Cezinha Oliveira
O instrumentista, cantor, compositor, arranjador e produtor musical mineiro Cezinha Oliveira, radicado em São Paulo, há mais 30 anos, é autodidata, começou a cantar e tocar violão ainda garoto.
Cezinha Oliveira iniciou a carreira profissional, na década de 70, tocando em bailes pelo interior de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Virtuoso também nas cordas do contrabaixo, já atuou ao lado de vários artistas e grupos de jazz e MPB, além de cantar e tocar violão em discos de outros artistas. Seu show solo foi apresentado em vários projetos e espaços culturais de São Paulo e Minas Gerais.
Em 2006, apresentou-se na feira de música PopKomm, em Berlim (Alemanha), interpretando canções de Eduardo Gudin em uma mostra de música brasileira independente. Seu primeiro CD, homônimo, foi lançado, em 2005, com participação especial de Renato Braz e Zé Guilherme. O álbum é basicamente autoral, um sofisticado trabalho de música brasileira com sotaque pessoal de Cezinha Oliveira.
Atualmente, integra o grupo Notícias Dum Brasil 4, de Eduardo Gudin, cujo disco foi lançado em 2015. Cezinha Oliveira exímio arranjador, ele assina produção musical de discos de Zé Guilherme, Cláudio Loureiro, Mario Tommaso e outros.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Cezinha Oliveira para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.10.2020:
Índice
Cezinha Oliveira: Nasci no dia 18 de março de 1956 em Juiz de Fora, MG.
Cezinha Oliveira: Na infância já cantarolava algumas canções com minha mãe que não cantava profissionalmente, mas seus irmãos eram violeiros e cantores. Na adolescência, fui atropelado por um carro enquanto andava de bicicleta, quebrei as pernas, o que impediu de me tornar um craque do futebol. Durante a recuperação, na cama que se deu meu encontro com o Violão, que nunca mais sairia do meu lado, das minhas mãos.
Cezinha Oliveira: Na música sou autodidata. Só depois de me profissionalizar é que estudei um pouco de teoria musical, o suficiente para entender uma partitura musical.
Cezinha Oliveira: Na infância, os grandes cantores e cantoras do rádio. E como todo adolescente da minha época, a influência do rock-pop foi muito presente, depois os grandes Festivais de Música que nos trouxeram: Edu Lobo, Chico Buarque, Tom Jobim, Dori Caymmi, Ivan Lins, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e tantos outros. Nada deixou de ser importante. Nas influências de nossa formação artística tudo é válido e permanece.
Cezinha Oliveira: Em tempos longínquos, de 1968 a 1969, comecei a tocar em bailes em Juiz de Fora, MG e em outras cidades da zona da mata mineira. Estive presente nessa escola da vida, nesse movimento popular que movimentou a juventude, a música, a dança a diversão.
Cezinha Oliveira: Em 2005 lancei meu primeiro álbum que leva o meu nome e com participação especial de Renato Braz e Zé Guilherme.
Cezinha Oliveira: Brasileiro. Música brasileira. A diversidade de ritmos e estilo, característicos da nossa cultura musical, dificulta uma classificação. Meu gosto musical define meu estilo, quem ouvir vai compreender. Talvez uma forma de definir seja pela exclusão de tendências rotuladas…
Cezinha Oliveira: Não estudei, mas acho importante.
Cezinha Oliveira: Como em qualquer profissão, o conhecimento e aprimoramento são muito importantes. O cuidado é fundamental, é uma questão de saúde, como cuidar de um instrumento único a VOZ.
Cezinha Oliveira: Dos antigos (ou eternos): Elizete Cardoso, Agostinho dos Santos, juntos a tantos outros da era do rádio. Atualmente, convivo com cantores e cantoras maravilhosos: Renato Braz e Mônica Salmaso, como representantes de uma geração de muito talento. Como disse o Chico Buarque na letra de “Paratodos”: “Evoé, jovens à vista”. E temos grandes intérpretes, felizmente, na música brasileira. Só para ilustrar, Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges e muitos outros.
Cezinha Oliveira: Geralmente é simples e pura inspiração. Mas uma bela poesia ou letra ajudam muito.
Cezinha Oliveira: Minha mulher e parceira (e vice versa), Eliane Verbena, é mais constante. Tenho composições também com Celso Rosin, Zé Guilherme e Tatto Ferraz.
Cezinha Oliveira: O cantor Zé Guilherme gravou “Seca” em seu CD – “Tempo ao tempo” e “Cesta Básica” no CD – “Alumia”. Tatto Ferraz gravou “Sei Não Sei” e a cantora mineira Natália Vargas, “Uma Flor”. E no CD da Banda Sincrônica também tem um tema instrumental meu em parceria com Samir El Shaer.
Cezinha Oliveira: Uma carreira independente nos dá liberdade para mostrar nossas canções autorais e conquistar um espaço numa determinada cena musical. Não vejo pontos negativos, a não ser que se crie uma expectativa muito além da realidade. As dificuldades são muitas e cada um tem que procurar o melhor caminho dentro das suas possibilidades.
Cezinha Oliveira: Não faço uso de nenhuma estratégia. Conduzo as coisas de acordo com o momento e as possibilidades. Talvez seja dedicação. E muito amor à música. No momento, por exemplo, como a maioria dos artistas, estou me dedicando às apresentações online, diante da quarentena, da pandemia do corona vírus que nos assola. É preciso ressaltar que o aprendizado é permanente. Entender como funciona a transmissão com qualidade, como chegar ao público pela internet, em tempo real, o que apresentar e como assimilar essa nova relação têm sido uma mistura de pesquisa, planejamento, aprendizado e descobertas.
Cezinha Oliveira: Trabalho. Trabalho. Trabalho. Estou sempre aberto aos trabalhos, seja cantando minhas músicas em shows, seja tocando em shows de outros artistas ou em eventos, seja cantando em bares que ainda oferecem um bom cardápio musical, seja em gravações de CDs de outros intérpretes, seja produzindo e arranjando discos de outros artistas, coisa que tenho feito com frequência.
Cezinha Oliveira: Ajuda na divulgação do trabalho de maneira bem democrática e praticamente sem custos. Acho que não prejudica em nada, mas como já comentei acima, isto vai depender da expectativa de cada um.
Cezinha Oliveira: A vantagem é o custo-benefício. É possível realizar um excelente trabalho com ajuda de ferramentas tecnológicas, e tem-se feito muita coisa boa. O que eu poderia chamar de desvantagem, talvez seja o fato de poder gravar e emendar (copiar e colar), o que pode levar a uma certa “preguiça” musical.
Cezinha Oliveira: Dificuldades diferentes em tempos diferentes. Sempre haverá dificuldades. Eu procuro apenas pessoas (público) afins. Faço meu trabalho com o máximo de entrega à minha arte: cantar, tocar e compor pede originalidade, personalidade… Acho que é por aí.
Cezinha Oliveira: O cenário brasileiro é muito fértil, sempre foi e sempre será. Produção cultural boa e ruim também é uma constante. Acho que quem REGREDIU foi a grande mídia. Arte e cultura têm que ser plantada e colhida. As grandes empresas de hoje não o fazem. Os que permaneceram não é preciso nominar. São os que estão aí fazendo sua música, independente de estarem ou não tocando no rádio.
Cezinha Oliveira: Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Dori Caymmi, Maria Bethânia, Consuelo de Paula, Monica Salmaso, Vanessa Moreno, Fabiana Cozza, Rosa Passos… A lista é longa.
Cezinha Oliveira: Um pouco de tudo citado na pergunta já me aconteceu. E acho que com todos do meio musical.
Cezinha Oliveira: Feliz é poder cantar para pessoas afins, não importa a quantidade. Triste é ver que o sistema das “grandes” mídias priva as pessoas de conhecerem o trabalho de novos artistas. E priva também de conhecer trabalhos novos de artistas consagrados.
Cezinha Oliveira: Existe sim. Como na natureza existem tons e cores. Existe Deus? Acho que assim se define o dom da arte.
Cezinha Oliveira: Talvez a melhor definição seja: interpretar de maneira diferente, reler uma melodia ou solo.
Cezinha Oliveira: Existe sim. Mas na música tudo deve ser pensado antes, para que o improviso flua depois.
Cezinha Oliveira: Tudo deve ser muito estudado para ser usado da forma correta e na ocasião adequada.
Cezinha Oliveira: Não pode haver nada contra qualquer tipo de estudo. Mais importante que o método é quem passa as informações sobre ele.
Cezinha Oliveira: Quem paga “jabá” geralmente quer fama mais do que sucesso ou reconhecimento artístico. Mas temos algumas poucas rádios que não cobram jabá e tocam artistas independentes.
Cezinha Oliveira: Se tiver talento e qualidade vai fundo, mas é preciso ter vocação e consciência das dificuldades.
Cezinha Oliveira: O bom é o prêmio para quem vence o Festival de Música. Geralmente a música não sai dali.
Cezinha Oliveira: Não. O tempo da força dos Festivais de Música já passou. O que tem hoje são movimentos/festivais, importantes para o intercâmbio, a troca entre novos compositores, mas não tem tanta relevância no âmbito do grande público.
Cezinha Oliveira: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical é triste, pobre, sem conteúdo cultural ou artístico.
Cezinha Oliveira: Importantíssimo! Se não fossem esses espaços, estaríamos em coma cultural.
Cezinha Oliveira: Importantíssimo também. Para muitos, é a única opção de trabalho. E isso, antes da pandemia.
Cezinha Oliveira: Pós-pandemia, gravar com qualidade de estúdio e presença física dos músicos, algumas novas canções.
Cezinha Oliveira: (11) 997325 – 0199 / cezinhaoliveiramusica@gmail.com
/ https://www.facebook.com/cezinha.oliveira.98
/ https://www.instagram.com/_cezinhaoliveira/
Canal: https://www.youtube.com/channel/UCWicubSrasvPku0d7oJGHvg
Álbum completo – Cezinha Oliveira: https://www.youtube.com/watch?v=WETrGydLyPQ&list=OLAK5uy_liacmzENzN0T4uojMfI59dVSUIvlyTILQ&index=1
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