More Daniel Daibem »"/>More Daniel Daibem »" /> Daniel Daibem - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Daniel Daibem

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O músico, radialista, apresentador paulista Daniel Daibem, saiu de Bauru para a capital paulista aos 19 anos de idade, para cursar Rádio e Televisão na FAAP.

No segundo semestre da faculdade começou a estagiar na 89 FM (na época, A Rádio Rock) e, daí em diante, seguiu uma trajetória de Rádio, Tv e, principalmente, Música. Passou também pela Brasil 2000 FM e, de 2000 à 2011, foi apresentador da Eldorado FM, em que criou o programa Sala dos Professores. O programa, que procura explicar a complexidade do Jazz, de uma forma simples e didática, surgiu como consequência dos estudos de Daniel, que ficou por oito anos na Groove, (renomada escola de música de São Paulo) sob os cuidados do mestre Leive Miranda.

Além dos shows, Daniel apresentou, mensalmente, a Sala do Professor Buchanan’s, ao vivo, no Bourbon Street (em São Paulo), com transmissão pela Rádio Eldorado FM. No programa, recebeu grandes nomes da música, para desvendar o universo musical de cada um deles. Durante cinco anos no ar, a Sala do Professor Buchanan’s recebeu nomes como: Leny Andrade, João Bosco, Johnny Alf, Ed Mota, Toquinho, Godfathers of Groove, Jair Rodrigues, Dominguinhos, Zimbo Trio, Marcos Valle, Hermeto Pascoal, Stanley Jordan, Michel Legrand, John Pizzarelli, João Donato, Joyce e muitos outros. No segundo semestre de 2009 apresentou o Programa Lado H, na Fashion TV (atual, Glitz), mergulhando nos interesses do universo masculino. Foram, 13 episódios, no total. Entre 2008 e 2013, foi guitarrista do organ trio Hammond Grooves, apresentando-se em temporadas pela capital paulista, SESCs, Virada Cultural e interior, inclusive, acompanhando o saxofonista norte americano Ronnie Cuber, na Virada Cultural, em São Paulo. Em 2011 ainda gravou uma temporada como apresentador do programa “Entre Sem Bater”, no canal Vh1, onde entrevistou: Pitty, Emicida, Erasmo Carlos, Beto Bruno (da banda Cachorro Grande), Branco Mello (dos Titãs), Marina Lima, Criolo e Lucas Silveira (da banda Fresno). Também atuou, entre 2013 e 2014 como apresentador da Tv Tam Nas Nuvens, viajando pelo mundo, com matérias culturais que são veiculadas nas aeronaves Tam, durante o voo. Hoje, Daniel, como guitarrista, lidera o Daniel Daibem Grupo (Filipe Faria – contrabaixo acústico e elétrico, Leandro Cabral – piano e Vitor Cabral –  bateria). Trata-se de um quarteto que reverencia o Souljazz, vertente do jazz desenvolvida na década de 1960. Também ministra o curso “Jazz: Que Idioma É Esse”, em instituições como a Casa do Saber e outras empresas. Na entrevista abaixo o leitor vai conhecer um profissional focado, sério e comprometido com o que se propõem fazer. Que vive a vida como é a essência da música: O Instante ou o presente. Cada dia de cada vez.  Profissionais como ele é que faz a existência da revista RitmoMelodia ser melhor a cada entrevista.

Segue abaixo entrevista exclusiva de Daniel Daibem para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa  em 01 de setembro de 2014:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Daniel Daibem: Eu nasci em Bauru, interior de São Paulo, no dia 17 janeiro de 1973.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Daniel Daibem: Minha primeira lembrança musical é uma melodia que soava de um dispositivo de corda, encaixado na minha mamadeira. É uma melodia singela que, às vezes ouço por aí, mas não sei o nome. A segunda lembrança é Mauro Celso, cantando Farofa-fa. Eu tinha uns três anos de idade e a introdução dessa música já me deixava louco. Anos depois, descobri que aquilo era uma guitarra com distorção. E adoro esta canção até hoje, principalmente, a versão original.

03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?

Daniel Daibem: Formei-me em Rádio e Televisão, pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo. Musicalmente, estudei Violão com o professor Carmelo Grillo, em Bauru – SP, aos nove anos de idade. Aquela coisa de aprender os acordes maiores e menores, etc. Depois, fui intuindo as coisas através do rock e, aos 27 anos, aqui em São Paulo, entrei na Groove, escola do professor Leive Miranda, para estudar por seis meses, mas acabei ficando por lá durante 8 anos, estudando, convivendo e aprendendo.

04) RM: Conte como foi o seu contato com a escola Groove e com o Professor Leive Miranda?

Daniel Daibem: Como disse, entre 1999 e 2000 eu já tinha sido picado pelo Jazz, mas, como não tinha conhecimento suficiente para executar este tipo de música, fui atrás disso. Foi quando conheci o Leive, uma figura que ama ensinar e me mostrou que este idioma, o Jazz, não tem a ver com o instrumento, mas com um palavreado, um sapateado. Lá na Groove, a gente tem que executar de boca e batucar com as mãos, tudo o que se vai tocar no instrumento. Matriculei-me por seis meses, mas fiquei lá por oi anos, estudando, vivendo e aprendendo coisas que vão além da Música, mas fazem diferença na sua música.

05) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Daniel Daibem: Na adolescência fui tomado pelo AC/DC, na minha opinião, a síntese do significado da palavra rock, pela simplicidade e assertividade nas letras e nos arranjos. Ouvi também muito metal (Slayer, Exodus, Metallica, Venom), mas foi uma fase mais de convivência tribal entre os amigos. O que me tocou, sempre foi o AC/DC, com o Bon Scott nos vocais. Aquilo não é Heavy Metal, é Hard Blues, na veia. Tive uma fase meio Pink Floyd, Secos e Molhados, meio riponga e depois, naturalmente, na busca natural às origens de tudo isso aí, acabei sendo tocado pelo blues. Do Blues, para o Soul e para o Jazz, foi um pulo. Neste momento, percebi que era hora de procurar por orientação, para estudar mesmo. Foi quando entrei na Groove, pois ouvia e gostava de um monte de coisas que não fazia ideia de como funcionavam harmonicamente, etc… Nenhum deixou de ter importância. Todos os nomes citados nessa resposta construíram o meu vocabulário e minha formação, portanto, todos sem exceção têm a mesma importância no que sou hoje.

06-) RM – Quando, como e onde  você começou a sua carreira profissional?

Daniel Daibem Se profissional, significa ganhar o seu sustento com alguma atividade, foi em Bauru – SP, no final dos anos 80, tocando em uma banda chamada War Pigs on the Block. Nesta época, eu tinha terminado um estágio no Banco do Brasil e a grana começou a pintar desses shows que, na verdade, eram covers de Megadeth, Faith No More, Black Sabbath, etc… Agora, se profissional significa encarar as atividades com responsabilidade e compromisso, sempre fui assim e procuro agir desta maneira em qualquer situação, seja participando em um trabalho de faculdade de algum formando ou num show de grande porte. Se topei fazer, é para fazer direito.

07) RM: Você já gravou algum disco?

Daniel Daibem: Nunca gravei nada oficialmente. O que gravei foi sempre para auto análise e aprimoramento. Agora, percebo que nos meus shows, as pessoas tem gostado muito de uma versão balada instrumental que fiz para “Codinome Beija-Flor”, do Cazuza. É interessante a reação do público, pois se dão conta de que é uma canção do Cazuza, quase no final da exposição do tema.

08) RM: Como você define seu estilo musical?

Daniel Daibem: O que mais me atrai, portanto, o que acho que devo soar para as pessoas, está mais perto do chamado souljazz (vertente do jazz do final dos anos 50, começo de 60). Mas tenho consciência de que não há uma pureza nesta identificação, pois não nasci nesta época e fui impactado por coisas que vieram depois deste gênero. Mas, o mais próximo que minha guitarra soa, deve ser isso aí.

09) RM: Você compõe? Como é seu processo de compor?

Daniel Daibem Não tenho muito hábito de compor. Sou mais intérprete do que compositor mas, quando componho, geralmente, é quando estou tocando algum trecho de alguma coisa de outra pessoa; uma harmonia, cantarolando uma melodia, ouvindo algo.

10) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Daniel Daibem: Tem um amigo de Bauru-SP chamado Luis Paulo Domingues. Este cara é uma cabeça fantástica e compõe na linha rock brasileiro, umas letras ótimas. Quando moramos juntos, na época de faculdade, aqui em São Paulo, fizemos várias músicas juntos. Ele, a letra e eu, a música.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Daniel Daibem: Não trabalhei profissionalmente, como músico, na época de ouro das grandes gravadoras, mas acompanhei muita coisa, por trabalhar em Rádio. Muita gente desejava ser contratado e, ao mesmo tempo, reclamava da intervenção do produtor, do selo, da companhia, no trabalho artístico. Isso aí acabou ou, pelo menos, não parece ser o principal modo de se trabalhar. Dessa forma, penso que vivemos numa era privilegiada, com acesso à equipamento, formação e informação. Digo sempre para os colegas que, não adianta muito ficar entregando cds por aí, para saber se o “formador de opinião” gostou, etc… O grande trunfo hoje, na minha opinião, é tocar ao vivo e, também, replicar isto na internet, seja em áudio ou em vídeo, para testar a eficiência do seu trabalho. Assim, fica fácil saber se o que você executa está comunicando algo para as pessoas. Se não tiver tocando (emocionando) as pessoas ou pelo menos um grupo de pessoas que deveria se identificar com o seu trabalho, reveja, reavalie-se. O mundo de hoje, dispensa a Gravadora (selo, companhia), como intermediário entre você e o público. Agora, você deve fazer toda a lição de casa. E isso não tem a ver apenas com tocar; inclui saber lidar com negociação de valores, cumprir horários e outros compromissos. É um aprendizado geral. Eu tenho muito prazer nisso e, o que não sei fazer, procuro pedir orientação para quem sabe.

12) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Daniel Daibem: Acho que a pergunta anterior responde um pouco isso. Levando em conta a minha opinião, de que o que vale hoje é a apresentação ao vivo, ela tem que ser bem negociada, independente do porte do show ou situação. Por isso, costumo tratar da mesma forma, uma temporada em algum Bar ou um show em uma grande casa de show ou evento. Isto significa, cumprir os compromissos e garantir que sejam cumpridos por ambas as partes, geralmente com uma Carta Acordo ou Contrato. Vejo muita gente chorando, reclamando que “os donos de bares não sei o que”…aí, pergunto: -E o que vocês combinaram? De que forma isto foi formalizado? Por exemplo, não toco por bilheteria; procuramos sempre negociar de alguma outra forma. Outra coisa um pouco mais ampla, que vai além do palco, é sempre me perguntar qual é o objetivo de fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Se for fazer apenas pelo dinheiro, talvez eu declina. Isto não quer dizer que eu não deva ser bem pago para fazer as atividades que faço.

13) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira?

Daniel Daibem: Acho que empreender não tem a ver apenas com investir financeiramente, então vou listar algumas coisas que considero importantes neste sentido: Ter e investir no equipamento adequado, em pleno estado de funcionamento; cumprir horários (o óbvio, mas acho importante destacar); estudar a sua arte, seja qual for e isto não tem a ver necessariamente com ir à escola, mas praticar e desenvolver a sua especialidade, buscando sempre em quem já fez; os mestres, as referências, seja qual for a área ou gênero.

14) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Daniel Daibem: Ajuda. Hoje em dia, tem muitos vídeos, áudios e referências boas das coisas que gosto, à disposição na rede. Procuro aproveitar estes acessos para aprimorar minha arte.  Ajuda na divulgação e viabilização de shows, etc… Prejudica. Confesso que o tempo que gasto no Facebook, por exemplo, passeando pelo Feeds de Notícias, atrapalha o meu dia a dia. Preciso ficar atento nisso.

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso a tecnologia  de gravação (home estúdio)?

Daniel Daibem: Só vejo vantagens. Não dá para responsabilizar o aparato, por alguma desvantagem. O responsável é quem o manuseia, sempre.

16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas, quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Daniel Daibem: Posso citar alguns nomes que admiro, nada além disso. Dizer o que é ou não é consistente e dizer se regrediu, não cabe a mim, pois arte tem a ver com comunicar algo as pessoas, tocá-las de alguma forma. E nisso, não cabe o meu julgamento. Da turma contemporânea, admiro o entrosamento do Trio Corrente, a proposta da banda Mantiqueira (de usar a formação de Big Band norte americana, para tocar o repertório brasileiro) e, no rock, a originalidade da extinta Los Hermanos. Acrescento aqui minha admiração eterna aos Mutantes, ao álbum “Fruto Proibido” da Rita Lee & Tutti Frutti, ao primeiro dos Secos e Molhados, “O Passo do Lui” dos Paralamas do Sucesso, Raul Seixas e o álbum “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, da banda Ultrage a Rigor (este álbum teve TODAS  as músicas executadas com êxito no rádio, creio que com exceção da faixa “Jesse Go”).

17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Daniel Daibem: Todos os que são conhecidos e estão em destaque, independente do gênero, com certeza são exemplos de profissionalismo. Imagino que tenham feito a lição de casa para chegar aonde estão. Não julgo a qualidade pois, como já disse, acredito que arte tenha a ver com tocar as pessoas. Então, não faço este julgamento.

18) RM: Quais as situações mais inusitadas (brigas, falta de condições técnicas e público tosco)  aconteceram na sua carreira musical?

Daniel Daibem Ah, o trivial, né. Já aconteceu, por exemplo, da gente chegar com o equipamento às 14:00h e o responsável pela rede elétrica, disponibilizar a energia, apenas quarenta minutos antes da apresentação, às 19:20h. A produtora do evento alegava que se tratava de uma apresentação acústica, por isso não precisaríamos de energia. Acústica? Guitarra, órgão? (risos). Fico pensando o que seria público tosco? Não acredito nisso. De alguma forma, temos que chegar nas pessoas. Achar “aonde elas estão”. Como podemos tocá-las. Claro que, em algumas situações, o meu repertório era inadequado mas, mesmo assim, vejo sempre como um desafio lançado; um exercício.

19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Daniel Daibem: Fico feliz em saber que, todos os dias, acordo para viver, realizar e fazer o que amo. Fico triste em vê que gasto muito, muito, muito tempo do meu dia, correndo atrás da falta de atenção e profissionalismo dos outros. Tipo, a simples tarefa de “confirmar o recebimento deste”, quando se manda um email a um realizador/produtor/contratante, etc, sobre algum show ou evento que já está em andamento. Mas, tenho tomado muito cuidado em não me deixar absorver por estas pendências. É difícil, mas também é um aprendizado.

20) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?

Daniel Daibem: Puxa, eu moro em São Paulo. Aqui tem TUDO e mais um pouco, né. Aliás, é o motivo pelo qual vim morar aqui. No mesmo dia, você pode ir a um show do AC/DC no Estádio Morumbi e terminar a noite em um duelo de repentistas, no CTN (Centro de Tradição Nordestina).

21) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora que você indica como uma boa opção?

Daniel Daibem: No momento, o show autoral do trompetista Sidmar Vieira. É uma meninada que toca um sambajazz de primeiríssima.

22) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Daniel Daibem: Talvez, por ter trabalhado por dezoito anos em rádio, eu tenha aprendido a avaliar esta necessidade de veicular ou não, sua música através deste meio. Hoje, vejo mais eficiência na divulgação via internet, principalmente através do You Tube, que é um dos braços do Google em que eles mais tem investido nas possibilidades de alavancar carreiras independentes. Acho que o caso mais bem sucedido no Brasil, no momento, neste modelo de negócio, é o Porta dos Fundos. Um caso extremo, que exemplifica que algo bem organizado e bem realizado, com periodicidade, pode gerar lucro e longevidade. Por isso, reitero que minha expectativa em relação ao rádio, no sentido de divulgação da minha música, não é uma prioridade. Sobre o jabá, trabalhei em três emissoras de rádio e conheço muito bem as formas mais variadas de como esta prática funciona. Por outro lado, muitas vezes, vi artistas e gravadoras investirem desta forma e não emplacarem. Também trabalhei em uma emissora em que esta prática não existe e, nem por isso, a grade de programação não era viciada. O problema vai além do jabá. O modelo de rádio musical está inadequado para os novos tempos. Por isso, pelo menos agora, não tenho esta expectativa como prioridade. Quem não tem expectativa, não gera frustração.

23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Daniel Daibem: Se é a coisa que você mais gosta, faça-a da forma que você mais gosta. Não dependa financeiramente dela, até que ela mesma se banque. Senão, você vai virar refém da coisa que você mais gosta, fazendo-a do jeito que você não gosta. Se isto lhe parece confuso, leia este raciocínio novamente, em forma de perguntas e responda a você mesmo. Talvez, seja um bom começo para encontrar um caminho. Caso contrário, vai acompanhar intérpretes que você não gosta, vai gravar coisas que você não gosta, vai ser reconhecido por coisas que você não gosta e vai responsabilizar o mundo, dizendo que você faz coisas que não gosta por que o mundo quis assim. Tente ler novamente o início desta resposta, em forma de pergunta. Acredito que seja um bom exercício de auto-avaliação: É a coisa que mais gosto? Estou fazendo-a da forma que mais gosto? Dependo financeiramente dela? Ela se banca, realizada da forma que mais gosto?

24) RM: Quais as bandas de Metal que você admira?

Daniel Daibem: Black Sabbath, Slayer, Exodus (o primeiro algum é foda; Bonded By Blood). AC/DC é minha maior referência, mas não considero uma banda de Heavy Metal. Principalmente, a fase do vocalista Bon Scott, que é muito mais Hard Blues do que qualquer outra coisa.

25) RM: Quais os compositores de Metal você admira?

Daniel Daibem: As letras e as melodias do Ozzy Osbourne, tanto no Black Sabbath como em carreira solo, me tocam muito.

26) RM: Quais as  bandas de Jazz que você admira?

Daniel Daibem: Vou citar duas, com formações distintas: Count Basie Orquestra e Art Blakey and the Jazz Messengers.

27) RM: Quais os compositores de Jazz você admira?

Daniel Daibem: Talvez no jazz, o que me comova mais, seja a linguagem, independente da composição. Existe muita coisa que não foi composta necessariamente por um jazzista, mas ficaram consagradas, quando executadas na linguagem do jazz. “Autumn Leaves” é um desses casos.

28) RM: Quais os cantores (as) de Blues que você admira?

Daniel Daibem: Jimmy Rushing e Joe Williams, apesar de serem conhecidos tocando com jazzistas, mexem muito comigo quando os ouço cantando blues.

29) RM: Quais os compositores de Blues que você admira?

Daniel Daibem: Os anônimos. Aqueles que cantaram nas plantações de algodão, nos canaviais, na construção das ferrovias e, posteriormente, foram gravados pelos intérpretes que conhecemos. Eles estavam em contato com a essência do blues; eles são o blues.

30) RM: Quais os guitarristas que foram a sua referência e que você admira?

Daniel Daibem: Angus Young, Malcolm Young, Wes Montgomery e George Benson.

31) RM: Nos apresente seus programas de rádio que atuou como apresentador?

Daniel Daibem Na 89 FM: era apresentador da programação normal e, por conta disso, apresentei programas da grade, como “Arquivo do Rock”, “Flash Rock”, “89 Decibéis”, etc… Na Brasil 2000 FM: também, como apresentador da programação normal, apresentei o D.D.O. (Discagem Direta do Ouvinte, em que conversávamos com o ouvinte, ao vivo, o que era bem legal), “Adivinha” (que era naquele formato de gincana radiofônica por telefone) e, finalmente, o Estação 107, um programa de Blues, em que eu mesmo programava as músicas e contava história sobre os artistas. Na Eldorado FM: além da programação normal e da Hora do Rush, criei e apresentei por sete anos, a Sala dos Professores; vinte minutos, no final da tarde, em que eu colocava o ouvinte leigo (não músico), em contato com a linguagem do Jazz. Isto, feito de uma forma simples, didática e descontraída.

32) RM: Nos apresente seus programas de TV, que atuou como apresentador?

Daniel Daibem: Hollywood Rock – (musical, década de 90, Tv Bandeirantes, Band). Lado H – (comportamento masculino, década de 2000, Fashion Tv, atual Glitz). Entre Sem Bater – (musical, década de 2000, VH1)

33) RM: Qual o veículo que lhe agradava mais Rádio ou TV?

Daniel Daibem: Os dois, pois,  apesar do rádio exigir a sua presença física diariamente, o fato de ser ao vivo, é bem quente.

34) RM: Fale da sua primeira aparição na TV, no Matéria Prima da TV Cultura.

Daniel Daibem: Eu morava em Bauru – SP e o Matéria Prima era uma ótima referência para um adolescente como eu, na época. Portanto, viajar em uma excursão do colégio para conhecer de perto o trabalho do Serginho Groisman, na TV Cultura, foi, muito mais, uma viagem a trabalho e estudo, do que lazer. Lembro de prestar atenção em tudo; passagem de som da “Plebe Rude” (que tocou naquele dia), a escolha dos alunos que fariam as perguntas aos entrevistados durante o programa (eu fui um deles), a jogada das câmeras que, na época, eram dirigidas pelo Luis Paulo Simonetti que, posteriormente, introduziu esta pegada mais frenética de edição, na MTV Brasil. Anos depois, já trabalhando em São Paulo, ele me dirigiu no Hollywood Rock, na Band.

35) RM: Qual o seu contato pessoal e profissional com Jack Lima?

Daniel Daibem: O pianista Ari Borger me disse que conhecia um cara super dedicado e carismático, que estava desenvolvendo um método musical próprio. Nos conhecemos pessoalmente e, de vez em quando trocamos ideias, sugestões. Enfim, um ajuda o outro. O entusiasmo dele é um grande exemplo.

36) RM: Qual a sua visão sobre o livro Dicionário de Ritmo do Jack Lima e o software SMD – Sistema Musical Definitivo?

Daniel Daibem: Como o meu próprio Professor diz, se você escolheu um caminho para estudar, siga-o. Talvez assim, você chegue mais rápido a um resultado. Rápido, não significa com pressa, mas apenas, no sentido de escolher uma direção. Quando conheci o Jack Lima e seu Método, eu já estava seguindo o caminho passado pela Groove. Então, não posso dizer nada, pois não vivenciei o método do Jack Lima.

37) RM: Quais os principais erros de metodologia no ensino de música?

Daniel Daibem: Acho que é o mesmo erro do ensino fundamental (física, história, matemática, português, etc…). Meu professor costuma dizer algo que me ajuda muito, em todas as áreas: primeiro você se emociona, é tocado por algo, daí você se interessa. Depois que se interessa, você procura entender. Agora, no ensino tradicional, tenta-se explicar algo que a pessoa nem sentiu. Aí vira um problema. E outra, estude o que lhe parece simples e, depois, a próxima coisa que lhe parece simples, que está ao seu alcance. As pessoas se deslumbram com o que parece difícil e querem mexer com o difícil. Aquilo que você viu alguém fazendo de maneira habilidosa, não é difícil para ela; senão soaria feio. Colecione os movimentos que estão ao seu alcance. Com o tempo, você terá um vocabulário honesto, de acordo com a sua capacidade. O Tom Jobim, por exemplo, nunca demonstrou destreza em executar longos improvisos em andamentos extremamente rápidos, etc…nem por isso, deixou de comunicar através de sua arte.

38) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Daniel Daibem: Prefiro a palavra entusiasmo. Fulano se entusiasma em fazer tortas de chocolate. Faz tortas de chocolate como ninguém. É porque ele ama aquilo. Entusiasmo (o deus que existe em você).  Use o seu entusiasmo para aprimorar o que você gosta. Agora, ficam postando esses vídeos de criança de três anos de idade tocando Mozart impecavelmente no piano e dizem que é dom, que é talento, que nasceu assim. Não acredito. É dedicação. Com certeza, uma criança dessas parou ali no instrumento e fez a “lição de casa”. É que a gente dispersa muito, quer fazer o difícil. Um caso de uma criança assim, é só um exemplo daquilo que eu estava falando, de colecionar o fácil, o simples. Com o tempo (e, às vezes, pra gente, parece muito pouco tempo), ela aprende e executa. Mas a gente é teimoso, né. Então, demora. Não é essa criança que é superdotada; é a gente que não aprendeu a usar a capacidade que nos foi dada. Isso sim, é de nascença.

39) RM: Qual a definição de Improvisação para você? Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Daniel Daibem: Improvisar é como conversar. Você quer expressar algo e usa o seu vocabulário. Quando você vai contar uma história prá alguém, ou reclamar para a sua gerente do banco que seu extrato veio errado, você decora um texto, vai lá e fala e fala tudo decoradinho? Não. Você improvisa. Você está ciente do tema que vai expor e vai desenvolver sua argumentação, usando o seu vocabulário. Improvisar na música é a mesma coisa. Qual é o seu vocabulário? As frases de blues, os trechos de temas, os pequenos movimentos melódicos e rítmicos que cabem em determinados acordes e situações. Aí, vem a sacada da linguagem do jazz. Improvisar, sobre o tema é respeitar a forma do tema (ex. um blues de 12 compassos, um AABA, um A/A linha, etc…), a melodia principal do tema. Ou então, é como escrever um texto. As palavras já existem, você não as inventa. Mas você se expressa com elas. Esta idéia de que improviso no jazz, você inventa as melodias na hora, seria como escre%u*&$ogo2qn98f7dnp3;ldwkeut-cgpw;rsnidlrkgnpvcosi;cz.cuhv0t783-8[0928q23[k9r. Viu só!

40) RM: Como chegar ao nível de leitura à primeira vista?

Daniel Daibem: Não leio. Tentei, mas não encontrei meu entusiasmo nisso. Talvez, um dia, me interesse novamente e possa responder esta pergunta.

41) RM: Quais os métodos que você indica para o estudo de leitura à primeira vista?

Daniel Daibem: Não tenho esta experiência, então não posso falar sobre isso.

42) RM: Fale da trajetória política do seu pai. Quais as personalidades política de esquerda conviveram com seu pai? O que o posicionamento político dele influenciou na sua formação como cidadão?

Daniel Daibem: Isaias Milanezi Daibem (faleceu em 25.10.2013 aos 73 anos) formou-se em história na década de 1960. Então, pelo contexto da faculdade, da formação católica e do momento histórico, ele tinha uma posição socialista cristã. Foi o vereador mais votado em 1976, em Bauru – SP, pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Foi um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores), portanto, tivemos a oportunidade de conviver com o então, candidato a governador, Luis Inácio da Silva (Lula), Plínio de Arruda Sampaio e, brevemente, com Luis Carlos Prestes. O que posso destacar dessa convivência com meu pai é a clareza de que política não é algo separado da vida. É uma coisa que a gente já faz desde quando chora pedindo a teta da mãe para tomar um leitinho. Quando perguntavam a ele, “Isaias, quando é que começa a campanha?”, ele dizia: – A campanha nunca parou! E campanha não tinha a ver com vencer uma eleição, mas exercer o papel de cidadão. Isto já era o trunfo, a vitória.  Sempre tivemos a clareza de que o dinheiro público, como o nome já diz, pertence à sociedade. E, o político, é apenas um servidor que, por um determinado período, coloca sua disposição e conhecimento para discutir e apontar os caminhos para as questões públicas.

43) RM: Quais os seus projetos futuros?

Daniel Daibem: Sério, meu projeto futuro é a cada dia, aprender a viver o dia. A gente se maltrata muito pensando no que passou ou no que está por vir. Eu tenho alguns desejos: encontrar a formação e a rapaziada interessada na mesma forma de tocar que eu acredito. E quero trabalhar em cinema; trabalhar com leões na África. Mas, acima de tudo, hoje em dia, eu treino para me realizar no único momento que está em minhas mãos: o presente. Por exemplo, não sou baterista profissional, mas, assim que responder a última pergunta dessa entrevista, vou para o quartinho da bateria aqui no meu apartamento, ligar o Ipod em shuffle e vê quem é que vai aparecer hoje para tocar comigo (no Ipod), enquanto estudo o instrumento. Amanhã, eu não sei. Hoje, é o grande dia!

47) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Daniel Daibem: [email protected] | Facebook: Daniel Daibem (o perfil está lotado, mas peça para me adicionar e eu lhe coloco como subscribe e manteremos contato). You Tube: Daniel Daibem (ddaibem).

Links:

http://www.youtube.com/watch?v=Xdlsy-qEPIQ

http://www.youtube.com/watch?v=_Fxe2GuKIdQ

http://www.youtube.com/watch?v=_kQfVoI_IDE

http://www.youtube.com/watch?v=wSdVx8fhvCE

http://www.youtube.com/watch?v=CpqKGjAIcAA

https://www.youtube.com/watch?v=ybuVOhcZjys


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.