More Dantas do Forró »"/>More Dantas do Forró »" /> Dantas do Forró - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Dantas do Forró

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Radicado em São Paulo, onde atua entre os principais nomes do cenário do Forró Pé de Serra, Dantas do Forró é Pernambucano de Itapetim e começou na arte muito garoto, tocando Zabumba e Triângulo, acompanhando os Sanfoneiros de sua Região.

Em mais de 20 anos de carreira como cantor e percussionista (Zabumba, Triângulo, Pandeiro e Agogô), Dantas do Forró faz parte da história do Forró em São Paulo teve como mestre o saudoso Pedro Sertanejo. Já atuou em shows, gravações e apresentações de grandes nomes do Forró Pé de Serra de São Paulo e de todo Brasil, dentre eles: Anastácia, Flávio José, Oswaldinho do Acordeon, Cézar do Acordeon, Luiz Wilson e muitos outros.

Consagrou-se como intérprete e apresenta-se nas principais Casas, Centros Culturais e Restaurantes de São Paulo, mas também atua nas periferias da capital. Dantas lançou três discos, sempre inovando no repertório, mas preservando suas origens e contou com o incentivo e a participação especial de Dominguinhos no seu primeiro CD! Pelo menos duas vezes por ano realiza temporadas de shows no Norte-Nordeste e foi responsável pelas primeiras viagens de Chambinho do Acordeon, que na época era seu sanfoneiro.

Dantas participa com frequência de programas de TV, Rádios e gravações em álbuns de outros artistas e foi convidado para cantar, participando do novo CD da cantora e compositora Anastácia, entre os convidados especiais da Rainha do Forró, que foi lançado em 2017. Em 2019, Dantas do Forró lançou o álbum “O Forró é Brasileiro”. Um apanhado dos melhores ritmos e compositores do melhor da música Nordestina. Desta vez, trazendo a Rainha do Forró, Anastácia para participação dupla, cantando com ele o clássico, “Vendaval de Paixão” (Anastácia / Liane) e deu para ele gravar, “Clarissa princesa” (Anastácia / Liane), “Dois amores” (Anastácia / Liane / Nivaldo do Acordeon) e “O Forró é Brasileiro” (Anastácia / Liane), que também é o título do álbum, lançado em todas as plataformas digitais em 2020.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Dantas do Forró para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 12.01.2022:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal? 

Dantas do Forró: Nasci as 6 da matina no dia 13 de agosto de 1969 no sítio Lagoa dos Cupins do distrito de São Vicente em Itapetim – Pernambuco. Filho de Raimundo Januário Nunes e Raimunda Gonçalo da Silva e fui registrado como Damião Gonçalo Nunes.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Dantas do Forró: Nasci em uma família de músicos, meu pai Raimundo Januário Nunes e meus irmãos (Madá, Nego, João, todos tocavam percussão) todos tocavam e tocam até hoje alguns instrumentos, com exceção do meu saudoso pai Raimundo e do meu irmão João que estão em outro plano espiritual. Aos 9 anos de idade fiz minha primeira apresentação, fui tocar triângulo em uma grande festa tradicional de passagem de ano no bairro São Vicente em Itapetim – PE, festa que acontece até hoje na nossa região. Eu, subi ao palco tocando triângulo, mais no meio do show acabei substituindo um grande zabumbeiro (Gregório) que passou mal, até então, eu só tocava por brincadeira nas pequenas festas de família. O meu saudoso tio Heleno Gonçalo, sanfoneiro muito conhecido na nossa região, mandou eu pegar o zabumba e a partir de hoje você será meu zabumbeiro. Toquei com ele por nove anos e quando ele não tinha show, eu tocava com outros sanfoneiros da região, entre eles: Zé Avelino, Biu Biano, Bau de António Padre, Raimundo de João de Rosa, Geraldo Nunes, Luiz Nunes, Espedito Sanfoneiro, Domingo de Jovino.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Dantas do Forró: Cursei até sexta série do Ensino Fundamental. Na música sou autodidata. Além do trabalho com a música, sou taxista desde 2009, mas já trabalhei na Construção Civil, como Manobrista, como Guarda Costas e Segurança por muitos anos.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Dantas do Forró: Meu pai Raimundo Januário Nunes e irmãos (Madá, Nego, João, todos tocavam percussão), foram grandes incentivadores. Na época nossos ídolos eram primeiro os artistas da região, e os grandes nomes que já desfilavam no cenário musical: Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Alcymar Monteiro, Nando Cordel, Assisão, Anastácia, Elba Ramalho, Os Três do Nordeste, Trio Nordestinos, Pinto do Acordeon, Marinês e sua gente, Zé Calixto, Manoel Maurício, Abdias, entre outros, mas éramos muito distantes de todos, só ouvia as músicas e escutava falar nas rádios.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?

Dantas do Forró: Eu comecei minha carreira profissional em São Paulo, falo carreira solo, por que já tinha tocado com vários artistas de nome, como músico já era profissional desde os 10 anos de idade, mais foi em São Paulo em 2010 que comecei a levar mais a sério a carreira solo já como cantor.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Dantas do Forró: Gravei quatro Discos. O primeiro em 2008 com a banda “Vumbora”. Em 2010, gravei outro disco que teve a participação de Chambinho do Acordeon e “Cheiro de nós” foi a música de destaque. Em 2011, gravei outro álbum que teve a participação de Lucimar Lima, Dominguinhos e “Foi Boneca de Feira” foi a música que se destacou. Em 2020, gravei outro álbum – “O Forró é brasileiro”, com participações do acordeonista Pablo Moura e da rainha do Forró, Anastácia, música de destaque foi “Vendaval de paixão”.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Dantas do Forró: Forró Autêntico.

8) RM: Você estudou técnica vocal?

Dantas do Forró: Sim.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Dantas do Forró: Excelente o estudo de técnica vocal, todos os cantores deveriam estudar. É um ganho muito grande.

10) RM: Como é o seu processo de compor?

Dantas do Forró: Não componho, até tentei, mas quando ouvia tantos compositores que temos no Brasil, principalmente no Forró, preferi ser intérprete de belas canções.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Dantas do Forró: Acho legal ser independente, porque geralmente no nosso Forró que fazemos, ponhamos i sangue nossas Raízes, e na maioria das vezes as pessoas não entendem, não respeita nossa história, muitas vezes por Falta de conhecimentos mesmo.

12) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Dantas do Forró: Geralmente sou eu mesmo dentro e fora dos palcos, isso me deixa super feliz e agradecido a Deus por min dá essa oportunidade de pode ser Feliz do Jeito que sou, não sou um personagem, as pessoas se identificam muito com esse meu jeito.

13) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Dantas do Forró: Eu deixo a vida me levar, não levo nada muito a sério, amo o que faço mais desde que não me prenda muito com compromissos. Sou muito chato com horários e rigoroso com as pessoas que trabalham comigo, o que me estressa muito, por isso, procuro não criar muitas expectativas, gosto que as coisas aconteçam.

14) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Dantas do Forró: Acho que a internet só ajuda, em quase tudo.

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Dantas do Forró: Acho muito prático home estúdio, porém com uma preocupação, a facilidade de gravar é muito grande e tem muitos recursos, mas pode deixar as pessoas preguiçosas e criar uma ilusão de que cantam bem e que tem voz bonita, afinada, quando na verdade são os recursos técnicos, mas é apenas uma observação, a tecnologia está para ajudar e veio para ficar.

16) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Dantas do Forró: Não temos a receita, acho que independente das mudanças, a receita vai estar sempre com o criador (Deus), é ele quem decide. Procuramos fazer nossa parte, fazer o certo, o resto é com Deus.

17) RM: Como você analisa o cenário do Forró. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Dantas do Forró: São muitas revelações, o cenário musical do Forró é um vai e vem constante, a grande mídia distorce muito, mas o bom trabalho vai permanecer sempre, e tem muita coisa boa acontecendo no Forró.

18) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Dantas do Forró: Tem vários, mas vou destacar alguns, o Dominguinhos, era completo. A Anastácia que já fez tantas músicas maravilhosas e está aí com seus 80 anos e não parou no tempo, é uma compositora muito atual. O poeta, radialista Luiz Wilson, pela sua persistência e sua vontade de mostrar seu trabalho, sua garra nos dá muito incentivo para continuarmos nessa trilha tão incerta.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para o show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Dantas do Forró: Foram muitas situações inusitadas e maioria citadas na pergunta (risos). Vou destacar algumas, uma vez fomos fazer um show em Itapetim – Pernambuco e já era de madrugada, e tinha uma cortina fechando o palco, o apresentador ficava a frente da cortina e a banda ficava por trás. E quando anunciava a banda, ele saia de cena e tinha uma pessoa para abrir a cortina para banda aparecer. E quando ele anunciou: “com vocês a partir de agora Dantas do Forró! Ficamos esperando a cortina abrir e nada, quando olhamos para o lado a pessoa que abria a cortina estava dormindo sentado (risos). Aí tivemos que esperar uns 10 minutos para ele acordar e abrir, mas no final deu tudo certo. E, já aconteceu de um contratante fechar o show conosco pegar o dinheiro e sumir. E, já fiz show que só tinha os garçons, mas já toquei para 70 mil pessoas. E certa vez fomos fazer um show em Petrolina – PE, o contratante falou para nós irmos só com o trio que era para abrir um show do Fagner, ir esquentando a galera, falou que as pessoas iriam chegar em massa quando fosse chegando mais próximos do show do Fagner, então só precisava do trio. O fato é que estávamos no hotel e o empresário do Fagner chegou e pediu para Fagner se apresentar primeiro por que tinha outro show em Juazeiro – BA e o horário não iria bater. Quando acabou o show do Fagner tinha 70 mil pessoas na Praça, tivemos que subir só com o trio sem produção nenhuma, foi mais ou menos uns vinte minutos para as pessoas começaram curtir o nosso show, mas conseguimos fazer a galera dançar aos poucos e no final estava todo mundo dançando ao som do nosso trio. Deu tudo certo. Uma certa vez um vendedor de shows de Santos – SP vendeu o nosso show dizendo que era com uma banda grande completa, e não avisou nada para nós. E quando chegamos lá em um corsa, tinha um espaço gigante com segurança esperando o ônibus da banda, percebemos que tinha algo errado, mas mesmo assim entramos para fazer o show, mas o dono do salão não nos deixou nem passar o som. O vendedor do show tinha pego o dinheiro e sumiu, por pouco não fomos linchados até explicar que éramos também vítimas do vigarista, não aconteceu agressão, mas tivemos que ficar lá umas duas horas, até tudo se resolver.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Dantas do Forró: Ter conhecido pessoas maravilhosas, que somaram e somam até hoje na minha vida. O que me deixa triste são pessoas falsas que se vendem por muito pouco, que para subir tem que derrubar os outros, pois já sabemos o resultado e é lamentável.

21) RM: Qual a sua opinião sobre o movimento do “Forró Universitário” nos anos 2000?

Dantas do Forró: O Forró Universitário somou muito! O Forró precisava e precisa de sangue novo. Os grupos valorizam nossa cultura nordestina mais do que muitos nordestinos, eu tiro o chapéu, mesmo sem curtir muito esse estilo, mais admiro.

22) RM: Quais os grupos de “Forró Universitário” chamaram sua atenção?

Dantas do Forró: Com certeza a banda Falamansa, vieram com uma linguagem nova para o nosso Forró, uma linguagem universal, músicas que o Brasil inteiro canta.

23) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Dantas do Forró: Muito pouco, acho que o jabá sempre existiu e sempre vai existir, existem jabá de várias formas, acho até justo, a vida é uma troca.

24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Dantas do Forró: Fé em Deus, pé no chão e não escutar ninguém que seja negativo, pessoas que te botam para baixo. Siga seu intuito, acredite em Deus e em você, que as coisas iram dá certo.

25) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?

Dantas do Forró: Não curto muito Festival de Música, pode desestimular o artista por não ser o primeiro lugar.

26) RM: Hoje os Festivais de Música revelam novos talentos?

Dantas do Forró: Acho que existe muita panela no Festival de Música…

27) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Dantas do Forró: Acho meio injusto a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira, tem uma distância muito grande, de um artista que está no topo da grande mídia com aqueles que estão no meio termo. Acho que a grande mídia manipula muito, as pessoas de casa não têm muito conhecimento com o que acontecem, então o que toca nas rádios para muitos é o melhor, enquanto tem tantos outros artistas bons que estão aí no anonimato. Em questão de cachê aí nem se fala é uma doença muito grande, acho muito injusto.

28) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Dantas do Forró: Acho bons esses espaços, porém acho que deveriam facilitar mais para os artistas poderem entrar na programação.  Usam uma linguagem muito difícil para muitos artistas, conheço muitos artistas que não sabem nem assinar o nome, imagine escrever um projeto para enviar para esses espaços, falta orientação de alguém para esses projetos chegarem a quem faz a programação de shows e muitos artistas merecem mostrar seus trabalhos e ganhar o pão de cada dia, e tendo seu merecido valor.

29) RM: Qual a sua opinião sobre as bandas de Forró das antigas e as atuais do Forró Estilizado?

Dantas do Forró: Acho legal, o próprio Luiz Gonzaga, era bastante atualizado, se estivesse vivo com certeza estaria no auge fazendo músicas para essa nova geração, Gonzaga era bastante inovador, sem perder sua essência. As nossas raízes jamais irão se acabar, mas acho que tem que sempre inovar mais e mais.

30) RM: Quais os seus projetos futuros?

Dantas do Forró: Estou voltando a fazer aula de técnica vocal, e estou pensando gravar um disco com vários estilos musicais, principalmente, o Brega, ou seja, músicas românticas é assim que ouço, sinto e vejo elas.

31) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Dantas do Forró: (11) 98766 – 8919 | https://web.facebook.com/dantasdoforro.forro | https://www.instagram.com/dantas_do_forro 

Canal Tema: https://www.youtube.com/channel/UCQPe_LvSoKsHVlYLZ9HdAIA 

Músicas do álbum “Forró é brasileiro”: https://www.youtube.com/watch?v=4EmBYY2BW94&list=OLAK5uy_miPLWEHkzoalmGE86wL7GsEftNMESjirA 

#219 Dantas do Forró fez aquela maravilhosa festa no Programa Espalha Brasa: https://www.youtube.com/watch?v=f5c2Vqv_3x4


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.