More Beto Furquim »"/>More Beto Furquim »" /> Beto Furquim - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Beto Furquim

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O cantor, compositor e violonista paulistano Beto Furquim divide seu tempo entre as letras (é jornalista e editor de livros) e a música (compõe, canta e toca violão). Sua formação musical foi marcada pela diversidade. Entre seus professores, figuram nomes como Ulisses Rocha, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, José Miguel Wisnik e Bocato.

A estreia nos palcos foi em 1986, tocando guitarra e violão na banda da cantora Suzana Salles. Foi seu primeiro contato com o público também como compositor: fazia parte do repertório da banda uma composição de Beto, “Logo você”. Em 1990, compôs a trilha do vídeo “Cachorros me mordam”, de Laís Bodanzky. Em 1993, recebeu o prêmio Editora Abril/USP (Projeto Nascente) de música popular, na categoria compositor, graças às canções “À beira mar”, “Poço sem fundo”, “Sinuosa” (interpretadas por ele na fita analisada pela comissão julgadora),“Estrela da manhã”, “Margem” e “Fio de geada” (interpretadas porNá Ozzetti). Em 1995, seu samba “À beira-mar” foi gravado no CD – Metamorfosicamente de Marcelo Quintanilha. Em 2000, viu sua canção “Estrela da manhã” ser interpretada por Mônica Salmaso, no Festival da Música Brasileira da TV Globo, no Credicard Hall, em São Paulo. A interpretação, em que Mônica foi acompanhada de Benjamin Taubkin (piano), Rodolfo Stroeter (contrabaixo acústico), Teco Cardoso (flauta) e Toninho Ferraguti (acordeom) foi registrada no CD com as 12 finalistas do festival, distribuído pela Som Livre.

No final de 2007, teve o projeto de seu CD de estreia “Muito Prazer” selecionado pelo Prêmio Estímulo de Música, da Secretaria Estadual da Cultura. Mesmo antes do show de lançamento do CD, já tem faixas na programação das rádios Cultura (SP) e Inconfidência (MG). Com produção de Mário Manga e Leandro Bomfim. E participação especial de Mônica Salmaso e Maurício Pereira. E criação gráfica dos artistas Alex Cerveny e Vanderlei Lopes. Das 12 faixas,Beto só não é o autor de “Jing Ye Si”. Com versos de Li Pai (701-762), o mais famoso poeta da dinastia Tang, a canção chegou aos ouvidos de Beto durante seus estudos de chinês na USP. Esse não é o único diálogo com a literatura. A misteriosa canção “Margem” é inspirada no conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa. No álbum convivem duas vertentes. Se em composições como “Margem” e “Estrela da Manhã”, ele buscou o lirismo e a elaboração que admira na obra de José Miguel Wisnik, em outras faixas ele revela outro grande desejo: a comunicação imediata e irresistível das canções simples. É o caso do samba “À beira-mar”, que recebe no CD arranjo precioso de Mário Manga. Beto assume a influência da geração chamada de “vanguarda paulista” em sua formação musical: foi aluno de Ná Ozzetti e Luiz Tatit (do Grupo Rumo), e estreou nos palcos acompanhando a cantora Suzana Salles, que cantou com Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé.

O disco de Beto Furquim é trabalho que une qualidade e bom gosto musical, criatividade acima da média e profissionalismo. O que faz acreditar que ainda existe vida criativa e inteligente na música brasileira. Músicos que têm a música como valor de arte e não só de entretenimento.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Beto Furquim para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 07.02.2010:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e sua cidade natal?

Beto Furquim: Nasci em São Paulo, no dia 21 de agosto de 1964. Leão e Dragão (no horóscopo chinês). Não tinha como não gostar da ideia de ser artista.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Beto Furquim: O primeiro contato com a música, como acontece com tanta gente, veio da voz da minha mãe. Que, além de cantar maravilhosamente, ainda se acompanhava com um violão bem brasileiro. Juntou esse exemplo tão próximo com o ótimo gosto musical do meu pai (de Brahms a Nelson Cavaquinho, passando por Jimi Hendrix, Jacob do Bandolim e Chico Buarque) e criou-se em mim uma necessidade de estar sempre perto da música.

03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica dentro ou fora música?

Beto Furquim: Dediquei-me a aprender música por muitos lados diferentes. O principal foi o violão com Ulisses Rocha, Luiz Tatit e outros. E estudei canto com Ná Ozzetti. Trombone com Bocato. Percussão com Daniel Slon. E diversas abordagens teóricas com Ricardo Breim, Felix Wagner e outros. Se eu tivesse aproveitado bem o que essas feras tinham a ensinar, hoje poderia ser um músico muito melhor do que sou. Mas o recado de cada um foi muito importante e acho que tem um pouquinho do que aprendi com eles na minha música.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Beto Furquim: Além desses meus mestres mais próximos, com quem tive e tenho o prazer de conviver um pouco, tudo que gosto de ouvir me influencia. E gosto de ouvir muita coisa: música popular e erudita, clássicos e vanguardistas, reggae e minimalismo, jazz e xote, Stevie Wonder e João Gilberto, Luiz Melodia e Dorival CaymmiPrince Hermeto Paschoal, Jack Johnson e Tião Carreiro, Jorge Drexler Jorge Bem Jor. Buscar a intensidade musical e artística desses e de todos os outros ídolos é coisa pra vida inteira, uma trilha maravilhosa a perseguir.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Beto Furquim: Em 1986, tocando guitarra e violão na banda da cantora Suzana Salles, que iniciava carreira solo após fazer parte das lendárias bandas de Itamar Assumpção e de Arrigo Barnabé. Depois vieram os bares, como intérprete no formato violão e voz, e depois fui desenvolvendo o lado compositor.

06) RM: Fale do seu primeiro CD (músicos que participaram nas gravações). Qual o perfil musical do CD? E quais as musicas que estão entrando no gosto do seu público?

Beto Furquim: O CD – Muito Prazer teve produção de Mário Manga e Leandro Bomfim e as participações especiais de Mônica Salmaso e Benjamim Taubkin (interpretando “Estrela da manhã”) e do Maurício Pereira (solos em “Longe do Planeta”). Além deles, muitos outros grandes músicos estão presentes: Swami Jr, Adriano Busko, Guilherme Kastrup, Evandro Gracelli, Du Moreira, Nahor Gomes, Valdir Ferreira, Rogério Bastos, Ubaldo Versolato e outros. Não sei dizer se há um perfil musical no CD, estou perto demais para perceber isso. Mas, dentro de toda a diversidade das composições, dá pra dizer que ficou um álbum de pop brasileiro “lato sensu”, ou seja, entendendo que no pop cabem também músicas estranhas, meio experimentais, como “Margem”. Quanto às músicas preferidas, essa é uma surpresa muito boa: a preferência é muito bem distribuída pelas várias facetas do disco. Mas se há algumas mais citadas, são os sambas “À beira-mar” e “Resposta”, as canções “Estrela da manhã”, “Margem” e “Jing Ye Si” (a única que não é composta por mim) e a balada desbragadamente pop “Paz e rima”.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Beto Furquim: É difícil, é mais um caso em que estou perto de mais para ver nitidamente. Mas o Zé Miguel Wisnik já notou que dou muita importância para a melodia. Talvez esse seja um traço, junto com uma busca de simplicidade sem cair (muito) no lugar comum.

08) RM: Como é seu processo de compor?

Beto Furquim: Já experimentei vários caminhos: começar pela melodia, começar pela letra, começar pela ideia geral, fazer tudo de uma vez. Todos deram certo ao menos uma vez, mas é mais frequente começar pela melodia. Ultimamente tenho experimentado compor em parceria, e tem sido bem estimulante.

09) RM: Quais são seus principais parceiros musicais?

Beto Furquim: Num sentido amplo, meu principal parceiro musical é meu primo Paulo Furquim, uma pessoa de enorme sensibilidade com quem toco e troco ideias sobre música há mais de 30 anos. Mas falando de composição, tenho feito parcerias com Beati Di Giorgi, Maria Sylvia Corrêa, Esther Alcântara e Natalia Viana.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Beto Furquim: Claro que é difícil financiar o próprio CD. E ainda ser o único responsável por também fazer a divulgação, controlar vendas, ECAD, tudo. Isto é, bater escanteio, cabecear, defender, apitar e torcer. Mas a vantagem supera qualquer desvantagem: só você decide como, quando e onde será a sua atuação musical.

11) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Beto Furquim: Tanta gente… Lenine, Chico César, Zeca Baleiro, Carlinhos Brown, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Cássia Eller, Moska, Adriana Calcanhoto, Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Maurício Pereira, Curumim, Vanessa da Mata, Los Hermanos, Verônica Ferriani, Marcelo Pretto, Ney Mesquita, Chico Saraiva, uma lista imensa. Meus mais recentes impactos foram com os compositores Rodrigo Bragança e Anna Tréa.

12) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Beto Furquim: Não saberia avaliar esse quesito “profissionalismo”, mas como qualidade artística teria uma lista imensa. Vou citar aqui apenas alguns dos meus ídolos antigos e recentes ainda não mencionados: Caetano Veloso, Mozart, Tim Maia, Thelonius Monk, The Beatles, Chet Baker, Bob Marley.

13) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para tocar, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosto, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Beto Furquim: Talvez a situação mais inusitada tenha sido nunca ter passado por nada disso…

14) RM: O que lhe deixa feliz e triste na carreira musical?

Beto Furquim: O mais gostoso é fazer música junto (com outros músicos, com o público, com o momento). O mais triste é ver tanta gente sofrendo privações por ter escolhido essa profissão, que deveria ser muito mais respeitada do que é.

15) RM: Nos apresente a cena musical paulistana?

Beto Furquim: Não me sinto capaz de fazer isso. É uma cena tão diversa, tão cheia de novidades pulsando a cada momento que duvido que alguém possa defini-la satisfatoriamente.

16) RM: Como você vê a importância do Clube Caiubi em fomentar uma cena musical independente?

Beto Furquim: Acho uma iniciativa preciosa, especialmente no formato em que tudo começou: a segunda autoral. É uma ideia genial essa de abrir um palco toda semana para compositores mostrarem suas canções. E a forma com que isso é feito é muito democrática, aberta e estimulante.

17) RM: Você enfrenta algum preconceito ou resistência por ser jornalista e músico por parte dos colegas de trabalho (na mídia e na música)?

Beto Furquim: Não, ao contrário. Os jornalistas (e hoje os editores, minha atual profissão) sempre gostaram de saber que faço uma atividade artística e muitos músicos me acham prudente por ter um trabalho mais “convencional”.

18) RM: Você acredita que sua música vai tocar nas rádios sem o jabá?

Beto Furquim: Eu acho difícil, mas em algumas rádios com perfil alternativo (ou seja, sem jabá), como a Cultura – SP e a Inconfidência de Belo Horizonte, elas já estão tocando de vez em quando.

19) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Beto Furquim: Só posso dizer o que eles já devem saber quando manifestam essa vontade: fazer música é maravilhoso.

20) RM: Quais os projetos futuros?

Beto Furquim: Vou falar só do futuro imediato: já que o show de bolso de lançamento do CD – Muito Prazer foi tão bem acolhido (foi indicado ao prêmio Caiubi como um dos melhores pocket-shows de 2009), agora é a vez do show “roupa inteira” de lançamento do CD. Com banda e tudo a que tiver direito. Nem que tenha, mais uma vez, de bater o escanteio, cabecear etc e etc. Depois disso, penso no resto. E, enquanto isso, eu vou tocando minhas novas parcerias.

21) RM: Quais os seus contatos?

Beto Furquim:  www.betofurquim.mus.br  | www.myspace.com/betofurquim  | [email protected]  | (11) 99521 – 5139


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