More Jota Gomes »"/>More Jota Gomes »" /> Jota Gomes - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Jota Gomes

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O cantor e compositor Jota Gomes defensor da música brasileira e do forró tradicional. Nos anos 1998 e 2000, participou do Festival “Forró Fest” organizado pela Tv Paraíba. A partir dessa participação no festival formou a banda Forrozão Jota Gomes e começou a trajetória realizando shows pelo Nordeste, mostrando suas canções e mesclando seu reportório com canções de outros artistas nordestinos.

Todo artista nordestino que envereda pelos caminhos da música tem como inspiração os grandes mestres do forró: Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro, com Jota Gomes não foi diferente, desde pequeno, ouvindo forró e na adolescência começou a compor neste estilo. Teve suas composições gravadas por outros artistas e brandas da região. Com 10 CDs gravados, se apresenta em eventos culturais importantes no seu Estado, como: “A Festa do Bode Rei”; “Bode na Rua” e no Maior São João do Mundo.

Atualmente com outra forma de comunicação, não tão fora da música, apresenta na Rádio Panorâmica FM, um programa onde toca os maiores mestres da música nordestina.

Prepara repertório para mais um CD com músicas inéditas e algumas regravações com nova roupagem, sem fugir da linha regional. Composições que têm como tema, o amor, a natureza e as tradições nordestinas, como o cotidiano do vaqueiro, do sertanejo.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Jota Gomes: para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 13.11.2017:

01) R M: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Jota Gomes: Nasci no dia 13 de fevereiro de 1962 em Soledade – PB.

 02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música?

Jota Gomes: Meu contato com a música foi através da família. Meus tios juntavam-se para tocar Violão e cantar tive esse primeiro contato. Mas em 1980 meu irmão mais velho que já tocava e compunha músicas românticas, gravou um disco Compacto. E sem ninguém saber eu já rabiscava algumas letras mais voltadas para o forró.

03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?

Jota Gomes: Cursei apenas o ensino fundamental até a 8ª série. Não tive uma formação musical, o que sei de música deve-se a ouvir muito e ter esse contato através do Rádio e da própria família que não tem nenhum músico com formação (riso). Somos todos amantes da música.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Jota Gomes: Minha primeira influência mais próxima foi meu irmão e depois o cantor e compositor João Gonçalves, que me inspirei nele nas minhas primeiras composições. Mas também o ouvir muito: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Trio Nordestino, Os Três do Nordeste e Marinês. Eles foram influências importantes e não deixaram de ser. Todos tiveram muita importância e com eles aprendi muito.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Jota Gomes: Em 1998 quando participei do Festival Forró Fest esse foi o primeiro passo, não ganhei o Festival, mas ter participado me deu muito mais segurança para ir firmando os primeiros passos, e dando os passos seguintes que me deram a certeza de que o forró era o que corria nas veias.

06) RM: Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

 Jota Gomes: Foram 10 CDs. Desde o primeiro em 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. Sendo que dois destes foram feitos ao vivo. Os primeiros trabalhos têm um perfil irreverente na linha do leve duplo sentido depois os últimos mais pé de serra. As músicas que o público mais gosta são: “Mão no pilão”, “Vou largar dessa mulher”, “Andarilho apaixonado”, “Cigana”, “Cara metade”, “Coração vagabundo”, “Vaqueiro apaixonado” e a demais canções de vaqueiro, pois a região onde faço mais shows tem muitos vaqueiros e amantes de vaquejada.

07) RM: Como você define o seu estilo musical?

Jota Gomes: Não posso dizer que tenha um estilo definido, faço o Forró desde que comecei a minha carreira e continuo nessa linha, agora investindo mais forte no Forró Pé de Serra.

 08) RM: Você estudou técnica vocal?

 Jota Gomes: Não estudei. Mas sei o que é necessário para cantar minhas músicas.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

 Jota Gomes: A importância da técnica é para que se mantenha a voz saudável e protegida.

 10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Jota Gomes: São tantos, temos muitos artistas admiráveis, mas posso destacar aqui, Flávio José, João Gonçalves, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Jorge de Altinho e também os que são eternos ídolos e que deixaram um legado, como os inesquecíveis, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Marines, Anastácia e o nosso Rei do baião Luiz Gonzaga.

11) RM: Como é o seu processo de compor?

Jota Gomes: De forma muito simples. Como vivo mais na área rural, enquanto descanso surge uma ideia faço anotações, gravo uma melodia e vou ajustando.

 12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição? 

Jota Gomes: Tenho poucos, entre eles Tom Oliveira, Roberto Moraes e Diassis Ângelo.

 13) RM: Quem já gravou as suas músicas?

Jota Gomes: Tom Oliveira e Mauricinhos do Forró.

14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Jota Gomes: O trabalho com dedicação e muito profissionalismo, mesmo diante de grandes dificuldades, este é o lado positivo. Você saber seguir em frente com garra e o que vem contra toda essa luta é a questão da falta de apoio por parte dos meios de comunicação. O cantor independente encontra muita dificuldade para divulgação de seu trabalho na grande mídia.

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

 Jota Gomes: A melhor estratégia no palco é o respeito ao meu público, a atenção e principalmente a qualidade do que levo aquelas que me assistem. E juntamente com os músicos apresentar-me sempre com alegria e a positividade que a música proporciona. Fora dos palcos tenho o meu programa de Forró que apresento uma vez por semana na rádio.

16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

 Jota Gomes: Ação empreendedora ligada à carreira é a produção de jingles e comerciais. Apresento um programa de forró em uma Rádio Local. Lido com uma pequena plantação e uma pequena criação de caprinos, que me inspiram no desenvolvimento de minha carreira musical por está em contato com a natureza, que faz a inspiração artística fluir bem melhor.

 17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

 Jota Gomes: A internet, assim como todas as coisas na vida, tem dois lados. O lado positivo da internet é a velocidade com que as informações chegam. Uso as redes sociais para divulgar o meu trabalho, isso é importantíssimo. A questão que não favorece é a facilidade das pessoas em adquirir as nossas músicas sem comprar o CD e isso prejudica, pois é uma venda que deixa de feita.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

 Jota Gomes: Desvantagem eu não creio que há, mas as vantagens são grandes. O fato de se ter à mão essa tecnologia facilita muito o trabalho do músico independente.

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

 Jota Gomes: Passei uns anos sem gravar, fazendo CDs promocionais ao vivo não que isso seja o diferencial, por que aposto mesmo é na dedicação e respeito ao meu público. Acredito que o respeito, o tratar bem, oferecendo a música de qualidade, mesmo sendo um ritmo forte como é o forró, é preciso leveza no que se leva ao público e busco fazer mais shows.

20) RM: Como você analisa o cenário do Forró. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

 Jota Gomes: Acredito que quando se faz o trabalho com verdade, pode até não ser tão evidente, mas realiza algo marcante que permanecerá, pois com todas as dificuldades que o forró encarou e ainda encara, posso dizer que a autenticidade vai prevalecer, posso citar Flávio Leandro, Maciel Melo com o forró autêntico e tratando dos assuntos da nossa terra, Flávio José, quanto a regressão, os modismos sempre regridem, apelos midiáticos serão passageiros. Todos têm espaço, mas o que for verdadeiro, a manutenção da qualidade e originalidade, passa a ser o essencial.

21) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Jota Gomes: Jorge de Altinho, Zé Ramalho, Nando Cordel, Flávio José, Alcymar Monteiro, Amazan.

 22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

 Jota Gomes: Sempre acontecem coisas complicadas, mas também engraçadas. Certa vez num show estava cantando músicas de Jorge de Altinho e um senhor na plateia cismou que eu era próprio Jorge de Altinho e foi difícil convencê-lo que não (Risos). Teve outra situação que tivemos dificuldade com o som e o sanfoneiro ficou muito bravo a ponto de deixar o palco. Na hora é complicado, mas depois a gente até ri dessas situações.

23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Jota Gomes: O que me deixa feliz é cantar e ver o público cantando junto. É ver o público se alegrando com a minha música. O que me entristece é ver o artista correndo para mostra seu trabalho, preservar a nossa cultura e não encontrar no poder público apoio. É uma falta de interesse em investir no artista para que possa sobreviver de sua arte.

24) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?

 Jota Gomes: Moro na cidade de Boqueirão-PB, lugar que tem muitos músicos e compositores. Hoje, mesmo estar acontecendo eventos voltados para músicas eletrônicas e outros estilos; as festas juninas e o forró continuam fortes. Há também eventos culturais para valorização da música regional. As rádios também continuam fazendo a música regional ter seu espaço. Isso é muito bom.  Um exemplo é o carinho que a cidade tem por Silvio de Boqueirão (falecido), um cantor muito querido que cantou as coisas da nossa cidade como ninguém, numa canção ele dizia: “Vem conhecer a cidade das águas, vem conhecer o meu Boqueirão”.

 25) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora, que você indica como uma boa opção?

 Jota Gomes: Forró Chapéu de Palha, Edgar dedo de Prata, Trio Canarinho.

26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

 Jota Gomes: Sim. Como já aconteceu, porém nas rádios menores, as rádios grandes não dão muita chance.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

 Jota Gomes: Digo que a caminhada é árdua e que haverá momentos difíceis, mas tem que ter garra, ser persistente encarar com muita vontade e acima de tudo, muita fé em Deus para seguir, trabalhe com amor e faça o melhor.

28) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?

 Jota Gomes: Os festivais são meios de mostrar os artistas que estão começando. É um incentivo até para que o próprio artista se descubra como foi meu caso, mas infelizmente há muita burocracia.

29) RM: Na sua opinião, hoje os Festivais de Música ainda é relevante para revelar novos talentos?

 Jota Gomes: Sim.

 30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela mídia da cena musical brasileira?

 Jota Gomes: Sem dúvida a mídia é eficiente no mundo artístico, em pouco tempo é capaz de levar ao topo, desde que seja bancado por empresários e até pelo poder público.

 31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Jota Gomes: São espaços importantes, mas para os iniciantes ainda é um espaço limitado.

32) RM: Jota Gomes, Qual a sua opinião sobre as bandas de Forró das antigas e as atuais do Forró Estilizado?

 Jota Gomes: O Forró das antigas canta a essência da música nordestina, enquanto o Forró estilizado, eu não tenho nada contra, mesmo por que cada um sabe o que quer na área musical, mas a proposta do Forró Estilizado é bem diferente dos caminhos percorridos pelo Forró Tradicional que marca a nossa cultura.

Nota de Falecimento:

Na madrugada do dia 31.12.2017 o cantor, compositor e radialista Jota Gomes foi assassinado, no bairro do Jardim Paulistano em Campina Grande (PB), com dois tiros disparados no rosto e no peito por um homem que chegou de moto junto com o seu compassa. A polícia investigar os motivos do crime bárbaro.


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