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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

O bando do Gonzagão

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O cangaço surgiu no Nordeste brasileiro entre o final do século XIX e começo do XX, de 1889 a 1938, eram grupos de homens armados conhecidos como cangaceiros ou o bando de Lampião.

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912 em Exu – PE e a grande maioria de jovens nordestinos tinham em Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, uma admiração pela valentia dos “seus cabras” que colocavam medo nos coronéis e enfrentavam volantes (policiais). Luiz quando tinha uns 16 anos (1928) espalhou que Lampião estaria de passagem por Exu e causou terror nos amigos, vizinhos e parentes que ao descobrirem que era brincadeira do jovem, quase rendeu-lhe uma surra. No Sudeste o estereótipo dos nordestinos era de cangaceiro ou jagunço, rudes no trato pessoal e com perfil para o subemprego. Muitos que migraram para o sudeste e se tornaram artistas, no geral tinham duas profissões: braçal e musical.

 

Luiz Gonzaga entrou para o exército e quando terminou seu período militar migrou para o Rio de Janeiro. Começou a profissão de músico em boates, bares e estúdio e após gravar seu primeiro disco em 1941 foi contratado para atuar como músico na Rádio Clube do Brasil, posteriormente na Rádio Nacional que exigia que os cantores e músicos de seu elenco vestissem traje a rigor em suas apresentações no auditório. Era de smoking que ele se apresentava, mas quando viu o também sanfoneiro gaúcho Pedro Raimundo se apresentando usando a bombacha típica dos pampas, reivindicou o direito de usar um figurino que marcasse sua identidade nordestina. Apareceu na rádio com a típica indumentária de vaqueiro, mas foi impedido de atuar pelo então diretor artístico da emissora, Floriano Faissal: “Marginal, não. Roupa de cangaceiro aqui não”, teria dito Faissal. Na década 1940, o traje típico do sertanejo nordestino ainda era associado ao bando de Lampião, morto pela polícia em 1938. O preconceito existia com a música nordestina, já que a cultura urbana do Rio de Janeiro, valorizava o bolero, o foxtrote, as músicas de trilha sonora dos filmes americanos. Ele foi aperfeiçoando seu traje em suas apresentações fora da rádio, até impor na emissora sua imagem e o figurino. Pôde enfim, trabalhar com o chapéu de couro e as demais peças que passaram a ser sua marca.

Nos primeiros anos de carreira o rei do baião ainda não tinha formado “a sua corte”, mas era um visionário e coroou Carmélia Alves como rainha do baião em 1950, que já era uma cantora de sucesso e estava voltando de um show em Recife – PE, no qual se apresentou com o grupo de Sivuca e o mesmo sugeriu que ela cantasse algumas músicas de sucesso de Luiz Gonzaga. O Rei e a Rainha do Baião tinham carreiras com luz própria. Nessa época a Bossa Nova era o movimento da moda e possivelmente Gonzaga percebeu que tinha que juntar sua turma, o seu bando. Ele deu alguns acordeons para talentos locais e incentivou músicos nordestinos a levantar a bandeira do Forró. Ele já era sucesso no Nordeste e através dos shows foi conhecendo artistas que já tocavam o seu repertório, exemplo, o casal Abdias dos 8 baixos e Marinês e os convidou para virem para o Rio de Janeiro. Eles foram os primeiros a fazer parte da sua corte do Rei do Baião. Marinês foi coroada a Rainha do Xaxado e o seu nome artístico era coletivo: Marinês e sua Gente. Nos anos 60 surgem outros movimentos no Rio de Janeiro: a Jovem Guarda, o Tropicalismo e a “Era dos Festivais da TV Record”. Nessa ocasião, Gonzaga traz para sua corte Anastácia e Dominguinhos, que ganhou um acordeon do “Rei do Baião”.

Nos anos 70 e 80 a corte ficou completa com seguidores e herdeiros musicais formando o Bando de Gonzagão que usavam a sanfona, zabumba e triângulo para resistir aos modismos musicais e manter acesa a chama do Forró Tradicional.


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.