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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

O que é preciso para chegar na Perfeição Musical

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Perfeição musical. Você não sabe, mas é o que você está procurando. A busca por ela. A jornada.

Eu sei…São milhares de tentativas, repetições, ensaios pra pouquíssimos momentos ao lado dela. Mas poxa…vale a pena quando acontece!

É a falta perfeita do Branco contra Holanda na Copa de 1994. Os 50 metros impecáveis do Cielo. A imperecível letra “Quereres” de Caetano Veloso.

Uma mordida de Nhá Benta quando você está com fome.

O bend do solo perfeito do Hendrix.

O nascimento do seu filho.

Aquele gol de lado de pé do Sócrates na seleção de 82 pra dar esperança logo depois do gol do Paolo Rossi.

Caramba…a seleção inteira de 82!

Uma gravação de Sinatra.

O agudo de 15 segundos de Maria Callas em absoluta harmonia com a orquestra.

A primeira vez que vi minha irmãzinha andar.

Aquela trilha da série Lost.

A série Lost !

O E.T. fazendo as bicicletas voarem por cima dos agentes federais.

Aquele drible de campo inteiro do Ronaldo no Barcelona.

Quando reencontrei meus amigos e família no aeroporto voltando dos EUA.

Senna levantando a taça no Grande Prêmio de SP. Na sua história, em algum momento você cruzou ou esbarrou com a perfeição e a reconheceu. E nesse momento não há alternativa senão a sua transformação.

Mudar a sua vida, aumentar a sua disciplina, escolher uma carreira pela qual você tenha paixão, pra que você possa ter mais daquilo. Daquela sensação.

Quando vi Tom Jobim ao vivo no Palace ainda adolescente pensei: Como é possível tanta beleza? Como ele criou esse universo perfeito?

Percebi ali – talvez pela primeira vez na vida – o que era alma. Ou quando assisti Superman no cinema muito pequeno e vi o Christopher Reeves voar. Meu Deus como parecia de verdade! Eu olhei pra minha mãe na poltrona ao lado com cara de: ” E você não me falou que dava pra fazer isso ?!”

Por isso venho desde então na busca desses momentos. E quanto mais pratico, mais os encontro. Num improviso perfeito de guitarra durante um show.

Numa letra que se encaixa. Numa mixagem impecável. Num ato gentil com alguém na rua. Numa refeição maravilhosa. Numa tarde com meu amor. Ou numa hamburgueria com amigos de infância. E esse breve momento chama-se sucesso.

Por essa razão que eu não acredito na música que vem sendo promovida como a Nova Música Brasileira. Esse pessoal descolado, que acha que “atitude” é sinônimo de genialidade e pode resolver seu pouco caso com afinação, pode justificar sua letra pouco trabalhada e esconder sua falta de habilidade com o instrumento.

Eu sei que eles simbolizam uma geração que não consegue se concentrar por mais de 2 minutos em um mesmo tema (são estatísticas reais, não mate o mensageiro), que não escutam música até o fim sem zapear para a próxima, e acreditam que podem se graduar em qualquer assunto ou disciplina usando somente o Google como ferramenta, mas o que se pode esperar de alguém cuja referência máxima de estética musical é Tulipa, Tiê e Mallu Magalhães, por exemplo ? (entre outros do gênero)

Acredite…não é questão de gosto: é apenas musicalmente mal-acabado. É razoável e não poderia – numa sociedade culturalmente sã -ocupar nenhum lugar maior do que a razoabilidade em si.

Se por acaso você acredita que a música dessas pessoas é genial, você perdeu a referência do extraordinário na sua vida. Seria a mesma coisa que achar o Rob Schneider o melhor ator do mundo, acreditar que a Carolina Dieckmann é a sucessora dramatúrgica da Fernanda Montenegro ou falar pra todo mundo que o Sarney escreve melhor que Machado de Assis.

Entendo que num mundo de Michel Teló e Gusttavo Lima (e outros demônios ltda.) esse pessoal de fato soe como Mozart e Tom Jobim. Mas acredite: eles não são. E não estão nem perto de ser.

Escrevo isso pois inventei um exercício que – quem sabe – pode ser útil a outrem: Quando percebo que estou ouvindo, vendo, lendo algo que dava pra ser infinitamente melhor, interrompo aquilo na hora e procuro uma referência de perfeição.

Um Sinatra, um Djavan, um Lenine, um Hendrix, um Machado de Assis, um Spielberg, uns Beatles, um Gonzaguinha, um Elvis, um John Mayer, um Lost, um Battlestar Galactica, um Red Hot Chilli Peppers, um Roque Santeiro, um Chico Buarque, um Lenny Kravitz, um Gil, uma Nhá Benta, um Shakespeare, um Gene Kelly, um Eric Clapton, um Michael Jackson, um Miles Davis, uma Fernanda Montenegro, um Saramago, um Lima Duarte, um Raul Midón, um Villa-Lobos, um Sex Pistols, um Mozart, um Debussy, uns Rolling Stones. 

Os procuro pra sentir e me conectar com a felicidade (talvez o nosso único propósito) e quem sabe aprender o caminho até ela. Saber cada vez mais como e onde encontrá-la. Até o ponto onde toda essa cultura razoável se torne invisível e inaudível no meu êxtase.

Por Roney Giah


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.