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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Projeto Ladislau

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O Projeto Ladislau é um duo musical brasileiro, formado na cidade de Porto Alegre – RGS no ano de 1996.

Amigos desde o tempo de escola e moradores do bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre, em 1996 Jossiano (Jo) Leal e Felipe Rodrigues começaram a fazer alguns RAPs. Ambos são ex-integrantes de bandas da cena musical porto-alegrense, e no ano de 1998, gravaram e lançaram a sua primeira demo, o single “Rap da Beleza”. Em 1999 a música ganha nova versão e é selecionada no Festival de Música de Porto Alegre, chegaram a fase semifinal.

Com influências de grupos como Run DMC e Beastie Boys, além de bandas locais como Comunidade Nin-Jitsu, o duo divulgou a música online em uma época em que isso não era tão comum. No ano seguinte, 2000, o Projeto Ladislau estava entre os artistas mais populares de Porto Alegre no antigo site mp3.com, ao lado de bandas como Wonkavision, Video Hits e Ultramen.

Já em 2002 gravam uma nova demo, com as músicas “Protesto” e “Blues do Amor”, e mais uma vez é atingida a fase semifinal no Festival de Música de Porto Alegre, com a extinta banda Prana servindo como apoio. Em 2004 chega a terceira participação no Festival, com o mesmo resultado das vezes anteriores. Neste mesmo ano também é lançado o single “Para!”.

No ano de 2007, a música “Protesto” foi selecionada para virar ringtone no site da operadora Claro, dentro do projeto chamado de “Demo Hits”. Já em 2009 o duo lançou o single “Fiz Até Macumba”, flertando com o Charme e o R&B.

Em 2012 são aprovados no Fumproarte, mas ficam fora da seleção final, e em 2013 são contemplados no concurso da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre para financiamento do primeiro álbum, que foi gravado no primeiro semestre de 2014, contendo 10 faixas, que oscilam entre o rap, o rock, o reggae e até o blues.

A produção do álbum foi relatada no site oficial www.projetoladislau.com. Com dez faixas, todas de composição própria, o disco chega em meio físico promocional prensado em formato SMD e também disponibilizado de forma digital em lojas virtuais como iTunes, Deezer, Rdio, Spotify e CD Baby.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Jossiano e Felipe do Projeto Ladislau para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa  em 01.10.2015:

01) RitmoMelodia: Qual a data de nascimento e a cidade natal de Jossiano e Felipe?

Ladislau: Salve! Ambos somos de Porto Alegre – RGS, respectivamente nascido no dia 26/02/1980 e 15/10/1978.

02) RM: Fale do primeiro contato com a música de Jossiano e Felipe.

Ladislau: Parece que cada um já batucava dentro da barriga de cada mãe antes de nascer… Mas falando sério. Jossiano, desde pequeno já gostava de música, pegava os discos do pai e cantava em cima, gravando em fita K7, ganho o primeiro violão (feito à mão pelo meu avô) aos cinco anos de idade, mas desde pequeno tinha fascinação pelo Teclado, deixando de lado os instrumentos de corda, que chegou a estudar quando pequeno, em prol dos eletrônicos. O Felipe também fez aulas de guitarra e violão com 10, 11 anos de idade, depois estudou Piano.

03) RM: Qual a formação musical e\ou acadêmica (Teórica) de Jossiano e Felipe?

Ladislau: Estudamos música mais na infância e adolescência. Somos ambos autodidatas, adeptos do método randômico de criação e também da tentativa e erro. Jossiano é da área das ciências exatas, com formação em computação, o Felipe tem estudos nessa área também, mas é formado em Direito.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente de Jossiano e Felipe. Quais deixaram de ter importância?

Ladislau: Desde sempre hard rock (Kiss, Poison, Aerosmith), mas principalmente rap old-school como Beastie Boys e Run DMC, reggae e reggaeton como Bob Marley e mesmo Pato Banton, até nomes nacionais como Gabriel – O Pensador e Comunidade Ninjitsu.

05) RM: Quando, como e onde, Jossiano e Felipe começaram a carreira musical?

Ladislau: No começo dos anos 1990, cada um tocava em uma banda diferente. Chegamos a tocar em várias bandas juntos também. De rock, de pop, até mesmo de blues.

06) RM: Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações).? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

Ladislau: Um CD lançado, em 2014, fora os demos e singles desde 1998. Em 20015 já lançamos dois singles, um em janeiro e outro em junho, e ambos entraram na programação de várias rádios. “Mais Nada” foi a mais tocada do primeiro disco, assim como “Protesto”.

07) RM: Como vocês definem o estilo de RAP que vocês fazem?

Ladislau: A gente não gosta muito de rótulos. Fazemos som. Rap. Rock. Reggae. Pop. Som. Em geral.

08) RM: Como é o processo de compor de vocês? Quem faz a letra e quem faz a melodia?

Ladislau: Normalmente, Jossiano faz base da letra e Felipe a base da música (melodia). Mas isso não é regra, e igual sempre um dá pitaco na parte do outro.

09) RM: Quais são seus principais parceiros nas composições?

Ladislau: Até hoje só gravamos nossas próprias músicas. Mas isso não exclui gravarmos ideias de outros num futuro próximo.

10) RM: Vocês estudaram técnica vocal?

Ladislau: Sim. Mas menos do que gostaríamos.

11) RM: Qual a importância do estudo da técnica vocal e os cuidados com a saúde vocal?

Ladislau: A voz é o cartão de visita de um artista da música. Mas em quase vinte anos dá para dizer que já sabemos bem como manter a saúde vocal.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Ladislau: Melhor coisa é poder fazer o trabalho sem interferências, sem estar focado só para a parte comercial. Pior parte é não ter apoio para divulgação.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Ladislau: A música é nosso hobby, não profissão, então somos super tranquilos com isso, não temos nenhuma neura de carreira, de ter que fazer sucesso. Claro que a gente quer ser conhecido, mas a música é para nós aliviarmos o estresse, e não gerar mais.

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Ladislau: Divulgação em redes sociais, informar imprensa e fãs sempre nos lançamentos, buscar sempre aprender mais para fazer músicas mais elaboradas.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Ladislau: Internet não prejudica; só ajuda. Usamos a internet ao nosso favor desde o começo, quando quase ninguém usava, nós já estávamos mostrando nosso trabalho para o mundo.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso a tecnologia de gravação (home studio)?

Ladislau: O homestudio dá uma liberdade muito grande de tempo e horários. Dá para inventar mais, sem se preocupar com o tempo. Ao mesmo tempo, economiza muito. Mas para gravar voz e finalizar o som, muitas vezes vale a pena ir até um estúdio profissional.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente uma carreira musical. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo, mas a concorrência se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Ladislau: Não tentar ser comercial de maneira forçada e ao mesmo tempo sermos nós mesmos, sem querer imitar ninguém ou pegar carona em alguma moda de ritmo, essa é a ideia para ser diferente. O disco ainda é um grande cartão de visita, e um souvenir. Achamos importante, mas não algo totalmente necessário.

18) RM: Como vocês analisam o cenário musical do RAP no Brasil. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Ladislau: O RAP tem muitas vertentes, tanto no Brasil como no exterior. E no RAP mais “pop”, volta e meia surgem nomes que emplacam alguns hits e depois somem; como é no “pop” convencional. Os Beastie Boys sempre se mantiveram consistentes, até a morte do MCA e fim do grupo, por exemplo. No Brasil, Racionais MCs e Gabriel – O Pensador se mantiveram (cada um em seu nicho), assim como vieram nomes bacanas como Emicida, Criolo e Projota, entre outros.

19) RM: Quais principais diferenças do RAP americano em relação ao brasileiro?

Ladislau: O RAP nos Estados Unidos é mais popular. Há muitos selos e gravadoras investindo nos artistas. No Brasil o RAP acaba sendo mais um som de nicho, hoje em dia as gravadoras investem quase que exclusivamente em sertanejo e gospel, salvo raras exceções. Então, o RAP brasileiro acaba sendo mais “indie”.

20) RM: Quais os prós e contras de você optarem por fazer um RAP com fusões com outros gêneros musicais?

Ladislau: Como dissemos antes, a gente gosta de fazer som, não apenas ficar presos a um estilo. Então nada mais coeso com a nossa ideia do que misturar um pouco de tudo, poder brincar com os ritmos.

21) RM: Quais os motivos que os levaram a optarem por um RAP mais cantado que falado?

Ladislau: A gente faz isso, é? (risos). Nunca pensamos neste ponto de vista. A gente simplesmente vai compondo e vai saindo o som.

22) RM: Quais os motivos que os levaram fazerem uma base instrumental com arranjos mais complexos que os comuns no RAP?

Ladislau: Isso sim. Com o homestudio, como dissemos antes, temos a liberdade de poder experimentar bastante, e isso vai deixando os arranjos mais complexos naturalmente. Mas não exclui arranjos simples. Mero Engano, última faixa do nosso disco, é extremamente simples, por exemplo.

23) RM: Aonde começa e termina os clichês do RAP no som do Projeto Ladislau?

Ladislau: Depende muito do que se considerar clichê do RAP. Eventualmente até colocamos algo nesse sentido mais de forma irônica mesmo. Gostamos de fazer piada, inclusive conosco mesmo.

24) RM: Existe alguma influência da obra do Gabriel – O Pensador no Projeto Ladislau?

Ladislau: Sim, com certeza. Ele popularizou o RAP no Brasil no começo dos anos 1990, especialmente com o seu primeiro álbum.

25) RM: Quais as bandas de rock influenciaram a sonoridade do Projeto Ladislau?

Ladislau: Várias, até mesmo Beastie Boys e Run DMC podem ser chamados de bandas de rock. Até o RPM influenciou, no uso de sintetizadores. Guitarras de blues como do Eric Clapton ou de rock como do Kiss, baixos de reggae como do Jimmy Cliff. Muita coisa mesmo.

26) RM: Como a cena RAP nacional recebeu a proposta de RAP do Projeto Ladislau?

Ladislau: Nosso retorno vem mais de quem gosta de rock e pop do que do RAP propriamente dito. Algumas Pessoas do RAP acham que nosso som destoa do RAP “tradicional”, de gueto. E destoa mesmo. Não queremos ser o Sabotage, o 509-E, ou mesmo os Racionais MC’s. Somos o Projeto Ladislau.

27) RM: Quais os pros e contras da maioria das letras dos RAP apresentar o problema social, mas não apresenta soluções aos problemas?

Ladislau: Depende muito da ideia. Tem problemas que merecem ser expostos por desconhecimento das pessoas. Soluções mágicas também não existem. Imagina falar uma teoria econômica numa letra de música? Explicar o liberalismo ou uma teoria socialista? Mas ao mesmo tempo dá para falar que a educação resolve muitos dos problemas do país – só que em longo prazo, e brasileiro gosta de imediatismo.

28) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Ladislau: Hoje acho que não tem alguém que a gente concorde 100% com o que fala e pensa. Tem muita gente boa, e não só no RAP, como no sertanejo mesmo, pagode, funk, rock… O Mr. Catra é um baita profissional no que faz, por exemplo.

29) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Ladislau: Eu (Jossiano) já toquei em bar com seis ou sete pessoas olhando, já tive o Teclado queimado quando fazia um solo, já vi um amplificador pegar fogo no palco e saí correndo para buscar um extintor… Nos festivais mesmo foi muito louco ver gente cantando nosso som e bêbados dançando e nos abraçando quando descemos do palco. Uma vez eu estava cantando num bar na praia e uma senhora veio me assediar depois, mas dei um desdobre e saí fora…

30) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Ladislau: Feliz a gente fica quando recebe um elogio. Um e-mail de desconhecido elogiando nosso som, pessoal curtindo e compartilhando nossos links em redes sociais, pedindo nossos sons nas rádios. Triste a gente não chega a ficar, porque música é diversão para nós. Eventualmente podemos ficar meio frustrados com algum som que não teve a repercussão esperada.

31) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?

Ladislau: Porto Alegre (RS) é uma cidade muito rica culturalmente. Temos muito som bacana aqui, Rock, Pop, Reggae, RAP, MPB… Mas ao mesmo tempo muitos bares e locais privilegiam a música couvert em relação à autoral. E isso desestimula muita gente. Também é muito difícil conseguir espaço nas maiores mídias do estado.

32) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora, que você indica como uma boa opção?

Ladislau: Acústicos e Valvulados, Tequila Baby, Piá, Da Guedes, Comunidade Ninjitsu, The Rock Legs, Calibre, Armandinho, Catuípe, Papas da Língua… Bah… Tem muito som de qualidade na capital gaúcha.

33) RM: Você acredita que as suas músicas tocarão nas rádios sem pagar o jabá?

Ladislau: Já tocam em algumas rádios, de vários estados do Brasil e mesmo em países lusófonos, sem jabá. Mas nas grandes rádios é praticamente impossível.

34) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Ladislau: Procurar evoluir sempre e não ter medo de errar. Dar a cara à tapa, porque (quase) toda a opinião sobre o teu trabalho é válida.

35) RM: Como você analisa o papel da mídia em relação ao mercado musical?

Ladislau: A mídia é e sempre vai ser essencial. Seja a mídia convencional, com rádios, televisões, jornais e portais de internet, quanto à alternativa, de e-zines, fanzines, blogs, rádios comunitárias e, principalmente, as redes sociais. A Rede social é o novo: boca a boca. Com um alcance potencialmente muito maior.

36) RM: Qual a motivação em criar e/ou cantar canção com letra relevante com a propagação e popularização nas Rádios e TV de música de letra descartável ou banal?

Ladislau: Tudo é uma questão de público-alvo. Tem público para praticamente tudo. O problema é quando a massificação leva a um número muito grande de pessoas algumas coisas e deixa todo o resto resumido a nichos.

37) RM: Qual a importância de Festival de Música para a carreira musical? Você já participou? Você acredita que ainda revela novos talentos?

Ladislau: Sim, festivais são muito bacanas! Participamos três vezes do Festival de Porto Alegre, e nas três (1999, 2002 e 2004) chegamos até as semifinais. Participamos ano passado do Festival do Ministério Público do Estado, e são experiências super válidas para divulgar o som e conhecer novos amigos do meio musical.

38) RM: Quais os prós e contras de ter experiência como produtor musical na hora de fazer a própria produção musical?

Ladislau: O bom é conhecer “o caminho das pedras”, ter toda a noção do que fazer e como fazer. O contra é não ter os contatos de produtores mais conhecidos para divulgar melhor o som.

39) RM: Quais os prós e contras de usar a tecnologia como banda na hora do show?

Ladislau: Não é o ideal, principalmente na parte visual, mas se torna necessário pelo nosso formato. Tocamos todos os instrumentos em estúdio para gravar, e fica impossível reproduzir ao vivo. Então usamos tablet, looper e computador ao vivo.

40) RM: Quais os seus projetos futuros?

Ladislau: Lançar no final do ano ou no começo de 2016 um novo álbum, e com ele pelo menos um vídeo clipe. Queremos também fazer algo para o final do ano que vem, quando comemoramos 20 anos do Projeto Ladislau.

41) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Ladislau: www.projetoladislau.com  | [email protected] | Nosso twitter@projetoladislau, nossa fan page no WWW.facebook/projetoladislau


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