More Di Melo – O Imorrível »"/>More Di Melo – O Imorrível »" /> Di Melo - O Imorrível - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Di Melo – O Imorrível

di melo
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O cantor, compositor e violonista pernambucano Di Melo (Roberto de Melo Santos). Desde cedo trabalha nas áreas de canto, da composição, da poesia, do entalhe, da pintura e da interpretação.

Em 1975, foi contratado pela EMI-Odeon e gravou um disco épico do Soul, Funk e Black music: Di Melo. Disco que teve as participações especiais de Heraldo Do Monte, na Viola e Violão,Hermeto Paschoal, na Flauta e Teclado, Cláudio Bertrame, no Contrabaixo, Ubirajara (pai do Taiguara), no Bandoneon, Dirceu, na BateristaBolão, no Sax, Capitão Piston, no coro da EloáGeraldo Vespar, nos arranjos e violão, maestro José Briamonte. O disco, que toca , vende e gira o mundo até os dias atuais.

Com mais de 400 músicas inéditas, lindas, balançadas, também tem jazz, baladas românticas, pop, samba-rock, samba, bossa. Enfim, todos os estilos para todos os gostos. Vale conferir.

Di Melo faz um som com muito swing, balanço, molho, charme e malemolência. Ele acrescentou o subtítulo Imorrível ao seu nome artístico, após saber do boato de que ele havia morrido de desastre de moto. Ao ouvir as suas músicas salta aos ouvidos o bom humor, com sacadas de quem vive a vida cotidiana acordado para vida. Satiriza tudo, todos e ele mesmo, criando muito neologismo e reflexões.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Di Melo para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa  em 01 de novembro de 2013:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade Natal?

Di Melo: Nasci no dia 22.04.1949 em Recife – PE.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Di Melo: Desde muito cedo, me atirei, me ramifiquei e me entreguei de peito e alma às várias artes.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica teórica?

Di Melo: Estudei até o científico, em música tive aulas com o grande Maestro Leo Peracchi, e o mais foi lendo os livros de: Paschoal Bona, Paulinho Nogueira.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Di Melo: Tudo que ouvi teve real importância. Cresci ouvindo Luiz Gonzaga, Elza Soares, Miltinho, Alaíde Costa, Carmem Costa, Leny Andrade, Voleide Dantas, Caubi Peixoto, Ângela Maria, Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Djavan, Hermeto Pascoal, Elis Regina, Jorge Bem Jor, Wilson Simonal, Edu Lobo, Geraldo Azevedo, Milton Nascimento, Egberto Gismonte, Baden Powel, Vinícius de Moraes, Toquinho, Tim Maia. E tudo de Bossa Nova, Samba Rock. E internacionais: The Beatles, Jimi Hendrix, Poul Anka, Elvis Presley, Charles Aznavour, Tony Bennett, Frank Sinatra, Al Di Meola, Ravi Shankar, Pacco de Luccia, Charles Mingus, Bobby Mcferrin e outros.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Di Melo: Nos anos 60 em Recife e Olinda – PE.

06) RM: Quantos CDS lançados? E quais os anos de lançamento?

Di Melo: Meu primeiro disco foi de soul e Black music em 1975, pela EMI ODEON, um disco da Camerati com a banda do Belchior. E tenho compilado mais nove CDS feitos com o maestroMathias Ferreira, infelizmente falecido. E Casa Branca, Participação de Janio Villar, algumas faixas gravadas por Olmir Stock (Alemão), dentre os nove CDS têm, um feito com as poesias musicadas, do Joaquim Ciliro Coelho. Esses discos não tiveram acesso ao grande público

07) RM: Como você define o seu estilo musical?

Di Melo: Di Melo Soul, Samba Rock, Black Music, Funk, Jazz Rock, Baladas Românticas, algumas Bossa Luxo. Essa é a minha pegada, com muita jocosidade, malemolência. Um “som malandroso” diferenciado. Com  charme, elegância, persistência, “provocância” e suficiência. Essa é a manobra.

08) RM: Você compõe? Como é seu processo de compor?

Di Melo: Flui, conflui e influi, bate normalmente, é iluminação divinal. Tenho 12 músicas inéditas com Geraldo Vandré, uma com o Wando, uma com Jair Rodrigues, e uma com Baden Powel, Waldir da Fonseca, Emicida e Rolan Crespo.

09) RM: Quais os seus principais parceiros musicais?

Di Melo: Não sou de muitas parcerias. Faço a linha mais lobo solitário. Já me vem letra e melodia. É bem melhor só, do que estar mal acompanhado.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Di Melo: De certa forma, é um lance inteligente. E tudo têm seu preço, pois não existe moeda de uma só face. O que pesa na bagagem da experiência, o importante é ser feliz e fazer o que lhe dar prazer.

11) RM: Quais as estratégias da sua carreira dentro e fora do palco?

Di Melo: Já dizia a senhora minha mãe para não fazer muito cálculo que pode virar calculo. Acho que nada acontece por acontecer, e tudo tem sua razão de ser. É como ganhar em uma loteria, você tem que está em estado de graça. No momento exato e com tudo em cima, e contar com o fator SORTE.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Di Melo: Não há empreendimento como não há comparecimento (financeiro). Naquele esquema “nada a declarar, pois para mim ninguém declara nada”. Isso cairia muito bem numa declaração de imposto de renda.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira?

Di Melo: Não me prejudica em nada, muito pelo contrario, pois gosto, curto e me divirto. É uma grande sacada e uma grande cartada.

14) RM: Quais as vantagem e desvantagem do acesso a tecnologia de gravação( home Studio)?

Di Melo: É como lhe falei. É faça de dois gumes, por um lado facilita e por outro atrapalha. Muita gente boa que não tinha condições de fazer um disco, gravar uma canção, estar tendo a chance. E muita gente que não tem capacidade alguma, também estar se beneficiando. Vira um salvem-se quem puder. Ao mesmo tempo surgi um balaio de gato arretado. Tanto que se ver, coisas muito boas e de qualidade. E outras tantas, que não vale o que o gato enterra.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver,evolutivamente a carreira.Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Di Melo: Quem não sabe é como quem não vê, quem é, é. E quem não é não adianta tentar querer ser. Jamais vai chegar lá. É coisa que não há jeito há dá. E muito menos pagar para ver.

16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas? Quem permaneceu com obras consistentes? E quem regrediu?

Di Melo: Lenine, Zeca Baleiro, Maria Rita, Wilsom Simoninha, Max de Castro, Vanessa da Mata, B Negão, Seu Jorge, Ana Carolina, Cassia Eller, Maria Augusta, Aline Calixto, Emicida, Flavio Renegado, Gustavo Maguá, China, Criolo, Leo Maia, Ed Motta, Mariza Monte, Zizi Possi, Cazuza, Renato Russo, Jorge Aragão, e muitos outros. O Brasil possui uma gama freqüente de criatividade, inventividade e seus afluentes, em todos os segmentos das várias artes da sociedade como um todo. Quem regrediu não sei.

17) RM: Quais os músicos já conhecido do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Di Melo: Ney Mato Grosso, Chico Buarque, Jair Rodrigues, Mariza Monte, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, Família Caymmi, Monica Salmaso, Na Ozzetti, Vânia Bastos, Jane Duboc e outros tantos.

18) RM: Quais as situações mais inusitadas que aconteceram na sua carreira musical?

Di Melo: Dá assunto para mais de mês. Teve um cara que eu conheci; o Zé do Pé. Uma figura da noite e do dia, muito pitoresca, morava há 16 anos sem pagar em uma suíte no hotel Jaraguá (centro de São Paulo). Comia, bebia, andava em todos os bares e lugares, sem um centavo gastar. Rodava a mulherada, e dizia: “Onde a sua vista alcançar é terra minha, e onde não, também é. Se dizia dono do café, do gado, de terras em Pirenópolis – GO que jorrava petróleo. E, por isso era chamado de Zé do Pé, conhecia tudo e todos. E os que ele não conhecia, o conheciam. Ele era um grande contador de causo, piadas e historietas. Uma figura de grandes facetas. Ele gostou de mim, do meu Violão, e nos tornamos parceiros de andanças e convivência.

Ele conhecia um número satisfatório e incontestável, de mulheres lindíssimas e riquíssimas, que passaram a curtir a minha música, minha Viola, e meu palavriado safadesco. Íamos a bares e belíssimos lugares, tudo por conta do seu vasto conhecimento. Em uma festa, fantástica, estava eu tocando a Violão, e o Zé do Pé começou a tirar uma onda com a cara do senhor Olavo Drummond, que lhe fez uma lápide (foi na vida um arrivista, fez da vida, um rebu, em seu sonho de pecuarista, só tinha o pé e o cú, ai você imagina o que é que aconteceu).

Convivi com o Geraldo Vandré durante dez anos, que dá livros, e mais livros. Foi uma experiência e tanto. E passei três meses com Baden Powell, aconteceram coisas inusitadas. E passei mais dez anos na cantina Camorra, uma puta zorra, dá filme, dá livro e até dicionário de tão engraçado, eram muitos os aprontamentos. Cara bonito feito eu, após terminar de cantar, é muito cogitado, cantado, e assediado o que muito incomoda, e como incomoda…

19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Di Melo: O que me deixa feliz é fazer o que gosto. E como gosto. O que me deixa triste, são as diferenças, indiferenças, injustiças, desavenças, violências, inveja e incompetência. É muita gente assumindo cargos e vagas de pessoas, que realmente mereciam e deveriam assumir tais cargos. E fazer um trabalho digno que não é valorizado, e ver um monte de porcarias, sendo endeusadas. É terrível. E, você se sente assinando um atestado, eternamente.

20) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora.

Di Melo: São Paulo, é a terra da gente, aqui acontece de tudo. E o que não se vê no mundo, se vê em São Paulo, de bom, de médio, de ruim, de graves e agudos. Eu gosto dessa terra com tudo que há nela, e tudo que ela, nos propicia, nos apresenta. Orienta-nos e desorienta. É de suma importância, dosar sem esclerosar. E dia a dia, eu estou aprendendo e vivenciando isso, é uma puta faculdade.

21) RM: Quais os músico, bandas da cidade que mora, que você indica como uma boa opção?

Di Melo: A ”Charlie e os Marretas” que me acompanha, é uma mega banda, são todos maestros polidos, finos, educados, refinados, inteligentes, jovens (Charlie: bateria e vocal; André Vac: guitarra e vocal; Tomás “Osh” de Souza: teclado e vocal; Guilherme “Vovô” Giraldi: Baixo; Rafael Molina: Sax Alto e Barítono; Vinícius “Vinão” Chagas: Sax Tenor; Gabriel Basile: elemento surpresa e percussão frenética). E acima de tudo profissionais liberais do maior gabarito, prontos para tocar em qualquer lugar do Brasil e do mundo, sou todo feliz por isso. Esta é a banda que ta com tudo e não ta prosa. Músicos para ouvir: Raul de Souza, Arismar do Espírito Santo, Bocato, Marku Ribas, Vandeca.

22) RM: Você acredita que sem pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Di Melo: Olha, se depender de qualidade, espontaneidade, sensibilidade, versatilidade, criatividade, inventividade e qualidade vai tocar sim, como já está e muita gente se tocando. Está virando uma febre mundial, os DJs do mundo todo estão tocando o Di Melo graças ao bom Deus. Inclusive a aparição da capa do disco no Clipe do “The Black Eyed Peas com a música Don’t Stop The Party” deu uma alavancada na carreira considerável. O filme documentário Di Melo Imorrivel ganhou nove prêmios. O último no Festival de Gramado. Estar vindo dois Clipes, dois livros já compilados e caminhado como Deus quer e consente.

23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira?

Di Melo: Não espere, Vá pra cima e nunca deixe de sonhar. E não mutile suas oportunidades, seja honesto consigo mesmo. E procure fazer a sua carreira brilhar, da melhor forma possível, cara limpa, afiado, bem cuidado e apadrinhado, pois quem tem padrinho não morre pagão.

24) RM: Quais os seu projetos para o futuro?

Di Melo: É tudo muito relativo, não existe formula, mesmo por que o que funciona para um, não quer dizer que sirva para outro. E cada caso é um caso específico, nunca nada é igual, nem os dedos das mãos. É tudo uma questão de vê, senti e achar. E na realidade o futuro a Deus pertence, já não é da nossa alçada nem ossada, pois você esta vivo aqui, e poderá morrer no próximo momento.

25) RM: Di Melo, Quais os seus contatos para shows e para os fãs?

Di Melo: (11) 98488 – 4353 | 96970 – 3508 (com dona Jô Abade) | [email protected] | WWW.dimelo.mus.br | www.facebook.com/dimelo.imorrivel

Link Documentário Di Melo Imorrível: http://www.youtube.com/watch?v=SPedp3RSZ4U&hd=1

http://www.youtube.com/watch?v=uw6AcsBRBI0


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