Theo de Barros
Theo de Barros em 1962, teve seu primeiro trabalho registrado com a gravação de “Natureza” e “Igrejinha” por Alaíde Costa.
Como cantor, estreou em 1963 em disco, interpretando as canções “Vim de Santana” e “Fim”, ambas de sua autoria. Em 1963, atuou como contrabaixista no Sexteto Brasileiro de Bossa, e apresentou-se como cantor e músico em televisão e em várias boates paulistas, como João Sebastião Bar, Baiúca e Jogral, entre outras. Sua canção “Menino das laranjas” foi gravada por Geraldo Vandré em 1964 e por Elis Regina em 1965, projetando-o como compositor.
Em 1966, participou do II Festival de Música Popular Brasileira com sua composição “Disparada” (c/ Geraldo Vandré), interpretada por Jair Rodrigues, Trio Maraiá e Trio Novo. A música obteve o 1º lugar, empatando com “A banda” de Chico Buarque. Ainda nesse ano, juntamente com Aírto Moreira, Heraldo do Monte e Hermeto Pascoal, formou o Quarteto Novo.
Participou de vários outros Festivais de Música e dirigiu diversas produções do Teatro de Arena (SP), destacando-se a montagem de “Arena conta Zumbi”, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal. Escreveu, em parceria com Augusto Boal, a peça musical “Arena conta Bolívar”, que excursionou, em 1967, pelo México, Peru e EUA, com o elenco do Teatro de Arena. Participou, como compositor, da trilha sonora de “Quelé do Pajeú”, filme dirigido por Anselmo Duarte em 1970. Em 1972, assinou a direção musical da apresentação de “A capital federal”, de Artur Azevedo, encenada no Teatro Anchieta (SP), sob direção geral de Flávio Rangel. Assinou a produção musical e escreveu arranjos para “Música popular do centro-oeste”, coleção de 4 LPs lançada pela gravadora Marcus Pereira.
Em 1979, fundou a Eldorado, em sociedade com Aluísio Falcão, lançando por esta gravadora o LP duplo “Primeiro disco”, como compositor, intérprete, arranjador, produtor musical e diretor artístico. Participou do LP – “Raízes e frutos”.
De 1981 a 1982, produziu e escreveu os arranjos para dois LPs premiados de Edu da Gaita. Participou, em 1982, do Festival MPB Shell (Rede Globo), com a canção “Barco sul”, composta em parceria com Gilberto Karan.
Trabalhou como arranjador para a Movieplay entre 1990 e 1993, em CDs como “The Best of Antonio Carlos Jobim”, “The Beatles in Bossa Nova”, “The Best of Chico”, “Toquinho e Vinicius”, “Pery Ribeiro Songs of Brazil” e “Jane Duboc”.
Participou, em 1995, do VII Encontro da MPB com “Fruta nativa”, em parceria com Paulo César Pinheiro. Em 1997, lançou o CD – “Violão solo”.
Atuando também na área publicitária, é autor de mais de 2.000 jingles. Em 2004, lançou o CD – “Theo”. Em 2017, lançou no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, com acompanhamento de João Taubkin (baixo acústico e baixolão), André Kurchal (percussão), Shen Ribeiro (flautas), Angelo Ursini (clarinete, quarteto de cordas) e Ricardo Barros (viola caipira), o CD – “Tatanagüê”, que contou com as participações de: Renato Braz, Mônica Salmaso, do seu filho Ricardo Barros, apresentando diversas parcerias com Paulo Cesar Pinheiro.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Theo de Barros para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.08.2020:
Índice
Theo de Barros: Nasci no dia 10 de março de 1943 no Rio de Janeiro – RJ. Registrado como Theophilo Augusto de Barros Neto.
Theo de Barros: Na casa dos meus pais, sempre havia reuniões de músicos. Às vezes os músicos deixavam seus instrumentos para buscá-los depois. Por curiosidade, eu abria todos os estojos. Até que me encantei com o Violão e meu tio Manoel me ensinou os primeiros acordes. Daí em diante, a turma me chamava para jogar futebol, mas eu preferia ficar com um Violão emprestado. Até que no Natal, um vizinho me deu um Violão.
Theo de Barros: Eu fui autodidata no estudo do Violão, embora tenha tido aulas com João Caldeira Filho, Francisco Batista Barros e Léo Perachi. Também fiz dois anos de Faculdade de Música. Por fim, formei-me em Comunicação Social/Jornalismo.
Theo de Barros: Eu fui criado na Era do Rádio. Sempre ouvi músicas de todos os gêneros, com destaque para a música brasileira. Em São Paulo, passei pelo Rock, pelo Jazz e pela Bossa Nova. Acabei ficando com esses dois últimos.
Theo de Barros: Através de um amigo comum, conheci Alaíde Costa e comecei a acompanhá-la em shows. Alaíde também gravou as minhas primeiras composições: “Natureza” e “Igrejinha”.
Theo de Barros: Não existe. Cada obra musical sai de um jeito.
Theo de Barros: Geraldo Vandré, Ruy Guerra, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri. Chico de Assis, Cristina Saraiva e o mais assíduo, Paulo César Pinheiro.
Theo de Barros: Alaíde Costa, Geraldo Vandré, Elis Regi-na, Jair Rodrigues, Márcia, Claudete Soares, Maricene Costa, Leila Pinheiro, Tatiana Parra, Mônica Salmaso, Clarisse Grova, Renato Brás e Alice Passos.
Theo de Barros: Não. Ajuda no orçamento, mas não sustenta.
Theo de Barros: Cinco CDs. Dois como solista de Violão e três mostrando minhas composições e orquestrações. Algumas músicas foram consagradas e outras nem tanto. Em 1979 meu primeiro disco em LP pela Eldorado. Em 1997 meu CD – “Violão solo” pela Paulinas. Em 2003 o CD – “Theo” pela Maritaca. Em 2007 o CD – “À Luiz de Velas”. Em 2017 o CD – “Tatanagüê”. Participações de Renato Braz, Mônica Salmaso, Alice Passos, Ricardo Barros, filho do compositor.
Theo de Barros: Na verdade, o primeiro Festival de Música Popular, foi idealizado por meu pai Theophilo de Barros Filho. Portanto, o Festival estava no sangue. Eu participava dos Festivais como instrumentista até a música “Disparada”. Então a coisa mudou. Passei a atuar também como compositor, mas logo desisti. Fui jurado em vários Festivais em São Paulo e Tatuí, e no Paraná, em Cascavel e Toledo. Fui mais para orientar do que para julgar. Logo, conheci os dois aspectos de um Festival, como compositor e como jurado.
Theo de Barros: Sempre aparece alguém de talento. Eu observei que existam especialistas em música de Festival. Porém, essas pessoas não chegam ao grande público e o trabalho deles fica perdido.
Theo de Barros: Se de um lado houve a valorização da MPB, do outro, tivemos a invasão das multinacionais do disco, com a sua voracidade pelo lucro e pela música de menor qualidade.
Theo de Barros: Sem dúvida. Eu só gravei um disco solo no final dos anos 70 pelo selo Eldorado. A época certa já tinha passado.
Theo de Barros: Falta de ambição, excesso de timidez ou falta de convite mesmo. A mesma coisa acontece com o meu filho Ricardo Barros (https://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/ricardo-barros/), um compositor brilhante que ainda não gravou o seu trabalho.
Theo de Barros: As casas noturnas tinham música ao vivo tocando música de alta qualidade. As rádios e as televisões com os seus programas de auditório e os Festivais de música, tudo conspirava em favor da nossa música. A invasão das grandes gravadora, o “jabá” e a corrupção foram acabando com o nível das obras e nos deixando com um ambiente musical deplorável.
Theo de Barros: Tem muita gente nova e bem intencionada. Porém, os que conseguem gravar não são divulgados. Hoje em dia você tem que garimpar para ouvir alguma coisa decente. Existe a música descartável e a que veio para ficar. Fica aquela que tem mais valor qualitativo.
Theo de Barros: Cada compositor tem a sua marca registrada. Eu procuro desenvolver o meu estilo e caminhar dentro dele.
Theo de Barros: É bom para você testar o seu trabalho. Mas nada se compara a um estúdio profissionalmente projetado para isso.
Theo de Barros: A internet é uma ferramenta fabulosa. Em termos de pesquisa é rápida e eficiente. Eu procuro usá-la em meu benefício. Ela não me prejudica em nada.
Theo de Barros: Ao longo da carreira, já enfrentei todas essas situações citadas e continuo enfrentando.
Theo de Barros: A própria música me faz feliz. O triste é ver tanta injustiça que ainda ocorrem no nosso país.
Theo de Barros: Existe o Dom musical. Porém, ele não é suficiente. É preciso desenvolvê-lo. Desde criança, a pessoa mostra tendência para alguma atividade. É preciso estar atento a este sinal. Educação e disciplina são necessárias.
Theo de Barros: O meu conceito vem do Jazz e do Chorinho. No “Quarteto Novo”, nós desenvolvemos uma maneira de improvisar usando frases tipicamente brasileiras. Esta é agora a minha forma de improvisar.
Theo de Barros: Existe o improviso estudado antes. Mas o verdadeiro músico usa toda a sua técnica para mostrar o que ele está sentindo naquele momento.
Theo de Barros: Existem inúmeras escalas que você pode usar. Porém, o verdadeiro improviso é aquele que você cria na hora.
Theo de Barros: Se for o método de algum autor respeitado, não existe contra só a favor.
Theo de Barros: Acho difícil. Hoje tudo gira em torno do dinheiro.
Theo de Barros: Eu procuro prevenir ao máximo, mostrando a realidade da profissão. Os espinhos e as rosas.
Theo de Barros: A grande mídia atende aos interesses comerciais. A mídia escolhe por você. Você consome aquilo que não gosta ou não precisa. A mídia é dirigida e planejada. Não é algo natural. Através de um planejamento de marketing, ela coloca qualquer um nas alturas.
Theo de Barros: Acho que essas três entidades fizeram mais do que todos os Ministérios de Cultura reunidos. É sem dúvida uma benção para o cenário musical.
Theo de Barros: Eu fiz quase dois mil jingles e trilhas sonoras. É uma atividade que ensina você a tirar leite de pedra. Se o cliente pedir uma música para amanhã, ela tem que estar pronta. Isso me deu velocidade na criação e no arranjo. Foi uma grande escola. Os jingles mais conhecidos são o da: Vasp (a Vasp abre suas asas sua ternura), do Banespa, Doriana e por aí vai. São muitos.
Theo de Barros: Nós fizemos juntos “Disparada” (Theo de Barros e Geraldo Vandré) e “De Céu, De Terra e de Mar” (Hermeto Pascoal, Theo de Barros e Geraldo Vandré). Depois do “Quarteto Novo”, cada um foi para o seu lado. Não tivemos mais nenhum contato.
Theo de Barros: Paulinho é o meu grande parceiro. Nós temos cerca de sessenta parcerias, muitas delas inéditas.
Theo de Barros: Nós fomos companheiros no “Quarteto Novo” e tenho pelo Heraldo a maior admiração. Ele reinventou a Viola Caipira.
Theo de Barros: Airto também foi meu colega no “Quarteto Novo”. É um baterista e um percussionista fora de série.
Theo de Barros: Mesmo caso. Tocamos no “Quarteto Novo”. Hermeto é um gênio. Foi muito edificante a minha experiência com ele.
Theo de Barros: Nós fomos amigos de infância. Nossos pais eram conhecidos. Edu tocava Acordeon e eu também. Mudamos para o Violão e composição. Estivemos juntos em “Ponteio” e fomos para Paris para uma apresentação. Aí a vida nos separou e nunca mais nos vimos.
Theo de Barros: Elis Regina gravou “Menino das Laranjas” e me deu o primeiro sucesso de público. A nossa relação se resume nisso. Nunca houve uma aproximação maior.
Theo de Barros: Com Jair Rodrigues, houve uma relação mais estreita. A gente se encontrava em shows e reuniões.
Theo de Barros: Conheci o Renato Braz no “Feitiço de Áquila”, uma casa noturna em Pinheiros – SP. De lá pra cá, tivemos sempre contato. Ele participou do meu CD – “Theo” e do recente e premiado CD – “Tatanagüê”.
Theo de Barros: Conheci a Mônica numa apresentação no “Vou Vivendo”. Sou um grande admirador do seu trabalho. Ela também participou dos CDs: “Theo” e do recente e premiado “Tatanagüê”.
Theo de Barros: Alice é flautista e cantora. Afinação não é problema. Ela também colaborou no CD – “Tatanagüê”.
Theo de Barros: Eu fiz a direção musical de “Arena conta Zumbi” (Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri) substituindo Carlos Castilho. Em seguida fiz “Arena conta Tiradentes”, (Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri) quando compus várias das músicas.
Boal também foi meu parceiro em “Xaréu”, que concorreu no Festival da Globo. Musiquei um poema de Nicolás Guillen para a peça “Doce América, latino América”. E finalmente, criei as músicas de “Arena conta Bolívar” (Augusto Boal), peça que foi censurada no Brasil e que nós levamos ao México, Estados Unidos e Peru. Em 2019 aconteceu uma leitura da peça com público no Sesc. Porém ela nunca foi apresentada integralmente. Augusto Boal foi um grande teatrólogo e um dos nossos maiores intelectuais.
Theo de Barros: Minha relação com Guarnieri, aconteceu quando trabalhei no Teatro de Arena. Ele como autor, ator e diretor e eu como diretor musical e violonista.
Theo de Barros: Alaíde me lançou como compositor. Ela gravou “Natureza” e “Igrejinha”. Eu a acompanhei no Violão em seus shows. É uma grande amiga e intérprete.
Theo de Barros: A melhor possível. Ricardo é minha paixão e meu orgulho. Ele é formado pela Faculdade de Música Santa Marcelina. Ele aprendeu música por conta própria e solicitou muito pouco dos meus conhecimentos. Só falta ele fazer o seu disco solo para mostrar a todos o tamanho de seu talento.
Theo de Barros: Revelar as minhas músicas inéditas e continuar trabalhando.
Theo de Barros: theodebarros@uol.com.br | (11) 99228 – 2323
Theo de Barros – Tatanaguês – 2017
https://open.spotify.com/artist/7cukosT9LtxcXIkHzCsEbj
Theo de Barros – À Luiz de Velas – 2007
https://open.spotify.com/album/6uNUy06i7JKGQCMpg72Pwb
Theo de Barros – Violão Solo – 1997
https://open.spotify.com/album/61LGVki8xEE24PCGsJUcvC
Theo de Barros | Disparada (Theo de Barros/Geraldo Vandré) | Instrumental SESC Brasil:
https://www.youtube.com/watch?v=PUhxiZGmbRw
Theo de Barros | Programa Instrumental Sesc Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=oEvf9ESYATc
A Música de Theo de Barros (parte 1 de 2): https://www.youtube.com/watch?v=QLiPY-db5Sw
A Música de Theo de Barros (parte 2 de 2): https://www.youtube.com/watch?v=duMyH3gEFQc
Theo De Barros – Tema: https://www.youtube.com/channel/UC25Y9sDbSEXPJGXo8MU19LQ
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