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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Clave de Clóvis

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A banda Clave de Clóvis nasceu com todas as propostas do mundo. Sem se deixar prender pelas amarras dos “estilos musicais”, a banda procurou desde o começo simplesmente fazer o som que lhe agradava.

Flertando diretamente com outras formas de arte e estéticas que não só as musicais, a Clave de Clóvis acumula na bagagem apresentações inusitadas, shows com percussão em poltronas, sambas-enredos e poesia do absurdo em seu teatro para loucos.

Em 2007 a banda lançou seu primeiro trabalho chamado de “suRbvesivo” onde gravou as músicas que vinha tocando em shows há alguns anos. Gravado de maneira independente, o CD obteve ótimas críticas na mídia especializada e mesmo sem uma grande distribuidora foi comercializado em lojas como Livraria Cultura e Saraiva Megastore.

A banda ainda participou de grandes festivais de cultura alternativa, shows em centros culturais, casas noturnas e programas de rádio e TV na capital e no interior paulista. Agora a banda lança seu segundo disco chamado “Nelsonrodrigueando a tal da música popular brasileira”.

“Nelsonrodrigueando” vem confirmar a liberdade musical e estética da Clave de Clóvis além de mostrar o alto nível de composição e execução apresentado pelos seus integrantes. Mais uma vez a banda dispara com toda força contra o que é chato, é datado e moribundo. E provocando o ouvinte da primeira a última canção.

Segue abaixo entrevista exclusiva da “Clave de Clóvis” para awww.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 16.04.2012:

01) RitmoMelodia: Qual a data de nascimento e a cidade natal dos membros da banda?

Rafael Siqueira: (guitarra, teclado e voz) – 17/04/1975 – São Paulo. Toca coisas & presta atenção em outras. Vanguarda & também Dylan. Anti-trabalho declarado, preferindo atividades. No momento está preocupado com fotos & sempre carrega uma máscara de gás.Subversivo.

Frase preferida: “O tempo é: foi”. Daniel Nascimento: (violão, guitarra e voz) – 03/09/1978 – São Paulo. Admirador Claviano, num golpe de estado (de espírito) adentrou a nave mãe. Sabe que “a música” não existe, por isso mesmo sempre corre atrás dela.

Flávio Caldas (bateria) – 11/05/1977 – São Paulo. Sempre batucando. Nos caminhos, de Djavan a Miles, de Led Zeppelin a Elis Regina, de Pixinguinha a Beatles.

Feliz em dividir, arte é pra quem se esforça em entender e  respeitar. Rir, o melhor passatempo, óculos só para enxergar o óbvio.

Fábio Silas (contrabaixo) – 27/05/1976 – São Paulo. Cozinheiro, seu tempero especial mistura ritmos e pulsação. Prato principal: “Rock grave & Groove com muito feeling”. Apesar de uma aparente ferrugem é safo. Coleciona dados, HDs e sons de Zona Sul.

02) RM: Como foi o primeiro contato com a música pelos membros da banda?

Rafael (Clave de Clóvis) – Provavelmente quando eu ainda era um feto sem órgão sexual definido.

Daniel – Possivelmente no bambalalão. 

Silas – Foi há muito tempo em Gotham City. 

Flávio – Soube por fonte fidedigna que foi no elevador, descendo da sala de parto para o berçário.

03) RM: Qual a formação musical e\ou acadêmica dentro ou fora música dos membros da banda?

Rafael: Sou formado em Patafísica com pós graduação em Psico-Geografia.

Daniel – De-formação.

Silas – Sou formado em Formatação de coisas.

Flávio – Viu só? Tenho que trabalhar com essa gente sem nível superior.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância dos membros da banda?

Rafael (Clave de Clóvis): Nenhuma banda, som, ruído ou catástrofe sonora jamais deixou ou deixará de ser uma influência pra mim.

Silas – Tudo pode ser uma influência.

Flávio – Realmente no caso da Clave de Clóvis tudo pode ser uma influência. Desde som de batedeiras, liquidificadores, ruídos diversos e sons cotidianos até a mais refinada música e literatura. E creio que nenhuma dessas coisas poderá deixar de ter importância porque ajudou a formar nossa opinião e modo de tocar.

05) RM: Quando, como e onde  começou a banda? Explique a escolha do nome da banda?

Rafael: Tudo culpa do Aguilar, da banda “Performática” e do “Fábrica do Som”. Eu produzia música para filmes pornográficos gays e sentia que precisava de mais. Assistindo a uma reprise do “Fábrica do Som” com o Aguilar comecei a compor inspirado naquilo e em outras coisas menos convencionais que eu já conhecia.

A partir daí as pessoas foram chegando e saindo até que em 2008 após a gente ter lançado o “suRbvesivo” encontramos essa formação que está junta desde então. O nome veio de um amigo e ex-baterista Rogério Rothje. Acho que ele gostou pela sonoridade das palavras juntas.

Pelo menos acho também que foi disso que nós gostamos. Flávio – Eu não estava lá quando tudo isso aconteceu, e quero reiterar que eu não participava dos filmes.

06) RM: Quantos CDs lançados? Qual ano de lançamento e perfil de cada CD?

Flávio: Temos dois CDs Lançados, o primeiro em 2007 intitulado “suRbversivo”, em que tínhamos constituído um repertório e selecionamos algumas músicas para apresentarmos formalmente a banda, o perfil era de um trabalho distinto com construções, estruturas e letras pouco convencionais.

Em 2012 lançamos o segundo CD – “Nelsonrodrigueando a tal da Música Popular Brasileira”, o título que retiramos de uma das faixas nos remeteu a uma temática que não está diretamente ligada à literatura de Nelson Rodrigues, mas sim a um conceito em que tivemos o cuidado de traçar o paralelo entre a relação sobre a expressão particular do trabalho dele sobre o cotidiano e como essa visão peculiar é recebida e entendida pela sociedade.

Geralmente com preconceito e o rótulo de pornográfico, aonde na verdade era um trabalho que expunha a ferida daquilo que já existia na sociedade, e assim compreendemos nosso trabalho, em que situamos nas letras um cotidiano diferente da expectativa certinha, artificial e programada, o que pode invariavelmente tocar em algumas das feridas da sociedade.

07) RM: Como você define o estilo musical da banda?

Flávio (Clave de Clóvis): Scrudio.

08) RM: Como é o seu processo de compor na banda?

Rafael (Clave de Clóvis): A música evapora da minha caneta. Flávio – O Daniel creio que só compõe as Terças, Quintas e Feriados. Não sei por que disse isso, se ele me bater, a culpa será de vocês.

09) RM: Quais são seus principais parceiros musicais da banda?

Rafael: São George Maciunas, Edgar Varese, Erik Satie.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Rafael: Prós: Ser dono do seu meio de produção de forma coletiva. Como toda classe trabalhadora deveria ser. Contra: A burrice generalizada da grande mídia que explora o jabá. E da pequena mídia que quer ser idêntica à grande. Não sei se essa crase está correta…

Flávio – E existe contra quando se faz o que gosta? Creio que não, as dificuldades passam, e a vontade de fazer música com os amigos faz com que os contras se tornem piadas e boas estórias, sem importar se somos independentes ou não.

11) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Rafael: A música feita no Brasil só evolui. A cabeça das pessoas também está evoluindo. A crítica musical ressurgida no final dos anos 80 e início da era Collor desapareceu praticamente dando espaço para que (como era no início) as pessoas criassem sua própria mídia musical.

Hoje a internet possibilita uma maior troca de informações, textos e sons do mundo todo deixando mais e mais pessoas ligadas no que está acontecendo e não só algumas com mais possibilidades e menos critérios relacionados à integridade. O jabá que cresceu violentamente durante as últimas décadas teve também apoio dessas “mídias especializadas” que graças a nós está desaparecendo.

Flávio – Uma das grandes revelações musicais é que Paul McCartney continua sendo o top master do mundo da música e sua obra continua muito consistente.

12) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Rafael: Com certeza Paulinho Troiado e Adilson Odylon.

13) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Rafael: Depois de um Show em Ribeirão Pires a Hebe Camargo foi ao camarim e fez cafuné em mim a noite toda. Uma senhora muito reconfortante. Foi uma noite mágica para todos nós.

Flávio: Ah. Vá!

14-) RM: O que mais deixa feliz e triste na carreira musical os membros da banda?

Rafael: Faz 40 anos que não sei o que é felicidade e o que é tristeza.

Flávio: Já fico feliz em saber que o Rafael tem 40 anos, ele nunca tinha revelado isso a ninguém.

15) RM: Nos apresente a cena musical de sua cidade?

Rafael: Isso é chato. Um monte de coisa boa e um monte de coisa ruim. Muita banda de rock virgem, funkeiro dos Jardins e uma banda de Samba/Rock a cada esquina.

Ao mesmo tempo em que a cidade ferve em coisas interessantíssimas como os grupos de RAP, o Samba da vela, o Sarau da Cooperifa… Ainda há poucos bons espaços e o trabalho cultural feito pelas secretarias de cultura são extremamente reacionários, debilitados e elitistas.

Flávio – Realmente é muito complexo descrever a cena musical em São Paulo, porque em cada canto da cidade acontece algo diferente, seja bom ou ruim.

16) RM: Quais os músicos e bandas que você recomenda ouvir?

Rafael: Yoko Ono, Cida Moreira, Plano Próximo, Matuto Moderno, Zappa, Gong, Quinteto em Branco e Preto, Zafrica Brasil, John Cage e Restart.

17) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as músicas de sua banda tocarão nas rádios?

Rafael: Já tocamos em algumas rádios sem precisar de jabá. Mas esses meios de comunicação que utilizam a concessão de rádio e TV de forma gratuita e mesmo assim exibem uma programação imbecil e atrelada a uma concepção de vida que não concordo eu não me importo em não tocar. Pra mim não estar na TransAmérica é um prazer.

18) RM: O que vocês dizem para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Rafael: Desista antes que dê certo e escolha bem as drogas.

Flávio: Jamais, mas jamais mesmo, use óculos com armação plástica e colorida se você quiser tocar numa banda de Rock de verdade.

19) RM: Quais os projetos futuros do Clave de Clóvis?

Rafael: Terminar e lançar nosso segundo disco e destruir o Império.

Flávio – Terminar e lançar nosso segundo disco e restituir o Império. Era isso que eu tinha que dizer?

20) RM: Quais os Contatos?

www.clavedeclovis.com / [email protected] / [email protected] 


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.