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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Fatel Barbosa

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A cantora e compositora mineira Fatel Barbosa, radicada em São Paulo desde 1989.

Fatel Barbosa canta há 40 anos; iniciou a carreira ainda em Minas Gerais em bandas de baile e grupos Regionais (Agreste e Raízes). E já em São Paulo, em 1991 viajou pelo Nordeste e Participou do Projeto “Asa Branco” coordenado por Dominguinhos.

Gravou três LPs, na gravadora Copacabana e três CDs independentes. Seu mais recente CD – ”Caminhos do Coração”, nome do Xote de Luiz Gonzaga Junior, outros grandes compositores e marca estreia de parceria com o poeta Luiz Wilson, com “Baião pra dois” uma resposta ao clássico “Baião de dois” do mestre Luiz Gonzaga.

O show passeia por todos os ritmos da mais animada música regional nordestina e traz importantes momentos do forró de Luiz Gonzaga, Anastácia, Venâncio e Corumba, entre outros. Também resgata gravações dos primeiros trabalhos, trazendo ao palco o universo de fácil interação popular, interpretando alguns grandes clássicos e composições próprias.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Fatel Barbosa para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 24.12.2018:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Fatel Barbosa: Nasci no dia 02.08.1958 em Montes Claros, norte de Minas Gerais. Registrada como Maria de Fátima Barbosa Pinto.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Fatel Barbosa: Minha casa sempre muito alegre, e minha mãe tinha restaurante no mercado Municipal e sempre ouvíamos muita música. No Rádio (ZYD7 Rádio Sociedade Norte de Minas) e na Radiola

03) RM: Qual a sua formação musical e formação acadêmica fora da área musical?

Fatel Barbosa: Estudei um pouco de Teoria musical no violão, técnica de voz e Divisão Rítmica. Em Minas e no Rio de Janeiro. Na escola fui pouco Só cursei o Fundamental. Aos 17 anos já estava cantando e larguei os Estudos. Obs: A Maior Burrada que fiz na vida. Arrependo-me, diariamente por isto.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Fatel Barbosa: Minhas influências são muitas. Ouvia de tudo, e comecei cantando em banda de Baile. Cantei de Ray Conniff a Beatles. Dalva de Oliveira a Madonna; Marinês e sua gente a Clara Nunes e Vanusa. E até hoje são referência para mim. Todas são importantes. Fazem parte da minha Cultura Musical.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Fatel Barbosa: Em 1977 já cantando na banda “Le Cherris”, no Automóvel Clube de Montes Claros (MG) e participando de Festivais de Música em Montes Claros, foram dois em 1977. Na Escola Normal, onde fiquei em 3º Lugar e no FUCAP Festival Universitário (Não me classifiquei pra final), mas foi muito importante, porque ali, conheci Luiz Gonzaga que foi atração principal no encerramento.

06) RM: Quantos CDs lançados (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que se destacaram?

Fatel Barbosa: Gravei três LPs nos anos 1977; 1991 e 1994. Todos pela Gravadora Copacabana, com produção de Téo Azevedo. Meu Padrinho artístico e grande amigo, até hoje.  No Primeiro LP (Long Play) eu trouxe alguns músicos, amigos que me acompanhavam nos shows em Montes Claros: Marcio Durães, Wellington Tibo, Adilson; Nestê Rodrigues, Sergio Damaceno e Bernard Aygadovix e mestre Cezar do Acordeon, em dois Forrós; únicos, naquele trabalho. Já nos LPs seguintes, foram músicos já determinados pelo Produtor.

E eu, já comecei a gravar com os mestres que trabalhavam em São Paulo, exemplo: Dominguinhos (Que eu já conhecia, desde meu tempo de Estudante no Rio de Janeiro), Oswaldinho do Acordeon, Ciriaco, Toninho de Lira, Carlos Nabar, Edson Bodinho, Adeildo Lopes e novamente, o grande Cezar do Acordeon. Vieram outros que se tornaram grandes amigos também, e seguiram gravando comigo, já em CDs, como: Olivinho Filho, o Tiziu do Araripe, Dió Araújo, Lau e Dido Trajano e alguns que não me recordo neste momento.

A partir do segundo LP já optei por cantar só forró e segui até o CD atual lançado em 2012. Gravei poucos trabalhos para os mais 30 anos de carreira que tenho. São três LPs e três CDs. E participei como convidada em vários trabalhos de colegas. Um deles, 100 Anos de Luiz Gonzaga, que foi vencedor do Grammy Latino em 2012 como O Melhor álbum de Música Raiz. E participei de Obras de Téo Azevedo.

07) RM: Como é o seu processo de compor canção?

Fatel Barbosa: Não tenho um processo definido. Componho arrumando a casa ou no transporte coletivo, etc…

08) RM: Quais são seus principais parceiros musicais em composição?

Fatel Barbosa: Luiz Wilson e Duval Brito.

09) RM: Quem gravou as suas músicas?

Fatel Barbosa: Além de mim, Luiz Wilson, gravou nosso xote, “A TAMPA E A PANELA” e que foi regravado por Zé Duarte, que é um forrozeiro conhecido do grande público, e de muito respeito no meio artístico.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Fatel Barbosa: Só vejo os prós. Gosto da forma que trabalhamos. É uma correria doida, às vezes doída, mas me adaptei. Não sou de reclamar. Vivo o que escolhi pra viver!

11) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Fatel Barbosa: Hoje em dia, a gente se esbarra na dificuldade pra divulgar nosso trabalho. Além de mim, divulgo também outros artistas que fazem parte do nosso coletivo. O que nos diferencia é exatamente manter o “nosso” estilo, ou seja, mais tradicional possível. Tentam modernizar o Forró, mas a gente percebe que o Povo gosta mesmo é do “Antigo” e é exatamente o que fazemos. Preservamos o Tradicional.

12) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Fatel Barbosa: Só vejo vantagens, até porque muita gente nem precisa cantar bem. A máquina resolve né? (risos).

13) RM: Como você analisa o cenário do Forró. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Fatel Barbosa: Revelações são muitas. Tenho visto muitas Mulheres tocando Sanfona e isto me anima bastante. Os sanfoneiros jovens também, mas aí, já é normal né? Quem permanece? Vários ídolos. Alcymar Monteiro, Jorge de Altinho, Flávio José e muitos Trios. Em São Paulo, Rio de Janeiro e em todo o Nordeste, tem muita gente competente fazendo Forró. Só não enxerga, quem não quer ver ou ouvir!(risos).

Regressão só o mercado de trabalho, quando uma prefeitura deixa de contratar os artistas que mantém viva a nossa Cultura. Acredito que tem de haver espaço para todos, pois, dinheiro há. Os cargos públicos na área das artes deveriam ser entregues a quem realmente está no meio artístico, e não só para servir de cabide de emprego para os políticos.

O gestor público nas artes tem que ser pessoas sensíveis, que tenham um olhar diferenciado, para cuidar das pessoas que produzem alegria, e assim tornar a vida dos outros, mais felizes. É o que penso!

14) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para o show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Fatel Barbosa: Todas estas citadas na pergunta (risos). Aqui em São Paulo na década de 1990 eu cantava muito na noite. Fui fazer uma série de apresentações em Bar muito bacana no bairro Pinheiros, o Bar “Avenida Clube” (que pagava bem). No dia da minha estreia, exatamente na hora que entrei ao Palco, o salto do meu sapato soltou. Introdução da música rolando, e eu tirei o sapato e entrei descalça e sorridente, cantando “Feira de Mangaio”. Todos perceberam e curtiram junto comigo. Fiz o show inteiro descalço e muito Feliz!

15) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Fatel Barbosa: Tudo que faço me deixa FELIZ. E um pouco Triste é o preconceito que a cultura popular ainda sofre. Tipo, diferença entre os cachês. Por parte dos órgãos públicos.

16) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Fatel Barbosa: Os amigos tocam.  A grande mídia não toca! Os artistas hoje são um produto, como outro qualquer pra vender, tem de divulgar. Pra divulgar tem de pagar. Exemplo é o programa “Pintando o Sete” que produzo na Rádio Imprensa FM 102.5; idealizado e apresentado pelo forrozeiro e poeta, Luiz Wilson.

O horário locado é caríssimo e poucos se preocupam em perguntar se podem de alguma forma contribuir, ou seja, nos ajudar a pagar o horário. Todos sabem que tocamos as suas músicas todos os Domingos há 11 anos. Mesmo os que trabalham bastante no Nordeste à dentro. São famosos, têm um padrão de vida melhor, mas não se importam.

Houve grande polêmica entre os forrozeiros e sertanejos sobre contratação em 2018 no Nordeste. Fato é que o artista Sertanejo investe no trabalho, se autopromove. Daí, acaba ficando mais conhecido e ocupa os nossos espaços.

17) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Fatel Barbosa: Se ama de verdade a música, siga. Se não for por amor, não saberá o resultado.

18) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?

Fatel Barbosa: Só tem prós. Pra quem está iniciando, ainda é uma ótima opção pra ficar conhecido.

19) RM: Hoje os Festivais de Música revelam novos talentos?

Fatel Barbosa: Não tenho acompanhado muitos, mas o Festival de Forró que houve no CTN – Centro de Tradições Nordestinas, entre outubro e novembro em 2018, promovido pelo forrozeiro e radialista Germanno Júnior, foi muito Bom. Revelou alguns ótimos talentos.

20) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Fatel Barbosa: Voltamos ao Mercado. Muita cobertura para quem paga o jabá.

21) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Fatel Barbosa: Não vejo lá muitos artistas que deveriam estar, mas é um Espaço. Isto, já é bom.

22) RM: Quais os projetos futuros?

Fatel Barbosa: Montar uma Casinha Cultural no bairro Parelheiros na zona  Sul de São Paulo. Fazer umas Cantorias, e continuar juntando o Povo!

23) RM: Quais os seus contatos para show e para seus fãs?

Fatel Barbosa: (11) 97538 – 6825 | Facebook: Fatel Barbosa | Coletivo “Pintando o Sete” (11) 3120 – 4765

 


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