo em São Paulo. Mas minha dica é o TUPI OR NOT TUPI que tem uma programação de altíssima qualidade.

23) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora  você indica como uma boa opção? 

Virgínia Rosa: Tem uma nova geração muito bacana fazendo coisas muito legais. Eu indico o novo trabalho da Luiza Maita – eu fui a primeira cantora a gravar músicas dela. Acho que posso me considerar um pouco madrinha! Vanessa da Mata; o cantor Rubi, uma pérola; o cantor ator e compositor César Mello, acabou de lançar seu EP “O Agora”; a filha da minha amiga Vânia Bastos, a Rita Bastos, também está lançando seu primeiro CD.

24) RM: Você acredita que as suas músicas tocarão nas rádios sem pagar o jabá? 

Virgínia Rosa: Nunca paguei jabá e elas tocam. Talvez menos do que mereçam pela qualidade do trabalho, mas…

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical? 

Virgínia Rosa: Se você não amar a música: desista!

26) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música? 

Virgínia Rosa: Se for um Festival de Música justo e correto com os participantes, eu não vejo nada de contra. Acho que pode ser uma oportunidade de conhecer gente, de apresentar seu trabalho e de ver e ser visto pelas pessoas do meio musical.

27) RM: Festivais de Música ainda tem o papel de revelar novos talentos? 

Virgínia Rosa: Com menos impacto que antigamente, mas acredito que sim.

28) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira? 

Virgínia Rosa: Ineficiente. Acho que todos nós, artistas brasileiros, merecemos mais espaço na mídia. Tem muita gente boa fazendo trabalhos incríveis totalmente ignorados pela grande mídia.

29) RM : Quais os seus projetos futuros? 

Virgínia Rosa: Depois que acabar a novela “Pega Pega”, quero umas férias e, em seguida, pensar num disco novo.

30) RM: Virgínia Rosa, quais seus contatos para show e para os fãs

Virgínia Rosa: show – www.mesa2.com.br | www.virginiarosa.com.br | www.facebook.com/cantoravirginiarosa | Twitter: @VirgniaRosa | Instagram: @virgniarosa


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.