More Teju Franco »"/>More Teju Franco »" /> Teju Franco - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Teju Franco

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O cantor, compositor e jornalista paulistano Teju Franco se tornou conhecido no cenário da MPB em ocasião do “Festival Cultura, A Nova Música do Brasil”, produzido e levado ao ar em cadeia nacional pela TV Cultura em 2005.

Um Festival de Música que contava com as maiores expressões da música popular brasileira. A sua música “Seresteiro a Perigo” foi selecionada entre 5.500 músicas inscritas e o colocou entre os 48 concorrentes que participaram do Festival, chegando entre as doze finalistas como uma das preferidas nas pesquisas de auditório.

Aluno da atriz de TV, teatro e cinema Miriam Muniz que também ficou conhecida por dirigir shows musicais históricos como o premiado “Falso Brilhante” de Elis Regina, Teju Franco atuou nos espetáculos dirigidos por Miriam Muniz na Funarte de São Paulo. Iniciou a sua carreira se apresentando em teatros e casas noturnas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, desenhando uma longa trajetória que culminou nesse importante Festival de Música realizado pela TV Cultura em 2005.

A música de Teju Franco é herdeira tropicalista da MPB da década de 70, traz a paixão do músico pela Bossa Nova e pelo Samba, mas contêm traços do rock and roll da pauliceia confusa, semifusa de pressas, da música caipira do interior do sudeste e centro oeste que ouviu desde cedo, da música nordestina repatriada no sudeste, dos repentistas e emboladores de coco da Praça da Sé. Não é fusão, é confusão, múltipla personalidade, falta de identidade, da Av. Ipiranga com a Av. São João.

Realizou com o produtor com Henrique Barros e com o crítico musical Mauro Dias o projeto “Enquanto isso” que recebeu no palco do Bar Brahma compositores novos e consagrados de todo o país. Criou e produziu jingles para a TV Globo, foi diretor teatral e musical da CIA de Repertório 14 Bis e do Coletivo de artistas MPBU que incluíam: Max Gonzaga, Adolar Marin, Márcio Policastro, Fernando Cavallieri, Sander Meca e Léo Nogueira.

Sobre ele, escreveu o crítico Mauro Dias (Estado de São Paulo): “Quem acompanhou o Festival da TV Cultura, realizado em 2005, não terá esquecido a performática canção “Seresteiro a Perigo”, que provocou gargalhadas e fez pensar. Mas a música de Edu Franco (nome artístico que usava na época) é muito mais do que isso. Ele é um compositor elaborado, de sofisticada textura harmônica e melodias resolvidas com sabedoria e bom gosto. Além de ser dono de rara voz grave, profunda, envolvente. Vocês verão.”

 Segue abaixo entrevista exclusiva com Teju Franco para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 10.06.2017:

 01) Ritmo Melodia : Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Teju Franco : Nasci no dia 10 de Junho de 1961 em São Paulo – SP

02) RM : Fale do seu primeiro contato com a música?

Teju Franco : Minha família tinha o hábito da Seresta, muito comum em cidades de interior, eu passei a acompanhar meus tios e meu pai nessas empreitadas.

03) RM : Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?

Teju Franco : Na música não tive formação acadêmica, tive algumas aulas e professores específicos, mas minha academia foi os botecos da vida mesmo, ralando na noite. Graduação eu tive em Comunicação Social como bacharel em jornalismo.

04) RM : Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Teju Franco : Minhas duas vertentes principais sempre foram a MPB, tudo o que ela engloba, e o rock and roll.

05) RM : Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?

Teju Franco : Comecei no final da década de 80 no grupo de musicais da Miriam Muniz na Funarte de São Paulo.

06) RM : Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?

Teju Franco : Estou preparando a gravação do primeiro disco.

07) RM : Como você define o seu estilo musical?

Teju Franco : Meu estilo é hibrido, tropicalista, um filtro urbano em que exploro a música brasileira da cidade e do sertão.

08) RM : Você estudou técnica vocal?

Teju Franco : Estudei canto lírico muito pouco tempo, com a professora Regina Debut.

09) RM : Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Teju Franco : Estudar é sempre bom. Mas o cuidado com a voz não faz parte do meu dia a dia. Quem passou a vida cantando horas e horas nas noites por aí aprende a se virar com a voz de cada dia.

10) RM : Quais as cantoras(es) que você admira?

Teju Franco : Quanto as cantoras, não saberia lembrar todas, são muitas, algumas: Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Cassia Ellen, Baby do Brasil, Sara Vaughan, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Janis Joplin, Joan Baez, etc.

11) RM : Como é o seu processo de compor?

Teju Franco : Vária. O mais comum é tudo junto, música e letra, mas acontece às vezes de alguma parte sair antes e a outra correr atrás. E também tem as parcerias musicais, aí depende do que recebo.

12) RM : Quais são seus principais parceiros de composição?

Teju Franco : As parcerias musicais são coisas mais recentes em minha obra, começaram a se dar pela patota aqui de São Paulo: Marcio Policastro, Léo Nogueira, Adolar Marin, Álvaro Cueva, Gabriel almeida Prado, Sonekka. Essa forma de fazer música é uma novidade isso para mim, sempre trabalhei sozinho.

13) RM : Quem já gravou as suas músicas?

Teju Franco : O cantor e compositor Déo Lopes, o Grupo Quinta Essência, Ritinha Carvalho, Élio Camalle, Titina Pereira.

14) RM : Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Teju Franco : Não tem mais nada de pró nesse momento, só tem contra, a MPB está fora de mercado, a gente faz por que somos aficionados.

15) RM : Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Teju Franco : Olha, para ser sincero eu componho desde sempre, mas a carreira de autor está começando a ser desenvolvida agora, então as estratégias são os meios digitais, as redes e plataformas, e os coletivos de autores que viraram uma forma de existir.

16) RM : Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Teju Franco : Carreira de autor é uma coisa que a gente investe, não se ganha dinheiro fazendo música no Brasil. E as redes sociais viraram os únicos caminhos para divulgar as músicas, ninguém pensa mais em rádio. Rádio é uma coisa do passado e também é o retrato da arte na sociedade governada pelo mercado, não se trata de elitismo ou exclusão de nenhum gênero. O maior excluído na produção de música hoje, seja de que gênero for, é o compositor, essa figura foi abolida. As cantoras viraram autoras. E o grosso do que se comercializa nos gêneros populares comerciais não tem a figura do compositor, são tolices e armações que qualquer um pode fazer. A música brega das décadas de 70 tinham grandes autores do gênero, hoje não existe isso, nem no sertanejo, nem no funk, nem no axé, são armações de produtores, música sem identidade e autor.

17) RM : O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Teju Franco : A internet é inevitável, ajuda depois do estrago que faz, a tecnologia está nos tirando a arte e a paciência de absorve-la. Um artista independente na década de 80 tinha mais público que hoje, mais visibilidade, lotava teatros e casas noturnas numa divulgação quase boca a boca, era assim que a gente conhecia e ia ouvir Itamar Assunção, Luiz Melodia, Elomar.  Hoje não há mais o público com o mesmo interesse, você tem mil maneiras de divulgar, mas não tem o cara interessado do outro lado.

18) RM : Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia  de gravação (home estúdio)?

Teju Franco : O Home Studio é maravilhoso e facilitam muito a produção, é uma das vantagens atuais, embora não será inventado nada melhor que uma boa sala acústica e um bom microfone, enfim…

19) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Teju Franco : Sim, tem muita gente hoje, muita coisa, mas não acho que seja um problema de concorrência não, o problema é grana para produzir, promover. E gravar um disco profissional ainda não é tão simples e gravar é só uma parte do processo. O velho mundo continua igual, quem tem grana paga jabá, quem não tem fica como uma carta escondida no imenso baralho dos youtubes, spotfys.

20) RM : Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Teju Franco : O cenário foi de encolha apesar de ter muito mais gente, no caso de MPB. Nós viemos de uma geração de absurda grandeza que se impôs em uma época em que tudo era a favor, mas não pegamos nada a favor depois. Na década de 80 só se produziu rock, na década de 90 foi a ascensão dos bregas industriais. Agora parece que Sertanejo, o Funk e os MC’s dominaram tudo, quase nada aconteceu depois de Djavan e dos nordestinos da década de 80, você conta nos dedos de uma mão. Anônimos devem ter um bocado de gente, que chegou a alguma popularidade só meia dúzia de gatos pingados em 40 anos.

21) RM : Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Teju Franco : São muitos, para ficar nos mais conhecidos, o folego criativo e sempre inovador do Caetano Veloso é realmente inspirador.

22) RM : Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?

Teju Franco : Eu toquei na noite mais de vinte anos, Bar de estudantes, Balada, alta sociedade, restaurantes finos, padarias, clubes,  então tudo o que você imaginar eu já enfrentei, as gafes não são publicáveis (risos).

23) RM : O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Teju Franco : Alegria vem das canções e dos amigos. A grande tristeza é não poder viver da profissão que escolhemos. Eu sou compositor e não professor, crooner, mas são de onde tiro meu sustento.

24) RM : Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?

Teju Franco : A cena é a paulistana, em meu caso muito ligado ao Clube Caiubi e a roda de amigos que chamamos de MPBU – Música Popular Brasileira Universitária.

25) RM : Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Teju Franco : Sem jabá não existe rádio.

26) RM : O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Teju Franco : Conselho que posso dar é para quem quer ser músico que faça uma carreira acadêmica para poder ter proventos mais certos, pois fora disso é um eterno começar do zero todo dia.

27) RM : Quais os prós e contras do Festival de Música?

Teju Franco : Olha, ó único festival que passei na peneira foi o da Televisão Cultura porque saiu do ambiente viciado e “empanelado” dos Festivais de interior. Não acredito nesses Festivais, é um mundo em que todo mundo se conhece e se organiza para se autopremiarem, não faço parte desse mundo. E não gosto do tipo de música escolhida para esses eventos e acho essas peneiras de uma caretice atroz. E não gosto dos compositores vencedores desses Festivais e acho tudo cheio de fórmula, muito chato, não gosto de nada. O Festival da TV Cultura não teve lobby e os que tiveram foram assumidos, achei muito honesto isso, vamos convidar fulano e ciclano. Eu fui escolhido entre cinco mil inscritos e cheguei a finalíssima como uma das preferidas do público, nos festivais regionais eu nem me inscrevo.

28) RM : Como você analisa a cobertura feita pela mídia da cena musical brasileira?

Teju Franco : A grande mídia só cobre o que está na mídia, somos ignorados completamente.

29) RM : Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical em São Paulo?

Teju Franco : Sesc já foi uma opção para os novos artistas, hoje virou palco de artistas consagrados, não é para o nosso bico, já foi, infelizmente não é mais.

30) RM : O circuito de Bar nos Bairros Vila Madalena, Vila Mariana, Pinheiros, Perdizes e adjacência ainda é uma boa opção de trabalho para os músicos?

Teju Franco : Não acho, o circuito de Bar sofreu uma involução agressiva nos últimos anos. A noite normalmente é espelho do mercado oficial, então como quem grava e ocupa mídia atualmente não tem nada a ver com o oficio de música os Bares ficaram assim também, o amadorismo é geral e constrangedor.

31) RM : Quais os prós e contras do seu ativismo político pela redes sociais no desenvolvimento de sua carreira musical?

Teju Franco : Eu sempre fui ativista politico, então com certeza fui muito discriminado por isso, principalmente agora com essa onda direitista, mas por outro lado muita porta se abriu também devido ao ativismo. A política é indissociável de qualquer ação humana eu vou vivendo sem me preocupar muito com as consequências.

32) RM : Você é filiado a um partido de Esquerda? 

Teju Franco : Filiado nunca fui, mas tenho votado e feito campanha para o PT desde que o voto foi restabelecido e nunca me arrependi disso, com todos os erros e problemas que são esperados em grandes partidos no poder há muito tempo.

33) RM : Quais os prós e contras da coligação de um Partido de Esquerda com Partidos de Direita?

Teju Franco : Acho uma tolice ignorar o sistema e fazer a critica isolada, vivemos em uma merda de um presidencialismo de coalizão. O congresso é herança e não escolha, quem quer governar precisa de votos no congresso. Não dá para sentar na cadeira do executivo e passar 4 anos fazendo discursos, então não vejo problema em nenhuma aliança desde que o inimigo vote e aprove o seu projeto e não o contrário como fez Dilma sob pressão no segundo mandato. Mas para evitar essas coligações absurdas e necessárias precisaríamos da reforma através de uma nova constituinte, criar um presidencialismo mais autônomo para administrar o orçamento e que não viva sob a tutela do legislativo, isso acabaria com o toma-lá-dá-cá, um legislativo que apenas legisle e não seja tutor do executivo.

34) RM : Você acredita que na Democracia Burguesa Liberal uma partido de Esquerda pode avançar nas conquistas sociais mais profundas? 

Teju Franco : Qualquer saída que a humanidade encontrar será pela Democracia, pois as saídas de inspiração marxista – leninista fracassaram fragorosamente. Agora é óbvio que o Capitalismo fracassou também e ameaça a todos no planeta, mas estamos longe de superar isso.

35) RM : Como você vê o avanço do Neoliberalismo?

Teju Franco : O neoliberalismo só tem avançado no Brasil, o mundo todo já começa a sair desse caminho desastroso. E esses patetas golpistas e entreguistas que assaltaram o poder aqui querem pegar o caminho que todos abandonam, é surreal a nossa estupidez e vocação colonial.

36) RM : Você é a favor ou contra da unificação de um único partido de Esquerda no Brasil?

Teju Franco : A unificação da Esquerda no Brasil é algo como Papai Noel e Coelhinho da páscoa, nossa esquerda vive em uma realidade paralela. É triste ver que tirando os governos trabalhistas a Esquerda nada fez de concreto no Brasil além de discurso, nunca chegou às classes populares e não aceita que elas protagonizem nada, e vivem de discussões teóricas infinitas. A “Esquerda teórica” é relutante em sair do século 19. A única pessoa de Esquerda que se comprometeu a sair do discurso e fazer algo foi o Lula. Não vejo muita possibilidade de uma Esquerda Unida, não é isso que sinalizam os partidos de Esquerda.

37) RM : Quais os seus projetos futuros?

Teju Franco : Esse ano público meu primeiro livro de poesia e quero gravar um CD ou EP e rodar com esse show o quanto puder.

38) RM : Teju Franco, quais seus contatos para show e para os fãs?

Teju Franco :  Contato com “SE Pá Produções” (11) 9.8128 – 3742 | [email protected]


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