More Banda Melaninaemsi »"/>More Banda Melaninaemsi »" /> Banda Melaninaemsi - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Banda Melaninaemsi

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A banda Melaninaemsi de Paulo Afonso-BA, teve início em março de 2020 que por sinal foi um mês atípico, por se tratar do início do processo de isolamento social no Brasil, em virtude da pandemia do Covid-19.

Esta condição, fez com que a banda tivesse seus primeiros contatos no âmbito virtual e em estúdio de gravação, devido a necessidade de evitar aglomerações em encontros ou ensaios. A banda é um projeto idealizado por Pablo Vinícius natural de Santo Amaro da Purificação – BA, cantor e compositor que tem um histórico de participações em bandas da cena local.

Frente a situação de crise política e sanitária atual e a necessidade de se posicionar contra o desgoverno de Jair Bolsonaro, decidiu lançar seus primeiros trabalhos em formato audiovisual. Convidou amigos músicos para gravar as músicas, na intenção de lançar quatro clipes, os convidados foram: André Oliveira no contrabaixo, Gildo Madeira na percussão, Diogo Garcia nos teclados, Filipe Urso na bateria e nas guitarras e produção geral Igor Gnomo através do selo Cogumelo Sonoro. 

A Melaninaemsi é uma banda de música experimental que tem sua maior influência no Reggae e No rap, porém, busca inserir ritmos variados priorizando os de origem do povo preto.

Ainda em 2020, a banda foi contemplada com a lei Aldir Blanc de fomento à cultura que possibilitou a gravação do single “Identidade”, lançada em 04 de abril de 2021 com conteúdo que enfatiza o aumento de preconceitos e discriminações vivenciadas às minorias e traz à cena a necessidade da luta política das lideranças vítimas de violências representada por Marielle Franco vereadora negra, lésbica do Rio de Janeiro assassinada em 2017.

O segundo single “Papo de Irmão”, foi lançada no dia 08 de outubro de 2021 que coincidentemente foi a data que alcançamos a lamentável marca de 600.000 mortes por Covid-19 no Brasil. O single foi gravado com a participação dos mesmos músicos citados acima, com exceção de Gildo Madeira e contou com a nobre contribuição do cantor e compositor paulista Allan K-nôn. O conteúdo retrata as condições de vulnerabilidade que o povo brasileiro foi submetido diante da ingerência do governo federal que negou a compra de vacina, fomentou o negacionismo e submeteu a população a medicamentos sem comprovação científica para combater o Covid-19.

Atualmente a banda Melaninaemsi se encontra em estúdio gravando seu terceiro single, “Caos”, que contará com a participação do cantor e compositor Gutto Filho. A música narra a situação de desmonte dos direitos populares frente a necessidade da formação de frentes unificadas para derrubar o desgoverno e faz um alerta sobre a necessidade de votar com consciência dos riscos e ameaças à democracia.

O trabalho de imagens foi produzido pela Espelho Lunar Cine, nas pessoas de Clara Campos e Bianca Bonfim em parceria com a Companhia Roda da Baraúna. Com exceção dos teclados que foram gravados no estúdio Natural Áudio em Pelotas no Rio Grande do Sul, todas as outras gravações, além de mixagem e masterização foram realizadas no Casulo Estúdio dirigido por Orlando Botelho, em Paulo Afonso – BA.

Segue abaixo entrevista exclusiva com a banda Melaninaemsi para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 20.11.2021:

01) Ritmo Melodia: Qual a data de nascimento e cidade natal dos membros da banda?

Banda Melaninaemsi: Pablo Vinícius Costa Barros (Pablo Melaninaemsi), nasceu no dia 29 de setembro de 1981 em Santo Amaro da Purificação – BA.

02) RM: Como foi o primeiro contato dos membros da banda com a música?

Banda Melaninaemsi: Pablo Melaninaemsi, sou filho de Juvenal Evaristo dos Santos Barros (percursionista e sambista) e da contadora Vera Lúcia Costa Barros, sempre tive contato intenso com a música em minha casa. A influência musical do meu pai foi responsável pelo desejo de aprender a tocar um instrumento e assim recebi meu primeiro violão de presente aos 11 anos de idade.

03) RM: Qual a formação musical e acadêmica fora música dos membros da banda?

Banda Melaninaemsi: Pablo Melaninaemsi, Sou pedagogo e músico autodidata. 

04) RM: Quais as influências musicais no passado e no presente dos membros da banda? Quais deixaram de ter importância?

Banda Melaninaemsi: Pablo Melaninaemsi, na juventude, além do Samba, MPB, Bossa Nova, Reggae, Pop rock e Xote que são as principais influências paternas, também frequentava festas de Forró, Pagode e Axé. Atualmente este leque se expandiu para o RAP, Black Music e Soul, assim como ritmos regionais como Maracatu, Coco, Baião e Frevo.

05) RM: Quando, como e onde começou a carreira musical da banda? E qual o significado do nome da banda Melaninaemsi?

Banda Melaninaemsi: A banda Melaninaemsi teve início em abril de 2020, segundo mês de isolamento, com a gravação do primeiro single “Identidade” acompanhado de videoclipe. Melaninaemsi representa o reconhecimento da identidade étnica afrodescendente potencializado pelo orgulho em ser preto e militante da luta pela negritude.

06) RM: Quantos discos lançados?

Banda Melaninaemsi: Lançamos dois singles: “Identidade” (04 de abril de 2021), “Papo de irmão” (08 de outubro de 2021), com a participação de Allan K-nô e está no processo a gravação do terceiro single. Os músicos que participaram foram: Igor Gnomo nas guitarras e violões, André Jumper no contrabaixo, Diogo Garcia nos pianos órgão e sintetizadores, Filipe Urso na bateria, Gildo Madeira nas percussões e efeitos e Alan Kanon no vocal. Em 2022 lançarei os singles/vídeo clipe: “Caos” e “Por um fio”.

07) RM: Como define o estilo musical da banda dentro da cena reggae?

Banda Melaninaemsi: A Melaninaemsi é uma banda de reggae que tem influências em outros ritmos como: RAP, Rock, Ijexá, Nyabinghi dentre outros de origem do povo preto.

08) RM: Como você se define como cantor/intérprete dentro da cena reggae?

Banda Melaninaemsi: Pablo Melaninaemsi, me considero um ativista no reggae music, militante das pautas que envolvem as minorias, principalmente voltadas à negritude.

09) RM: Quais os cantores e cantoras que vocês admiram?

Banda Melaninaemsi: Chico Buarque, Bob Marley, Vaughn Benjamin, Fauzi Beydoun, Mano Brown, Zélia Duncan, Vanessa da Matta, Chico César, MV Bill, Luiz Gonzaga e muitos outros.

10) RM: Como é o processo de composição musical dentro da banda? Quem faz a letra e melodia?

Banda Melaninaemsi: Pablo Melaninaemsi, o meu processo de composição (letra e melodia) busco narrar fatos recentes de maneira articulada com o contexto histórico do Brasil. Os arranjos e produção musical: Igo Gnomo e Filipe Urso.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Banda Melaninaemsi: A música independente possibilita liberdade ao artista de se expressar sem intervenções que podem limitar a mensagem que o artista deseja passar, por outro lado a ausência de apoio financeiro dificulta a construção, promoção e divulgação do trabalho.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que vocês praticam para desenvolverem a carreira musical?

Banda Melaninaemsi: Buscamos captação de recurso através de editais público. Porém quando não há propostas fazemos com recursos próprios.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da carreira musical?

Banda Melaninaemsi: A internet ajuda na divulgação do trabalho, possibilitando um alcance importante para a difusão, reconhecimento e fortalecimento. Os prejuízos são as baixas monetizações das plataformas de streaming e consequentemente desvalorização do trabalho artístico.

14) RM: Como vocês analisam o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Banda Melaninaemsi: O cenário reggae brasileiro teve um crescimento significativo nas últimas décadas com o avanço das plataformas digitais que possibilitou o reconhecimento da cena nacional e internacional. Podemos destacar as bandas: Ponto de Equilíbrio, Mato Seco, Vibrações, dentre outras. No sentido da regressão, destaco a despolitização de muitos artistas de reggae que vão na contra mão da história apoiando projetos políticos que legitimam preconceitos e injustiças contra os menos favorecidos e as minorias sociais.

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (HomeStudio)?

Banda Melaninaemsi: Para as vantagens do home estúdio destaco a facilidade de realizar um trabalho profissional e de qualidade em casa com baixo custo e liberdade para criar. Não vejo desvantagens.

16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para o show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Banda Melaninaemsi: Acredito que o fato de estarmos avançando para o terceiro trabalho audiovisual sem ter tido nenhum momento junto como banda, a não ser em redes sociais. Todo trabalho da Melaninaemsi até aqui foi realizado a distância. Para mim é algo novo (Pablo Melaninaemsi), talvez por sempre ter ensaiado muito antes de pensar em gravar em todas as minhas participações em outros projetos.

17) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Banda Melaninaemsi: Pablo Melaninaemsi, o que me deixa feliz é poder fazer o que gosto: compor, tocar, cantar e interpretar. O que me entristece é a falta de reconhecimento do trabalho artístico e do valor da cultura para formação de uma sociedade bem informada e menos preconceituosa. Conseguir independência financeira com a música no Brasil ainda é um desafio muito grande, infelizmente.

18) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que vocês moram?

Banda Melaninaemsi: A cidade de Paulo Afonso – BA tem uma cena grande e expressiva para o tamanho da população, por isso considero que deveria ter incentivo maior do poder público local à promoção da cultura do território. Essa diversidade musical se expressa através de nomes como Igor Gnomo, Allan K-nôn, Son Barros, Elloyra, Nectare, Gutto Filho, Hatend, Banda Bendizei, Ewé Roots, Banda Barro Verde, Banda Soya, Kalangos do Sertão, Sujeito Gueto, Percussiclando e muitos outros.

19) RM: Vocês acreditam que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Banda Melaninaemsi: Acredito que esta questão é relativa, pois depende principalmente dos valores das rádios. Algumas, como por exemplo as comunitárias, que em sua maioria promovem artistas que não tem apoio financeiro, fortalecendo a cena. Enquanto outras, o acesso é restrito para quem pode pagar ou quando se trata de um hit.

20) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Banda Melaninaemsi: Acreditem e lutem pelos seus sonhos. Vale muito a pena.

21) RM: Como vocês analisam a relação que se faz da música reggae com o uso da maconha?

Banda Melaninaemsi: Vejo que a maconha em muitos países já não é mais um tabu, muito pelo contrário, estão cuidando dos seus povos com os benefícios que a erva possui, tanto no uso medicinal quanto no recreativo, de maneira legalizada e devidamente fiscalizada. Aqui no Brasil, ainda vivemos uma absurda marginalização da planta e dos seus benefícios que são comprovados cientificamente e toda essa negação consequentemente reflete no reggae pela sua história de luta pela descriminalização. Porém, podemos afirmar que mesmo os não usuários da erva são estigmatizados apenas pela afinidade ao gênero musical, por ser musica de resistência dos menos favorecidos. Essa história se repete em tudo que diz respeito a cultura do povo preto em um país racista como o Brasil. Já estamos vivendo em uma época de desmistificação dos preconceitos imputados aos efeitos da erva, e isso fortalece a luta pela descriminalização, assim como o combate ao tráfico e consequentemente a diminuição da violência. Acredito que é uma pauta urgente dada necessidade de sua utilização para fins medicinais em um acesso menos burocrático e também para o uso recreativo fiscalizado e com garantia de qualidade.

22) RM: Como você analisa a relação que se faz da música reggae com a religião Rastafári?

Banda Melaninaemsi: Acho normal devido a história da religião estar atrelada a vida da grande maioria dos músicos de reggae no decorrer da história.

23) RM: Você é adepto a religião Rastafári?

Banda Melaninaemsi: Sou adepto ao Candomblé.

24) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como vocês analisam tal afirmação?

Banda Melaninaemsi: Acho que todxs temos liberdade para pensar e escolher seus caminhos, desde que estes respeitem e garantam o espaço e os direitos dos outros.

25) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Banda Melaninaemsi: A profissão de músico aqui no Brasil de uma maneira em geral é desvalorizada e por muitas vezes nem é associada a uma profissão, sendo vista como hobby por uma massa considerável. Neste sentido, é até constrangedor comparar os incentivos a cultura na Europa ou nos EUA, seja ao reggae ou a qualquer expressão artística com a forma com que somos tratados e reconhecidos aqui no Brasil, vale ressaltar que se tratando da cena do reggae, as dificuldades geradas pelos preconceitos dificultam ainda mais a difusão deste gênero musical.

26)RM: Quais os seus projetos futuros?

Banda Melaninaemsi: Finalizar esta etapa dos quatro primeiros singles/audiovisuais da banda e posteriormente gravar o primeiro álbum completo da Melaninaemsi. Também penso (Pablo Melaninaemsi) em seguir carreira acadêmica.

27) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?

Banda Melaninaemsi: (75) 98802 – 3799 | 99158 – 1090 | [email protected] 

| https://www.instagram.com/melaninaemsi.oficial 

|https://www.facebook.com/melaninaemsi 

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCvvwF-jaaB0Y1KdJRmz5IPA 

Melaninaemsi (feat. Allan K-nôn) – “Papo de Irmão”: https://www.youtube.com/watch?v=34j2owOj95k 

Melaninaemsi – “Identidade”: https://www.youtube.com/watch?v=dZCVlmiSWIc


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.