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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Taïs Reganelli

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Taïs Reganelli iniciou sua carreira em 1992. Nasceu e morou na Suíça até 9 anos de idade, onde iniciou seus estudos de canto na escola. Morou também na Itália, onde aperfeiçoou sua voz.

Ao longo destes mais de 15 anos de carreira formou um duo com seu irmão, o violonista e compositor Henrique Torres. Desta parceria resultaram dois CDS, com suas tiragens esgotadas. Além de inúmeros shows por todo o Brasil, América Central, Europa e gravação em vários discos de outros artistas.

CD – Antes que a canção acabe é o seu primeiro trabalho solo. “A música ilustra meu caminho. É a trilha da minha vida. Sempre foi assim. Canto desde sempre. Várias canções me trouxeram pra cá, agora as escrevo pra depois poder segui-las pelo mundo. São elas que me carregam por aí. Esse novo trabalho vem de uma urgência.

E se as canções acabarem? O compositor Chico Buarque disse: Cadê a canção? Ninguém mais faz. Então, correndo, escrevi algumas delas e escolhi outras tantas de gente muito especial e jogamos tudo dentro desta caixa que guarda as mais preciosas lembranças. Pronto. Já temos mais um pouquinho da trilha das nossas vidas pra percorrer. Isso me deu um tremendo alívio.

Agora elas estão por aí, simplesmente reunidas pra contar a sua história”. São 12 canções cuidadosamente arranjadas por profissionais de primeira linha. Participação de músicos de expressão dentro e fora do Brasil, como Carlos Bala (considerado o melhor baterista do Brasil), maestro Laercio de FreitasJoão Lenhari (trompetista do cantor Roberto Carlos), Babi Bergamini (baterista do grupo Madredeus) e Dante Ozzetti(vencedor do Prêmio Visa e ganhador de dois prêmios Sharp).

Conheça mais desta compositora, letrista e cantora de bela voz, bom gosto musical e refinamento na técnica vocal. Pode deixar o som no último volume sem medo de ser feliz, pois, ela canta com uma suavidade de velar sono de bebê. Segue abaixo entrevista exclusiva com Taïs Reganelli para  a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.11.2010: 

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Taïs Reganelli: Nasci no dia 21 de novembro de 1978 em Berna, na Suíça.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Taïs Reganelli: Meu primeiro contato foi na escola. As artes em geral são disciplinas na escola. Comecei a cantar nos coros da escola e adorava. Em casa ouvia-se muita música brasileira de boa qualidade. Como morei fora por 12 anos, eu ouvia apenas aquilo que meus pais colocavam para ser ouvido.

Muito Chico Buarque, Milton Nascimento, Luiz Melodia, Edu Lobo. Lembro-me de ouvir mais os homens, não sei por quê. Ouvíamos também música européia em geral, um pouco de italiano, francês, inglês. Tinha muito The Beatles também.

03) RM: Qual a sua formação musical e a acadêmica fora música?

Taïs Reganelli: Na teoria aprendi muito pouco sobre música. Na escola aprendi a ler partitura e logo esqueci. Aos 8, 9 anos de idade, se não me engano, fiz aula de piano, mas já não sabia mais ler. Apenas reproduzia o que meu professor fazia. Logo nos mudamos para o Brasil e não estudei mais. Na faculdade fiz Artes Plásticas, mas nunca atuei.

04) RM: Quais suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Taïs Reganelli: A música brasileira sempre teve uma importância fortíssima na minha vida. Talvez fosse a forma que meus pais encontraram de estar perto do Brasil. Era a referência do país de origem. Lembro-me que aos 9 anos de idade eu cantava “Vai passar” do Chico Buarque inteirinha! Já meu irmão sempre foi minha maior e melhor referência. Ele ouvia Pink Floyd dia e noite, ouvia PixiesThe Beatles.

E me lembro de uma fase Caetano Veloso. Tudo o que ele ouvia eu acabava absorvendo de uma forma ou de outra. Fora isso, ele me ensinou tudo o que sei de música até me encontrar. Acho que mesmo que eu não ouça mais, ninguém deixou de ter importância porque de certa forma ficou na minha cabeça.

Tenho certeza que um “Branduardi” influenciou algum arranjo, por exemplo. Hoje ouço Yael Naïm, minha amiga Fernanda Dias que está com um disco incrível. O Dante Ozzetti está no meu som há uns 2, 3 anos (risos). E quem me emociona diariamente é meu amigo Diego Moraes.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Taïs Reganelli: Acho que posso dizer que comecei a cantar aos 9 anos de idade, que foi quando participei do meu primeiro festival.

06) RM: Quantos CDs lançados (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que se destacaram em cada CD?

Taïs Reganelli: Lancei três CDs. Estou em estúdio com mais um que deve sair em final de 2010. Quanto às participações em CDs de amigos e parceiros, devo ter gravado em uns 10. Meus dois primeiros discos eu gravei em parceria com meu irmão. Todos os discos são autorais e de inéditas (sejam minhas ou de amigos parceiros). Henrique Torres (meu irmão) sempre está envolvido nos projetos.

Ele é um excelente arranjador, como poucos. Nando Freitas e Fernanda Dias são parceiros de composições em quase todos os discos e convidei os mais variados músicos para a gravação dos CDs. Pude contar com Carlos Bala (bateria), Dante Ozzetti (voz e arranjo), Laercio de Freitas (piano e arranjo).

E muitos, muitos outros competentíssimos músicos que emprestaram seu talento pros meus discos ficarem ainda mais bonitos. Acho que do CD – Antes que a canção acabe posso destacar Uma canção só (pra você) que é uma música do Nando Freitas e que o Diego Moraes cantou comigo. Ela tem “enga”, como diria minha amiga cantora/compositora Tatiana Rocha, ou seja, ela tem algo a mais. Todo mundo gosta (risos).

Discografia: Taïs Reganelli – Talvez até pensando bem – Gravado em 1999 (não foi lançado). Taïs Reganelli e Henrique Torres – MPB e companhias (2002). Taïs Reganelli e Henrique Torres – MPB e companhias (2004)

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Taïs Reganelli: Essa parte é sempre difícil. Acho que a maioria dos músicos gostaria de não ter que se definir. Mas sem pretensão nenhuma, diria que meu disco é um pouco “world music” pois tenho jazz, blues, valsa, canção e até flamenco. Tudo isso por influência do que já ouvi ou vivi. Nada foi planejado.

08) RM: Como você se define como cantora/interprete?

Taïs Reganelli: Sinto-me privilegiada por fazer o que gosto. Não digo isso simplesmente pela carreira, mas também pela escolha de estilo. Vivo de música desde sempre e sempre pude cantar o que gosto. Sinto-me segura na escolha de repertório.

Tanto no repertório de conhecidas como as que estão nos meus discos. Tenho uma voz pequena, mas afinada e tenho um timbre que não agride. E acho que isso talvez seja o que mais gosto. Se você colocar meu disco no último volume, você não vai ficar com dor de ouvido ou irritado (risos).

09) RM: Você estudou técnica vocal?

Taïs Reganelli: Não. Em 1999 tive uma fenda vocal considerável e fui fazer tratamento fonoaudiólogo. Aprendi uns exercícios para rouquidão, outros para alcançar mais graves, etc. Mas acho que o que aprendi de técnica foi cantando. E hoje sei que tenho técnica, mas não saberia explicar como faço pra usar. De qualquer forma, sempre que me perguntam, eu aconselho o estudo.

10) RM: Quais as cantoras que você admira?

Taïs Reganelli: Gosto muito da pureza da Yael, da emoção da Fernanda Dias, da simplicidade da Adriana Calcanhotto. A Amy tem uma técnica inacreditável. A Elza, aGal Costa, a Zizi Possi (apesar de às vezes pecarem no repertório), a Thereza (do Madredeus). Camille é incrível também. Difícil. né? Pôr, a Elis Regina era sensacional. A Piaf…

11) RM: Quem são seus parceiros musicais?

Taïs Reganelli: Meus parceiros principais são Nando Freitas e Fernanda Dias. Mas tenho coisa com o Henrique Torres, com o Fernando Siqueira.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Taïs Reganelli: Talvez os prós e os contras sejam os mesmos. É muito bom você tomar todas as decisões, mas tem hora que você gostaria de só fazer o que te pedem. Em relação a repertório, arranjo, eu acho fundamental o próprio artista decidir. Afinal é a própria identidade estampada ali. É você quem dá a cara a tapa. O fato de não ser independente ajuda na divulgação, na vendagem de shows. Afinal a parte burocrática não deveria ser feita pelo artista e no final das contas acabamos fazendo tudo. Até sei um pouquinho sobre leis.

13) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Taïs Reganelli: Gosto de músicos que tem surgido. Sempre digo que tem muita coisa boa, basta saber onde. Já que estamos falando em duas décadas, eu destaco a Marisa Monte. Pra mim ela é uma das maiores profissionais do ramo. Completa, mesmo. Sabe exatamente o que está fazendo. Chico César pra mim chegou bem e continua bem, Dante Ozzetti também. A Vanessa Krongold do Ludov é uma bela surpresa!

14) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Taïs Reganelli: Marisa Monte, como eu disse é meu exemplo de profissionalismo. Mesmo não sendo a pessoa que mais ouço. O Edu Lobo acabou de lançar um disco. Depois de sei lá quanto tempo, continua fazendo coisas belíssimas, qualidade artística impecável.

15) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Taïs Reganelli: Imagina em 20 anos o que não aconteceu? Nada, né? Risos. Já engoli uns três mosquitos e engasguei. Acho que eu puxei tanto fôlego que o coitado não teve força pra voar contra. Espirrei, caí, crises de riso eram comuns principalmente quando eu tocava em lugares onde ninguém prestava atenção.

Você acaba se divertindo sozinho, sabe? Muda a letra e diz algo absurdo e ninguém percebe. Uma vez eu estava cantando de olhos fechados, sentada e foi uma coisa mais bizarra que já me aconteceu. Por milésimo de segundos eu cochilei. Sabe quando você dá aquela “pescada”? Dei um tranco tão grande de susto!

Trabalhos sem receber aconteceram pouquíssimas vezes a ponto de ter nos dedos de uma só mão. Som ruim é muito comum e técnico ruim mais ainda. Brigar, que eu me lembre, nunca. Tem um episódio engraçadíssimo de quando fomos gravar um programa numa cidade do interior de São Paulo.

Chegamos lá e só soubemos quando chegamos que seria playback. Nunca tínhamos feito e nunca mais fizemos. Colocaram o disco e a gente, toscamente cantou em cima e o CD resolveu pular umas 5 vezes. A música que tinha 2 minutos ficou com 5 e minha dublagem parecia aquelas dublagens mexicanas porque eu nunca sabia onde a música ia voltar depois do pulo(risos).

16) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Taïs Reganelli: Me emociono sempre. Acho que isso é um bom sinal. Canto com muita verdade.  Amo mesmo o que faço. Triste? Pessoas do mal querendo puxar tapete porque tem espaço pra todo mundo.

17) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?

Taïs Reganelli: Agora estou entre Campinas e São Paulo, mas como minha carreira foi de anos em Campinas falarei de lá. Por muitos anos Campinas tinha música ao vivo em 90% dos bares. Havia músico saindo pelo ladrão. O mais interessante de tudo isso é que a qualidade sempre foi excelente. A Unicamp forma instrumentistas que saem comendo o mundo. Daí ainda tem os compositores, cantores. O legal é que as pessoas se gostam, se admiram. Em uma clicadinha no Google você pode achar todo esse povo. Não deixe de ouvir Tatiana Rocha, Fernanda Dias, Nando Freitas, Helena Porto, Fernando Siqueira, Casa Caiada. Vou fazer injustiça aqui. Gente boa demais.

18) RM: Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir?

Taïs Reganelli: Vou recomendar coisas mais diferentes só pra não cair no óbvio. Yael Naïm, Jovanotti, La casa del conde, Madredeus, Piaf, Dante Ozzetti, Alexandre Lemos, Camille. Nunca me canso de recomendar o Diego Moraes. Nunca perca a oportunidade de ver o show desse monstro. Um cara que nasceu pronto e faz o que quer com notas e tempos.

19) RM: Você acredita que sua música vai tocar nas rádios sem o jabá?

Taïs Reganelli: Depende da rádio. Sei que em algumas é praticamente impossível, outras, eu já toco. Mas é claro que algumas de grande expressão cobram jabá. Acho louvável o trabalho da Rádio Cultura de Amparo, por exemplo.

20) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Taïs Reganelli: Se tiver talento, siga. Mas siga com vontade sem preguiça. Abrace cada oportunidade como se fosse a melhor. Simples assim.

21) RM: Taïs Reganelli, Quais os seus projetos futuros?

Taïs Reganelli: Terminar meu novo disco que já estou mixando, fazer uma turnezinha, começar a pensar num próximo disco e seguir cantando.

Contatos: (+351) 911781191 |  [email protected]
[email protected]

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