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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Sérgio K. Augusto – Fala sobre os Festivais de Música

Sérgio K. Augusto
Sérgio K. Augusto
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O cantor, compositor e violonista Sérgio K. Augusto têm historias e experiências na estrada musical. Um compositor talentoso e músico, arranjador criterioso. Quando criança seus prazeres lúdicos era o instrumento musical. E na adolescência após ouvir pela primeira vez as musicas de Chico Buarque encontrou motivação e referencial para começar compor.

Tem canções gravadas por Toquinho, Vanusa, Lula Barbosa, entre outras. Suas principais parcerias são com Tom Zé, Elifas Andreatto, Edu Santhana e Juca Novaes. As canções: “Brasilidade”, “A mão do tempo”, “Oração ao Mar”, “Quando um amor termina”, “Descoberta” e tantas outras receberam inúmeras premiações em Festivais de Música pelo Brasil.

Tornando Sérgio um dos maiores vencedores de festivais de todos os tempos. Ele pegou gosto pelos eventos que em 1999 criou o site: Festivais do Brasil (www.festivaisdobrasil.net) e presta consultoria para os Festivais. Ele é arranjador e produtor de cds, especialmente os de festivais de música.

Dentre os mais de 40 CDs de Festivais de Música que produziu destacam-se os CDs: “Viola de todos os cantos” da Eptv (Rede Globo do interior de São Paulo e Sul de Minas), Festival de Avaré-SP (vários), Ilha Solteira-SP (vários), Itumbiara (GO), Jales e do Femp de São José do Rio Pardo – SP e muitos outros.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Sérgio K. Augusto para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 03.03.2007:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua cidade de nascimento?

Sérgio K. Augusto: Nasci no dia 13/01/1963 em São Paulo – Capital.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Sérgio K. Augusto: Bom. Sempre tive interesse por música desde criança. Achava-me meio diferente dos outros meninos, pois minha busca era por violões, guitarras, mesmo que de brinquedo, e não pipas, balões, etc.

03) RM: Qual a sua formação musical?

Sérgio K. Augusto: Sou um autodidata. Estudei música depois com alguns professores particulares um pouco de teoria musical, mas aprendi mesmo com a vida. Na prática.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Sérgio K. Augusto: Quando ouvi um disco do Chico Buarque, chamado “MEUS CAROS AMIGOS” na casa de um colega (acho que eu tinha uns 15 anos de idade) e comecei a entender o que de fato era ser compositor. E que tipo de caminho musical eu queria seguir. A partir daí minhas influencias foram de artistas ligados ao que se chamava MPB: Toquinho, Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinícius de Moraes… e por ai vai….

05) RM: Quando, como e onde  você começou a sua carreira musical?

Sérgio K. Augusto: Gravei meu primeiro disco (ainda em vinil) em 1981 aos 18 anos de idade. Mas ainda estava muito imaturo. Logo em seguida comecei a tocar na noite, em bares, restaurantes, etc. Foi ai que comecei a ganhar uns trocados (risos).

06) RM: Fale da sua experiência participando de Festivais Musicais. Quais Festivais você foi primeiro lugar, com qual música e em que ano?

Sérgio K. Augusto: Na verdade, descobri os Festivais de Música, por eu trabalhar como arranjador nas revistas Violão e Guitarra que publicava uma coluna sobre os mesmos. Vi que nesses eventos existia a possibilidade de tocar músicas inéditas, como as que eu compunha.

Então comecei a tentar entrar em alguns. Curiosamente entrei por sorte em um dos maiores da época (e que é até hoje) FAMPOP de Avaré –SP, mas eu não tinha nem noção do que era um Festival de Música e do nível (que já era alto em 1985). Comecei a entender o esquema e não parei mais. Participei de todos os grandes e mais importantes Festivais de Música do país. Ganhei mais de 250 prêmios, entre eles inúmeros primeiros lugares.

A minha música “BRASILIDADE”, foi uma das que mais venceu Festivais de Música na história recentes desses eventos.  Como a minha participação em inúmeros eventos e da descoberta da carência de divulgação que os Festivais de Música tinham, passei a produzir os CDs dos eventos e colaborar na organização dos mesmos. Dai a ideia de criar o site FESTIVAIS DO BRASIL – www.festivaisdobrasil.net

07) RM: Quantos CDs lançados. Quais títulos e anos de lançamentos e comente o perfil de cada um e quais as musicas que se destacaram?

Sérgio K. Augusto: São 4 trabalhos em disco. Em 1981 o LP – “CANTANTE”. Em 1995 lancei o CD – “O POETA” – com participação especial do compositor Toquinho e da cantora Vanusa entre outros no antológico “Bar Vou Vivendo” – SP.

A música “Descoberta” fez parte da trilha sonora internacional da novela “Renascer” da Rede Globo. Em 1997 lancei o CD – “Sobre os Trilhos”, em parceria com James Azevedo. Em 2000 lancei o CD – “MULTIMÍDIA – AO VIVO NOS FESTIVAIS DO BRASIL”. Trabalho que reúne gravações “AO VIVO” de minhas musicas em Festivais, além de fotos, vídeos e canções no formato MP3.

08) RM: Quais são seus principais parceiros musicais?

Sérgio K. Augusto: Tenho alguns mais conhecidos e outros nem tanto, mas talentosos também. Fiz música com Tom Zé, com artista plástico Elifas Andreatto, com a cantora VANUSA, com Edu Santhana,James AzevedoBatista dos Santos, entre outros…

09) RM: Quem gravou suas músicas?

Sérgio K. Augusto: Existem varias gravações, mas os mais conhecidos, para citar alguns, Toquinho, Vanusa, Lula Barbosa, Derico, Oswaldinho do Acordeon, entre outros…

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Sérgio K. Augusto: Não há contras. E nem é uma opção. Você apenas é levado a seguir esse caminho pela condição do mercado. E por onde a situação culminou. E bom ter controle sobre seu trabalho. Seria bom também se você pudesse ter uma grande empresa por trás de seu trabalho, mas não há espaço para todos. Porém é possível criar o seu próprio espaço. É só prestar atenção ao movimento das coisas.

12) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas ultimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Sérgio K. Augusto: O único lugar que revelou compositores, ou pelo menos abriu um espaço para eles foram os Festivais de Música. Por eles passaram todas as chamadas grandes revelações que estão por ai. Com o advento da tecnologia – internet, etc, o mercado deu um nó e até agora está tentando se ajustar. Os grandes sempre serão grandes. Os novos precisam entender o novo processo e tentarem se integrar.

13) RM: Como você analisa músicos terem trabalhos de qualidade técnica e criativas acima da média não terem o devido destaque na grande mídia. Cite alguns exemplos em sua opinião de artistas que mereciam o reconhecimento dado a ícones da MPB?

Sérgio K. Augusto: Isso é uma bobagem. Não há espaço para todos, na chamada, grande mídia. Isso é utópico, nunca aconteceu, nem vai acontecer. Muitos talentosos estão à margem por opção de não quererem baixar o nível dos seus trabalhos. E muitos tentam isso e também se dão mal. Acho que o importante é continuar a realizar um trabalho honesto independente de modismos. Acredito que de uma certa forma e no tempo certo ele será reconhecido.

14) RM: O Sonho de está na grande mídia acabou para você ou ainda acredita um dia nessa cena?

Sérgio K. Augusto: Pelo contrário sou uma pessoa de muito sucesso dentro do meio e a meu modo. Criei uma mídia, já que não tinha acesso as mídias externas. Viver de música e do meu trabalho é o maior sucesso que um artista de verdade pode ter. Estar na grande mídia nem sempre é sinônimo de sucesso. Pode ser uma grande ilusão quando não se tem controle sobre esse sucesso. Quando esse sucesso depende dos outros e não de si próprio. Ele pode acabar do dia para noite.

15) RM: Com a sua experiência dentro (Concorrendo) e fora (Participando da organização) dos palcos dos Festivais de Música. Como saber que um festival tem seriedade com a revelação de novos talentos?

Sérgio K. Augusto: Os Festivais de Música não revelam talentos. Eles são hoje um mercado de trabalho para alguns e uma forma de divulgar e experimentar canções para outros. A ideia de novos talentos é equivocada.

16) RM: Quais as medidas necessárias devem ser tomadas pelos organizadores de Festivais de Músicas (que são honestos), para que os participantes que já tem um nome conhecido nos Festivais e na cena independe não ganhei pontos a mais por já serem conhecidos?

Sérgio K. Augusto: Você está certo. É de fato o que falta para os concursos: continuidade. Mas isso custa caro. Nem a Globo e a TV Cultura que fizeram Festivais de Música com exibição nacional conseguiram isso. O ideal seria que ao invés de prêmios em dinheiro os Festivais de Música oferecessem continuidade de carreira aos vencedores. Como a gravação da música por algum interprete conhecido. Ou introduzi-lo na grade se suas programações, mas a coisa não funciona assim. São coisas independentes.

17) RM: Quais os principais critérios dos jurados para manter uma imparcialidade com possíveis amigos de profissão?

Sérgio K. Augusto: Ter bom caráter.

18) RM: Em sua opinião quando um músico que já construiu uma historia dentro dos Festivais de Música e na cena independente deve se ausentar para não gerar um desconfiança da seriedade do Festival?

Sérgio K. Augusto: Se o evento oferecesse uma alternativa a ele como por exemplo, fazer um show no ano seguinte. Seria ótimo. Mas como isso não acontecesse, ele acaba voltando para competir novamente. Esta no direito dele.

19) RM: Em sua opinião mesmo levando em consideração o momento histórico e cultural de cada época. Os Festivais de Música Popular após anos 60 e 70 tem possibilidades de revelar músicos que hoje são ícones da MPB?

Sérgio K. Augusto: Não. São tempos totalmente diferentes e a estrutura mercadológica tornou–se tão profissional que hoje os Festivais de Música não colocam ninguém na grande mídia. Mas, sim, o poder financeiro.

20) RM: Fala muito que os Festivais de Música dos anos 60 e 70 eram de cartas marcadas de gravadoras. Qual sua opinião a respeito?

Sérgio K. Augusto: Não sei. Não vivi naquele tempo. Mas acho que havia os músicos preferidos. Como ainda há hoje.

21) RM: Faça um paralelo entre os festivais dos anos 60 e 70 em ralação aos a partir dos anos 80?

Sérgio K. Augusto: Como já disse são tempos diferentes. Nos anos 60 tudo era muito recente e amador. E os Festivais de Música dos anos 80 já começaram a ter a interferência das grandes gravadora. Por isso acabaram.

22) RM: Quais as principais contribuição do seu site www.festivaisdobrasil.net para com os Festivais de Música?

Sérgio K. Augusto: O site tem o objetivo de levar ao conhecimento de milhares de artistas e interessados em geral que não tinham conhecimento desse grande movimento que são os Festivais de Música. Além de preservar a memória dos Festivais de Música do passado.

23) RM: Você já pensou em fazer ou já fez um Festival de Música online, a exemplo de outros site. Que colocam as músicas inscrita para os internautas votarem?

Sérgio K. Augusto: Sim. Mas isso já foi feito sem sucesso. O problema é saber se a coisas não está sendo manipuladas. Se for possível sanar esse problema/dúvida pode ser que ele venha a despertar interesse.

24) RM: Sérgio K. Augusto, Fale de sua atuação como produtor musical, do seu estúdio de gravação e assessoria que presta a músicos.

Sérgio K. Augusto: Hoje colaboro na produção de alguns eventos dando assessoria. E produzo alguns CDs desses eventos. Trabalho também com o arranjo e produção de músicas demonstrativas para inúmeros artistas interessados em participar de Festivais de Música.

25) RM: Fale dos projetos futuros.

Sérgio K. Augusto: Em 2007 vou lançar meu quinto CD – AUTORAL. Que é uma parceria minha e de James Azevedo. Com a participação dos maiores expoentes dos Festivais do Brasil, como Ivânia Catarina, Zé Alexandre, Bilora, entre outros.

www.festivaisdobrasil.net

PS: Faleceu dia 06/11/2022, causa morte indefinida.


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.