Alcymar Monteiro
O cantor e compositor cearense Alcymar Monteiro conhecido popularmente como o “Rei do forró”. O artista sempre fez o que gosta é um romântico, ele retrata histórias de amor em suas canções, além disso, gosta de potencializar a paz e a beleza.
As músicas que canta retrata a voz do seu coração: “Quando canto converso comigo, minha voz é meu brasão, meu cantar é minha identificação, quando canto falo da boca para dentro, minha interpretação vem do meu espírito, meu canto é transcendental”. O Forró nasceu da alegria e esta pluralidade é algo que jamais pode ser deixada de lado por Alcymar Monteiro. O cantor completa 35 anos de carreira em 2018 e tem mais de 1.500 canções gravadas. Dono de voz marcante e inconfundível, considerado um dos maiores intérpretes do forró brasileiro é também compositor. Nascido em Ingazeira, região do Cariri, no Ceará tem paixão pela música. É neto de violeiro, sobrinho de sanfoneiro e começou a cantar aos cinco anos. Sempre vestido de branco, recebeu conselho de Luiz Gonzaga: “Tua voz é o teu brasão. Mas você precisa criar um tipo representativo, porque a velocidade da informação será muito rápida. E quem não tiver um tipo definido, passará despercebido”.
Em 1975 decidiu fazer as malas e tentar ganhar a vida em São Paulo. A fama nacional veio com os álbuns “Forroteria” em 1986 – em que teve a honra de gravar com Luiz Gonzaga e Marinês – “Portas e Janelas” em 1987 e “Rosa dos Ventos” em 1989. Nesse período, fez parte do elenco de estrelas de três grandes gravadoras: RGE, Continental e Warner.
Em 2001, apresentou-se no Festival de Montreaux, na Suíça, Festival Latino Americana em Milão na Itália, em Imst na Áustria, Laussane e Zurich na Suíça e na Côted’azur na França. Também cantou no Festival da Colheita, na Bélgica, e nas cidades francesas de Nice, Saint Tropez, Lyon e Paris.
No Brasil, foi duas vezes indicado ao Prêmio Sharp de música, com o CD – “Vaquejadas Brasileiras Vol.1”. Em 2001, este trabalho foi lançado na Europa, através da gravadora francesa, Melody. Foi o primeiro disco de Alcymar lançado fora do Brasil. Em 2005, também teve indicação ao Prêmio TIM em três categorias: melhor disco, melhor música e melhor cantor, todas pelo álbum – “Meu Forró é meu Canto”. Em 2007 foi indicado ao Grammy Latino com o álbum – “Forró Brasileño”, ele cantando em espanhol que deu ao artista uma maior abrangência e prestígio internacional.
No final de 2016 recebeu de Michel Temer e do Ministro da Cultura Marcelo Calero a Ordem do Mérito Cultural na categoria Comendador. Em julho de 2017 recebeu o Troféu Melhores do São João através do Portal São João na Bahia e Jornal Correio, vencendo em duas categorias: Melhor Forrozeiro do São João e Melhor Show do São João 2017. Além dos vinis e CDs, teve o trabalho imortalizado em 4 DVDs. Com a Orquestra Criança Cidadã, dos Meninos do Coque gravou em 2010 o “Concerto para Gonzaga”. A obra é uma compilação das músicas mais expressivas do rei do baião, numa roupagem erudita, e prestou uma homenagem pelo centenário de Luiz Gonzaga. As suas músicas foram gravadas por Luiz Gonzaga, Fagner, Alceu Valença, Dominguinhos, Sivuca, Jair Rodrigues, Zé Ramalho e Elba Ramalho.
A voz de Alcymar Monteiro entoou composições de nomes como Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Milton Nascimento, Paulo Vanzoline, Jobert Carvalho, Raul Seixas, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Fagner, Lupicínio Rodrigues, Fausto Nilo, Catulo da Paixão Cearense, Petrúcio Amorim, Maciel Melo e João Paulo Jr.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Alcymar Monteiro para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 12.02.2018:
Índice
Alcymar Monteiro: Nasci no dia 13.02.1953, na Vila de Ingazeira, município de Aurora região do Cariri. Berço de grande incidência folclórica do estado do Ceará. Registrado como Antônio Monteiro dos Santos.
Alcymar Monteiro: Comecei a cantar aos 5 anos de idade, em troca de bombons e chicletes que me davam as pessoas que gostavam de me ouvir. Cantar para mim sempre foi uma missão, quando canto converso comigo, cantar é como não morrer.
Alcymar Monteiro: Sou neto de cantador, sobrinho de sanfoneiro, minha formação musical é toda voltada para o folclore. Eu cursei Teatro, estudei no Conservatório em Fortaleza e cursei letras, mas não me formei. O meu diploma de nível superior eu cursei na universidade da vida.
Alcymar Monteiro: No passado veio através do rádio, quando ouvia as músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e a cantorias dos violeiros da minha região que tiveram uma importância muito grande na minha formação musical. A influência musical do agora não existe, pois a música popular brasileira atravessa o seu pior momento.
Alcymar Monteiro: Comecei no final dos anos 60 cantando nos programas de calouros, passei pelas bandas de baile e também cantei na noite, onde pude aprender muito, essas foram as maiores escolas que tive na vida como cantor.
Alcymar Monteiro: Já gravei mais de 100 trabalhos, entre eles COMPACTOS, LPs, CDs, DVDs e Blu-Rays. Algumas participações em nossas gravações foram: Dominguinhos, Sivuca, Severo, Zé Carlos, Genaro, Quartinha, Luciano Magno, Apolo Natureza, Orginho, Luizinho de Serra, Jeová da Gaita, Antônio Adolfo, Metais da Vitória Régia, Durval, Luizinho Calixto, Maestro Chiquinho, Diel Menezes, Toninho Tavares, Zé Calixto, Coro Cristian e Ralf, Silvinha Araújo Rosana, Brenda e Bruno Simpson e etc… Todos os trabalhos que realizei musicalmente falam da minha origem nordestina brasileira.
Discografia: Discografia: Em 1980 – Nossas Vidas, Nossa Flores (MPB) – Continental. Em 1985 – Música Popular Nordestina. Em 1986 – Forroteria. Em 1987 – Rosa dos Ventos. Em 1987 – Portas e Janelas. Em 1989 – Pirilampos. Em 1990 – Forró Brasileiro. Em 1991 – O Rei do Forró. Em 1992 – Cantigas e Cantorias. Em 1993 – Forró Nosso de Cada Dia. Em 1994 – Nordestinidade. Em 1995 – Vaquejadas Brasileiras – 1º Circuito. Em 1996 – Cultura Popular. Em 1996 – Vaquejadas Brasileiras – 2º Circuito. Em 1997 – Nordestino. Em 1997 – Vaquejadas Brasileiras – 3º Circuito. Em 1998 – Forró e Vaquejada, vol. 1. Em 1998 – Eterno Moleque. Em 1998 – Ao Vivo, vol. 1. Em 1999 – Festa Brasileira. Em 2000 – Toques e Batuques. Em 2000 – Os Grandes Sucessos da Vaquejada. Em 2000 – Imaginário Popular. Em 2001 – O Maior Forró do Mundo. Em 2002 – Levanta Poeira. Em 2003 – Ao Vivo, vol. 2. Em 2003 – Forró de Todos Nós. Em 2003 – Carnaval Multicultural. Em 2004 – Aboios e Vaqueiros. Em 2005 – Frevação, vol. 1. Em 2005 – Meu Forró é Meu Canto. Em 2006 – Frevação, vol. 2. Em 2006 – O Verdadeiro Forró. Em 2007 – Frevação, vol. 3. Em 2007 – Cultura Brasileira (Ao Vivo) [CD/DVD]. Em 2007 – Forró Brasileño. Em 2007 – Festrilhas, vol. 1. Em 2008 – Frevação, vol. 4. Em 2008 – Como Antigamente, vol. 1. Em 2009 – Cantorias Brasileiras. Em 2010 – Tradição e Tradução (Ao Vivo) [CD/DVD]. Em 2010 – Vaquejadas e Cavalgadas Inesquecíveis. Em 2013 – Vozes do Frevo (Ao Vivo) [CD/DVD]. Em 2014 – A Bandeira do Forró.
Alcymar Monteiro: Autêntico, nordestino, etnologicamente falando é a expressão do mais puro sentimento que flui do fundo da minha alma. O forró para mim é uma maneira de viver.
Alcymar Monteiro: Estudei técnica vocal e pronúncia no conservatório Alberto Nepomuceno em Fortaleza – CE.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Alcymar Monteiro: Tem uma importância muito grande você cantar no seu diapasão (tonalidade), pois cantar fora da textura vocal corre o risco de perder a voz, seu instrumento de trabalho.
Alcymar Monteiro: Tereza Cristina, Marinês, Clara Nunes, Maria Bethânia, Dalva de Oliveira, Elba ramalho, Zé Ramalho, Raimundo Fagner, Núbia Lafaiete, Luiz Gonzaga. Sem preconceito nenhum eu sempre admirei os cantores românticos brasileiros, eles são a verdadeira linguagem da nossa origem lusitana.
Alcymar Monteiro: Não tem dia, não tem hora, não tem data, acontece em qualquer lugar. Compor é uma conversa com a espiritualidade.
Alcymar Monteiro: João Paulo Jr, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Gilvan Neves e Cícero Monteiro.
Alcymar Monteiro: Luiz Gonzaga, Marinês, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Alceu Valença, Jair Rodrigues, Raimundo Fagner, Dominguinhos, Reginaldo Rossi.
Alcymar Monteiro: É muito difícil desenvolver uma carreia musical independente no Brasil porque existem inúmeras dificuldades como: produção, distribuição, divulgação, somos um país de dimensão continental, o que torna mais difícil a cobertura e a distribuição de novos trabalhos.
Alcymar Monteiro: É um trabalho cansativo, que envolve e consome quase todas as nossas energias. A escolha do repertório, arranjos, mixagem, masterização, arte gráfica, release, foto para divulgação, vídeos, planejamento midiático, de uma maneira que o trabalho saia como planejado.
Alcymar Monteiro: Trabalhar bastante, visitar TVs, rádios, jornais, distribuir os discos nas emissoras com o famoso “porta a porta”, porque o sucesso depende da entrega do material a ser divulgado.
Alcymar Monteiro: A internet tem um papel fundamental na divulgação do áudio, do vídeo, e torna o artista mais próximo do seu fã, além de toda repercussão que a internet nos proporciona, é a grande plataforma, a serviço da comunicação.
Alcymar Monteiro: Quando você grava bem, você dar oportunidade as pessoas de ouvirem seu trabalho com qualidade, ajuda a lhe colocar no patamar igualitário aos demais.
Alcymar Monteiro: Primeiro, tenho um estilo próprio. Segundo, me visto de uma maneira única e diferente, minha moda quem faz sou eu. A concorrência sempre teve e sempre terá. E, principalmente no meio musical, que é uma casa de portas abertas que entra quem quer e quem pode. Atualmente as pessoas pagam para aparecer e isso se tornou insuportável. E gravam de qualquer jeito, escravizam as pessoas forçando-as ouvir o que não devem, através de uma falsa mídia, mercantilizada, perversa e vulgar. Esses mentirosos procuram aparecer pela facilidade, ingenuamente acreditam que o ouvido do povo é pinico.
Alcymar Monteiro: O forró é um gênero musical difícil de fazer, de cantar e encantar. Requer um grande preparo linguístico, físico e respeito etnológico por todo aquele que abraça esse tipo de música como profissão. Ando muito preocupado ultimamente com a renovação do forró verdadeiro, já inventaram muitos factoides, forró de pé de serra, forró de plástico, forró eletrônico. Eu considero essas rotulagens uma maneira de enganar as pessoas e se locupletarem financeiramente. Só existe um forró, o verdadeiro que Luiz Gonzaga propagou. O resto é fuleragem music, que é a tradução do mau gosto, da pornôfonia que tem como meta principal desvalorizar, sacanear a cultura de 60 milhões de pessoas que somos nós o povo nordestino brasileiro.
Alcymar Monteiro: Luiz Gonzaga, Egberto Gismonti, Dominguinhos, Sivuca, João Neto, Jackson do Pandeiro, Oswaldinho, Genaro e Renato Borghetti.
Alcymar Monteiro: Não vale a pena lembrar-se de coisas desagradáveis ou coisas que já deixaram de acontecer. O calote todo artista leva, equipamento de som ruim tem em tudo que é lugar. Muitas vezes em show com mais de 50 mil pessoas você nota que muitos estão ali para brigar, desrespeitar aos demais que foram para se divertir. É uma insanidade que eu não consigo compreender, isso é coisa de vagabundagem.
Alcymar Monteiro: O que me apraz é ver a juventude, senhores, senhoras, crianças, cantarem comigo os meus sucessos. Esse sentimento não tem dinheiro que pague, você ver a felicidade estampada do rosto das pessoas que te acompanham, respeitam e prestigiam. O que me entristece é perceber que a música se tornou um vale tudo. Uma troca vulgar de sentimentos baixos, que campeiam atualmente de enganadores, ensinando as pessoas a beber, cair e levantar, falando mal das mulheres. Um verdadeiro festival dos horrores, deseducando nossa gente e colocando nosso povo num patamar idiotizado.
Alcymar Monteiro: Moro no Recife-PE, onde a cena musical é singular e plural, com vários ritmos próprios: Frevo (patrimônio imaterial da humanidade), maracatus, caboclinhos, ciranda e forró, que tem Luiz Gonzaga, como sua maior expressão, o ideólogo de tudo.
Alcymar Monteiro: Alceu Valença, Luciano Magno, Nação Zumbi, Chico Science, Spok Frevo, são artistas que transcenderam a seu tempo e marcaram presença do cenário musical brasileiro.
Alcymar Monteiro: Não. O jabá virou uma instituição e grupos de empresários se organizam e compram todos os espaços possíveis na programação da Rádio e TV. Eles prejudicam os artistas de qualidade e estereotipam aqueles que fazem a verdadeira música, os elegendo como antigos e ultrapassados. Nos grandes eventos a hegemonia musical é uma verdadeira orgia. Você ver no outdoor quem você não conhece, no palco sobem pessoas que você nunca viu, cantam aquilo que você não escuta, geralmente falam palavrões num profundo desrespeito a família. Tenho certeza que o momento da verdade está chegando porque toda essa escória surgiu juntamente com o desgoverno que fez o Brasil regredir em todos os segmentos, principalmente musical e culturalmente falando nesses últimos 10 anos. Uma verdadeira anarquia.
Alcymar Monteiro: Que estude bastante, que não deixe se levar pela facilidade, porque a cultura não precisa de ninguém, nós é quem precisamos dela. E procure conquistar o seu espaço sem destruir o espaço dos outros. No infinito existem milhões de estrelas, todas com luz própria. E esteja disposto a sofrer bastante, porque é através dessa dificuldade que você encontrará o tão sonhado caminho do sucesso.
Alcymar Monteiro: Os Festivais de Música que aconteciam no Brasil ajudaram a formatar uma proposta musical nova. Era idealizada no bom gosto, na sabedoria dos versos e na inteligência das melodias de grandes poetas e artistas que formaram o bom gosto musical e que perduram até hoje. Depois desse período maravilhoso começaram a fazer festivais de cartas marcadas em que a qualidade e o talento ficaram em segundo plano. E vieram os interesses comerciais das gravadoras que faziam acontecer o músico que interessava a elas, burlando assim a criatividade, a beleza e a musicalidade de muitas gerações.
Alcymar Monteiro: São relevantes na proposta, mais insignificantes no resultado, não encontramos na grande mídia o reconhecimento que tínhamos no passado. É tudo conversa para boi dormir, não revelam ninguém, não contribui com nada, o máximo que fazem é idiotizar uma juventude que musicalmente falando se encontra totalmente perdida.
Alcymar Monteiro: É vergonhosa. Não existem mais programas musicais, a grande mídia se banalizou no seu conteúdo. Os grandes artistas sumiram na poeira da estrada da vulgaridade. E deixando a população refém do mau gosto da pornô-lágrimas que estão inseridas na programação das emissoras de TVs que geralmente atingem todo território nacional e a um povo sem rumo e sem educação.
Alcymar Monteiro: O Ministério da Cultura só existe no papel, é um fantoche, um factoide que assombra, humilha a toda a classe artística brasileira. Toda verba destinada a cultura é usada por grupos organizados, que geralmente ficam entre Rio de Janeiro e São Paulo, deixando o restante do Brasil à míngua. Os grupos folclóricos, de teatro amador, cantadores, e os construtores da cultura popular estão renegados ao esquecimento. Esses grupos que de uma maneira perversa se apoderam de todo o dinheiro que seria distribuído para o país inteiro de uma forma correta, coerente e honesta. Estamos cansados de compreender que nos últimos 10 anos alguns artistas que se dizem de esquerda se apoderaram de somas vultosas num verdadeiro compadrio com o poder. Existem algumas empresas estatais e privadas que fazem o papel do ministério, liberando verbas pra cultura. O SESC, SESI, ITAÚ CULTURAL, CAIXA CULTURAL se juntam aqueles que persistem em construir a arte cultural no Brasil.
Alcymar Monteiro: Pra começo de conversa não existem bandas de Forró novas e antigas, o que existe é uma plêiade de mentirosos, enganadores, que estão prejudicando o Forró há muito tempo. Não existe Forró Estilizado, isso é falácia de quem não tem talento e que se aproveitam do Forró quem tem no seu conteúdo a verdadeira origem do povo brasileiro. Essa cambada comete um crime hediondo, enriqueceram à custa de um gênero que não lhes pertence, é um verdadeiro escarnio, é uma cusparada na cara de quem bebe a água limpa da fonte verdadeira do verdadeiro Forró. O Forró não precisa dessa gente, já foi tarde e atrasada, eles contribuíram com a patifaria que assola o país, roubando a inocência da criança, deseducando o jovem, e faltando com respeito aos mais velhos. Infelizmente o Ceará, a minha terra natal, que já exportou grandes talentos para o Brasil como: Chico Anysio, Belchior, Fagner, Humberto Teixeira, Lauro Maia, Ednardo e etc… Hoje só exporta porcaria.
Alcymar Monteiro: O São João de Campina Grande virou festival dos horrores, querem transformá-lo no maior festival de breganejo do mundo, tirando assim o direito de novas e futuras gerações curtirem uma festa matuta, com verdadeiro forró, que sempre foi sua trilha sonora. Está trocando a pamonha pelo crepe, a canjica pela pizza, o milho assado pelo sanduíche, acabando assim com a culinária que é própria do período junino. Toda divulgação que Campina Grande teve até hoje foi graças ao forró. Campina Grande está cuspindo no prato que comeu. O mais difícil virá depois, terá que comer no prato que cuspiu, porque você engana alguns por algum tempo, é impossível enganar a todos por todo tempo. Festa de São João não é festa de pião, devolva nossa sanfona, devolva Luiz Gonzaga, devolva nosso São João.
Alcymar Monteiro: O São João de Caruaru na administração passada perdeu a essência, se pornôfonou, se perdeu nos labirintos da ignorância de um gestor que não deu ao povo a cultura que o povo precisa. Cabe à nova administração colocar as coisas nos seus devidos lugares e suplantar de uma vez por todas os erros cometidos no passado. Caruaru cantado em prosa e verso, no artesanato do mestre Vitalino. E no Forró autêntico dos seus compositores não merece ser travestidos de indignidade musical, de ingratidão de quem não compreende que a única coisa que fica de um povo é sua cultura. E, tenho certeza que essa chalaça passará e ficará apenas o que é verdadeiro e que volte a ser o maior São João do Mundo.
Alcymar Monteiro: Luiz Gonzaga é meu compadre, meu parceiro musical, foi o maior professor que tive na minha carreia. Eu tive a honra de gravar e cantar com ele várias vezes, participando ativamente do seu convívio nos últimos anos de vida. Lamento profundamente sua perda, a sua presença física ajudaria a dissipar tudo o que estar acontecendo de errado com a cultura forrozeira do nordeste. Luiz Gonzaga foi, é, e será sempre o maior artista da música popular brasileira.
Alcymar Monteiro: Marinês é a voz mais bonita do forró brasileiro. Eu gravei com ela, dividimos o mesmo microfone e cantamos juntos muitas vezes. Marinês foi a sede com a vontade beber. É o grande legado da mulher, no cenário masculinizado do forró, quebrou tabus, e paradigmas, enaltecendo o sexo feminino no cenário musical do Brasil.
Alcymar Monteiro: Meu conviveu com Anastácia é muito pouco, a sua presença artística estar no nosso show, através de sua parceria com Dominguinhos, é uma poetiza que tem muito valor, contribuiu definitivamente com o forró. Sua feminilidade cultural venceu os preconceitos.
Alcymar Monteiro: Dominguinhos para mim foi um dos maiores músicos de expressão universal. Como compositor faz muita falta, gravei com ele várias vezes. Nossa última gravação foi seis meses antes da sua partida para o mundo espiritual. Lá onde mora Luiz Gonzaga, Lindú, Jackson do Pandeiro e Beethoven, com certeza também mora Dominguinhos.
Alcymar Monteiro: Antônio Barros e Cecéu é uma dupla de compositores que deu uma contribuição imensa ao Forró. As suas composições foram gravadas por Ney Mato Grosso, Gal Costa, Alcymar Monteiro, Trio nordestino e grandes nomes da música popular brasileira.
Alcymar Monteiro: Sivuca é um grande mestre da sanfona, gravei um disco acompanhado por ele e Dominguinhos, nesse mesmo disco gravamos uma música cantando que não era seu legado maior. E, pude ver e ouvir a genialidade desse músico extraordinário, parceiro de Chico Buarque e tantos outros. E foi o primeiro sanfoneiro a gravar um disco de frevo sanfonado, introduzindo a sanfona na música carnavalesca brasileira.
Alcymar Monteiro: A sanfona de oito baixos é um instrumento extremamente difícil de tocar. E Zé Calixto é um mestre que dedilha e transforma os oito em oitenta. É o mais expressivo artista que compõe a sonoridade belíssima do pé de bode. Zé Calixto é um mestre, está na história musical do brasil.
Alcymar Monteiro: Oswaldinho é um profissional da sanfona responsável pela introdução dos elementos sinfônicos dentro do forró. Sua contribuição é grandiosa ao gênero, deu liberdade aos sanfoneiros tocarem todo tipo de música, inclusive a clássica.
Alcymar Monteiro: Pedro Sertanejo, eu não cheguei a conhecer pessoalmente, é um representante dos primórdios da sanfona e do forró. É fisicamente pai de Oswaldinho do Acordeon, e espiritualmente filho de Deus.
Alcymar Monteiro: Jackson do Pandeiro é o grande ideólogo rítmico da cultura nordestina. E a sua divisão rítmica engrandeceu a nossa música, nos trouxe a liberdade de colocar muitas palavras em pouco tempo. A sua obra permanece até hoje através da sua genialidade. O canto de Jackson do Pandeiro é uma aula pra todo aquele artista que abraça a modernidade é um verdadeiro pássaro canoro.
Alcymar Monteiro: João Gonçalves, eu não conheço pessoalmente. Conheço seu trabalho gravado por Genival Lacerda, “Severina Xique, Xique”, que trouxe Genival Lacerda para os braços do grande público.
Alcymar Monteiro: Assissão, eu conheço o seu trabalho como compositor através do seu trabalho na voz de Lindú do Trio Nordestino e Elba Ramalho.
Alcymar Monteiro: Jorge de Altinho, eu já gravei algumas composições de sua autoria. É um grande nome no imaginário popular da música nordestina brasileira.
Alcymar Monteiro: Petrúcio Amorim é meu parceiro em várias composições, uma delas é: ”Ela Nem Olhou Pra Mim” que na época vendeu um milhão de cópias de discos, me dando assim o disco de ouro e de platina. Petrúcio é um compositor de um talento enorme e tenho o prazer de dizer que é o meu amigo. Faz sucesso na voz de muitos artistas, tais como: Alcymar Monteiro, Flávio José, Elba Ramalho, Fagner e etc.
Alcymar Monteiro: João Paulo Jr., é o meu parceiro musical e o meu irmão de sangue, temos o mesmo pai e mãe. A maioria dos meus sucessos musicais é em parceria com ele. Fizemos músicas que Luiz Gonzaga, Fagner, Fagner, Alceu Valença, Dominguinhos, Sivuca, Jair Rodrigues, Maria Alcina, Zé Ramalho e Elba Ramalho, e que muita gente gravou. Hoje ele não me autoriza gravar nossas músicas inéditas. Algumas nossas que estão nos meus discos: “A rosa vermelha”, “Saudade não mata ninguém”, “Rosa dos ventos” “Cavaleiro alado”, “Pote cheio”, “Forrorêta”, “Verdes canaviais”, “Acorda povo”, “Mistura perfeita”, “Todo dia”, “Phonobregando”, “Forróteria”, “Pra valer”, “Cavaleiro do Céu”, “Cor de Canela”, “Quarentena”, “Você Quer Namorar”, “Um Beijo Pra Você”, “Marcado Pra Morrer de Amor”, “Sofreu (Corrupião) poema de Patativa do Assaré e melodia de Alcymar Monteiro e João Paulo Jr., “Ingazeira”, “Convivência”, “Vem que tem”, “Eternamente São João”, “Encanto”, “Algo mais”, “Pirilampos” (Homenagem a Lampião), “Bom dia”, “O de casa o de fora”, “Forró brasileiro”, “Sina”, “Cara-metade”, “Papai e mamãe – Artur e Maria”, “Eu gosto mermo é de ocê”, “Encontro marcado”, “Carupina – Caruarú – Campina Grande”, “Saideira”, “Vida a dois”, “Antigas emoções”, “Você na minha vida”, “Indústria da seca”, “Forró lotado”, “Cavaleiro alado”, “Onde anda você”, “Arraiá da capitá”, “Rio salgado”, “Pintando o sete”, “Penera gavião”, “A vida continua”, “Bota fogo no forró”, “Forró das multidões”, “Forrologia”, “Jeito maroto”, “Colo e cafuné”, “Forró nosso de cada dia”, “Dia dos namorados”, “Festa de vaquejada”, “My life no forró”, “Caminhada”, “Bumba meu boi bumbá”, “Sem preconceito”, “Nueva ilusion”, “Nordestinidade”, “Magia de querer”, “Ninguém engana ninguém”, “Desnamorados”.
Alcymar Monteiro: Meus projetos são: cada vez mais estudar a cultura nordestina, aprimorar nosso trabalho, contribuir com as novas e futuras gerações, pra que elas não se percam de si mesmas. Compreendo que o futura lhes pertence e que não existe futuro, sem passado nem presente. Que elas serão o que somos hoje, porque somos o que fomos. Esse é o caminho que tenho que caminhar para que um dia eu possa me tornar um bom exemplo artístico pra todos.
Alcymar Monteiro: E-mail: alcymar@alcymarmonteiro.com.br
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