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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Átila Bee

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Átila Bee é ator de formação e fez sua estreia na música em 2010 à frente da banda “Gente Estranha no Jardim”.

Em 2014, pesquisou compositores da Baixada Fluminense para o seu primeiro trabalho solo, o álbum “O que me toca é meu também” foi lançado em dezembro de 2015 nas plataformas digitais e fez sua estreia nos palcos do Sesc São João de Meriti e Oi Futuro Ipanema. Foi destaque em revistas especializadas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Portugal. Trilha sonora do minidocumentário “Mães em cárcere” do Canal Plá e do documentário “TransBaixada” do Núcleo de Criação Audiovisual (NUCA-IFRJ).

O disco foi eleito pelo portal www.tramp.com.br como um dos 150 melhores do país em 2016. Átila foi Prêmio “Prata da casa” no Festival Talentos da Música em São João de Meriti 2014 e vencedor na categoria música, na 15ª edição do renomado Prêmio Baixada 2016. Em 2018 estreou “A Gira”, projeto de música afro brasileira, que lançou o EP – “Batuque de Lá”. Em 2020 seguiu com a produção de novas canções que farão parte do novo álbum “Profana arte do amor”, sem previsão de lançamento.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Átila Bee para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 04.11.2020:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Átila Bee: Nasci no dia 04.11.1982 em São João de Meriti – RJ. Registrado como Átila da Silva Bezerra.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Átila Bee: Meu primeiro contato com a música vem por parte da minha mãe, que ouvia rádio AM o dia inteiro e se revezava entre os discos da Elis Regina e do Roberto Carlos. Ali eu fui me apaixonando e me descobrindo artista. Vivia com os encartes dos discos interpretando as canções, decorando as letras.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Átila Bee: A minha formação é teatral. Eu comecei a estudar teatro aos 10 anos de idade. Passei pelas maiores escolas de artes cênicas do Rio de Janeiro até a minha profissionalização. A música veio como profissão a partir de 2010. Não tenho estudo técnico musical. O meu aprendizado, tudo que eu sei hoje em dia, consegui na prática, criando, produzindo.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Átila Bee: Elis Regina. Ela continua fazendo parte da minha da minha vida fortemente. Cássia Eller, também continua sendo uma grande referência. Da nova geração, não deixo de ouvir Luedji Luna, Xenia França, Liniker Barros, Tássia Reis, Fabríccio, Criolo, Emicida. Ouço e admiro muita gente. Nenhum artista ou disco deixou de ter importância, só não tanto quanto ouvia, como a Ivete Sangalo, por exemplo.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Átila Bee: Lancei minha primeira banda “Gente Estranha no Jardim” em 2010. Começamos participando das festas cineclubistas e saraus que aconteciam na Baixada Fluminense. Logo, o trabalho da banda começou a se expandir, ficar conhecido na região e na capital do Rio de Janeiro, onde começamos a participar de Festivais de Música, tocar em Teatros, Casas de Show de maior porte na noite carioca… 

06) RM: Quantos CDs lançados?

Átila Bee: São quatro trabalhos lançados. EP e álbum com a banda “Gente Estranha no Jardim”. Em 2015 lancei o disco solo – “O que me toca é meu também”. Em 2018 lancei um EP do projeto especial de música afro brasileira chamado “A Gira”.  Do meu repertório solo, as músicas de destaque são: “Tamborim”, “Caçamba de poço”, “Praça do meio do mundo”.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Átila Bee: Música Popular Brasileira com toda sua amplitude e plenitude (risos).

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Átila Bee: Não. Somente para o Teatro.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Átila Bee: O estudo de técnica vocal e cuidado com a voz é super importante. Sou muito atento e cuidadoso com a saúde vocal. Sou um ator/cantor que se preocupa muito com a respiração bem colocada, com a dicção bem trabalhada para a compreensão total de cada palavra da canção, do texto. Acho chato quando preciso pegar uma letra para entender o que o intérprete está cantando.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

Átila Bee: Muitas, citei alguns acima. O Brasil tem uma diversidade musical tão grande e rica, que são poucos os trabalhos internacionais que me prendem a atenção. Nossos artistas não me dão tempo de pesquisar lá fora (risos).

11) RM: Como é seu processo de compor?

Átila Bee: Muito intuitivo. Normalmente num start me vem uma canção pronta. Letra e melodia. Mas tenho gostado e praticado colocar letra em melodias criadas por amigos. Percebo uma facilidade.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Átila Bee: Heraldo HB e Gian Gonçalves.

13) RM: Quem já gravou as suas músicas?

Átila Bee: Gravar ainda não, mas parceiros interpretam minhas canções em shows.

14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Átila Bee: O contra vai ser sempre ter que se multiplicar em 10 para cumprir com todas as obrigações que o trabalho exige. Desde organização de agenda de ensaio com os músicos, a gravação, lançamento e distribuição das canções, venda dos shows e movimentação de redes sociais para divulgação. Não é fácil, mas também tenho prazer em produzir. Infelizmente não há condições para o pagamento de uma equipe de trabalho. Os prós são muitos. Suas escolhas, seu jeito, seus experimentos, suas apostas. É uma delícia trabalhar com liberdade, trazer quem você quiser para mergulhar num processo criativo com você. Não dá para pesar na balança.

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Átila Bee: Eu não costumo fazer muitos planejamentos referentes a carreira musical. Eu normalmente penso uma obra, com início, meio e fim. Gosto de criar e contar histórias da forma tradicional, ou seja, criando álbuns. Então, componho, seleciono canções de parceiros e vou pra estúdio ensaiar, gravar, lançar e começo a divulgação, distribuição do disco nas plataformas, venda de shows, atenção total as redes sociais. Nada diferente do padrão mercadológico atual. Mas não costumo planejar muito os meus passos musicais. Porque a música anda junto com o teatro. E as vezes acontece de um necessitar de mais disponibilidade do que o outro. Foco no que desejo produzir no momento.

16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Átila Bee: Eu tenho um espaço de artes, em que realizamos festas, oficinas e também é sala de ensaio e reuniões de coletivos culturais.

17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Átila Bee: Na minha carreira musical a internet só ajuda. Lido bem com as redes sociais. Não há um excesso e não me sinto preso as redes sociais, ainda que elas sejam nosso principal meio de divulgação. acho ótimo estar “próximo” das pessoas através das redes sociais.  Produzi muita coisa através dela, muitas vezes a distância através de apps, nas urgências que surgem para quem produz é essencial..

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Átila Bee: A liberdade é sempre a maior vantagem em tudo. No caso do home estúdio melhor ainda. O artista precisa de tempo. A música talvez seja a arte que precisa de mais tempo e dedicação. É bem complexo. É importante calma, paciência, disponibilidade. Ainda que a tecnologia esteja para facilitar, existe um trabalho artesanal por trás que merece muita atenção não estar atento a isso, pode gerar uma obra fria, sem energia. Essa seria a desvantagem.

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Átila Bee: Eu realmente não tenho preocupação em ter uma presença diferenciada nem no meu nicho, nem no mercado musical de maneira geral. Minha preocupação está sempre atrelada em fazer um trabalho de qualidade técnica, beleza, originalidade e antes de qualquer coisa, com a minha verdade. Acho que esses pontos já podem fazer com que o trabalho receba um olhar diferenciado por parte do público e da crítica. A busca por ser diferente pode fazer com que se perca a naturalidade da arte, plastificar a arte e o artista. Agora, falando de maneira bem objetiva, a produção de vídeos de um artista pode colocá-lo numa posição diferenciada no mercado musical. A imagem hoje é de extrema importância na carreira musical.

20) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Átila Bee: Estou dando essa entrevista em meio a uma pandemia mundial por conta do Covid-19. O mundo está parado. A arte no Brasil já vem sofrendo perseguição por conta do governo de Jair Bolsonaro. Então, neste momento, é impossível avaliar o cenário artístico/musical brasileiro. O que tenho certeza, é que os verdadeiros artistas desse país, não darão um passo atrás. Eu me incluo nesse time. Nas duas últimas décadas, vimos nomes como: Céu, Gaby Amarantos, Paulinho Moska, Teresa Cristina, Ivete Sangalo, Michel Teló, Roberta Sá, crescendo e se fortalecendo, escrevendo páginas bonitas na história da nossa música.

21) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Átila Bee: Céu, Letrux, Dani Black, Teresa Cristina.

22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Átila Bee: Chegar no local de show, dentro de uma Vila Olímpica, estrutura de palco com luz montada, mas não ter estrutura de som. O som não chegou, não fizemos o show, recebemos uma porcentagem pelo cancelamento e bebemos umas cervejas no evento, que seguiu apenas com música mecânica.

23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Átila Bee: Deixa-me extremamente realizado fazer com que as pessoas esqueçam tudo e se divirtam ali comigo. Triste é ter gente que ainda não trata a arte como profissão digna do mínimo de respeito e gente que diz que a MPB morreu (risos).

24) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Átila Bee: Existe. Cada um nasce com o seu. Deve-se aprimora-lo no caminho. Aproveitar o presente dado por Deus.

25) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Átila Bee: Divertir-me. Construir melodias, arranjos, composições, tudo sem regra, sem prisões. Deixar fluir. Mas isso no processo criativo. No palco, improvisos particularmente, só quando necessário ou acordado ali na hora entre todos.

26) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Átila Bee: Existe. É o que falei sobre ter Dom. Tem gente que tem essa capacidade. Assim como tem gente que tem ouvido absoluta ou é autodidata musical.

27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Átila Bee: Para mim não existem contras, pois só faço em processo criativo, em que para mim, vale tudo.

28) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Átila Bee: Nunca estudei.

29) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Átila Bee: Hoje o sucesso de um artista na internet, pode levá-lo as rádios, a TV. Acontece com as canções virais. Hoje não existe só o caminho do pagamento de jabá para isso acontecer, né? São tantos os acordos comerciais. Tocar nas rádios não é algo que eu tenha expectativa.

30) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Átila Bee: É amor? É de verdade? Faça! Tem preguiça de trabalhar? De botar a mão na massa? Não faça!

31) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?

Átila Bee: Contra é quando tem caráter competitivo. Nunca me agradou. E quando fui amadurecendo, automaticamente não me interessou mais participar de Festival de Música. Se não tiver caráter competitivo, Festivais são maravilhosos. Uma festa pro artista!

32) RM: Hoje os Festivais de Música revelam novos talentos?

Átila Bee: Contribuem. Dependendo do porte do Festival de Música. Pode inclusive, mudar uma carreira musical.

33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Átila Bee: Só o que convém para a grande mídia. Parcerias, acordos comerciais, normal da indústria. Só que, os julgados não tão comerciais, apesar de talentosos, não ganham espaço. Dizem que os tais “alternativos” não dão IBOPE. Já os grandes sucessos instantâneos da internet, tem sua vez, pois o público deles cobra a presença na TV e são correspondidos. Hoje a TV entende que é preciso agradar ao público da internet e manter o seu IBOPE alto.

34) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Átila Bee: Espaços de extrema importância. Tenho muito orgulho dos vários trabalhos que já fiz em parceria com SESC, SESI e Itaú Cultural. São braços importantíssimos pra cultura brasileira.

35) RM: O circuito de Bar na cidade que você mora ainda é uma boa opção de trabalho para os músicos?

Átila Bee: Não. É bem pequeno e normalmente Bares só contratam até dois músicos para tocarem o melhor do Pagode, FUNK, Sertanejo. E só.

36) RM: Quais os seus projetos futuros?

Átila Bee: Terminar a produção do álbum-visual “Profana Arte do Amor”, lançar nas plataformas e iniciar a turnê. Também tem dois EPS de música afro-religiosa para lançar e três shows tributos para estrear. Tudo isso para celebrar 10 anos de música, completos em 2020, e que a pandemia do novo corona vírus impediu.

37) RM: Átila Bee, Quais seus contatos para show e para os fãs?

Átila Bee: [email protected] / https://web.facebook.com/atilabee  / https://www.instagram.com/atilabee 

Canal: https://www.youtube.com/channel/UC5ZgwTKOqjpBQH3H_jGuaaw 

Playlist  Átila Bee: https://www.youtube.com/watch?v=nDNa_nNECsA&list=PLyMRJpAp_-FeDyBS2dQwaWodHIFElXd29 

Mães em Cárcere (Semana do Bebê) – Minidocumentário:https://www.youtube.com/watch?v=jcfgsH5lBcY 

TRANSBAIXADA – O FILME: https://www.youtube.com/watch?v=R8M7EgdCWOY


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.