More Ayrton Mugnaini Jr. »"/>More Ayrton Mugnaini Jr. »" /> Ayrton Mugnaini Jr. - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Ayrton Mugnaini Jr.

Ayrton Mugnaini 1
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O Jornalista, compositor, tradutor, pesquisador de música popular, escritor, radialista e até humorista paulistano Ayrton Mugnaini Jr. é colaborador de publicações como Dynamite, Cães & Cia., Superinteressante, Poeira Zine, 20/20 Brasil e virtuais como Senhor F, Burburinho, Yahoo Brasil e Garage Hangover.

Autor de livros sobre Adoniran Barbosa, Roberto Carlos, Rita Lee, John Lennon, Chiquinha Gonzaga, Raul Seixas, o grupo Queen e outros, além da primeira enciclopédia sobre música sertaneja e da primeira grande pesquisa mundial sobre música e circo, para o Centro de Memória do Circo.

Consultor da Enciclopédia da MPB (ART/Publifolha). Um dos produtores do programa Rádio Matraca. Tradutor oficial inglês-português aprovado pela JUCESP. Curador do Arquivo do Rock Brasileiro, criado pela Associação Cultural Dynamite.

Integrante do grupo Tosqueira Ou Não Queira (TONQ), do Língua de Trapo e d’A Banda, de Tato Fischer. Ex-integrante do Magazine (banda de Kid Vinil). Um dos diretores do Clube Caiubi de Compositores. Membro da UBE e da APCA.

Adepto do DIY (Do It Yourself), sem cair no extremo do HIYANE (Hear It Yourself And Nobody Else). Seus interesses são: Ouvir música, compor música, tocar música, gravar música, ler sobre música, escrever sobre música, conversar sobre música, e, se possível, ganhar dinheiro com música.

Alguns dos seus filmes favoritos são: Casablanca, Se Meu Apartamento Falasse, Bagdad Café, Alta Fidelidade, Amor Sublime Amor, Bonequinha De Luxo, A Cor Púrpura, Os Reis Do Iê-Iê-Iê, O Picolino, Ginger & Fred, O Mágico de Oz, Minha Querida Lady, A Noviça Rebelde, The Wonders, O Piano, Em Busca Do Ouro, Nasce Uma Estrela (anos 1950), Cantando Na Chuva, O Homem Que Ri (anos 1920), Gato Em Teto De Zinco Quente, O Diabo Veste Prada, Feitiço Do Tempo, O Sol De Cada Manhã, Muito Além Do Jardim.

Algumas (além de várias próprias) de suas Músicas favoritas são: They Can’t Take That Away From Me (Gershwin), Body And Soul (Edward Heyman/Robert Sour/Frank Eyton/Johnny Green), When I Fall In Love (Victor Young/Edward Heyman), Maré Alta (Mario Albanese/Cyro Pereira), Tenho Sede (Dominguinhos/Anastácia), Tonight (Raspberries), When Phoebus First Did Daphne Love (John Dowland), Moon River (Henry Mancini/Johnny Mercer), Feitio De Oração (Noel Rosa/Vadico), Morena Dos Olhos D’Água (Chico Buarque), Please Please Please Let Me Get What I Want (Smiths), Bom Dia (Nana Caymmi/Gilberto Gil), For No One (Beatles), Coisas Da Vida (Rita Lee), A Paz Que Nasceu Pra Mim (Wando), O Que Me Importa (Cury/Heluy), Waterloo Sunset (Kinks), String Of Pearls, ‘Cause We’ve Ended As Lovers (Stevie Wonder), El Dia Que Me Quieras (Carlos Gardel/Alfredo Le Pera), Atraente (Chiquinha Gonzaga), Ingênuo (Pixinguinha), Azulão (Jayme Ovalle/Manuel Bandeira), Somewhere (Bernstein/Sondheim), No Dia Em Que Vim-Me Embora (Caetano e Gil), Remember (Irving Berlin), Morena Me Llaman (folclore judaico-espanhol), God Only Knows (Beach Boys), Just One Smile (Randy Newman), One Fine Day (Carole King/Gerry Goffin), Ruby Tuesday (Rolling Stones), Get Out Of My Life, Woman (Allen Toussaint), I Want Her, She Wants Me (Zombies), Always On My Mind (Wayne Carson Thompson), Mazurka (Carole Coudray/Gabriel Yared), Nunca Senti Tanto Medo De Ser Feliz (Sonekka/Zé Rodrix), Primeira Estrela (Lucina/Sonya Prazeres/Luhli), Isso E Aquilo (Iso Fischer/Guilherme Rondon), Creció El Anhelo (Marcela Viciano).

Alguns dos seus Livros favoritos são: 1984 (George Orwell), The Sound Of The City (Charlie Gillett), Jim Starling’s Holiday (E. W. Hlldick), O Amor Nos Tempos Do Cólera (Gabriel Garcia Marquez), Mystery Train (Greil Marcus), X-Ray (Ray Davies), Jazz Men, Noel Rosa – Uma Biografia (João Máximo e Carlos Didier), O Presidente Negro (Monteiro Lobato), Os Sons Que Vêm Da Rua (José Ramos Tinhorão), Chega De Saudade (Ruy Castro).

Segue abaixo entrevista exclusiva com Ayrton Mugnaini Jr. para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 30.08.2017:

01) Ritmo Melodia : Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sou paulistano caipira, nasci no dia 30 de agosto de 1957 na “capitarrr” e me criei no “interiorrrr”, morei dos 12 aos 22 anos em Sorocaba – SP e Lins – SP. A data do meu nascimento é histórica por ter sido o dia do primeiro show de Elvis Presley em Seattle, a Meca do rock guitarreiro (os Ventures, Hendrix, Nirvana); nesse show Elvis disse a platéia “agora todo mundo de pé para cantarmos o Hino Nacional” e mandou ver “Hound Dog”. E nasci à noite, bem no horário em que passava o programa de Inezita Barroso na TV Record! Sim, naquele tempo Inezita já era uma força da natureza.

02) RM : Fale do seu primeiro contato com a música.

Ayrton Mugnaini Jr. : Não sei responder, pois minha memória só vai até meus três, quatro anos de idade [risos]. Sempre ouvi música por toda parte – no rádio, televisão, discos, festas, escola, cinema, circo, parque de diversões – e sempre estive atento a ela; tem muitos programas de TV dos anos 1960, inclusive seriados famosos, dos quais geralmente só me lembro do tema musical.

03) RM : Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sou jornalista diplomado pela faculdade Cásper Líbero e tradutor oficial, o chamado “juramentado”, diplomado em Inglês pela velha e boa União Cultural Brasil-Estados Unidos, embora desde o começo dos anos 1980 eu fale o inglês britânico.

04) RM : Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Ayrton Mugnaini Jr. : Algumas de minhas maiores influências são Chico Buarque, Juca Chaves, Adoniran Barbosa, Jorge Ben Jor, Noel Rosa, o multi-instrumentista Poly, Erasmo Carlos (até mais do que Roberto Carlos), Luiz Gonzaga, Raul Seixas, Tom Zé, Rita Lee e, de música estrangeira, Elvis Presley, Ray Davies e os Kinks, Brian Wilson e os Beach Boys, os Beatles em grupo e carreiras-solo, Rolling Stones, Alice Cooper, Charles Mingus, Johann Sebastian Bach, Beethoven, John Dowland.

E, sem falsa modéstia, acho interessante como meu trabalho denota influência dessas e outras pessoas, mas não deixa de ter a minha cara. E tem artistas de que eu gostava e hoje penso “caramba, eu gostava disso”, como a banda Led Zeppelin, da qual fui fã até descobrir o Cream, os Yardbirds e os Kinks, que faziam a mesma coisa antes e muito melhor.

05) RM : Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Meu primeiro “show com cachê” foi em 1975 na saudosa lanchonete Hot Drivens, em Lins – SP, onde cantei algumas paródias tocando o Violão e o dono do Bar me deu um suco por conta da casa [risos]. Mas a primeira paga real foram os primeiros bailes em que toquei, em Sorocaba – SP e na região, em 1978. Minha mãe dizia “música não dá camisa pra ninguém!”, e com o dinheiro de um dos bailes comprei uma camisa bonita para ela…

06) RM : Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

Ayrton Mugnaini Jr. : Comecei minha discografia como “fitografia”, no melhor estilo guerrilheiro de usar o que eu tinha à mão. De 1984 a 2000 lancei 16 fitas cassete, em 1992 lancei meu único LP e desde 2000 já lancei nove CDs, incluindo coletâneas de material das fitas cassete, tudo isso além de discos com outros artistas (Magazine, a banda TONQ, o compositor Demetrio) e participações as mais diversas em cassetes, LPs e CDs de outros (as) artistas, inclusive o Língua de Trapo, de que sou compositor.

A mentalidade de “usar o que se tem à mão” levou-me a me revelar “one man band”, tocando tudo ou quase tudo nas gravações, mas com muitas participações ilustres e prazerosas, como o guitarrista Kim Kehl, o tecladista Wagner Amorosino, o multi-instrumentista Serge Mor “França”, as cantoras Carmen Flores, Luciana d’Ávila e Vera Mendes, o violeiro Betto Ponciano, o acordeonista Leo Rugero, a acordeonista Cris Miguel, os saxofonistas Jovaldo Guimarães e Nestico Aguiar, o tecladista Marco Antonio Bernardo e a “one woman band” Gi Vincenzi.

E algumas canções minhas que se tornaram “quase-sucessos”; para mim, uma canção minha é sucesso quando citada espontaneamente, para elogiar ou não, por mais de três pessoas são: “O Homem Da Minha Vida”, “Conformática”, “Eu Amo Esse Homem” (parceria com Wilson Rocha e Silva), “Rebelde Sem Alça”, “Maneta” e, mais recentemente, “Cadê O Doce?”, “Cuidado Pra Não Errar” e “Me Dá O Mizão”. Sim, tem também “Os Metaleiros Também Amam” (parceria com Carlos Melo) do Festival da Globo de 1985, que muita gente insiste em achar que foi o ponto alto do Língua de Trapo, mas eu acho que ainda é muito cedo para ficar falando de “uma noite em 1985” [risos].

07) RM : Como você define o eu estilo musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Eclético até além do nível recomendado pela OMS – Organização Mundial da Saúde. Sou daquelas pessoas que acham misturar rock com samba e xaxado com canção renascentista à coisa mais natural do mundo.

Fui criado numa época em que rádio e TV eram ecléticas, as paradas de sucesso reuniam Waldik Soriano, Jimmy Cliff, Chico Buarque, Black Sabbath, Mauro Celso.

Para mim, música é uma coisa só. Sempre me lembro de quando entrevistei Bezerra da Silva, justamente famoso como sambista de morro, mas ele me disse que gostava de ouvir jazz e cantar melodias dos Beatles no piano, ele me disse “música é dó, ré, mi, fá, sol, lá si, o resto é detalhe.”

E tem uma frase de Frank Zappa que diz: “Pegue uma melodia triste, mude a harmonia e veja se ela continua triste”. E acho que, com meu jeito informal e espontâneo de tocar, acabei sendo o inventor do “bregaragem”, do frevo de garagem, da modinha de garagem, do xote de garagem… [sorri].

08) RM : Como é o seu processo de compor?

Ayrton Mugnaini Jr. : Após 49 anos compondo, cheguei a um ponto de compor tanto seguindo inspiração quanto por encomenda. Quase sempre letra e melodia me ocorrem juntas, ideia para letra costuma vir já “cantada”, com melodia.

E um dos motivos de eu ser pedestre convicto, até hoje não sei dirigir automóvel, é o prazer de ter ideias para letras, melodias, arranjos durante caminhadas, viagens de metrô, esperas em fila de ônibus.

09) RM : Quais são seus principais parceiros de composição?

Ayrton Mugnaini Jr. : Pessoas parceiras mais constantes incluem Wilson Rocha e Silva, Laert Sarrumor, Carlos Melo, Carmen Flores, Marcio Policastro, Leo Nogueira e Trinkão.

Como curiosidade, aos 15-16 anos de idade, em Sorocaba – SP, eu achava o máximo Elton John compor rapidamente um monte de canções em parceria com um letrista, Bernie Taupin, e resolvi segui o exemplo: tentei transformar um amigo, Robson Manfredi, em letrista – esta parceria começou lá em 1972, quando ele me convidou a ajudá-lo numa canção que era trabalho de escola: “O Trabalho”.

E tenho a gravação dela até hoje; dá para notar que se houve artista que evoluiu fui eu – e compusemos umas vinte canções até 1975.

Outras pessoas de Sorocaba com quem compus incluem Gai Sang, Marcos Martins e Centurion Jr. Mais recentemente tenho composto coisas boas com artistas como Falcão, Glauco Mattoso, Tato Fischer, seu mano Iso Fischer, Walter Franco, Jean Garfunkel e Claudya, além de pessoas que merecem ser conhecidas, como Marisa Ricco, João Cesar Gagliardi e Sílvia Palaia.

E sempre digo que música é soma, inclusive muita gente se torna parceira minha – e até compositora – sem saber, quando transformo frases delas em canções. Duas canções deste meu novo CD (Dó, Ré, Mi, Fá… Sei Lá!), “Melzinho” e “Quero Viver Só De Shows”, nasceram de tais conversas e dei os devidos créditos de parcerias.

10) RM : Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Ayrton Mugnaini Jr. : Como se diz, “tudo na vida tem seu preço”, e, em bom português, “freedom is not free”. Carreira independente dá maior liberdade de criação e expressão, mas é preciso arcar também com produção, financiamento, distribuição ou procurar meios de patrocinar ou realizar tudo isso…

Uma canção minha de meu novo disco resume isso, “prefiro dizer o que eu quiser pra dez pessoas que ouvem com atenção a dizer o que não quero para um milhão”. Artista independente tem de ser técnico (a), artilheiro (a), goleiro (a) e gandula ao mesmo tempo…

Enquanto não vivo só de música, sigo a famosa piada: faço música e trabalho como jornalista, escritor e tradutor… [ri amarelo] E neste novo disco tem uma canção sobre isso também, a já citada “Quero Viver Só De Shows”.

11) RM : Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sou o tipo do planejador chato. Muita gente que trabalha comigo reclama de que eu já venho com as ideias prontas e mastigadas e não as deixo criar [risos]… Planejo tudo em meus discos: repertório, arranjos, gravações, ordem das faixas, capa… Sou como aquela piada de Ruy Castro, sobre o diretor de cinema que dá instruções até para pipoqueiro e lanterninha [risos].

Mas sei que rendo mais quando fico “apenas” nos arranjos e execução e delego a função de produzir a outrem. E conseguir algum (a) empresário (a) ou mecenas também será bom – afinal, para mim bastam uns 8 mil reais por mês, bem menos que muita gente na política consegue em alguns minutos…

12) RM : Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sempre fui comendo pelas beiradas, conquistando espaço aos poucos. Quando percebi que não conseguiria aparecer de cara numa EMI, numa TV Globo ou numa Folha de S. Paulo, fui me lançando em emissoras pequenas, fitas cassete independentes, fanzines, jornais de bairro… Como sempre digo, o importante é empreender, não se acomodar e usar o que se tem à mão.

13) RM : O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Todo meio de comunicação pode ser usado para o bem ou para o mal, mas idealmente será usado apenas para o bem… A internet é muito boa pelo alcance, imediatismo e praticidade.

Mas o aumento da possibilidade de trocar informações e da população implicou em mais espaço para dejetos, mais trigo significa também mais joio, é preciso estar sempre atento (a) para separar a informação séria do boato, o trabalho honesto da tranqueira, o lazer da perda de tempo.

14) RM : Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Ayrton Mugnaini Jr. : Desvantagens? Só se for para a pessoa casada que mora com alguém que reclame muito da falta de atenção [gargalhadas] ou para aquelas pessoas chatas para as quais “o som do vinil é insuperável” e “nada substitui LPs de 180 gramas” – para mim estes são ideais para quem gosta de tratar de males da coluna ou pagar altos fretes no correio.

15) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sei que sou pessoa criativa e tenho meu estilo, que não agrada a todo mundo, mas agrada a muita gente, e este estilo inclui os procedimentos de não fazer apelações e concessões. Vejam a resposta de número 10, podem ir lá ver que eu espero [risos].

16) RM : Como você analisa o cenário musical brasileiro? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas duas últimas décadas, quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Ayrton Mugnaini Jr. : Todas as épocas têm coisas boas e ruins, apenas estas ou aquelas se sobressaem conforme a divulgação. Um dos grandes problemas é o Brasil ser um país capitalista selvagem. Veja só: atualmente, uma pessoa recebe seu CPF logo ao nascer.

Mas veja bem: não é um número somente de identificação pessoal, mas também, e principalmente, de contribuição ao Ministério da Fazenda. Mais que selvagem, o capitalismo brasileiro é predador, sempre dedicado a matar com requinte de crueldade a galinha dos ovos de ouro, ou uma centopéia que passa o tempo dando tiros nos pés, raramente sabendo investir e preservar para lucrar.

Uma de minhas batalhas é contra o limite de 14 faixas por CD das grandes gravadoras brasileiras, devido a um sistema barroco de arrecadação de direitos autorais.

Isso para mim é censura econômica e, como toda censura, deve ser combatida. Imagine se discos como Abbey Road dos Beatles, We’re Only In It For The Money de Frank Zappa & The Mothers, Get Happy de Elvis Costello, a trilha do musical Hair, A Wizard/A True Star de Todd Rundgren e Pery Ribeiro E Seu Mundo De Canções Românticas, em dupla com Luiz Bonfá, fossem gravados hoje no Brasil… Todos esses discos têm mais de 14 faixas.

Acho que uma pessoa deve lançar discos com quantas faixas ela quiser, 14, ou 10 ou 20, mas sem um limite imposto dessa maneira. Podes reparar: muitas caixas de CDs de Gilberto Gil, Raul Seixas, os Mutantes, têm faixas importantes faltando devido a esse limite draconiano de 14 faixas por CD.

E minha forma de protestar é sempre lançar discos com no mínimo 20 faixas, independente mesmo. Quanto à rádio e TV, as emissoras comerciais, no Brasil e lá fora, sempre tocaram o que dá mais audiência, e emissoras como a USP FM e comunitárias em geral, além das TVs da internet, são focos de resistência, bem como o Clube Caiubi de Compositores e saraus em geral.

Pena que o Brasil em geral não siga o exemplo de Sampa, cidade com mil defeitos, mas com a grande qualidade de empreender. Como sempre digo, música é soma. E quem ri de autoajuda acredita piamente no autotune.

17) RM : Como você analisa o cenário do rock brasileiro? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas duas últimas décadas, quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Ayrton Mugnaini Jr. : Muita gente se esquece de que, no Brasil como nos EUA, o rock é apenas um gênero musical entre muitos. Nos EUA ouve-se também muito country, jazz, blues.

E no Brasil ouve-se muita música caipira, samba, axé, mesmo com períodos de hegemonia do rock nos grandes meios de comunicação (em abomino o anglicismo “mídia”).

Acho interessante como o rock brasileiro só foi aceito por muitas grandes emissoras de rádio e TV desde os anos 1980 ao se suavizar o suficiente para se disfarçar de “nova MPB”…

Não vou usar este espaço para falar mal de artista algum – cada pessoa escolhe a imagem que quer ter, e não quero me igualar a certas pessoas jornalistas que vendem maledicência como sendo irreverência –, mas alguns artistas de rock brasileiro surgidos nos últimos 20-30 anos – ou que pelo menos eu conheci nesse período – e de que gosto muito são as bandas The Feitos, Acústicos & Valvulados, Graforreia Xilarmônica, Sapatos Bicolores, Superguidis, O Terno, Folk Na Kombi, o compositor e multi-instrumentista Julio Ferraz, a “one-woman band” Gi Vincenzi, e a cantora e compositora Karina Buhr (embora ela venha de grupos mais antigos).

18) RM : Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Ayrton Mugnaini Jr. : Direi apenas que admiro toda pessoa que, independente de estilo musical, dê o melhor de si, em termos de desempenho, cumprir tarefas, respeitar horários, público e colegas, brilhar sem estrelismos.

19) RM : Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Futz… Passei por tantas coisas, ainda passo de vez em quando apesar de meu cuidado, e muita coisa eu gosto de lembrar para evitar que aconteça novamente, mas não de ficar contando… Vou lembrar dois “causos” singelos, ambos acontecidos nos anos 1990.

Um foi num show solo meu no pátio do Centro Cultural São Paulo, com entrada franca. Na platéia, duas cantoras amigas minhas: Rosa Freitag e sua mãe Léa Freitag.

Um cara não estava gostando do show e ficava reclamando, no fim de uma canção ele até gritou “tchau”, fiquei na minha e respondi “Já vai? Não vá, não, fique mais um pouco!” Depois do show Rosa e Léa me contaram que ele ficou reclamando, e que ele tinha “pago pra me aguentar”, elas disseram: “Pagando? Mas o show é de graça!”, ele disse “Paguei pela cerveja que estou tomando”, elas lhe disseram, “pois vá tomar sua cerveja em outro lugar!”, então ele se tocou e foi embora…

Outro “causo” foi com uma banda que tive com o cantor Ademir Benedicto, a banda se chamava Ademir & Os Bonitões, porque Ademir chama todo mundo de “Bonitão”. Uma noite tocamos num barzinho e o dono implicou com o nome Ademir & Os Bonitões, chegando a escolher ele mesmo outro nome, “Gatos Da Noite”, e colocar à nossa revelia um cartaz com este nome na porta do Bar.

Pois bem, eu, que não gosto de tais imposições, anunciei umas três vezes no microfone “A banda Gatos da Noite estava programada para hoje, mas não pôde vir, e viemos em seu lugar, somos a banda Ademir & Os Bonitões!” Até o dono do bar riu: “Você é duro na queda, hein?” [sorri].

20) RM : O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : A vida é feita de tristezas e alegrias… Uma grande chateação é a falta do devido reconhecimento de muitas e muitas grandes artistas, e coisas que fazem valer a pena são boas descobertas de canções ou artistas que eu não conhecia e ver colegas conseguirem ser mais ouvidos e ouvidas.

21) RM : Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?

Ayrton Mugnaini Jr. : A cidade onde moro é nada menos que São Paulo, a maior cidade da América do Sul e uma das maiores do mundo…

22) RM : Quais os músicos, bandas da cidade onde você mora que você indica como uma boa opção?

Ayrton Mugnaini Jr. : O ideal é prestar atenção nem tanto na grande imprensa jornais mas principalmente em bons blogues, bons grupos de redes sociais e outros locais da internet onde mais aparecem artistas atualmente sem muita badalação, mas que merecem ser vistos e ouvidos, como as cantoras Claudya e Angela Maria, além de pessoas minhas colegas do Caiubi e dos saraus, incluindo Bráu Mendonça, Rosa Rocha, Ligiana Costa, Gi Vincenzi, Tato Fischer, Ilana Volcov, Lia Cordoni, Daniela Alcarpe, Paulo Miranda, Alexandre Tarica

23) RM : Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Ayrton Mugnaini Jr. : Toco em rádios como a USP FM e outras que não exigem jabá, e para mim está bom. E se um trabalho não agrada, milhos de jabá servirão apenas para o trabalho tocar por algum tempo. Como disse um jornalista sobre um disco de determinado cantor dos anos 1980, este disco já foi lançado com milhares de execuções em rádios de todo o Brasil, “nada menos – nem mais”.

24) RM : O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Lembro as famosas frases: Todo trabalho tem seu lado chato, toda rosa têm espinhos, e a vida é feita de alegrias e tristezas, mas o show tem de continuar, e devemos nos cuidar para irmos longe! E sempre aconselho musicistas a “jogarem para o time”, evitarem o virtuosismo pelo virtuosismo, aparecerem com outras pessoas e não na frente delas, música é soma com cada componente na quantidade certa.

25) RM : Quais bandas de Metal que você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Gosto de heavy metal, mas gosto mais de seu irmão mais dançante, o hard-rock. Bem, bandas de heavy que admiro são Black Sabbath (descontando o negativismo e satanismo de almanaque de muitas letras), Deep Purple, Grand Funk e, das mais novas, o Iron Maiden, e respeito o Sepultura. Mas pessoalmente sou mais os ancestrais: Kinks, Who, Troggs, Yardbirds.

26) RM : Quais os compositores de Metal você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Os do Deep Purple, que quase sempre assinavam as composições coletivamente, além de Mark Farner, do Grand Funk.. E talvez Ray Davies seja o pai de todos ao juntar riffs de jazz, melodias do blues e letras econômicas.

27) RM : Quais as bandas de Jazz que você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Melhor dizer artistas: Louis Armstrong, Duke Ellington, Charles Mingus, Ornette Coleman, John Coltrane, Jaco Pastorius, Dave Brubeck, Anthony Braxton, Billie Holiday, Betty Carter…

28) RM : Quais os compositores de Jazz que você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Além de pessoas eminentemente jazzistas também compositoras, como Louis Armstrong, Duke Ellington, Charles Mingus, Wayne Shorter, admiro compositores muito bem interpretados pelo jazz, como os irmãos Gershwin e Cole Porter.

29) RM : Quais os cantores (as) de Blues que você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : O heavy-metal se resume a blues superamplificado. Basta lembrar os muitos covers de blues, devidamente creditados ou não, em discos dos Yardbirds e do Led Zeppelin, e de ancestrais como os Kinks e o Cream – o Black Sabbath tem muito de Kinks, e Ray Davies idolatra Big Bill Broonzy.

Artistas de blues que admiro incluem Robert Johnson, Bessie Smith, Gosto muito também de rhythm & blues, aí a lista vai ainda mais longe: Allen Toussaint, Ray Charles, Jesse Stone, Joe Turner, The Meters…

30) RM : Quais os compositores de Blues que você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Alguns são Robert Johnson, Willie Dixon, Leadbelly, Muddy Waters e Bo Diddley.

31) RM : Quais os violonistas, guitarristas e baixistas que foram a sua referência e que você admira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Em termos de Violão, minhas influências incluem Dilermando Reis, Paulinho Nogueira, Turibio Santos, João Gilberto, Dorival Caymmi, Agustin Barrios e Django Reinhardt. Na guitarra de rock comecei imitando os Beatles e os Stones, Chuck Berry, os Kinks, tentei até imitar Jeff Beck. Fora do rock, Wes Montgomery, Barney Kessel, Heraldo do Monte. E baixistas que tomei como exemplo: Charles Mingus, Ron Carter, Jaco Pastorius, Arismar, Luiz Chaves, Luizão Maia, Bill Black, Bill Wyman, Paul McCartney, Pete Quaife, John Entwistle, Mel Schacher, Roger Glover, Liminha e até John Paul Jones, único motivo para eu ainda ouvir Led Zeppelin de vez em quando [risos].

32) RM : Você trabalhou como jornalista em quais veículos?

Ayrton Mugnaini Jr. : Jornais incluem: O Pasquim, Jornal da Tarde, Folha da Tarde, Shopping News, o Cruzeiro do Sul de Sorocaba e O Popular de Goiânia. Revistas incluem: Somtrês, Bizz, Shopping Music, Revista do CD, Cães & Cia. e 20/20 Brasil.

33) RM : Como você vê o mercado editorial na área musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Não sou de usar a palavra “crise”, que considero extremamente relativa, e muitas vezes é desculpa para disfarçar incompetência ou preguiça, mas realmente acho lamentável haver tão poucas publicações brasileiras sobre música nas bancas de hoje, ainda mais num país notadamente tão musical e onde revistas sobre sexo, fuxicos e violência nunca sabem o que é crise…

34) RM : Quem são os críticos musicais relevantes no Brasil?

Ayrton Mugnaini Jr. : Comecei imitando um quarteto: Ana Maria Bahiana, René Ferri e os saudosos Ezequiel Neves e Carlinhos Pop Gouveia. Nos anos 1980 descobri Ary Vasconcelos e José Ramos Tinhorão e acabei descobrindo também que eu era mais pesquisador que crítico.

Mas muita gente confunde irreverência com grosseria, criticar com não gostar, e, como eu digo, muita gente pensa que ser critico (a) musical é como ser lutador (a) de boxe, onde a competência de uma pessoa é media pela capacidade que ela tem de fazer mal a uma pessoa semelhante. Não citarei determinadas pessoas que se notabilizaram pelo esnobismo, maledicência e plagiamentos de textos alheios, mas lembrarei de colegas de geração como Luiz Chagas, Mauro Ferreira, Ricardo Alexandre, os saudosos Celso Pucci e Kid Vinil (que faleceu esse ano), Zeca Azevedo e Fabian Chacur.

35) RM : Alguns artistas dizem que os críticos de arte (música, cinema, teatro, artes plásticas etc.) são artistas frustrados ou medíocres. O que você acha dessa afirmação?

Ayrton Mugnaini Jr. : Geralmente quem afirma isso espera receber apenas elogios e se ofende até com espirros…

36) RM : Você participa ou participou de Festivais de Música?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sim, de muitos, e em todas as funções: concorrente (nem sempre classificado), jurado, produtor, organizador, artista durante as reuniões do júri.

37) RM : Qual a importância dos Festivais de Música para revelar talentos?

Ayrton Mugnaini Jr. : Todo festival é importante, mesmo apenas como evento social ou primeiro impulso e incentivo para gente nova ou esquecida, seja festivalzinho de escola ou megaevento em estádio, com ou sem prêmios.

38) RM : Qual a importância dos Festivais de Música como mercado de trabalho para músicos?

Ayrton Mugnaini Jr. : Foi grande e continua sendo, em eventos regionais como os festivais de Botucatu – SP e Avaré – SP e os eventos de rock do tipo Lollapalooza.

39) RM : Qual a importância do Clube Caiubi?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sem falsa modéstia, estamos cumprindo nossas metas de “dar espaço a quem não tem espaço”, ajudando a revelar e divulgar gente nova ou atualmente obscura, promover eventos, formar parcerias e amizades. Começamos com meia dúzia de pessoas num barzinho no bairro das Perdizes – SP e hoje somos cerca de 8 mil pessoas no mundo todo, inclusive graças à internet.

O Caiubi nasceu de uma confluência de encontros anteriores, como a Rede Solidária de Música Brasileira, e ele mesmo tem inspirado até centenas de projetos semelhantes em todo o Brasil, até em Portugal e na Argentina… Para mim, só falta mais cidades conseguirem seguir o exemplo de Sampa com saraus e eventos musicais.

40) RM : Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Ayrton Mugnaini Jr. : Eu sei que não te referes ao parceiro de Ravel [risos]. Como se diz, toda pessoa tem pelo menos uma boa canção dentro de si. Mas vocação musical, musicalidade, e umas pessoas têm mais que outras. Uma pessoa pode ser como Adoniran Barbosa ou Lamartine Babo, capaz de criar belas melodias sem tocar um instrumento, e outra pode ser boa “operária”, musicista de orquestra, barzinho ou estúdio, capaz de tocar, mas não de criar.

41) RM : Qual a definição de Improvisação para você?

Ayrton Mugnaini Jr. : Várias. Pode ser criação de frases musicais ou versos de letras na hora, como por exemplo, no repente, ou substituição de algo faltante por outra coisa que estiver à mão, ou um tipo de composição erudita ou jazzística.

42) RM : Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sim, existe, o difícil é saber improvisar e fazer dar certo. Um caso clássico é o de Jorge Ben Jor, que compôs uma canção em pleno palco, “Tá Na Hora”, durante um show no Japão. Sim, existe o “falso improviso”, tem até casos de repentista que ganha desafio com decoreba… esses nem contam.

43) RM : Como você analisa a cobertura feita pela mídia da cena musical brasileira?

Ayrton Mugnaini Jr. : Eu gostaria que fosse bem melhor, sem se concentrar apenas no que é moda ou gosto pessoal de pessoa chefe ou editora.

44) RM : Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para a cena musical em São Paulo?

Ayrton Mugnaini Jr. : Espaços com tal nível de cultura e profissionalismo deveriam ser regra e não exceção no Brasil.

45) RM : O circuito de Bar nos Bairros Vila Madalena, Vila Mariana, Pinheiros, Perdizes e adjacências ainda é uma boa opção de trabalho para os músicos?

Ayrton Mugnaini Jr. : Sim! Muitos bares dos anos 1980 a 2000 nessas regiões ainda estão ativos e tem muitos bons espaços surgindo, embora infelizmente alguns não tenham sobrevivido, mas, como diz o outro, a vida não pára…

46) RM : Qual o seu contatos pessoal e profissional com Raul Seixas?

Ayrton Mugnaini Jr. : Entrevistei-o algumas vezes, inclusive na famosa ocasião em que falei sobre o plágio do “Rock Das Aranhas” e ele admitiu; nossa convivência sempre foi divertida.

Um dos primeiros discos que resenhei na vida foi Krig-Ah Bandolo, ainda em jornalzinho de mimeógrafo, e meu primeiro livro é sobre ele, Raul Seixas: Eu Quero Cantar Por Cantar, primeiro livro a tratar somente de sua obra como artista, deixando para segundo plano o folclore de “maluco beleza”; orgulho-me por este livro ter se revelado obra de referência para quem escuta e estuda Raul.

47) RM : Qual o seu contatos pessoal e profissional com Kid Vinil?

Ayrton Mugnaini Jr. : Fomos grandes amigos. Eu o conheci lá em 1979-80, quando ele ainda era Antônio Carlos Senefonte. Quatro de meus orgulhos são ter integrado o Magazine de 1998 a 2004, inclusive no disco Na Honestidade, ter trabalhado com Kid no programa Digital Session na Brasil 2000 FM, ter sido citado na biografia de Kid escrita por Duca Bellentani e Kid ser padrinho de meu filho. E, além da chateação pela morte de Kid, fica o alerta contra os perigos do açúcar, pois Kid era diabético e abusava de doces de vez em quando.

48) RM : Quais os seus projetos futuros?

Ayrton Mugnaini Jr. : Um deles é concluir uma “ópera popular”, na linha de Porgy & Bess, Ópera Dos Três Vinténs e Ópera do Malandro, que comecei lá em 1990-91, já está quase pronta, preciso concluir e ver com alguém ligado a teatro para encenar. Tenho também alguns CDs temáticos a caminho, cada um reunindo várias canções sobre um mesmo tema.

49) RM: Quais seus contatos para show e para fãs?

Ayrton Mugnaini Jr. : [email protected] , Facebook (Ayrton Mugnaini Jr.) e (55-11-9.9116-3027 – whatsapp) e meu blogue, www.ayrtonmugnainijr.blogspot.com


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.