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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Sylvio Passos a frente do Raul Rock Club e Putos Brothers Band

PUTOS brothers e Sylvio Passos
PUTOS brothers e Sylvio Passos
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O cantor, compositor, produtor e escritor paulistano Sylvio Passos era um jovem que gostava de rock quando conheceu o Raul Seixas nos anos 80. E deu os primeiros passos no primeiro fã clube do “Raulzito”.

Raul e Sylvio passaram a conviver no dia a dia e nos shows. Tudo novo para o jovem apreciador de rock gringo que começou a valorizar o rock feito por um tupiniquim. Após a morte de Raul Seixas o seu mundo caiu e quase o Raul Rock Club fechou as portas.

A obra de Raul Seixas é consolidada e vida que segue, Sylvio saiu dos bastidores do show para ocupar a linha de frente da banda Putos Brothers Band juntamente com Agnaldo Araújo (músico, compositor e cantor) que iniciou a sua carreira musical no início da década de 90 onde atuou em bandas da cena Rock e MPB do interior de São Paulo.

Com dois CDs gravados participou de vários festivais de músicas pelo Brasil, fez direção musical e participou de várias peças teatrais como o musical de grande sucesso de público e crítica: “Meu Amigo Raul”. Preferências & Influências musicais: Blues, Rock and Roll e Música Brasileira. AC/DC, Black Sabbath, Led Zeppelin, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Frank Zappa, B.B King, Pink Floyd, Deep Purple, Raul Seixas, Sergio Sampaio, Lenine e muitos outros.

Adriano Araújo atuou em diversas bandas de MPB e Rock no interior paulista além de ser multi-instrumentista tocando guitarra, violão, contrabaixo, teclado, bateria e percussão. E canta e toca guitarra na banda “Cogumelos Azuis”. Preferências & Influências musicais: Rock and Roll, Música Brasileira e Blues. Pink Floyd, Legião Urbana, Lenine, Raul Seixas, Chico César e muitos outros. E a banda Raulzinho tocando contrabaixo e fazendo backing vocal. Tem se destacado em bandas de rock and roll e também como intérprete de Raul Seixas.

André Batera baterista atuou em diversas bandas de Rock no interior paulista (além da bateria toca percussão). É baterista das bandas “Cogumelos Azuis” e “Rock Banda”. Preferências & Influências musicais: Rock and Roll, Música Brasileira e Blues. Pink Floyd, Legião Urbana, Raul Seixas, Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin, Rolling Stones e muitos outros. Em 2016 lançaram o primeiro álbum. A banda faz seis anos que vem fazendo shows pelo Brasil.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Sylvio Passos para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 15.02.2016:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Sylvio Passos: Nasci no dia 14 de fevereiro de 1963 em São Paulo.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Sylvio Passos: Meu primeiro contato com a música se deu quando eu era criança. Meus pais ouviam muita música em casa.

03) RM: Qual sua formação musical?

Sylvio Passos: Não tenho formação musical alguma, sou autodidata, toco por instinto mesmo.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Sylvio Passos: Quando eu era criança e não sabia diferenciar ritmos e estilos, para mim tudo era música. Quando aprendi a diferenciar na adolescência, me tornei radical e só gostava do Rock. Um pouco mais adiante “desradicalizei” e voltei meus ouvidos para todos os estilos e ritmos musicais e cheguei a conclusão que não existe música ruim. Existe sim apenas as que eu gosto e as que eu não gosto, independentemente do segmento musical à qual pertençam. Então, minhas influências musicais vem de todos os lados, embora o mais evidente seja o blues e o rock and roll.

05) RM: Quando, como e onde  você começou a sua “Putos BRothers Band” e quem são os membros e que instrumentos tocam?

Sylvio Passos: A Putos BRothers Band foi fundada em 2010, em Campinas-SP. No início era apenas eu e o Agnaldo Araújo. Agnaldo tinha uma banda chama Banda Alternativa, uma Tribute Band voltada para o repertório de Raul Seixas. Foi então que resolvemos mudar o nome da banda para Putos BRothers Band e focar em um trabalho autoral assinado por mim e pelo Agnaldo, a dupla Araújo & Passos, mas sem nunca deixar de homenagear Raulzito. Para isso, montamos um show especifico chamado “Toca Raul, Putos!”, com repertório de Raul Seixas. Os integrantes da PBB são: Sylvio Passos: gaita, jaw harp, washboard e backing vocals – produtor cultural, músico, escritor, compositor e fundador do Raul Rock Club – Raul Seixas Oficial Fã-Clube (1981) em homenagem a seu amigo e ídolo. Tem se destacado em shows por diversas cidades brasileiras, seja com a Putos BRothers Band ou em participações especiais em shows de outros artistas e bandas como a que fez no Rock in Rio 2013 com a banda Detonautas, Zeca Baleiro e Zelia Duncan em show memorável em homenagem à Raul Seixas.
”Estou para gaita como Sid Vicious estava para o Contrabaixo.”
Preferências & influências musicais: Blues e Rock and Roll! Led Zeppelin, King Crimson, Frank Zappa, Muddy Waters, Eddie Cochran, Lou Reed, Robin Trower, Jethro Tull, John Mayall, Rolling Stones entre inúmeros outros. Agnaldo Araújo: voz, guitarra e viola – vive em Campinas, músico, compositor e cantor iniciou sua carreira musical no início da década de 90 em que atuou em bandas da cena Rock e MPB do interior de São Paulo. Com dois CDs gravados, participou de vários festivais de músicas pelo Brasil, fez direção musical e participou de várias peças teatrais como o musical de grande sucesso de público e crítica: “Meu Amigo Raul”.
 Preferências & Influência Musicais: Blues, Rock and Roll e Música Brasileira. AC/DC, Black Sabbath, Led Zeppelin, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Frank Zappa, B.B King, Pink Floyd, Deep Purple, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Lenine e muitos outros. Adriano Araújo: baixo, guitarra base, bateria e backing vocal – vive em Indaiatuba – SP e atuou em diversas bandas de MPB e Rock no interior paulista além de multi-instrumentista (toca guitarra, violão, contrabaixo, teclado, bateria e percussão), também canta e toca guitarra na banda Cogumelos Azuis.
Preferências & Influências musicais: Rock and Roll, Música Brasileira e Blues. Pink Floyd, Legião Urbana, Lenine, Raul Seixas, Chico César e muitos outros. André Batera: bateria – vive em Indaiatuba – SP, atuou em diversas bandas de Rock no interior paulista (além da bateria toca percussão). É baterista das bandas Cogumelos Azuis e Rock Banda.
 Preferências & Influências musicais: Rock and Roll, Música Brasileira e Blues. Pink Floyd, Legião Urbana, Raul Seixas, Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin, Rolling Stones e muitos outros.

06) RM: Fale do primeiro CD (quais os músicos que participaram nas gravações).

Sylvio Passos: O nosso primeiro álbum foi gravado em 2015 e será lançado em LP/CD/PenDrive em 2016.  Quanto aos músicos participantes, somos nós mesmos da banda. Pensamos em chamar, e até formalizamos o convite, alguns músicos importantes, e que de certa forma nos influenciaram também, como o Johnny Boy Chaves, Luiz Carlini, Rick Ferreira e o Paulo Gazela, gaitista de Campinas-SP. Mas concluímos que como era o nosso primeiro disco, que o ideal seria a gente gravar tudo e mostrar o nosso som e à que viemos. O único músico que faz participação no disco e o Israel Che “Hendrix”, guitarrista da banda Gangster, de Campinas-SP, que sempre estava presente no estúdio acompanhando as gravações e que fez a guitarra solo principal na faixa “A Busca”.

07) RM: Como você define estilo Putos BRothers Band dentro do rock?

Sylvio Passos: Uma banda de Blues and Roll brasileiro.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Sylvio Passos: Como falei antes, nunca estudei música. Sou autodidata, visceral, intuitivo.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Sylvio Passos: Acredito quer para quem tem como vocação o cantar, que seja de fundamental importância.

10) RM: Quais as cantores(as) que você admira?

Sylvio Passos: Nossa! Muitos. Vários. Inúmeros. Poderia citar aqui uma centena de nomes, mas é desnecessário. Prefiro dizer apenas que gosto muito dos cantores que também são compositores e de alguns que são apenas interpretes.

11) RM: Quais as bandas que você admira?

Sylvio Passos: São muitas. Tenho uma coleção de discos com aproximadamente 20 mil títulos. Mas, a maioria é do Blues e do Rock and Roll e suas vertentes.

12) RM: Você compõe? Como é seu processo de compor?

Sylvio Passos: Sim. Escrevo desde garoto. Não há um método para compor. Trabalho com temas do cotidiano, questões existenciais, todas sempre falando de mim e da minha visão do mundo e das coisas do mundo.

13) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Sylvio Passos: Apenas o Agnaldo Araújo. Antes dele tive o privilégio de compor uma música com meu melhor professor, digo, Raul Seixas.

14) RM: Quais influências do Raul Seixas e da obra dele na sua banda?

Sylvio Passos: A influência de Raul é muito grande, visto que fui praticamente uma cria dele. Nos oito anos que convivi com ele, aprendi muito e ele sabia que estava me instruindo, afinal eu era um menino verde, inocente, puro e besta. Boa parte do que sou hoje devo ao Raul, as outras partes foi ele também que fez reconhecer. Digo isso em uma homenagem que fiz a ele chamada “Meu Amigo Raul” (versão de Meu Amigo Pedro) em que digo: “Toda vez que eu ouço os teus filhos/ou me perco todo em teus versos/eu penso em você, meu grande amigo/que sempre me mostrou, eu mesmo”.

15) RM: Como foi seu primeiro contato com Raul Seixas e foi em que ano.

Sylvio Passos: Foi em 1981, quando Raul Seixas resolveu se mudar e se fixar aqui em São Paulo.

16) RM: O que levou você fechar o fã clube do Led Zeppelin para criar o Raul Rock Club?

Sylvio Passos: Eu, na verdade, tinha outros fãs clubes. Naquele tempo não existia a facilidade de comunicação que temos hoje, e a única maneira de eu ter contato com outras pessoas que gostavam das mesmas coisas era fundando fãs clubes. Fundei fãs clube para o King Crimson, Jethro Tull e para o Led Zeppelin naquele período em que eu era mais radical. Quando desradicalizei, já no final da década de 1970. E fundei a URB – União dos Rockeiros Brasileiros de onde acabou saindo o Raul Rock Club. Ainda em 1984, com o Raul Rock Club em plena atividade fundei o Marillion Brazilian Fan Club. Todos foram fechados e foquei apenas no do Raul Seixas, primeiro porque ele mesmo apoiava a entidade e também porque eu estava prestando a minha homenagem a alguém da minha terra, do meu país e que melhor representava o rock feito em terras tupiniquim.

17) RM: Fale do seu livro sobre o Raul Seixas escrito juntamente com o Toninho Buda.

Sylvio Passos: Este foi o meu segundo livro, antes lancei o “Raul Seixas Por Ele Mesmo”, o primeiro livro publicado sobre Raul Seixas. Na verdade procurei a editora para lançar o “Raul Seixas, Uma Antologia”, que eu já havia escrito com Raul vivo ainda. O próprio Raul tentou fazer com que o livro fosse lançado em 1987 juntamente com seu LP “Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!”, mas o Brasil vivia uma crise de falta de papel e isso inviabilizou o lançamento na época, mas como o editor não tinha muita certeza se o livro teria uma boa aceitação no mercado, ele pediu para eu compor um livro para uma coleção da editora chamada “O Autor Por Ele Mesmo”, se o livro fosse bem aceito, o livro Antologia seria lançado. Qual não foi a surpresa do editor ao ver a primeira edição do “Raul Por Ele Mesmo” esgotada em uma semana. Varias edições foram feitas até hoje o livro está no mercado e devido ao tremendo sucesso do livro logo nas primeiras edições, já acertamos que no ano seguinte, em 1992, o livro Antologia seria lançado na Bienal do Livro. Depois de avaliar todo o conteúdo do livro que era todo composto com as letras compostas por Raul Seixas e com seus parceiros musicais, inclusive as em inglês que o próprio Raul traduziu para mim, ninguém melhor que ele para traduzi-las, não? Mais um perfil biográfico, discografia, cronologia e notas. E sentimos uma falta de um texto analítico que abordasse as questões: filosóficas, políticas, religiosas e pessoais. Foi então que liguei para Toninho Buda e encomendei o texto para ele. Em poucos dias Toninho nos encaminhou seu texto. O que Toninho havia escrito era um livro completo. O editor então optou por enxugar o texto original e é o que está no livro. O livro ficou no mercado por 12 anos e teve 22 edições, sendo a última uma edição especial revisada, ampliada e atualizada.

18) RM: Você pensa em lançar uma biografia definitiva sobre Raul Seixas?

Sylvio Passos – Não. Apenas participei como consultor e/ou entrevistado em todos os outros que foram lançados. Tenho planos em lançar apenas mais um livro sobre Raul Seixas e outro sobre mim mesmo.

19) RM: Qual o lado humano do Raul Seixas que você ressalta?

Sylvio Passos: Generosidade e desapego. Raul Seixas foi a única pessoa que conheci que realmente era generosa e totalmente desapegada. Uma pessoa linda, maravilhosa de fato.

20) RM: Qual o lado artístico do Raul Seixas que você ressalta?

Sylvio Passos: Raul Seixas com a sua capacidade de transformar, de sintetizar, coisas complexas e enfadonhas em algo palatável. Simplesmente é fantástico isso.

21) RM: Qual o lado musical Raul Seixas que você ressalta?

Sylvio Passos: Raul Seixas conseguia a mágica das fusões com estilos distintos tornando tudo muito harmonioso, coerente.

22) RM: Qual o lado letrista do Raul Seixas que você ressalta?

Sylvio Passos: Raul Seixas tinha  a capacidade de transformar, de sintetizar, coisas complexas e enfadonhas em algo palatável.

23) RM: Qual a atitude rock do Raul Seixas que você ressalta?

Sylvio Passos – Raul Seixas era rock and roll em todos os sentidos. Raul era o próprio Rock and Roll até quando não parecia ser ele era.

24) RM: Qual a atitude pop do Raul Seixas que você ressalta?

Sylvio Passos: Com a escola que Raul Seixas fez enquanto foi produtor na CBS (hoje Sony Music) ele aprendeu a fazer música de consumo fácil. É só ver todas as suas composições antes mesmo de optar por sua carreira solo. Raul sabia o que dizer uma música e vende-la muito fácil. Essa verve pop de Raul seguiu com ele em toda sua carreira.

25) RM: Raul Seixas vivia 24 horas como o artista Raul Seixas?

Sylvio Passos: Diz-se muito isso, mas o Raul Seixas dos palcos não era o mesmo Raul do cotidiano. Às vezes, no cotidiano, o artista se manifestava porque as circunstâncias pediam. É impossível um artista verdadeiro não ser artista no seu dia-a-dia, essa veia artística faz parte é característica que lhe é peculiar, não?

26) RM: Qual o lado careta do Raul Seixas?

Sylvio Passos: Raul Seixas era de certa forma, careta, mas não no sentido pejorativo. Raul veio de um berço muito bem colocado social e religiosamente e cresceu com esses valores que também serviram de base para toda sua lúcida loucura. Aliás, todos os seres geniais que passaram por este mundo que também tiveram suas bases bem colocadas, invariavelmente, usam essas bases como elementos em suas futuras revoltas, sacadas, estudos, transformações, etc.

27) RM: Qual o lado louco do Raul Seixas?

Sylvio Passos: O simples fato de se assumir como cantor e compositor e ir pros palcos do Brasil e gritar suas loucuras já corrobora o quão maluco beleza era Raul, não? Raul Seixas foi um louco no melhor sentido da palavra. Nunca foi louco de hospícios, embora tenham internado ele em alguns. Raul era o maluco visionário, inconformado, rebelde que não aceita as imposições da sociedade e do mundo e ele pagou um preço muito alto por não aceitar, por ser autêntico em sua maluques misturada com sua lucidez.

28) RM: Qual o lado Maluco Beleza do Raul Seixas?

Sylvio Passos: Ficar em casa ouvido discos, lendo livros, assistindo filmes e depois ir dar entrevistas pra televisão, rádios, jornais e revistas com a mesma naturalidade que defecava.

29) RM: O Raul Seixas, se vivesse hoje, seria uma caricatura de si próprio?

Sylvio Passos: Certamente que não. Como uma verdadeira metamorfose ambulante, ele estaria surpreendendo a todos com algo inesperado, típico de Raul Seixas.

30) RM: Qual a relação pessoal e profissional do Raul Seixas com o Paulo Coelho?

Sylvio Passos: Eu resumo ambas relações como um casamento. Tudo funcionou muito bem enquanto rolava química de ambas as partes (Raul Seixas com o Paulo Coelho). Quando a química deixou de rolar, cada um seguiu o seu caminho.

31) RM: Quem era mais letrista ou melodista na criação das músicas em parceria do Raul Seixas com o Paulo Coelho?

Sylvio Passos: Raul Seixas participava efetivamente da criação da melodia e da letra. Paulo, podemos dizer, era aluno de Raul no que diz respeito a compor. O mundo do Paulo nunca havia sido a música até Raul convida-lo para compor com ele. Raul ensinou tudo para o Paulo. Atrevo-me a dizer, inclusive, que Paulo Coelho foi o melhor aluno de Raul Seixas. Raul percebeu a inteligência mal direcionada de Paulo e o ensinou a usa-la. O próprio Paulo reconhece isso em varias de suas declarações.

32) RM: O que você achou da não liberação por parte do Paulo Coelho das músicas em parceria com o Raul Seixas para a gravação do disco do Zé Ramalho em homenagem ao Raul?

Sylvio Passos: A questão foi pessoal envolvendo muitas pessoas. Não foi nada contra o Ramalho.

33) RM: O que você achou desse disco do Zé Ramalho em homenagem ao Raul Seixas?

Sylvio Passos: O disco ficou bom, eu gostei muito, embora eu saiba que poderia ter ficado infinitamente superior se aquela onda negativa não tivesse surpreendido Zé Ramalho e a todos os envolvidos.

34) RM: Qual a relação pessoal e profissional do Raul Seixas com os seus parceiros musicais?

Sylvio Passos: Raul Seixas teve pelo menos 22 parceiros, nisso se inclui suas esposas. Descrever a relação dele com todos esses é complicado. O parceiro mais presente é Claudio Roberto. Claudio tinha a mesma sacanagem que Raul, sabe? O olhar pro mesmo horizonte. Raul sabia tirar de cada parceiro aquilo que ele julgava melhor. Ninguém estava com Raul Seixas se não fosse escolhido por ele, se ele não percebesse algo de bacana naquela pessoa. A parceria não era meramente profissional.

35) RM: Existiu algum momento na sua vida que você pensou em dá um tempo com o trabalho do fã clube do Raul Seixas?

Sylvio Passos: Sim, claro. Quando injustiças ocorrem sejam elas vindas do público como de empresários e até mesmo de pessoas ligadas a Raul Seixas que me caluniaram e/ou me julgaram erroneamente sem me dar qualquer chance de defesa, de esclarecimento.

36) RM: Quais os motivos fizeram você hesitar tanto em seguir uma carreira musical?

Sylvio Passos: Eu sempre vivi nos bastidores, com produções, e nunca me vi seguindo carreira artística fosse de músico ou qualquer outra coisa nesse sentido. Mas de repente fui impedido de continuar meu trabalho com o Raul Rock Club por um dos representantes legais das herdeiras de Raul Seixas e fiquei como cachorro que caí do caminhão de mudança, ou seja, sem saber pra onde ir. Foi um período de depressão braba, muita dor e sofrimento cercado de mil dificuldades, o que ainda hoje não mudou muito. Embora muitas pessoas nos bastidores que meu lugar era no palco, eu mesmo não enxergava isso. Até que, por conta daquela atitude hostil do representante legal de uma das herdeiras, tive que me reinventar, afinal eu precisava comer e pagar contas e cuidar da minha saúde, da minha vida. Estimulado pela baixista carioca Eliza Schinner nos bastidores de um show do Arnaldo Brandão, no Rio de Janeiro e logo em seguida pelo Agnaldo Araújo, em uma festa em Campinas-SP, resolvi tirar minha velha, enferrujada e desafinada gaita do fundo do meu baú e fui pros palcos e pros estúdios em 2009/2010.

37) RM: Você nunca pensou após a morte do Raul Seixas ser um cover do Raul?

Sylvio Passos: Jamais. Nem o “Seixas”, largamente usado pelos fãs, uso em meu nome e apelidos. Uma das coisas que Raul me ensinou, foi eu ser eu mesmo o tempo todo, e assim sou.

38) RM: Qual a importância dos covers do Raul Seixas para manter o mito Raul? Qual a sua relação pessoal e profissional com os principais cover do Raul?

Sylvio Passos: Todos os covers tem alguma importância nisso tudo, claro. Até mesmo aqueles mais caricatos. Não existe o melhor, o que existe é uma pessoa que se traveste de Raul Seixas, independente de ser cover, sósia ou interprete. Conheço a maioria deles e me relaciono bem com eles. Profissionalmente não tenho relação com nenhum justamente para não melindrar a relação com todos os outros, para não ficar aquela coisa que esse ou aquele é o melhor, o oficial e bobagens afins. Não existe nenhum oficial uma vez que o próprio Raul Seixas jamais deu essa alcunha a nenhum deles.

39) RM: O que é ser Raulseixista?

Sylvio Passos: Eu já me coloquei como raulseixista no século passado, mas depois, com amadurecimento natural, percebi que só Raul poderia ser raulseixista, os demais são seguidores, simpatizantes do raulseixismo. Eu sou sylviopassista, defensor e propagador do raulseixismo.

40) RM: Como você analisa a postura dos Raulseixistas?

Sylvio Passos: Complexa. Alguns se colocam de maneira completamente contraria aos ideais raulseixistickos. Estamos lidando com público, com pessoas, com gente e gente é um bicho muito doido, muito complicado e, por vezes, muito perigoso.

41) RM: Raul Seixas era um Raulseixista?

Sylvio Passos: Sim, o único, genuinamente, raulseixista que existiu.

42) RM: O que tinha postura do Raul Seixas que era Raulseixista?

Sylvio Passos: Tudo. Afinal, ninguém mais poderia ser mais ou menos raulseixista que o próprio Raul Seixas, ele era o próprio raulseixismo.

43) RM: Como você analisa a postura do Raul Seixas de “transar de Rato” em toca de ratos ou seja, se adequar ao sistema e momento histórico em que viveu?

Sylvio Passos: Quando Raul Seixas afirma que para entrar no buraco de ratos, de rato você tem que transar, ele está dizendo exatamente isso, que se você não colocar terno e gravata pra entrar onde só usam terno e gravata, você não vai conseguir entrar e causar alguma coisa. É aquela velha história, em Roma, aja como os romanos. Nunca entre numa quadra de tênis com regras de ping-pong.

44) RM: Como você analisa o filme: O Inicio, O Fim e o Meio sobre o Raul Seixa?

Sylvio Passos: Bom filme, mas não definitivo. O documentário apresenta ao público a ótica do diretor, Walter Carvalho, sobre a vida de Raul Seixas, quem era as pessoas que viviam com Raul e como essas pessoas direta ou indiretamente teve alguma influência em sua vida e em sua obra. Os mais atentos conseguem enxergar isso no filme. Fui consultor no filme e digo, com uma pontinha de orgulho, que dirigi o diretor até certo ponto, ou seja, até antes da edição final.

45) RM: Quais os prós e contras de ter convivido com Raul Seixas?

Sylvio Passos: Minha convivência com Raul Seixas só tem prós, não tem contras, porque foi eu mesmo quem escolhi estar ali o tempo todo e Raul aceitou e abraçou a coisa em si. Logo, ambos estávamos nos prós, nunca nos contras.

46) RM: Qual a sua relação pessoal e profissional com as ex mulheres e com as filhas do Raul Seixas?

Sylvio Passos: Tenho uma boa relação com todas elas, principalmente com Kika e Vivi Seixas por morarem no Brasil, também desenvolvo com elas uma relação profissional em todo e qualquer trabalho que diga respeita a vida e obra de Raul Seixas.

47) RM: Fale da sua atuação como ator no musical: Meu amigo Raul. Fale de sua atuação como ator.

Sylvio Passos: Foi uma experiência muito boa, adorei atuar por dois anos interpretando a mim mesmo no musical. Fazer laboratório consigo mesmo é uma loucura, terapia perde. Já estou com outra peça pronta para ir pros teatros do Brasil em 2016. Aguardem!

48) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram acompanhando o Raul Seixas em show ou no dia a dia?

Sylvio Passos: Viver com Raul Seixas já era algo inusitado. No livro de Leonardo Mirio: “Raul Nosso de Cada Um”, em que Leonardo Mirio apresenta entrevistas com pessoas que conviveram com Raul. Basta ler o livro para ver o quanto inusitado era conviver com Raul.

49) RM: Em um álbum duplo de 40 músicas do Raul Seixas quais as músicas você selecionaria como essencial da obra dele?

Sylvio Passos: Se me fosse dada a missão em fazer o repertório o álbum seria com essas: 1) Dr. Paxeco, 2) Let Me Sing, Let Me Sing, 3) Metamorfose Ambulante, 4) Ouro de Tolo, 5) How Could I Know, 6) Loteria de Babilônia, 7) As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade de Thor, 8) Moleque Maravilhoso, 9) O Trem das Sete, 10) Sociedade Alternativa, 11) S.O.S, 12) Gita, 13) Rock do Diabo, 14) A Verdade Sobre A Nostalgia, 15) Tente Outra Vez, 16) Para Nóia, 17) Canto Para Minha Morte, 18) Meu Amigo Pedro, 19) Ave Maria da Rua, 20) O Homem, 21) Eu Também Vou Reclamar, 22) Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás, 23) Maluco Beleza, 24) O Dia Em Que A Terra Parou, 25) Sapato 36, 26) Você, 27) Sim, 28) As Profecias, 29) Todo Mundo Explica, 30) Por Quem Os Sinos Dobram, 31) Aluga-se, 32) O Segredo da Luz, 33) Coração Noturno, 34) Metrô Linha 743, 35) Quando Acabar, o Maluco Sou Eu, 36) Areia na Ampulheta, 37) Senhora Dona Persona, 38) Carpinteiro do Universo, 39) Nuit, 40) Você Ainda Pode Sonhar.

50) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Sylvio Passos – Os prós são: a liberdade em desenvolver seu trabalho sem interferências, de ser verdadeiramente dono do seu trabalho. Os contras são: Falta de recursos tanto técnicos como financeiros para viabilizar um trabalho com excelente produção e divulgação e as portas no mercado que nem sempre estão abertas para artistas independentes.

51) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira musical dentro e fora do palco?

Sylvio Passos: Eu não tenho me utilizado de qualquer estratégia, ainda não desenvolvemos nenhum planejamento nesse sentido.

52) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Sylvio Passos: Mais ajuda que prejudica. A Internet é uma ferramenta fundamental para divulgação de nossos trabalhos, seja em shows ou disco.

53) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia  de gravação (home estúdio)?

Sylvio Passos: Só vejo vantagens, desde que se tenha um bom equipamento.

54) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Sylvio Passos: O contato direto com o público, estar acessível a todas as pessoas e mídias que possam ajudar a promover ainda mais nosso trabalho. Nada muito mirabolante.

55) RM: Como você analisa o cenário do rock no Brasil. Em sua opinião quais foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Sylvio Passos: O Rock no Brasil nunca foi coisa fácil, ou está totalmente no underground, sendo reverenciado e fodido, ou na mídia de massa como “banda pop” sofrendo torcidas de nariz justamente por estar na mídia. Roqueiro brasileiro, em geral, além de cara de bandido, tem uma visão unilateral que sempre me incomodou, ou seja, reclama de tudo, que não tem oportunidades, etc e tal e quando conquista alguma coisa, projeção, reclama disso também. A insatisfação é crônica.

56) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Sylvio Passos: Tudo acontece no universo artístico. Calotes é o mais comum, esse ano fizemos três shows que até hoje não nos pagara. Quanto a problemas técnicos, pouco público e afins, acredito que todos os artistas passam por isso, faz parte do pacote. Brigas nunca rolaram nem com a banda e nem nos shows. Já gafes, eu cometi várias quando eu bebia, desde shows menores até em grandes shows. Esse foi um dos motivos que me fez afastar do álcool.

57) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Sylvio Passos: O fato de estar no palco é um dos ingredientes principais da felicidade, mesmo em shows menores. Já o mais triste é a sacanagem que determinados produtores, agentes e donos de casas de shows fazem com bandas e artistas independentes não dando o devido valor.

58) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Sylvio Passos: Não. Nosso trabalho não é pop, não é de consumo imediato, mas em algumas rádios alternativas é possível que toque por questões ideológicas, não capitalistas.

59) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Sylvio Passos – Se este é mesmo o caminho que quer seguir, vá em frente. É um caminho cheio de dificuldades, tal qual qualquer outro caminho que se vá seguir. O importante é estar fazendo o que te faz feliz, independente de qualquer coisa. No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo. Acostume-se a isso.

60) RM: Você tem uma música em parceria com Raul Seixas?

Sylvio Passos: Sim. Anarkilopolis, feita em 1984. Ela está no disco Metro Linha 743 e foi a primeira versão de Cowboy Fora da Lei.  Tem o vídeo – https://www.youtube.com/watch?v=suAQmc3Ntss

A música foi incluída como faixa bônus na edição comemorativa do disco Metrô Linha 743. Também foi lançada na coletânea Anarkopolis, com seleção musical feita por mim. Som Livre. Quando Raul me convidou para fazer Anarkilopolis (Cowboy Fora da Lei 2) em 1984 e me apresentou um caderninho espiral com a letra de COWBOY 73. Não me recordo da letra, mas lembro-me muito bem que a única parte que ele queria aproveitar da letra era o refrão que era assim: “Eu não sou besta pra tirar onda de herói \ Sou vacinado, sou cowboy, Cowboy 73”. Fizemos então a música que todos conhecem e a mesma era para entrar no álbum Metrô Linha 743. Mas como a Som Livre já tinha data marcada para o lançamento do disco Anarkilópolis ficou fora porque Raul só tinha gravado a voz guia e as bases. Em 2003 a Som Livre, em uma “faxina” em seu acervo, encontrou a faixa inédita e me procurou para que fizéssemos o CD que vocês conhecem. Em 1986 Raul volta a mostrar a ideia para Cláudio Roberto e então ambos escrevem a famosa Cowboy Fora Da Lei que foi sucesso em todo o Brasil em 1987 e ainda entrou na trilha da novela Brega & Chique da Globo. Portanto são três letras diferentes (Cowboy 73; Anarkilopolis; Cowboy Fora Da Lei) em que só o refrão se assemelha a original Cowboy 73.

61) RM: Sylvio Passos, quais os seus projetos futuros?

Sylvio Passos: Além do lançamento do nosso primeiro álbum, estamos com projetos para teatro, um segundo álbum conceitual, a retomada com força total do Raul Rock Club e Expo Raul Rock Club entre outras coisas que não convém falar ainda pra não criar muita expectativa no público.

62) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Sylvio Passos:  (11) 2948 2983 | 98304 4568 | www.sylviopassos.com[email protected] Para os fãs de Raul Seixas, o caminho é o site do Raul Rock Clubwww.raulrockclub.com.br . Já para aqueles que seguem meu trabalho com a Putos BRothers Band e com teatro, o caminho é o nosso site www.putosbrothersband.com.br .

VIDEOS YOUTUBE:

1-) Tá Todo Mundo Puto, BRother! – Putos BRothers Band

https://www.youtube.com/watch?v=64Nw52jlndI

2-) Ela vem de Trem – Putos BRothers Band

https://www.youtube.com/watch?v=3w8fKvdMwvM

3-) Robert Johnson Blues – Putos BRothers Band

https://www.youtube.com/watch?v=V8gSOYitfVk

Os fatos prevalecem sobre os documentos:

“Um Blues Para Raul”http://www.youtube.com/watch?v=eh-Xl5yvKxs

SYLVIO PASSOS – MÚSICO E AMIGO PESSOAL DE RAUL SEIXAS: https://www.youtube.com/watch?v=r5ljKEI5xNM&t=0s


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.