More Gilberto Gil é o “Pelé” da Música do Brasil »"/>More Gilberto Gil é o “Pelé” da Música do Brasil »" /> Gilberto Gil é o “Pelé” da Música do Brasil - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Gilberto Gil é o “Pelé” da Música do Brasil

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Gilberto Gil, chega aos 80 anos de idade (26/06/2022) e 63 anos de carreira com mais de 60 álbuns lançados e mais de 40 sucessos radiofônicos em diversos ritmos.

É um “Pelé” da Música Popular feita no Brasil. Pelé é considerado o atleta do século e completo nos fundamentos do futebol além da sua genialidade. Dois homens negros que são unanimidade dentro da sua área profissional e conhecidos mundialmente. Gil mostra excelência como letrista, melodista, instrumentista, intelectual, é um artista genial. Um exemplo de condução de carreira artística que equilibra o êxito financeiro com a qualidade do conjunto de sua obra. Lançou álbuns geniais e seus álbuns regulares têm qualidade igual ou melhor quando comparados aos álbuns de seus colegas de profissão. Seus álbuns mostram sua pluralidade musical.

Gilberto Gil tem musicalidade e genialidade que aproxima público e colegas de profissão, não é o virtuosismo presunçoso que oprime o ouvinte nem utiliza firulas musicais inúteis que só servem para massagear o ego do executante. A sua criatividade age em prol da música com técnica e naturalidade de quem respira música. Quem por algum motivo emocional ou estético não gosta das suas canções, as respeitam. Gil é respeitado por gregos, troianos, brasileiros e estrangeiros. É um liberal progressista e ambientalista, íntimo da religião de matriz africana e da filosofia taoísta e macrobiótica. Ele é zen, iluminado e manso.

Pai, de Nara de Aguiar (1966); Marília de Aguiar (1967); Pedro Gadelha (1970 e faleceu em 1990); Preta Gil (1974); Maria Gadelha (1976); Bem Giordano (1985); Bela Gil (1988); José Gil (1991). Formou o grupo Gilsons, com o filho José Gil e os netos Francisco Gil e João Gil. E Nara Gil, Preta Gil, Bem Gil estão no meio artístico há anos.

Entre 1989 e 1992, foi vereador na Câmara Municipal de Salvador – BA, pelo Partido Verde. Em 2003, foi nomeado Ministro da Cultura, se desligando em janeiro de 2008, para se dedicar à carreira musical. Gil foi também embaixador da ONU – Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação, e ministro da Cultura do Brasil, entre 2003 e 2008. A ABL – Academia Brasileira de Letras elegeu Gilberto Gil (aos 79 anos) como novo imortal da casa em novembro de 2021, com 21 votos. Ele substitui o jornalista Murilo Melo Filho, morto em maio de 2020.

Nos anos 90, tive um contato profundo com a música de Gilberto Gil com o meu despertar para o estudo musical começando com as aulas de violão. A sua obra me encantou e impactou em letra, melodia, ritmo e arranjos. A primeira música que toquei no violão foi “Não chore mais” sua versão para “No Woman No Cry” (Vincent Ford) clássico de Bob Marley. Nos anos 90, assisti shows de Gil em Campina Grande – PB e ficava hipnotizado com sua desenvoltura no palco.

Nunca imaginei que eu poderia ter um contato pessoal com meu ídolo, o que ocorreu em junho de 2002 no Espaço Unibanco na Rua Augusta em São Paulo para o lançamento do documentário Viva São João. Gilberto Gil chegou ao local com uma discrição que levou um tempo para os profissionais de imprensa perceberem sua presença no local. A assessoria do artista organizou a entrevista dando prioridade para TV e Rádio que entrariam ao vivo falando sobre o lançamento. Eu fiquei na lista dos jornalistas que fariam a entrevista para ser publicada em data posterior ao evento e primeiro teriam que assistir o documentário. Assisti e fiquei incomodado com uma colcha de retalhos de clichês sobre os nordestinos e as festas juninas.

Saí da sala de cinema antes do final e acreditando que a entrevista nem iria mais acontecer, para minha surpresa, Gil estava em uma mesa na área do café. Eu me aproximei e perguntei se estava disponível para a gravação da entrevista. Com a educação e afabilidade que lhe é peculiar, prontamente me atendeu. Ele com 60 anos de idade e eu com 30 anos e a revista RitmoMelodia com 1 ano de existência. O desdobramento da entrevista pode ser lido acessando: https://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/gilberto-gil.

Gilberto Gil, percebendo minha inquietação e insatisfação pelo que assisti, foi explicando que os clichês são reforçados para atender um público que desconhece a cultura e costumes nordestinos. Sobre a minha pergunta: quais os motivos de ele não desenvolver uma carreira focada no reggae nos anos 80; foi pragmático, explanando que comercialmente o reggae é um gênero que só projeta artista mundialmente se for cantado em inglês. Ele e a gravadora, planejavam o seu reconhecimento mundial a partir de sua pluralidade musical ligada a cultura brasileira. Gil também comentou que já não incomodava ter que ainda validar sua atuação profissional, nem de estar fora de galerias dos geniais da música. A música o basta.

No calor da batalha da minha função de repórter não pude saborear a leveza humana no contato com um ser iluminado. Mas ficou a boa lembrança e permanece a admiração a pessoa e ao profissional exemplar.


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.