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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Helena Elis

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A cantora, compositora e violonista paulistana Helena Elis vem nadando contra a maré da adversidade para não afogar o sonho de ser artista.

De família humilde teve que encarar “os pegues e pagues da vida” logo cedo. E cedo foi seu encontro com o violão que se tornou a sua espada e escudo. Sua atividade musical começou no coral de uma igreja evangélica tocando Violão. Depois abriu os seus horizontes musicais encontrando na música popular brasileira inspiração. Sua obra traz uma nítida influência da cantora e compositora Adriana Calcanhoto, no cantar e em algumas composições. Helena tem um cantar sussurrado, com um timbre de voz de colocar criança para dormir e de preparar o clima para uma noite de amor de um casal apaixonado. As suas composições trazem melodias suaves e letras que deixa o ouvinte empapuçado de amor (principalmente os dois CDs mais recentes). Seu primeiro CD – Etc… Brasil traz composições românticas que falam do amor, de um Brasil, mundo e pessoa melhor. Esse CD de estreia mostra uma compositora eclética. Já os CDs – Lugares Proibidos e Alma Feminina o clima é de romantismo total. A cantora com quase dez anos de carreira já passou pelas principais provas de fogo e obstáculos de sobreviver de música nos “Bares da vida”. As decepções e constrangimentos serviram de combustível para não desistir do sonho de tocar o seu instrumento, compor e cantar. Hoje tem a sua música Lugares Proibidos tocando em rádios pelo Brasil. Em São Paulo sua música Lugares Proibidos tocando na Nova Brasil FM acendeu a chama do sonho e deu fôlego para ela dá muitos passos sobre as brasas no caminho musical.

Em 2007 tem planos de lançar um novo CD com músicas inéditas e outro Ao Vivo com as suas melhores musicas. Ouvindo atentamente os três CDs autorais de Helena Elis percebesse uma evolução gradual. O lado cantora estar aquém do nível da compositora. Falta ela se soltar mais na interpretação e explorar mais as suas possibilidades vocais. Mas a boa notícia é que se percebe que existe um potencial vocal que não foi explorado e que não chegou ao limite. Uma direção musical dando maior atenção à interpretação, aos arranjos e acompanhada de uma banda deixará a cantora em pé de igualdade com o potencial de compositora e violonista. Na música Lugares Proibidos percebesse uma evolução significativa.

Segue abaixo uma entrevista exclusiva com Helena Elis para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 03.01.2007:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e cidade natal?

Helena Elis: Nasci em São Paulo, no bairro do Butantã, no dia 26 em Janeiro de 1976, a nova filha de 11 irmãos, com um único homem (o mais novo).

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Helena Elis: Foi ao seis anos em uma igreja evangélica. Contra a vontade de meu pai que era ateu. Minha mãe e minhas irmãs me levaram a igreja onde havia coral e o grupo de mocidade. Eu ficava encantada apenas com a parte instrumental. Pensei, vou tocar Violão ou outro instrumento de corda. Minhas irmãs resolveram fazer aula de Violão e o professor ia à minha casa. A aula não era para mim, mas eu prestava atenção em todos os acordes, todos os movimentos, aí um dia peguei o Violão e mostrei para elas como era que se fazia. Elas ficaram boquiabertas e deixaram de fazer as aulas. E a que regia o grupo de jovens na igreja me pediu para tocar para eles a partir de então. Mas meu primeiro contato real com a música aconteceu desde criança, pois meu pai tocava no acordeon, um tal de Luiz Gonzaga enquanto minha mãe fazia contra ponto com a gaita, e eu escutava aquilo maravilhada!

03) RM: Quais suas principais influências musicais na infância e nos dias atuais?

Helena Elis: Na infância foram as músicas de Luiz Gonzaga, músicas sertanejas tradicionais e Ronaldo AdrianoJerry AdrianiRoberto Carlos, que os meus pais escutavam e tocavam sempre. Além de música Gospel, como Ozéias de Paula e Álvaro Tito. Depois comecei a ouvir Verônica Sabino, Adriana Calcanhoto, Guilherme Arantes e Ney Mato Grosso.

04) RM: Qual a sua formação musical?

Helena Elis: Teoria Musical por cinco anos, violão popular e canto por 3 anos, improvisação por 2 anos e conservatório musical.

05) RM: Qual a sua formação escolar?

Helena Elis: Universitário “incompleto”. Comecei o curso de Historia, mas precisei parar para continuar com a música, que não tem horários definidos de trabalho.

06) RM: Quando você iniciou a carreira musical?

Helena Elis: Eu tocava apenas músicas sacras na igreja, mas dava uma fugida experimentando músicas que me chamavam a atenção, que ouvia no rádio, na sanfona e gaita de meus pais e até as da vitrola do vizinho. Mas sentia nas veias o sangue correr mais veloz pelo instrumento e pouco pelo canto. Precisava cantar apenas para a voz servir de guia para treinar durante as aulas. Nesse período já compunha músicas sacras e músicas para os candidatos da cidade, em 1985 jingle para Jânio Quadros, Antônio Ermírio, Paulo Maluf, Ulisses Guimarães, etc. Nesse período tocava nas igrejas, em casa e em formaturas. Isso quando havia tempo entre uma profissão e outra que fui exercendo com o passar dos anos: vendedora de artigos de mesa e banho na feira junto a uma de minhas irmãs mais velhas; vendedora de amendoins junto ao pai na linha do trem de Vila São José e mais tarde de doces em geral; assistente de limpeza, professora de datilografia, professora de violão particular e numa entidade filantrópica em São Paulo, auxiliar odontológico e fabricante artesanal e vendedora da própria cocada.

Em 1998 me casei e continuei vendendo cocadas e dando aulas particulares. Porém, meu marido não queria que eu continuasse com as vendas e aulas, embora fosse dinheiro responsável por metade do pagamento das despesas mensais. Parei e fui fazer o que ele também não ia gostar nada. Descobri que podia levar mais a fundo a música, não apenas tocando para as pessoas cantarem, mas também, cantando. E comecei cantar na famosa e já desgastada “Música ao vivo no Barzinho”. Fiquei tanto tempo trancada espontaneamente dentro do mundo Gospel, que desconhecia uma serventia maior que a música poderia ter em minha vida. Eu não precisava ficar esperando apenas os finais de ano para ganhar um dinheiro extra nas formaturas das escolas e no Tom Brasil. Coloquei o Violão nas costas e fui à caça do PRIMEIRO BARZINHO, sem experiência nenhuma sobre em quais locais cabia o meu trabalho, e qual proposta teria de apresentar aos donos de bares. Ia entrando em qualquer um, onde via um espaço com prateleiras lotadas de garrafas de uísques, vinhos e outras bebidas, e escrito: Restaurante, Pizzaria, Churrascaria, etc, e lá ia me metendo, desconhecendo as manhas do próprio meio. Lembro-me do primeiro dia que comecei procurar, e dos primeiros não, embora no final do dia, um me deu mais atenção, perguntou qual era o meu repertório e disse: Tudo bem! Vitória! Fui contratada para fazer Happy Hour de MPB de segunda a sexta. O bar chamava-se Bardrugada. Fiquei muito feliz, mas não iludida, pois meus professores haviam alertado sobre a “máfia da noite”. Eu tentei me preparar, me proteger para não me abater com futuros aborrecimento, mas, na pele, ardeu bem mais que o imaginado! Eu sabia que eram apenas os aperitivos da refeição, apenas as primeiras pedrinhas do caminho de um sonho com uma longa ESTRADA pela frente! Apliquei a noção musical que adquiri na época de coral. Lembrei de todas as músicas que tinha de cabeça e fui incluindo novas ao repertório. Enquanto cantava como sabia, comecei um curso de canto para aprender explorar melhor a voz e fiz várias sessões de fonoaudiologia para melhorar a dicção. Os obstáculos do meio musical já não assombravam tanto, pois estava consciente de que já estavam inclusos no preço do sonho. O que me custaria mais caro chegaria em forma de uma decisão muito difícil. O marido impôs algo impossível. Eu devia chegar em casa no máximo as 21:00 h, caso contrário, nem precisa voltar. A música ao vivo dava mais dinheiro após as 22:00 h. Resultado; Fim de casamento. Descobri que meu sonho. Com todas as dificuldades valia muito mais. Começar de novo, como diz a canção. Eu com um violão nas costas, um caminhãozinho de mudança que eu mandei pelo menos duas vezes embora, por não querer sair de casa levando as poucas coisas que eu tinha. Disse em pensamento; Cocadas, conto com vocês outra vez, hein? Aí sim, naquele momento realmente senti que coloquei o pé na estrada.

07) RM: Quais principais obstáculos enfrentados nos bares da vida?

Helena Elis: Todos que fazem parte do meio musical. Falta de um equipamento de qualidade, quando havia equipamento. Pois para muitos donos de Bar, que não pagavam um cachê decente, a obrigação do equipamento era do músico, inclusive o transporte. Quando o cachê era por couvert, acontecia diversas vezes de me dizerem que nem todos os clientes concordaram em pagar, por isso, os acertos iam ser abaixo do esperado. Ficaria muito constrangedor se saísse de mesa em mesa perguntando quem havia ou não pago o couvert artístico. O que me fazia sentisse usada, era quando a administração do shopping dava ordem à empresa contratante para que não deixasse o músico cantar músicas autorais. Não sei que lógica encontrava para tal absurdo, mas pela paz profissional, eu não cantava música própria. Tudo isso pela tranqüilidade e sinal de humildade, o que esperava do músico. O que me deixava indignada, era quando a acústica do bar era ruim e o som vazava para a casa dos vizinhos. Então os donos me pediam para tocar baixinho para não causar mais problemas. E na medida em que ia cantando baixinho, os clientes falavam mais alto. Então os poucos que estavam ali mais pela música, diziam que não estavam me escutando e eu discretamente aumentava o volume, mas era arrumar briga. Muitas vezes acontecia de eu chegar, e o contratante dizer que não estavam me esperando. Pois naquela noite, haveria uma festa fechada, a qual o aniversariante já havia contratado todos os serviços, inclusive o músico. O pessoal da casa dizia que não podia fazer nada e assim não ressarciam meu gasto com o transporte. E ficava a revolta por me sentir profissionalmente desrespeitada. Algumas pessoas pensam que quem tem um sonho ligado à arte musical, estão brincando de cantar, de arranhar um instrumento ou fazer versinhos. A forma que tratam o músico no Brasil, deixa a nítida impressão de que a aspiração musical é coisa leviana ou um entusiasmo frágil. Que não irá tão longe e não resistirá a um primeiro desafio. A poesia profunda de todas as letras não passa de Te amo. Na maioria das vezes sentia-me lesada quando não recebia o cachê depois do show e demorava meses para receber. Havia bares e choperias, cujo dono reclamava para todo mundo ver e ouvir, que as músicas estavam muito para boi dormir, desanimadas, queria coisas com mais ritmo. Por outro lado, o sujeito não queria muito barulho. Na MPB tem uma maior valorização do som ambiente, aquele som sentido, dedilhando corda a corda.

08) RM: Quais as saias justas que passou cantando a noite, desde abuso de poder, cantadas e ouvintes inconvenientes?

Helena Elis: Quando fiz o pré-lançamento do CD – Lugares Proibidos. Era meu segundo disco autoral e a música Lugares Proibidos já estava tocando em rádios no nordeste. E a Jovem Pan – SP havia feito uns dois links comigo São Paulo-FortalezaFortaleza – São Paulo, e o resultado foi ótimo. Pedi que fizessem um outro link, mas dessa vez usando a divulgação do CD como pretexto. Isso ocorreu em setembro de 2005, era sábado, dia em que o programa Rádio Ao Vivo, da Pan, dirigido por Thiago Gardinalli, tem um alcance para todo o Brasil e alguns países vizinhos. Como uma artista independente, tenho parcerias – Conto o que preciso e pergunto  ao parceiro (Bar) se garante participação, então repito a operação com a outra parte (rádio), se ela também sustenta o sim, então só depende de mim. Conversei com o pessoal do Bar onde trabalhava, com a antecedência de um mês, deixei tudo acertado para a noite do Lançamento. Convidei várias pessoas, e embora a casa estivesse lotada, o público maior não era exclusivo meu, pois esse Bar, na Vila Madalena, contrata 10 músicos por noite, sendo uma hora para cada um. Tentaria fazer o lançamento em uma hora, pois tinha mais tempo. Entre os tópicos do acordo, haviam prometido uma forte divulgação com cartazes e faixas por conta do Bar. Porém, conforme se aproximava o lançamento, eu chegava para tocar, e nunca via nas paredes externas e internas divulgação, nem mesmo os cartazes que fiz do próprio bolso. Havia sido acertado com a Jovem Pan, que a partir das 23:00 h, meu show entrava ao ar através de uma reportagem por telefone, em que fariam perguntas sobre o disco. Isso a cada dez minutos no período de uma hora. O telefone sem fio necessário na transmissão quando falasse ou cantasse, eu tive que arrumar. O gerente disse que teria de ser um lance rápido para não atrapalhar o rendimento do couvert, isto é, se as pessoas presentes vissem que a música parava a toda hora, teriam isso como desculpa para não pagar. Percebi que a parceria não foi levada a bom termo, desde o primeiro momento. E que o dono do Bar não estava entendendo a proposta daquela noite, que além de divulgar meu CD, divulgaria o Bar durante uma hora. Mas chegou o momento, e não havia mais como voltar atrás. Minha esperança era de que quando a entrasse comigo no ar, os donos ficassem tão orgulhosos por estarmos falando deles, que deixariam a cobertura fluir até o final. Doce ilusão. Subi ao palco, expliquei ao público que estávamos fazendo um lançamento, e pedi para que quando me trouxessem o telefone, eles vibrassem, fazendo a ambientação necessária. Todos concordaram e começaram a gritar antes mesmo de entrarmos no ar. Fui cantando e tocando, e quando estava na terceira música, só vi um dos músicos a minha esquerda falar ao telefone, me olhava e ao gerente. Então o fulano estava demorando demais. Todos aqueles movimentos se encerraram em três minutos, com um simples sinal de positivo dele para mim. Parei a música e pedi discretamente que ele viesse até mim para me dar aquele telefone para que eu pudesse falar com a rádio. Ele veio bem pertinho, sem o aparelho e murmurou: Se quiser parar, pode descer do palco, o gerente mandou te agradecer. Perguntei: Mas e a rádio? A resposta: Me pediram para fazer a propaganda da casa, pois o gerente não tem jeito com essas coisas de falar com rádio. O tal gerente, lá do outro lado, com um olho no caixa e outro em mim, sustentou o que o músico me dizia, dando o sinal de que tudo havia terminado e que eu podia descer, se quisesse. Completamente anestesiada, por sentir que meu filme com aquela rádio ficou torrado. Retirei-me com a sensação de frustração e pensei como me desculpar com aquele radialista tão respeitado. Após três dias, fui na rádio me desculpar pelo o acontecido. Senti a indiferença já na portaria com o segurança, que sempre me deixava subir, mas dessa vez nem isso. Fiquei péssima, me sentindo silenciada por duas vezes seguida, e um sentimento de perda tomou conta de mim. Afinal de contas, entre entrevistas e links, era já a sexta vez que eu tinha a força deles. Alguns conhecidos que ouviram a rádio naquela noite, disseram que o músico que colocaram para falar em meu lugar, não deu chance ao Thiago. Disparou a falar sobre os pratos e promoções da casa e como funcionava a música ao vivo, sob ordens do dono e gerente. Não faz muito tempo fui vítima de abuso de poder. Gosto sempre que a minha banda faça um ensaio relâmpago no dia do show, sejam bares, restaurantes, teatros. Nunca pararam os nossos ensaios. Avisando que seria cobrado, pois o técnico de som só estava lá para ajuste e não para ensaio. Os donos desse Bar, ainda demorou uma semana para pagar meu cachê, e ainda bem menos do que deveria. Meus fãs lotaram a casa, e fizeram o acerto de 30% somente, alegando que quem chegou depois do início do show, o couvert iria para a próxima banda.

CANTADAS nem um pouco musical: Uma das cantadas que mais me ofendeu, foi quando o proprietário de um desses Bares, afirmou que eu estava ganhando muito pouco por noite, por ser boba, pois poderia ganhar muito mais se saísse para tomar um chopp com ele, num lugar bem tranqüilo, após cada apresentação. Para surpresa dele, aquela foi a última vez que cantei naquele bar. Recebo cantada de mulheres, porém são cantadas discretas e delicadas.

09) RM: Fales dos CDs lançados, quais os títulos, ano de lançamento e músicas que mais agradaram ao público.

Helena Elis: Lancei em 2000 o CD – ETC…Brasil, com letras mais elaboradas do que as que eu faço hoje. E acho que dificilmente agradaria ao meu público atual.  O disco não se limita ao romantismo. E contém poesias em forma de canção, falando dos segredos e característica predominante sobre quem faz poema (o poeta). E até uma espécie de oração pedindo a paz no Brasil, faixa que tema do CD. O público gostou de “CORAÇÃO de POETA”, “ARTE de SONHAR” e “ETC…BRASIL”.

Em 2003, lancei o segundo CD – LUGARES PROIBIDOS, no formato Voz e Violão, mais acústico que o primeiro disco com uma ou outra faixa sequenciada. Deste, o público costuma me pedir aos gritos as musicas “FIEL”, “SE CUIDA”, “PRA TE DOMINAR” (A qual tirou primeiro lugar no festival Clube das mulheres e no Bar A Lanterna), e “FRANCISCO”. E “LUGARES PROIBIDOS”, uma das músicas que considero mais popular neste CD, por ter um refrão fácil de se gravar. A mais solicitada e que mais chamava a atenção das pessoas. Vendi muitos CD por dois fortes motivos: A música tema e a capa, que a maioria das pessoas diziam que chamava atenção. O trabalho de fotografia e arte final foram todos guiados rigorosamente por mim. Em 2004, após uma aparição no programa do Jô Soares, fui para Fortaleza – CE, aonde passei uma temporada. E recebi o convite de uma família de portugueses, para passar dois meses me apresentando em Portugal. Pediram-me para fazer um disco simples com músicas conhecidas de outros autores, incluindo a canção “Meu mel”, que eles gostavam demais. O CD seria vendido junto com o CD – Lugares Proibidos e o ETC… BRASIL. Pois eu era pouco conhecida no Brasil, menos ainda na Europa. O CD deveria ter, inclusive, musicas das novelas brasileiras das quais os portugueses eram telespectadores assíduos. O CD – AS MAIS PEDIDAS DE MINHA NOITE foi o terceiro (não autoral). Em abril de 2006, terminei o meu quarto CD – Alma Feminina (Sedução). Pela primeira vez, e não sei porque, incluir uma música repetida Lugares Proibidos num formato em piano e voz, pois achei que ela tinha tudo haver com o novo CD. Pela cobrança de romantismo que se fazia ao parceiro amoroso, propondo o buquê de rosas. Em junho de 2006 fiz o lançamento do CD no Bar Lua Nova (Recanto dos Cantadores), com casa cheia. Confesso que foi a primeira noite mais emocionante de minha vida, ver e ouvir tanta gente cantando minha música, que eu sempre temi cantar durante as noites paulistanas, por não ser conhecida. A imagem que me lembro durante a música “Sedução”, canção de abertura da Turnê, era de pessoas arregalando os olhos úmidos de emoção, como se estivessem encontrados a profundidade mais que esperada a cada final de frase, mas que nunca tivessem se dado conta em seu dia-a-dia. Naquele instante percebi que o poeta nada mais é do que o tradutor dos sentimentos humanos. As faixas que mais tem agradado ao público são: “SEDUÇÃO”, “ME DÁ UM BEIJO E TCHAU”, “BYE  BYE  DO LENÇO”, “CLUBE DA MÚSICA AO VIVO” (que ironiza a história da música ao vivo no Brasil),  “HUMANOS” , “CASAL” e lógico, “LUGARES PROIBIDOS”, que se tornou o chamariz desse trabalho com dezesseis musicas autorais.

10) RM: Conte a sua experiência batendo nas portas das rádios.

Helena Elis: Desde a primeira música romântica que compus em 1998: “Império do Amor”, pois até essa época compunha apenas músicas sacras. A primeira coisa que imaginava, era me ouvir no rádio cantando a própria música e a segunda era me ouvir numa das trilhas de novelas. Chegava até imaginar que casal de artista determinada música cairia bem. Mas ter minha música em novelas seria dá um SALTO muito alto. Costumo acreditar mais nas coisas no ritmo natural, sabia que aquelas músicas ainda não seriam ideal, pois era técnica demais e pouco sentida. A medida que o tempo foi passando, fui descobrindo que podia ser mais simples para compor, deixando as coisas mais claras na mente das pessoas. E procurei ouvir mais e mais artistas da nossa música e mais opiniões de pessoas as quais eu mostrava as canções para saber com quais delas podia concorrer nos Festivais de Música: Tatuí, Rádio Eldorado, Festival da Música brasileira da rede globo em 2000, entre outros regionais. Cheguei a ganhar alguns cantando com os de musica sacra ou gospel. De todas as músicas que compus, não houve nenhuma que eu acreditasse tanto, feito “Lugares Proibidos” que fiz em 2002. Antes dela nenhuma me deu tanto ânimo para ir mais além, tanto, que depois de pronta, já fui para o estúdio gravá-la e aproveitei para gravar o CD inteiro. E a próxima etapa do retrato desse ânimo, foi finalmente, começar a bater nas portas de rádio, com CD na mão e muita coragem. Muitas rádios me recebem muito bem, pedem para que se deixe o CD. Mas aí, é preciso está ligando sempre, pois o interesse maior é do artista. Algumas já avisam que não é o estilo delas, e o assunto está encerrado. E algumas poucas ainda falam; – Isso é com o nosso departamento comercial. Leia-se pagar o Jabá.

11) RM: Conte como você foi convidada para o programa do Jô Soares?

Helena Elis: Deixei alguns CDs (Lugares Proibidos) numa clínica de uma amiga esteticista corporal, para que ela oferecesse aos clientes. Nesta época, estava com uma banca de CDs e cocadas no Bairro de Santo Amaro. Durante o dia vendia o CDs e cocadas e cantando a noite em São Paulo. Essa amiga colocava o CD para tocar enquanto atendia seus clientes. Numa dessas tardes ensolaradas, um deles, perguntou quem era aquela cantora? Ela imediatamente respondeu que era alguma maluca “viradora“ que dava aulas de violão para o filho dela, cantava na noite, compunha e vendia cocadas e seu próprio disco numa barraca e de porta em porta. Ele levou um para ouvir com calma, gostou, mas pediu para ela não me contar o que tentaria fazer. Uma semana depois, me ligaram da produção do Jô Soares, fizeram uma espécie de entrevista por telefone e isso se repetiu por três vezes, até que agendaram uma ida minha ao programa.

12) RM: Depois de uma aparição em rede nacional, o que mudou na sua vida e carreira musical?

Helena Elis: Percebi que essa aparição facilitou minha ida aos programas das TVs de Fortaleza-CE, entrevistas em grandes rádios de lá e daqui de São Paulo (Jovem Pan). E pude ter minha música programada em rádios Universitárias do Nordeste, como em Fortaleza – CEMaranhão e Pernambuco. Também rendeu minha primeira grande matéria num grande jornal de Fortaleza (Diário do Nordeste), publicada em agosto de 2004. Facilitou também a venda dos CDs de porta em porta, e durante as apresentações musicais na noite na época.

13) RM: Conte as suas experiências de vida pessoal e profissional em Fortaleza – CE.

Helena Elis: Foi duro conquistar e segurar um espaço de trabalho, pois os músicos locais se sentiam injustamente ameaçados. Eu vi o medo estampado no rosto deles, principalmente dos homens. Isso significava um obstáculo a mais do que eu estava acostumada em São Paulo. Mas não tinha outra opção – teria de ser tudo na raça mesmo, caso contrário, nem mesmo a Helena poderia sobreviver. Cantei muitas noites apenas para vender CD e me lembro que quando eu vendia somente três ou quatro, podia respirar aliviada por garantir o combustível de volta e dois dias de alimentação. Por outro lado, depois que conquistei meu espaço e fechei com muitos bares na época da Alta Estação de Verão, chegava a vender 20 a 30 CDs por noite. O fato de eu ter sido vista nas TVs de lá, e de “Lugares Proibidos” tocar nas rádios, logo que subisse ao palco, vinham os bilhetinhos para cantar a música ou pediam gritando, e isso, embora não acontecesse em todos os bares, me trazia um crédito artístico e profissional muito grande. Na Universidade Federal do Ceará, inclusive, eu me sentia muito respeitada pelos locutores(as), e pela diretora da Rádio, que fazia várias parcerias comigo, tocando a música, fazendo promoções e anunciando meus shows!

14) RM: Como foi ter a sua música tocada em um emissora como a Nova Brasil FM, que tem prestigio em São Paulo?

Helena Elis: Foi um presente mais inesperado e significativo para mim, não porque não merecia, mas por ter sido o resultado de uma luta muito difícil, cuja vitória já nem esperava. A Nova Brasil FM – SP foi uma catapulta para minha carreira. Depois que “Lugares Proibidos” começou a tocar na rádio recebi mais convites para shows e vendi mais CDs. Quem vive de música se não tocar em rádio dificilmente faz sucesso. Sou muito grata aos que fazem a Nova Brasil.

15) RM: Quais as melhores alegrias na carreira musical até o momento? 

Helena Elis: Receber as manifestações dos fãs e amigos, dizendo que minhas canções se encaixam perfeitamente na história de amor da vida deles. Olhar a plateia e vê rostos de pessoas para as quais jamais ensinei minhas músicas, cantá-las com alma durante os shows. Experimentar o respeito, atenção e carinho com que pessoas da produção de rádios que me divulgam e me recebem. E sentir que posso perder o medo de rejeição, e que agora, desde que não abuse, posso me sentir em casa. Saber que estas mesmas pessoas e fãs que vem vindo,contam comigo para interpretar seus desejos mais ardentes de amor e sua sede pela paz, através de novas canções que eu venha compor.

16) RM: Como você se define como interprete?

Helena Elis: Em casa, no estúdio e principalmente no palco, se não me vestir de emoção e de sentimento, de nada me vale saber seguir ou obedecer rigorosamente às curvas de uma canção através da técnica vocal.

17) RM: Como você se define como compositora?

Helena Elis: Na poesia. Um gênero predominantemente ROMÂNTICO, insistente na profundidade e bem elaborado no desenrolar geral. Na melodia, um grupo de notas que obedecem a uma ordem crescente, como se estivessem seguindo fielmente o aquecimento emotivo do produto melodia, porém, não tão exigente quanto a aos acordes, que geralmente tem poucos acordes dissonantes.

18) RM: Como é o processo de compor música?

Helena Elis:  Me vem à ideia de um tema, com partes da letra. Aí começo a pesquisar sobre o tema, procurando sempre o sentido inverso das coisas, o jeito de ser, e as reações de pessoas e fatos. Quando tenho material suficiente, em algum momento a letra toma forma. Com relação à melodia, na maior parte das vezes, a letra surge antes, e aí, o caminho da melodia é menos demorado. As vezes consigo fazer letra e melodia simultaneamente e sem sentir que ficou algo para trás. Foi o caso de “Lugares Proibidos”. A construção mais demorada no meu caso, é quando faço a melodia antes da letra, aí a preocupação é a combinação da esfera triste ou contente que a poesia oferece à música já pronta ou vice-versa.

19) RM: Você em todas as composições transpira amor e romantismo. Você se baseia em fatos reais, seja da sua vida pessoal ou de amigos?

Helena Elis: Baseio-me em momentos que já vivi e vivo na pele, mas muitas vezes, consigo imaginar como seria se tivesse acontecido comigo o que ainda não aconteceu, e que está ocorrendo na vida de algum amigo.

20) RM: “Lugares Proibidos” está tocando na rádio e lhe proporcionou uma evidencia maior na carreira. Você tem receio de ficar conhecida por único sucesso?

Helena Elis: Não, pois confio nas outras canções que compus, em que tomei o mesmo cuidado de ser profunda e clara. Tanto, que o povo, que é a voz que mais pesa, tem se manifestado positivamente, dizendo que digo coisas que realmente acontecem e eles não tinham pensado nisso.

21) RM: Seus dois CDs – Alma Feminina e Lugares Proibidos, tem um formato quase todo em Voz e Violão. Você pensa em fazer uma gravação mais encorpada com banda, seja em estúdio ou gravação ao vivo? 

Helena Elis: Aprendi uma coisa. O que está dando certo a gente não mexe, apenas repete a dose numa versão mais viva e rica. E de preferência, com um coral natural de pessoas na platéia, cantando junto com a gente. Quer mais “ao vivo” que isso?

22) RM: Fale das vantagens e desvantagens de trilha o caminho pela cena musical independente.

Helena Elis: Tudo que se consegue por si só, os méritos do bom resultado, seja divulgação, e os lucros não são divididos com ninguém. Em contrapartida, se sai algo errado, despesas, prejuízos e responsabilidades também não se podem dividir.

23) RM: Helena Elis, você já pensou em parar com a carreira pelas dificuldades e preconceitos enfrentados?

Helena Elis: Já pensei milhões de vezes. Cheguei até duvidar se era isso mesmo que queria e se não havia me enganado de sonho. Às vezes me sentia uma louca, a quem ninguém dava uma chance de ser ouvida. Mas a paixão sempre fala mais alto. Nada como uma única noite musical em que tudo de certo, e tudo fica esquecido.

24) RM: Fale dos projetos futuros.

Helena Elis: Estou montando uma nova turnê, e pretendo em 2007 ter shows em Salvador – BA. A terra do Axé music, atualmente é a que mais toca minha música, e a cobrança dos fãs é enorme. Quero aproveitar para dar uma passada em Recife – PE e Brasília – DF, se Deus permitir. E concluir até agosto de 2007 a gravação do quinto CD autoral com início já agendado para janeiro. Paralelamente quero fazer um CD AO VIVO de algumas musicas do CD – Alma Feminina. Um clipe  da música Lugares Proibidos. E trabalhar duro para aumentar o número de rádios que me divulgam para atingir mais estados brasileiros com minha música.
Contatos: www.helenaelis.com.br \ [email protected]


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.