More Fabiano Santana »"/>More Fabiano Santana »" /> Fabiano Santana - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Fabiano Santana

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Criado numa família de músicos, Fabiano Santana sempre teve o Forró como influência.

Natural de Timóteo/MG, Fabiano cresceu em Ipatinga/MG sempre envolvido com o universo musical. O intérprete e acordeonista passou sete anos no Rio de Janeiro, onde trabalhou como produtor e arranjador. Agora está na Europa para tocar e cantar… O multi-instrumentista, produtor, arranjador, intérprete e compositor se mudou para o Rio de Janeiro em 2005, para substituir um sanfoneiro no “Trio Candieiro”. “Um conhecido me convidou para tocar uma noite. A casa noturna estava lotada de pessoas curtindo forró. Fiquei encantando e resolvi ficar por lá”, contou Fabiano. “Além de tocar e cantar na banda, também trabalhei em estúdios, produzindo álbuns de outros artistas”.

De volta a Ipatinga em 2012, Fabiano fortaleceu a cultura do forró no Vale do Aço. “A dança tem um apelo muito forte e as letras do forró não são vazias de sentido. Elas contam uma história, retratam uma cultura”, assegurou o sanfoneiro, que já iniciou a produção de seu quarto disco solo. “O CD é uma produção independente”. Com a modernidade, o foco nas plataformas digitais é o que destaca o trabalho de vários músicos e alinhado com o segmento, Fabiano lançou todos seus álbuns digitalmente, além dos singles e novas composições, que mantêm seu público atualizado e engajado.

Para o show desta turnê, Fabiano promete um repertório de primeira. “Vou mesclar minhas músicas com clássicos de Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga”, garantiu o sanfoneiro, se dizendo feliz pela oportunidade de tocar em vários eventos. “Quando era criança eu pedalei 17 km só para ir ao festival da cidade onde morava, curtir forró pé de serra, lá em Ipatinga. Após alguns anos pude mostrar minha música naquele mesmo palco e isso foi uma realização”.

Paixão pelo forró A música ganhou mais espaço na vida de Fabiano aos 12 anos, quando ele ganhou do seu tio “Nilo” um violão e começou a tocar na igreja. Aos 16 anos se juntou à banda do irmão, “Mania que Mexe”, onde foi designado a tocar sanfona. “Todos tocavam percussão, então percebemos que estava faltando algo, que era a sanfona. Como ninguém sabia tocar, me fizeram aprender o instrumento”, contou o artista, que teve aulas com o “Seu Nequinha”, paraibano que vive em Ipatinga/MG. “Depois de quatro meses ele me liberou, dizendo que eu já tinha aprendido a tocar Acordeon”.

Hoje, além da sanfona e do violão, Fabiano também toca zabumba, triângulo, baixo, guitarra, percussão, entre outros instrumentos. De acordo com o sanfoneiro, o período em que viveu no Rio foi muito positivo para sua vida pessoal e profissional. “Lá eu tive a oportunidade de trabalhar em grandes estúdios e conviver com artistas e bandas como mestre Gennaro, Trio Nordestino, Dominguinhos, Flávio José, Os 3 do Nordeste, Mestre Zinho, Falamansa, Zé Ramos e Gavião. Também fiz participações em novelas globais como Paraíso, Tempos Modernos e Duas Caras, sempre com minha sanfona nas mãos”, lembrou. “Mas o melhor de tudo foi conhecer minha mulher”.

Além da carreira solo, Fabiano Santana também mantém um trabalho como parceiro da banda “Chama Chuva” – faz parte de três CDs e um DVD da mesma. “Gostaria de agradecer a todos que me apoiam, principalmente minha família”.

Feliz com a nova etapa de sua carreira, o sanfoneiro diz que o forró é um dos estilos mais queridos pelos jovens. “As músicas contam a cultura de um povo. A dança aproxima as pessoas, é coração com coração. Foi minha família que me passou essa paixão”. O sanfoneiro fez seu show em julho 2019 no Festival Nacional de Forró de Itaúnas, no Espírito Santo e está em turnê pela Europa onde mora atualmente, percorrendo países e fazendo shows em cidades da Alemanha, Portugal, França… Ao todo já foram mais de 17 países que receberam apresentações do artista e recentemente gravou também um filme, do cineasta Fred Alves, contando a história do ritmo nordestino que é querido no mundo inteiro.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Fabiano Santana para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 05.06.2020:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Fabiano Santana: Nasci no dia 26 de setembro de 1986, Timóteo/MG.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Fabiano Santana: Fui criado numa família de músicos, sempre tive o Forró como influência. Cresci em Ipatinga – MG sempre envolvido com o universo musical. Desde os 12 anos de idade, quando o violão que o “tio Nilo” me deu de presente começou a me ajudar a dar os primeiros passos na vida musical, tive muitos encontros com pessoas especiais, famosas e anônimas, que me ajudaram a trilhar os caminhos que me fizeram chegar aqui. Apaixonei pelo Forró. Aos 16 anos me juntei à banda do irmão, “Mania que Mexe”, onde fui designado a tocar sanfona (Acordeon). Todos tocavam percussão, então percebemos que estava faltando algo, que era a sanfona. Como ninguém sabia tocar, me fizeram aprender o instrumento, e tive aulas com o “Seu Nequinha”, paraibano que vive em Ipatinga. Depois de quatro meses ele me liberou, dizendo que eu já tinha aprendido a tocar acordeon e segui adiante por conta própria nos estudos. Hoje, além da sanfona e do violão, também toco zabumba, triângulo, baixo, guitarra, percussão, entre outros instrumentos. Tornei-me intérprete, produtor musical e trabalho principalmente compondo e me apresentando em shows.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Fabiano Santana: Na música estudei com professores particulares, por exemplo o maestro da “Banda Santa Cecília” de Timóteo/MG. Houve também os estudos de Acordeon com o “Seu Nequinha” e meu desenvolvimento foi em boa parte autodidata. Na área acadêmica conclui o ensino médio. Cursei Manutenção em computadores, na Faculdade “Estácio de Sá” do Rio de Janeiro e na sequência, iniciei na Faculdade Newton Paiva de Belo Horizonte/MG, o curso de Administração, mas tive que pausar os estudos por conta da mudança para Europa. Já na Alemanha conclui o nível A1 do idioma alemão.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Fabiano Santana: O período em que vivi no Rio de Janeiro foi muito positivo para minha vida pessoal e profissional. Lá eu tive a oportunidade de trabalhar em grandes estúdios e conviver com artistas e bandas que me influenciaram, feito mestre Gennaro, Trio Nordestino, Dominguinhos, Flávio José, Os 3 do Nordeste, Mestre Zinho, Falamansa, Zé Ramos e Gavião do Forró. Falando anteriormente à essa fase, eu ouvia diferentes estilos musicais durante a adolescência, incluindo Tonico e Tinoco, Tião Carreiro, Inezita Barroso, dentre outros tantos do “sertanejo raiz” e inusitadamente ouvi muito pagode, samba, afinal brasileiro já tem essas influencias de berço, portanto Martinho da Vila, Demônios da Garoa, Beth Carvalho, Jorge Aragão, Dona Ivone, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, eram artistas frequentes nas programações de rádio e televisão etc.

Meu início musical foi tocando violão nas celebrações da igreja do bairro que morava, inevitavelmente as canções sacras e religiosas também entraram para este meu universo musical. A descoberta que muito me orgulha, desse tempo de ainda menino, foi saber que Clara Nunes, Clube da Esquina, Milton Nascimento, entre outros baluartes, eram “conterrâneos” meus, nascidos no estado de Minas e passei horas pesquisando os discos, inclusive hoje em dia.

Atualmente tenho escutado bastante música brasileira, apesar de morar na Alemanha, tenho como primeira escolha, ouvir música do meu país, mas além das estrelas internacionais que eu já me interessava, como Byoncè, Celline Dion, Michael Jackson, Quincy Jones, Elton John, Steve Wonder. Eu sempre estou de “olho” no que acontece atualmente por aqui, quais os artistas me identifico e em língua estrangeira tenho escutado: Snarky Puppy, Jacob Collier, Richard Bona, Maira Andrade, Alfredo Rodriguez, Bruno Mars, Ed Sheeran, Frank Marocco, Richard Galliano.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Fabiano Santana: Considero que profissionalmente meu início de carreira foi em Ipatinga, onde aos 16 anos de idade já fazia turnês de shows e apresentações com minha primeira banda. O lado multi-instrumentista, produtor, arranjador, intérprete e compositor foi mais adiante, quando deixei minha terra natal em 2005, para substituir um sanfoneiro no “Trio Candieiro” no Rio de Janeiro. Um amigo me convidou para que fizéssemos um show, o local do evento estava lotado de pessoas curtindo forró. Fiquei encantando e decidi morar na “Cidade Maravilhosa” do Rio de Janeiro. Além de tocar e cantar na banda, também trabalhei em estúdios, produzindo álbuns de outros artistas.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Fabiano Santana: Minha carreira mescla os discos de carreira solo e também os das bandas que integrei. Carreira solo: em 2016 Álbum: “Fabiano Santana” (lançado em plataformas digitais e CD). Músicos participantes: Dil Brasil, zabumba; Rony Bass, baixo; Willian Navarro, triângulo; Fabiano Santana, acordeom e voz.

Em 2017 Álbum: “Como Eu Pedi” (lançado em plataformas digitais). Músicos participantes: Everton Coroné, guitarra e violão; Dil Brasil, zabumba; Rony Bass, baixo; Willian Navarro, triângulo; Fabiano Santana, acordeom e voz.

Em 2018 Álbum: “Music & Brazil” (lançado em plataformas digitais e CD). Músicos participantes: Everton Coroné, guitarra e violão; Dil Brasil, zabumba; Rony Bass, baixo; Willian Navarro, triângulo; Fabiano Santana, acordeom e voz.

Em 2019 Singles (lançado em plataformas digitais): “Essa É Minha Alegria”, “Falta Você na Cama”, “Desilusão”, “Forró Evoluiu”, “Você É O Melhor De Mim“(participação especial de mestre Gennaro).

Em 2020 Álbum: “Xote Com Violão” (lançado em plataformas digitais e CD). Músicos participantes: Fabiano Santana, voz e violão. No “Trio Candiêiro” lancei os CDs:

Em 2008 Álbum: “Alumiando o Salão” (lançado em plataformas digitais e CD). Músicos participantes: Rodrigo Rodrigues, zabumba; Mozart Laranjeiras, baixo, Pablo Rodrigues, back vocal, Lelei Junior, triângulo e voz, Fabiano Santana, acordeom e voz.

Em 2011 Álbum: “Um instante para reviver” (lançado em plataformas digitais e CD). Músicos participantes: Will Santos, coro e zabumba, Diego Freitas, coro e triângulo, Lau Trajano, baixo, Dido Batera, bateria, Omar Campos, guitarra, Erivaldinho do Acordeom, coro e Acordeon, Fabiano Santana, acordeom e voz.

Na banda “Chama Chuva” lancei em 2013 os CDs e DVD: “E o show continua…” (lançado em plataformas digitais e CD). Em 2014 Single: “Coração torcedor” (lançado em plataformas digitais e CD). Em 2015 Álbum: “15 anos” (lançado em plataformas digitais e CD), participações especiais de Trio Virgulino, Geovani Calmon. Em 2015 Álbum: “DVD 15 anos” (lançado em plataformas digitais e DVD), participações especiais de Trio Virgulino, Geovani Calmon. Com a modernidade, o foco nas plataformas digitais é o que destaca meu trabalho de vários músicos e alinhado com o segmento, lancei todos meus álbuns digitalmente, além dos singles e novas composições, que mantêm o público atualizado e engajado.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Fabiano Santana: Sou um músico que mescla os estilos regionais, mas meu foco sempre foi o Forró Pé de Serra nas suas diversas manifestações e ramificações e sou também um defensor da música de raiz, brasileira.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Fabiano Santana: Sim, em 2003 por alguns meses, com um professor da cidade de Ipatinga/MG e posteriormente por pesquisas online obtive bastante material importante para aperfeiçoar minha técnica vocal.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Fabiano Santana: Os cuidados com a voz demandam naturalmente da fisiologia de cada ser humano e faço uma analogia do estudante da técnica com “a pessoa que faz malhação” – por trabalhar bastante os músculos, pode ser que a pessoa falte um dia, ou dois, nos exercícios mas devido seu histórico de sempre estar desenvolvendo, o músculo do corpo humano aprende e mantém por certo período a característica e o resultado dos exercícios. Da mesma forma é com a voz, se você mantém uma periodicidade de exercícios vocais, poderá sempre contar com sua voz, bem preparada e é sempre bom lembrar que a voz humana é, por vezes, considerada nosso “primeiro instrumento”. Portanto cuidar da voz e estudar a técnica vocal é essencial.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

Fabiano Santana: São vários, e já peço desculpas aos colegas de profissão por talvez não citar o nome. Admiro muitos brasileiros que são ou foram fantásticos intérpretes: Ivete Sangalo, Elis Regina, Clara Nunes, Edson Cordeiro, Djavan, Jorge Vercillo e no forró tenho minhas preferências como Luiz Gonzaga, Flávio José, Dominguinhos, Diego Oliveira, Mestre Zinho, Lindu do Trio Nordestino.

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Fabiano Santana: É diverso. Tenho composições que me vieram de forma “psicografada” – com letra e música. Gosto também de partir primeiro de melodias pra depois encaixar letras. Outra forma é com parceiros, que normalmente já tem uma letra pronta e precisam de melodia ou estão iniciando alguma canção e dou minha contribuição. Sempre estudo algumas formas diferentes pra compor e procuro absorver de algumas dicas que os compositores experientes nos ensinam.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Fabiano Santana: Everton Coroné, Dil Brasil, Willian Navarro, Lelei Junior, Mestre Gennaro, Raphael Moura, Gualter Torres, Paulinho Motta, Mestre Marrom e Gavião do Forró são alguns dos nomes que tive o prazer de compor algumas músicas mas existem mais parceiros que assim como estes que citei, com certeza são também ótimos compositores e admiro muito!

13) RM: Quem já gravou as suas músicas?

Fabiano Santana: Destaque para a banda “Chama Chuva” que tenho um carinho muito grande e por terem uma história de mais de vinte anos de carreira, além de terem me dado oportunidade de trabalhar durante quatro anos seguidos como integrante do grupo, também gravaram algumas de minhas músicas como “Casa Amarela” “Homenagem à Ratinho do Acordeom” e “Bota ela pra girar”. Diversos outros grupos e artistas também gravaram algumas de minhas canções, por exemplo: Diego Oliveira, Mestre Gennaro, Thaís Nogueira, Trio Mafuá, Carlim Alves, Banda Mala e Cuia, Jorge do Rojão e Trio Candiêiro.

14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Fabiano Santana: A liberdade para criar, compor, estudar, pesquisar e aprimorar suas habilidades, são alguns dos prós mas também existem certas dificuldades que podem colocar sua carreira musical em risco, por exemplo, se o artista não tiver um mínimo de organização, cuidado, e zelo com a música, a resposta é quase que imediata e muitas vezes é um dissabor, talvez pela falta de recursos financeiros, apoio, parceiros, se torna uma situação crítica “viver de música” mas eu gosto mesmo é de focar nos exemplos de artistas que começaram com “poucas chances” ou algumas incertezas porém com muita determinação e propósito, alcançaram seus objetivos.

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Fabiano Santana: Meu foco principal atualmente é: criação, manutenção, estudo e pesquisa, dentro dos assuntos que envolvem “música”. Uma estratégia recente que usei foi o de gravar minhas próprias composições, e disponibilizar nas plataformas digitais, no formato “Voz e Violão” e minha busca neste caso é o compartilhamento das canções, e ao mesmo tempo é uma forma de agradecer ao público pelo apoio nestes mais de vinte anos como compositor.

Falando em estratégia para manutenção, posso citar por exemplo a “constância”. Uma das formas que lido com meu repertório musical é estar sempre tocando, com foco nas autorais, mesclando o repertório com algumas músicas tradicionais que o público sempre pede e procuro atender.

Por morar na Europa, tive que aprender a planejar minha carreira o quanto antes de vir pois as viagens são constantes, os períodos de turnê também precisam de organização e além disso, se desejamos realizar o sonho de “viver de música” é importante estar atualizado e manter o foco na música.

16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Fabiano Santana: Crio oportunidades e possibilidades, tanto pra mim quanto para parceiros, de estar sempre lançando músicas, criando conteúdo, desenvolvendo novos modelos de parcerias, à exemplo de um filme, que lançamos recentemente, em parceria com o cineasta Fred Alves, onde fui atuante nas gravações e produção deste longa-metragem que, resumidamente, conta a história do forró conquistando espaço fora do Brasil e foi uma honra participar deste projeto, que ganhou importantes prêmios, como o Troféu Gonzagão e o Troféu Manezinho Araújo, ambos em 2019, e consideramos essas honrarias como reconhecimento do trabalho que desenvolvemos . O nome do filme é “Estradar – Mestre Gennaro e Fabiano Santana” e está disponível gratuitamente nas plataformas de streaming.

17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Fabiano Santana: Como vivemos em um mundo de dualidades, a internet não ficaria de fora neste caso e posso dizer que a aproximação do artista com fã, cria oportunidades maravilhosas de interação e visibilidade da nossa obra diante das pessoas, o que nos surpreende positivamente esse alcance desta ferramenta.

Sinto-me prejudicado na questão de vários sites cobrarem por serviços de impulsionamento ou pra divulgarem mais meu trabalho. Acho que essa é uma barreira pra muitos artistas, me incluo nesta situação, e principalmente para os que estão começando a carreira musical, vejo que é injusto pessoa com talento não alcançar um número maior de seguidores e fãs devido este fato. Enfim, acho válido ressaltar que sempre mostro minhas músicas, seja tocando ao vivo, por streaming ou distribuindo nas plataformas digitais e utilizo o engajamento que as recentes redes sociais nos dão na internet.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Fabiano Santana: Vantagem de poder criar mais, gravar mais, aprender mais e consequentemente é mais música pro mundo, mais amor, mais alegria, mais tristezas também, mais melancolia, ou seja, tudo o que faz parte da vida! Eu adoro me manter atualizado, pesquiso softwares, gosto de tecnologia e desde muito jovem aprendi a usar computador, celular, smartphone.

Tenho meu home studio, produzo muito, trabalho muito, inclusive conteúdos pioneiros no meu segmento, como o curso online de acordeom, que desenvolvi com meus equipamentos e já tive ou tenho alunos que moram na Itália, Estados Unidos, Portugal, Alemanha, Brasil. A desvantagem, mais uma vez, está no preço das coisas que precisamos comprar, pra ter resultado profissional ou pelo menos satisfatório.

Para efeito de comparação, por exemplo: microfones profissionais podem custar o preço de um “carro zero quilômetro”. Investi, consideravelmente, parte do que recebi nestes anos todos de música, na aquisição dos meus instrumentos e equipamentos e sinto orgulho de conseguir realizar meus sonhos e os sonhos de amigos também, sempre trabalhando focado para realizar profissionalmente.

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Fabiano Santana: Mantenho-me em evidência trabalhando notavelmente e constantemente me citam como referência em alguns trabalhos que realizo, acredito que seja meu diferencial dentro do meu nicho, pois “ser exemplo” demanda liderança, e liderança é desafio, é tentar fazer brotar novidade. Posso dizer com certa propriedade, pois apesar de jovem, já gravei e produzi muitos discos, de diferentes estilos, percorri mais de 17 países, em quatro continentes do mundo, quase que exclusivamente tocando “Forró Pé De Serra” e o tempo todo sinto que é uma responsabilidade muito grande, representar meu país, minha cultura e os brasileiros, por onde passo e o faço com muito prazer.

20) RM: Como você analisa o cenário do Forró. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Fabiano Santana: O ritmo é muito querido e tem cada vez mais adeptos e uma das coisas que jamais imaginei foi o fato de morar em outro país, por conta principalmente do forró. Além do Brasil, existem mais de 100 festivais de forró espalhados aqui na Europa. Também existe um movimento dos forrozeiros bem consistente, de música e dança, nos Estados Unidos. Considero revelações importantes das últimas décadas, Diego Oliveira, Mestrinho, Lucy Alves, Trio Dona Zefa, Marcelo Mimoso, Falamansa, Bicho de Pé, Rastapé, Chama Chuva… e modéstia à parte, me incluo nessa lista também…

21) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Fabiano Santana: Trio Nordestino, Dominguinhos, Flávio José, Dorgival Dantas, Luiz Gonzaga, Mestre Gennaro, Alceu Valença, Chama Chuva, Flávio Leandro, Elba Ramalho dentre vários, a lista é enorme.

22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Fabiano Santana: Ah, um fato inusitado, muito triste, mas que graças à Deus teve um final feliz, foi terem extraviado meu Acordeon “dos sonhos”, logo no final de uma turnê que fiz pela Europa, com o Trio Juriti e até hoje a empresa aérea não descobriu o paradeiro do instrumento. Devolveram-me uma mala, 3 dias depois da minha chegada ao aeroporto de destino, sem a sanfona, sem meus pertences e com 6 livros dentro da mesma, que não eram meus. Felizmente fui ressarcido pela empresa e comprei um Acordeon novo, o que inclusive agradeço muito aos forrozeiros por terem me ajudado, incentivando e apoiando uma ação que fizemos por meio das redes sociais na internet, cobrando a empresa pra solucionar meu caso, e deu certo. É curioso que sempre coloco nome nos meus instrumentos musicais, e à essa sanfona nova dei o nome de “Maria” pra homenagear minha mãe, e a mãe de Jesus, como forma de agradecimento por ter conseguido uma solução justa.

23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Fabiano Santana: As “realizações” são o que me deixam muito feliz e motivado a querer mais, criar mais, cantar, tocar… Quando percebo que o trabalho musical “está feito” e recebo um feedback dos fãs, amigos, familiares e colegas, normalmente é positivo e motivador, me norteiam e a música num todo passa a fazer mais sentido. Acredito muito no poder de cura que existe em certas canções e não é à toa que existe a musicoterapia, pra aliviar as dores dos seres humanos e esta sensação de pertencimento me mantém elevado. Quanto a tristezas, estão relacionadas com a falta de amor, de empatia, que algumas pessoas tem e as vezes nos impedem de tocar, cantar… Não podemos negar que existem formas de “extorsão” dentro do mercado da música, e algumas poucas pessoas colocam sua visão de lucro a qualquer custo na frente das coisas e acabam dificultando ou até mesmo impossibilitando certas áreas da minha carreira. Ao meu ver, como sou um sonhador, o mundo está caminhando na direção do equilíbrio das coisas, do bom senso, e isso vai nos dar ainda mais oportunidades de mostrarmos nossos trabalhos musicais, produções e com certeza é válido, principalmente pelo acesso que a internet proporciona e hoje podemos ter uma “janela” pra mostrar ao mundo o que estamos fazendo.

24) RM: Qual a sua opinião sobre o movimento do “Forró Universitário” nos anos 2000?

Fabiano Santana: Posso dizer, com certa autoridade, que foi um dos mais importantes movimentos para história contemporânea do forró e gerou muitos “frutos”. Esta cena que foi criada principalmente no sudeste do Brasil, e como referencias principais, destaco Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Itaúnas – ES. Itaúnas na verdade faz parte do município de Conceição da Barra – ES, e é uma importante reveladora de artistas forrozeiros, consagrada pelo Festival Nacional de Forró de Itaúnas – FENFIT e inclusive faço parte deste grupo que despontou para o público à partir do trabalho realizado por bandas e trios que tem em seu currículo, apresentações no palco deste festival: Chama Chuva, Falamansa, Trio Forrozão, Trio Jerimum, Trio Virgulino, Genival Lacerda, Bicho de Pé, Trio Nordestino, Os três do Nordeste, Dominguinhos, Marinês, Trio Sabiá, Oswaldinho do Acordeon, Mestre Zinho e muitos outros importantes nomes do forró, passaram por Itaúnas e tenho certeza que todos foram inspirados de alguma forma, em algum momento, por esta vila que fica no norte do Espírito Santo do Brasil. O “Forró Universitário” passou ser muito bem divulgado e ampliado, o que abriu portas para que novos adeptos se interessassem pelo ritmo, pela dança e pela música e passaram então à frequentar os bailes, academias, casas de shows, festivais, festas e consequentemente conhecer mais da cultura do nosso próprio povo, como se fosse um redescobrimento de nós mesmos. Com o tempo este mesmo movimento também se tornou referência fora do país e hoje posso dizer com o coração aberto que conquistamos cada vez mais por onde passamos. As músicas do “Forró Universitário” ultrapassaram as fronteiras de países como Portugal, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Rússia, Japão, Espanha, Chile, Argentina, Austrália…

25) RM: Quais os grupos de “Forró Universitário” chamaram sua atenção?

Fabiano Santana: Existe uma mescla de grupos novos e grupos consagrados que fazem parte de um mesmo movimento, mas para citar alguns: Chama Chuva, Falamansa, Rastapé, Trio Forrozão, Trio Jerimum, Trio Virgulino, Genival Lacerda, Banda Alcalyno, Bicho de Pé, Trio Balancê, Trio Nordestino, Diego Oliveira, Os três do Nordeste, Dominguinhos, Peixelétrico, Mariana Aydar, Marinês, Trio Sabiá, Trio Dona Zefa, Oswaldinho do Acordeon, Edson Duarte, Forróçacana, Mestre Zinho.

26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Fabiano Santana: O jabá ainda é uma prática que algumas rádios mantêm em seus modelos de negócio, mas sinceramente, nunca paguei pra que tocassem minhas músicas e sigo essa dinâmica desde quando iniciei minha carreira, acreditando que essa é uma escolha que posso fazer. Não sei até que ponto os artistas ou produtoras que pagam pra ter músicas em playlist de rádio estão certos ou errados, e também não cabe a mim este julgamento.

Mas respondendo à pergunta, minhas músicas já tocam em várias rádios e não tive que pagar por isso, pelo contrário, foi sempre resultado de um movimento natural, de pesquisa dos próprios radialistas e djs que respeito e valorizo, a exemplo do profissional “Véio Abidoral” que é um defensor da cultura e do forró e sempre toca minhas músicas na rádio FM da cidade pernambucana Cabo de Santo Agostinho. Em São Paulo também o querido radialista Paulinho Rosa que trabalha com essa espécie de “vitrine musical” e dá oportunidade para vários artistas, através do programa “Vira e Mexe” e pra finalizar, vejo uma força emergir das “web rádios” como www.forrobrasileiro.com.br e www.forroots.com.br  e sempre tocam minhas músicas.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Fabiano Santana: Tenho uma atitude positiva e convido para experimentarem, tentarem tocar algum instrumento, explorarem o cantar, que é uma forma de presente que Deus nos deu e a maioria de nós podemos, à partir do canto, evoluir… Em primeiro lugar está a força de vontade, o agir e o estudo, disciplinado e gradual, que com certeza trazem mais beleza pra nossa vida e sempre lembrar, você pode escolher o que mais gosta, o ritmo que lhe identifica, o gênero que mais lhe agrada, a cultura que lhe convêm mas o foco deve ser música.

28) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?

Fabiano Santana: Os encontros, network, visibilidade e o envolvimento no geral, são pontos positivos e destacam vários festivais ao redor do mundo que se tornaram referência, não só de Forró… Os maiores, tomam vários cuidados, tanto com o público quanto com as equipes que trabalham nestes eventos.

É um prazer falar em nome do Festival Nacional de Forró de Itaúnas – FENFIT, por exemplo, do qual faço parte do line-up à vários anos, e mesmo quando não me apresento, faço parte da comissão organizadora, e vejo este como um referencial para o nosso segmento. Os pontos delicados, acredito eu, tem a ver mais uma vez com o fator “dinheiro” que é sabido que para se realizar um evento com qualidade e de grande porte, é necessário também investimentos elevados. De maneira geral vejo que é uma das melhores iniciativas pra quem trabalha com música, desde que estejam todos atentos e empenhados em realizar o melhor, o mais profissional possível e planejando com antecedência, na minha opinião os festivais de música só acrescentam!

29) RM: Hoje os Festivais de Música revelam novos talentos?

Fabiano Santana: Com toda certeza! Eu sou um destes artistas que ativamente participa de festival de música e além disso, me senti apoiado por diversos relevantes festivais que tem como característica principal, a revelação de novos talentos: Fenfit, Nata Forrozeira, Rootstock, Festival Forró de Aldeia Velha, Baile dos Pães de Queijo, dentre vários no Brasil. Ainda no continente americano, participei do Festival Forrofest USA, nos Estados Unidos e na Europa posso citar alguns como, Forró Aachen Festival, Festival de Colônia, Ai Que Bom Festival, Aniene, Forró Roma, ItáliaRoots, Vento de Forró, Psiu Forró Festival, Baião in Lisboa, Forrodouro, Pisa na Fulô, Forro Dine Dine, Forrozinho Freiburg, Forró Vem Vem, Forró Munique e Forró Com Coração. 

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Fabiano Santana: Existem muitos profissionais exemplares como vocês da revista RitmoMelodiawww.ritmomelodia.mus.br , que parabenizo pelo belo exemplo e agradeço a oportunidade desta entrevista e para além, sempre que possível destaco evidentes parceiros, como o cineasta e também publicitário Fred Alves que desenvolve equipes e dirige essa cobertura de mídia para vários veículos de comunicação, inclusive cinema, televisão, rádio e mídia impressa e com ele aprendo muito.

O sentimento é que precisamos mais atenção e pessoas engajadas e corajosas para focar e realizar essas coberturas, uma vez que mercado existe, pessoas interessadas pela cena musical brasileira existem, e o mundo está nos colocando em evidência, precisamos aproveitar mais estes espaços e alerto principalmente aos forrozeiros, assim como toda a classe produtiva, técnica e artística que a atenção agora, na minha opinião, deveria ser o de incluir nas pautas dos jornais, revistas e veículos de informação e mídia, assim como foi feito no período do ápice do movimento do Forró Universitário, toda a cena musical brasileira que merece prestígio e reverência…

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Fabiano Santana: Já me apresentei em alguns circuitos SESC e SESI, ainda quando morava no Brasil, e vejo que a organização destes espaços é exemplar, dignos e contribuem fortemente pra quem trabalha com música…  Tem meu apoio e por se tratar de “um lugar à mais” para cena musical, convido a todos para conhecerem e atuarem neste sentido de aproximar o público para iniciativas plurais deste tipo.

32) RM: Qual a sua opinião sobre as bandas de Forró das antigas e as atuais do Forró Estilizado?

Fabiano Santana: Eu vejo que podemos aprender muito uns com os outros e já dizia Dominguinhos “O sol nasce pra todos, mas a sombra é pra quem merece”. Forró das Antigas, Forró Estilizado, Forró Universitário, Forró Pé de Serra, no final das contas estão trabalhando pra levar algo para as pessoas, e todo profissional que cuide bem da cultura do nosso povo, merece respeito… Acredito que tem espaço pra todo mundo e um “mundo” é porta de entrada para o outro e vice-versa. Minha concepção artística é mais alinhada com o ideal de chegar ao final de minha vida, eu “olhe pra trás” e tenha orgulho do que fiz, das músicas que gravei, das obras musicais e parceiros e, portanto, trabalho muito pra isso acontecer, me inspirando mais nos estilos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, Elba Ramalho, Chama Chuva, Mestre Gennaro, Falamansa, Trio Dona Zefa, Diego Oliveira, Trio Candieiro e, portanto, se notam as diferenças das “mensagens” que queremos deixar pro mundo.

33) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical na Europa?

Fabiano Santana: Saber que muitas pessoas de diferentes continentes, diferentes países e culturas, se interessam por nossa música brasileira, é motivo de orgulho e sem dúvidas eu dei um voto de confiança para que minha carreira musical se desenvolva na Europa e em paralelo me mantenho conectado com o Brasil, com minhas raízes, através das viagens que faço periodicamente e também por meio das redes sociais.

Um dos pontos negativos é a “distância” que é o que nos deixa com saudade, e mantenho a esperança de poder rever meus amigos, familiares e colegas que ficaram na minha terra natal, lembrando sempre que estou na Alemanha, por uma escolha, um propósito, de buscar melhores condições pra exercer meu trabalho e isso refletir tanto para quem me segue de longe, quanto em quem está próximo de mim, e sou muito grato à todos que me apoiam nesta jornada.

34) RM: Qual a importância do Fenfit – Festival Nacional Forró de Itaúnas – Espirito Santos para o cenário do Forró?

Fabiano Santana: Sou testemunha que o Fenfit – Festival Nacional Forró de Itaúnas – Espirito Santos –www.forrodeitaunas.com –  é uma das maiores vitrines para o Forró. Pisei pela primeira vez no palco do “Bar do Forró” — onde acontece o FENFIT — em 2004 e foi uma sensação incrível! Tive que controlar o nervosismo, pois os maiores artistas do Brasil, lendas do gênero Forró Pé de Serra, fazem show ali e só de pensar no fato que estaria sendo observado, não só por eles, mas também por várias outras pessoas experientes no assunto e com carga cultural altíssima, já me deixava ansioso.

Além de tudo isso, ainda ter também concorrido com uma de minhas músicas: “Sertão Potiguá” (Lelei Júnior / Fabiano Santana) a primeira que fiz em parceria com Lelei, e que ganhou o prêmio de melhor música e poesia (2006) comprova que a “vitrine” do Forró é este festival. Com o passar dos anos, depois de adquirir firmeza na carreira, me tornei um dos parceiros do Bar Forró, tanto fazendo minhas apresentações musicais, quanto trabalhando inclusive como integrante da banca examinadora (jurados) e envolvido com o FENFIT. Afinal, são aproximadamente 10 noites de evento, 9 apresentações musicais por dia, 24 bandas concorrentes, palestras, workshops, oficinas de instrumentos, concurso e aulas de dança, e soma-se ainda as apresentações dos artistas contratados, que geralmente são os que temos de melhor da nossa música brasileira.

35) RM: Qual a função prática e musical de um acordeom com mais de 60 baixos?

Fabiano Santana: O Acordeom com frequência repete botões com as notas para facilitar a digitação. Na prática são mais notas ao alcance da mão. Na função musical, o acordeom com mais quantidade de baixos possibilita também a formação de acordes, que são notas tocadas simultaneamente, ou seja, você aperta um botão e este por sua vez, aciona três notas, por exemplo… Ou ainda, enquanto aperta 2 botões e estes acionam 6 notas simultâneas possibilitando e facilitando a execução de harmonias mais sofisticadas das músicas.
Outro exemplo, comumente no Acordeon 80 baixos não tem a “fileira” dos “baixos diminutos” que tem no de 120 baixos. Mas não significa que o músico atinge o limite do instrumento, pois sanfoneiros como o saudoso Zé Calixto, que com sanfona de 8 baixos, executava músicas da MPB com maestria. O seu irmão Luizinho Calixto, é outro bom exemplo de quem toca instrumentais sofisticados, com sanfonas de 8 baixos.

36) RM: Cite três funções do Acordeom?

Fabiano Santana: Essa questão é um pouco mais ampla se percebermos os baixos do acordeom como a gente conhece, na verdade agregam outras funções. O que a gente geralmente entende é que os baixos fazem a parte sonora grave do acordeom, mas isso não é uma verdade absoluta. Primeiro, o nome acordeom já surgiu a partir de junções de notas, então quando se coloca no mesmo botão, duas ou mais notas, passa-se a formar acordes e inclusive o nome do instrumento foi inspirado a partir desta ideia.

O instrumento anterior, precursor ao acordeom é chamado Fisarmônica, como se este fosse a “mãe” de todos instrumentos que trabalham com o princípio de palhetas móveis, que vieram a seguir. Ou seja, o principal que devemos nos ater é essa junção de notas. Porém, com a transformação do instrumento, foi-se acrescentando botões e mais botões, e foi-se colocando em disposição que facilite a digitação e, portanto, geralmente temos: uma “fileira” para os contrabaixos, outra para os baixos e outras quatro para: acordes maiores, menores, com sétima e com acordes diminutos.

Isso quer dizer que a parte grave do acordeom, não foi o que quiseram evidenciar quando fabricaram o instrumento nos primórdios. Isso certifica que temos uma função fundamental do instrumento que é harmônica. E se analisarmos mais profundamente, veremos que muitos acordeons são fabricados para possibilitar ao músico que o executa, trabalhar a parte melódica, mesmo nos baixos. Ou seja, o músico se quiser passa a solar com as duas mãos, como se estivesse tocando dois instrumentos em um só. Uma terceira função seria o que muitos músicos chamam de “orquestra no acordeom”, ou seja, além da parte melódica e harmônica na mão direita (a do teclado), a mão esquerda (a dos baixos) faz a principalmente a parte harmônica, mas não se limitando a ela, incluindo também a parte grave.

Resumindo: 1. “Acordeom de acompanhamento” – com Ritmo na mão esquerda e Melodia na mão direita. 2. “Solista das duas mãos” – onde o músico tem independência de solos e harmonias para cada uma das mãos. 3. “Acordeom nível orquestral” – no popular, seria você pensar e tocar o instrumento como uma verdadeira orquestra.

37) RM: Em uma formação com banda os baixos do acordeom precisam ser tocados?

Fabiano Santana: Se for por questão estética, ou artística, aonde o produtor musical busca dar ao som a identidade característica da banda, concordo que não precisam. Fora essa hipótese, o músico acordeonista deve perceber seu instrumento como um todo, onde os sons se completam. E os baixos do acordeom além de facilitadores para harmonização e improvisos, é também possível usá-lo para melodias. O que ao meu ver enriquece tanto o conhecimento do músico executante quanto a música a ser tocada. Resumindo, sim! Precisam serem tocados.

38) RM: Quais as limitações do acordeom por ter poucas oitavas disponíveis no Teclado?

Fabiano Santana: A principal limitação é a falta de algumas notas em oitavas mais agudas, ou mais graves, dependendo do modelo de fabricação do instrumento. Esse fato comumente força o músico a adaptar a melodia da música que se está executando, o que nem sempre é bem-vindo. O mais comum é o músico iniciar em instrumentos “menores” e com o passar do tempo e evolução, sobe o nível de seu aprendizado. E consequentemente ele vai querer um instrumento menos limitado, com chances de ampliar tanto sua música quanto sua qualidade sonora.

39) RM: A melhor função do acordeon é como instrumento solista?

Fabiano Santana: Acredito que não existe melhor, nem pior… Apenas aplicações e experiências diferentes. Não nego que quando ouço um acordeom solando, me interesso e consigo perceber muito mais das nuances que o instrumento tem. Mas por outro lado, existem grandes nomes do acordeom, por trás de trilhas de cinema, programas de tv, trabalhos audiovisuais e mais uma infinidade de músicas que o instrumento é capaz de estar presente. Vide a obra do saudoso Frank Marrocco, que está presente em uma incontáveis filmes de Hollywood, ou ainda Art Van Damme que foi um exímio acordeonista de Jazz. E pra citar os brasileiros, quem não se lembra de Sivuca, compositor de verdadeiras “joias” que fizeram ou fazem parte do acervo musical e audiovisual brasileiro. Ou até Luiz Gonzaga, Dominguinhos que deixaram trabalhos musicais como solistas. A verdade é que não importa se só tocando, auxiliando na composição, ou dando aquele “charme especial” em uma música ou até mesmo como acompanhante. O acordeom sempre terá o seu lugar de destaque na música e sou entusiasta do instrumento, que é tradição ao redor dos quatro cantos do mundo.

40) RM: Quais os seus projetos futuros?

Fabiano Santana: Tenho a intenção de trabalhar com gravações e produções audiovisuais e por isso estou desenvolvendo a “FaHa Produktionen” que é uma marca, um selo e editora independente, onde masterizo, faço mixagens e produzo conteúdo audiovisual.

Principalmente de forma online de modo que não importa onde eu esteja, tenho sempre meus equipamentos principais e um estúdio móvel, bastando somente uma boa conexão com a internet para fluidez dos processos… Em parceria com a Exímius Filmes, do cineasta Fred Alves, pretendemos lançar alguns produtos como clipes, dvds, documentários musicais, minidocs e filmes, no mercado audiovisual.

Também sou um dos fundadores do “Forró Com Coração” em que realizamos um evento anual, filantrópico, que arrecada fundos para serem doados para o Hospital Santa Casa de Belo Horizonte, auxiliando o tratamento de crianças da ala de cardiologia infantil. Pretendemos ampliar este evento, que foi inicialmente idealizado por minha esposa, Hanna Ebergard, e em parceria com o Forró Aachen Festival aconteceu por 3 anos consecutivos e queremos dar prosseguimento com este projeto, talvez percorrendo outras cidades.

Outro projeto futuro é voltar para o Brasil, quem sabe daqui um tempo, pra contribuir com meu país diante de tudo que tenho aprendido por estar morando na Europa, mas ainda não determinamos quando isso acontecerá…

41) RM: Fabiano Santana, Quais seus contatos para show e para os fãs?

Fabiano Santana: Para shows (+49) 17643998668 | [email protected]

| https://web.facebook.com/fabianosantanaoficial

| https://www.facebook.com/cantorfabianosantana

| http://bit.ly/cursodeacordeom

| https://www.instagram.com/cantorfabianosantana

|Canal: https://www.youtube.com/cantorfabianosantana

Falta Você Na Cama – Marcelo Rossiter (Clipe Oficial): https://www.youtube.com/watch?v=UPJKVKZcw5Y

FABIANO SANTANA – Live From Berlin @PSIU FORRÓ FESTIVAL BERLIN: https://www.youtube.com/watch?v=E1UFdJoj5ys

| Playlist dos dois álbuns de Fabiano Santana: https://youtube.com/playlist?list=PL5xum9AHPHXCKo9hLPyPP5kocbnp5wQLU

Trio Candiêiro: https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lNtN7_cpgb-BBIWyxCSXh-uDCw9lYC8tk

| http://bit.ly/sitefabianosantana

| Fabiano Santana – Cabelos Ao Vento: https://www.youtube.com/watch?v=DTl_e0_c6BA

| Fabiano Santana – Anéis de Marajá (Art Track): https://www.youtube.com/watch?v=akqkN5qCgvE

| Forró Verdadeiro (Fabiano Santana/Mestre Marrom): https://www.youtube.com/watch?v=aqaTNGG7tTw

Alceu Valença – Nas Ruas de Lisboa (Show Completo) part. Fabiano Santana: https://www.youtube.com/watch?v=pLVE_y76Sy8

FABIANO SANTANA – Festival Forró Douro 2019 – Encerramento: https://www.youtube.com/watch?v=UuzaBJRLDLs

The Forró Festival 2016: https://www.youtube.com/watch?v=UGcuktU1DvM

Flávio José – Festival de Forró de Colônia 2017: https://www.youtube.com/watch?v=rvVDpvSVdEo

 


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.