More Enúbio Queiroz »"/>More Enúbio Queiroz »" /> Enúbio Queiroz - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Enúbio Queiroz

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O violeiro, compositor, cantor, professor Enúbio Queiroz é exímio Violeiro e toca o Violão e o Cavaquinho. Enúbio foi criado na roça, onde trabalhou na lavoura e na lida de gado, juntamente com seu pai.

Seu interesse pela Viola Caipira surgiu na infância, já que seu pai tocava o tradicional Instrumento Musical Caipira Raiz. Ele teve um Cavaquinho como seu primeiro Instrumento Musical, o qual aprendeu a tocar com Otaviano Francisco da Silva, o Baiano. Mais tarde, além de algumas aulas de Canto, estudou também o Violão Clássico, se formado no Conservatório Renato Fratesh em Uberaba-MG.

Ele estudou no Conservatório Carlos Gomes de São José do Rio Preto-SP, na Academia Santa Cecília, em Goiânia-GO e na Academia de Música de Osasco-SP. No Estado de São Paulo, Enúbio teve aulas com o Violonista e Professor Paulo Barreiros.

Enúbio começou bem jovem a tocar profissionalmente, acompanhando ao Cavaquinho alguns conjuntos de Forró em bailes de fazenda pelo interior das Minas Gerais, recebendo então os primeiros cachês, com força de vontade, segurando a barra até o sol raiar.

De acordo com Romildo Sant’ Anna (Pesquisador de Cultura Popular Brasileira e Professor de História da Arte da UNESP – São José do Rio Preto-SP), no encarte do CD – Viola Refinada, Enúbio Queiroz “foi beber na mesma fonte dos antigos jograis e menestréis da Idade Média Européia, época e lugar em que a Vihuela de Mano embalava o imaginário coletivo, adornando cantares trovadorescos e as pequenas gestas romanceadas (…) Enúbio registra (…) a sua Arte da Viola, instrumento musical submetido ao mais severo de todos os críticos de arte: o filtro do tempo.

Tecnicamente muito refinado, o tinir rasqueado e dedilhado da Viola abrange os variados campos harmônicos, dos médios aos agudos, como se fosse o entoar de uma dupla de cantadores (…) Enúbio nunca esquece a cor do chão, a exuberância tropical de nossas matas, o cântico dos aboios de vaqueiros, tropeiros e carreiros do sertão.

Por isto, o choramingo de um carroção de bois, no virtuosismo instrumental de Enúbio, acaba expressando o sensorial e a etnologia do Mundo Caipira.” De acordo com o Violeiro Pinho, em sua excelente Revista Viola Caipira – Nº. 12 – Pág. 10, “Sua primeira composição para Viola ‘Revoada Das Andorinhas’ data de 1985 e virou notícia em todos os programas de jornalismo da rede Globo, chegando a passar duas vezes no ‘Fantástico’.

A partir daí abraçou o cinturado da Viola, dando aulas e estudando. Foram horas, dias, meses, anos de dedicação, e o resultado foi chegando aos poucos, com muitos alunos e admiradores.”

Além do excelente Solista de Viola, ele criou Métodos e Vídeo – Aulas não apenas de Viola Caipira, mas também de Violão Sertanejo. Enúbio foi também um dos autores do Método de Viola intitulado “Repertório De Ouro Para Viola Caipira”, editado pela Editora Ricordi do Brasil.

Considerado um dos principais Violeiros da Música Caipira Raiz, Enúbio Queiroz, antes de gravar seus excelentes CDs como Solista, gravou dois LPs, fazendo parte da dupla “Economista e Contador”, juntamente com João Roberto Costa. Enúbio gravou o terceiro LP juntamente com Abssoir José Correia. E o passo seguinte foram os CDs em Solos de Viola!

E, em entrevista ao Pinho, editor da excelente Revista Viola Caipira – Nº. 12 – Pág. 10, Enúbio afirma que o que o chamou para a estrada “… Foram as insistentes solicitações dos que acreditam na sinceridade de mais um Violeiro das Gerais.

Some-se a isso o natural desejo de dividir com o público os muitos anos de busca daquele som, o qual persegue todo tocador de Viola. É o lado bom da mineira espera pelo momento mais propício.

A hora é agora: menos loja, mais Viola! Como cantou o mineiro ilustre: ‘É preciso ir aonde o povo está'”. Ele foi semifinalista do Prêmio Syngenta de Música Instrumental de Viola no ano de 2004.

O excelente Solista de Viola é autor de dois “Vídeos-Cursos” intitulados “Viola Caipira” e “Violão Sertanejo”. Ele tem orgulho de sua origem, já que considera o autêntico Caipira como uma “espécie em extinção”.

“Unido o útil ao agradável”, Ele fundou a loja “Danúbio Instrumentos Musicais” e já se apresentou em dupla com seu filho Felipe Queiroz(ele deixou a carreira musical pela de advogado).

Segue abaixo entrevista exclusiva com Enúbio Queiroz para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01 de julho de 2013:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Enúbio Queiroz: Nasci no dia 01/10/1953, na fazenda Monte Alto “Duas Vendas”, no município de Iturama, Minas Gerais, que hoje pertence ao município de Limeira d’Oeste. Filho de Aparecida de Souza Queiroz e Rodolfo Ferreira de Queiroz.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Enúbio Queiroz: Meu pai (Rodolfo Ferreira de Queiroz)era violeiro catireiro, e meu cunhado sanfoneiro, meus primeiros contatos foram assistindo à catira e aos bailinhos de fazenda, os chamados “pagodes”. Como a região é vizinha a Mato Grosso, era também comum vir às quermesses da cidade, os trios e grupos paraguaios.

03) RM: Qual a sua formação musical?

Enúbio Queiroz: Eu comecei aprendendo o Cavaquinho, depois Violão, com Otaviano Francisco da Silva (Baiano). E estudei teoria em uma banda de minha cidade, depois estudei Violão Clássico no conservatório Renato Fratescchi, Uberaba, MG, com o professor Olegário Bandeira (Chumbinho).

E depois disso, na Viola Caipira, como na época era pobre em literatura, usei o material que já sabia do Violão Clássico, em conjunto com minhas influências musicais para desenvolver minha técnica na Viola.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Enúbio Queiroz: Tião Carreiro, Moreno da viola, Zé do Rancho, Bambico, Renato de Andrade, Ivan Vilela, Roberto Correia, Almir Sater, além da música Paraguai na Harpa, solos, a música popular brasileira, chorinho, além dos clássicos de todos os tempos.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira profissional?

Enúbio Queiroz: Em 1980, em São Paulo, quando gravei meu primeiro LP.

06) RM: Quantos CDs lançados (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD?

Enúbio Queiroz: Já tenho gravado oito CDs Instrumentais, dois vocais, um DVD show, e três DVDs aulas, e no passado, três LPs em dupla (João Roberto Costa e com Abssoir José Correia) e um compacto solo.

2006 – A viola e um violeiro – DVD. O DVD e CD – A Viola E Um Violeiro, no qual Enúbio brinda o Apreciador com um magnífico recital na Igreja Basílica de São José do Rio Preto-SP no dia 04/08/2006, com a participação de Nilson Toledo no Violão.

No repertório, além de belíssimas Composições de Enúbio Queiroz, o Apreciador pode ouvir arranjos para Viola Caipira de belíssimas páginas musicais tais como “Sons de Carrilhões” (João Pernambuco), “Abismo de Rosas” (Américo Jacomino) e “Trenzinho do Caipira”, das Bachianas Brasileiras N° 2 (Heitor Villa-Lobos).

2002 – Riacho dos Passarinhos • Live Music • CD. Merece destaque também o CD – Riacho dos Passarinhos, gravado em Maio de 2002 e lançado pela Live Music em 2003, o qual brinda o Apreciador com belíssimas interpretações de Clássicos Caipiras tais como Chalana (Mário Zan – Arlindo Pinto), Pagode Em Brasília (Lourival dos Santos – Teddy Vieira), além de Acordes Orientais (Gaúcho da Fronteira) e de belíssimas composições próprias, dentre as quais, o Fado “Serenata Portuguesa” (Enúbio Queiroz), o Cururu “Viola Bernardino” (Enúbio Queiroz), a Polca Paraguaia “Nas Asas Do Tico-Tico” (Variações Sobre o Tema de “Tico-Tico No Fubá”, de Zequinha de Abreu – Enúbio Queiroz), além da faixa-título que é a Querumana “Riacho Dos Passarinhos” (Enúbio Queiroz) e do Depoimento em “Conversa Ao Som Da Viola” (Enúbio Queiroz).

Nesse CD, Enúbio toca Viola Caipira, Violão, Cavaquinho e Viola-Banjo, tendo a participação de Nilson Toledo (Primeiro Violão-Base) e Felipe Giacchetto de Queiroz (Acordeom).

De acordo com o próprio Enúbio, esse CD “… é resultado de uma pesquisa imaginária aproximando a Viola Caipira em vários Estilos Musicais.” 2000 – Viola refinada – volume 2 • Movieplay • CD.

1997 – Viola refinada – volume 1 • Movieplay • CD Quero aqui destacar o CD – Viola Refinada – Volume 1, com diversos ritmos que incluem Valsa, Choro, Quadrilha, Country, Forró e Polca Paraguaia, dentre outros, contendo inesquecíveis Clássicos do Repertório Caipira Raiz, como por exemplo, Menino da Porteira (Teddy Vieira – Luizinho), Saudades de Matão (Antenógenes Silva – Jorge Gallati – Raul Torres), além de uma Peça Erudita arranjada para Viola que é o Minueto em Sol Maior (Ludwig Van Beethoven), e uma adaptação da conhecidíssima Canção Natalina, Noite Feliz (Franz Grübber – Joseph Mohr), como se fosse uma “Caixinha de Música”.

Além desse maravilhoso repertório, o CD ainda brinda o Apreciador com belíssimas composições próprias bastante originais, dentre as quais, a Oração “Santa Cecília” (Enúbio Queiroz), (em forma de “tremulo” homenageando a Padroeira da Música), o Baião “Visões do Nordeste” (Enúbio Queiroz), baseado no canto dos Trovadores Nordestinos e a Moda de Viola Para Mão Esquerda (Enúbio Queiroz) que, segundo o próprio Intérprete e Compositor, “Às vésperas de um recital, uma repórter perguntou o que eu tinha de diferente no repertório; era uma novidade em composição; então mostrei a Moda de Viola, somente tocada com a mão esquerda”.

E, de acordo com Romildo Sant’ Anna, no respectivo encarte, “Este CD, muito além do prazer estético que, com certeza, propiciará aos ouvintes, é um atestado de amplo alcance musical da Viola, já incursionado por magníficos Violeiros, como Renato Andrade, Tião Carreiro, Roberto Nunes Corrêa e Almir Sater.

Trazendo a Viola para a modernidade, intersecciona os ornatos acústicos da Viola à sonoridade acústica, percussiva e eletrônica de vários instrumentos, preenchendo e criando campos harmônicos que se rejuvenescem e perduram no tempo (…) um novo caldo brasileiro que, na maior das radicalidades, é espelho da nossa identidade.

Como a nossa própria Cultura Mestiça, fazemo-nos, como escreveu Lévi-Strauss, da Alquimia de ingredientes crus e cozidos.

É ouvir, admirar e sentir-se refletido no espelho.” Sem dúvida, um excelente CD que faz jus ao nome que tem! Enúbio também lançou pela mesma gravadora o CD – Viola Refinada – Volume 2.

07) RM: Qual foi a emoção de gravar um DVD dentro de uma Igreja?

Enúbio Queiroz: Eu gravei o DVD em 2006 dentro da Basílica de Nossa Senhora Aparecida em São José do Rio Preto – SP, cidade que resido atualmente. Foi muito gratificante, toquei na semana da música clássica em São José do Rio Preto, até hoje fico pensando como foi possível ter acontecido aquilo, o som ficou lindo, divino! O Nilson Toledo me acompanhou ao Violão.

08) RM: A acústica da basílica e o ambiente de fé do local foi o diferencial?

Enúbio Queiroz: Sem dúvida, a acústica é muito boa, e o local é lindo, e no dia teve muita gente bacana e com bom gosto musical!

09) RM: Como você define seu estilo musical dentro na cena do Violeiro?

Enúbio Queiroz: Sou um violeiro que usa técnicas do violão clássico para executar a viola, modas e clássicos populares.

10) RM: Quais as diferenças entre o tocar da Viola pelos violeiros do nordeste e do sudeste?

Enúbio Queiroz: No nordeste, os violeiros de raiz usam a viola mais dedilhada, e usam bastante o acorde da tônica com sétima, no ritmo de baião, embolada nordestina, do ‘repente’ e da literatura de cordel. E os violeiro da moda de viola do sudeste, a usam com mais levadas usando acordes perfeitos, por vezes fazendo um pequeno solo em terça e em sexta.

11) RM: Como no violão, existe a formação e o tocar popular e o erudito. Na Viola existe esta distinção técnica e estética?

Enúbio Queiroz: Sim, agora existe. Mas a Viola começou bem humilde no cenário musical, ficando por muito tempo no anonimato. A partir da década de 80, surgiu aquele que a meu ver é tachado como o músico MPB da música sertaneja, Almir Sater, e os solistas como o professor Roberto Correa, Renato de Andrade, Ivan Vilela. E agora há o Curso Superior de Viola Caipira na USP de Ribeirão Preto, e a cada dia ganha cada vez mais influências eruditas.

12) RM: Nos apresente seus métodos de Viola?

Enúbio Queiroz: Tenho o “Repertório de Ouro para Viola Caipira”, que é um curso prático, respeitando todas as regras da teoria musical. O livro “Pedagogia da Viola” é uma planilha para os professores ministrarem aulas para seus alunos. E tenho DVDs de vídeo-aula, um sendo Básico e Intermediário, e o outro Avançado, que abrange toda a matéria prática para se tocar a viola caipira. E tenho o DVD – Viola Caipira – Ornamentos e Malabarismos, em que detalho as notas que enfeitam a execução musical, e exercícios para tocar a viola de várias maneiras não usuais no modo de se tocar, sendo brincadeiras de técnicas!

13) RM: Nos apresente sua escola e loja musical? Na escola tem curso para outros instrumentos?

Enúbio Queiroz: Atualmente, estou lecionando apenas Viola Caipira, de segunda a quinta-feira, na parte da manhã e a noite. Nos finais de semana curto com minha família quando não tenho nenhum evento para me apresentar. A loja toma muito meu tempo. Estou chegando a 30 anos neste ramo de instrumentos musicais. Trabalhamos com a linha popular na maioria dos instrumentos, métodos, livros e DVD aulas.

14) RM: Quais as diferenças das afinações da Viola? E como saber qual afinação usar para tocar o gênero musical preferido?

Enúbio Queiroz: As diferenças na afinação deste instrumento variam muito de região para região, além do gosto do próprio músico. Porém, a afinação ‘padrão’ da viola e a preferida pela grande maioria dos músicos é a cebolão em Mi maior.

15) RM: Existe rivalidade entre os violeiros na forma de tocar a Viola?

Enúbio Queiroz: Acho que não, cada um tem sua técnica, alguns usam palheta, outros usam dedeira, e outros usam as unhas ou os digitais (as técnicas ‘unhas’ e ‘digitais’, vêm desde o século XVIII na Espanha com os violonistas, em que Francisco Tárrega defendia a técnica com unhas e Fernando Sor, com as digitais). E o estilo que o músico quer tocar influencia muito na sonoridade.

16) RM: Quais as limitações de quem toca Viola sem explorar as suas possibilidade técnica e sonora?

Enúbio Queiroz: Ficará limitado a um repertório, parado no tempo. Ninguém pode parar de estudar, como na natureza tudo progride e se desenvolve, e temos sempre que buscar nossa melhoria. O violeiro que se preza está sempre à procura de uma nova batida ou um toque diferenciado que impressione (o maior estímulo de um músico é ir a shows, assistir programas e ouvir todo estilo musical e tentar copiar na viola).

17) RM: Quais os principais gêneros que usam a Viola como instrumento de acompanhamento?

Enúbio Queiroz: Para qualquer arranjo que seja feito simplesmente da linha melódica, é necessário algum outro instrumento de harmonia para acompanhar a música. O violão é um dos instrumentos mais famosos do mundo, ele se encaixa bem em praticamente todos os estilos, e ele é o mais apropriado para alguns estilos musicais, forma um par perfeito para a Viola. Há até uma piada sobre este assunto: “Sabe o que a Viola falou para o Violão no final do espetáculo? – Vamos fazer um Cavaquinho?”

18) RM: Qual o gênero musical que você mais gosta e toca na Viola?

Enúbio Queiroz: Os clássicos populares, e sertanejos.

19) RM: Como é seu processo de compor?

Enúbio Queiroz: Quando me deparo com algum tema que me chame à atenção. Por exemplo, minha música “O andar do Tuiuiú”, em meu segundo CD, compus assistindo a um programa sobre o Pantanal.

20) RM: Você tem composições com letra ou só instrumental?

Enúbio Queiroz: As duas. Componho músicas instrumentais, e também faço letras e melodias.

21) RM: Quais são seus principais parceiros musicais?

Enúbio Queiroz: Atualmente estou com um trabalho individual, mas tenho um parceiro que me acompanha no Violão e faz segunda voz. Já tive parceiros de dupla, mas nunca para compor.

22) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Enúbio Queiroz: Eu desenvolvi minha carreira instrumental trabalhando com a música, dando aulas e comercializando instrumentos mesmo antes da loja. E meus alunos, clientes e fornecedores são meus amigos, aí é onde encontrei suporte para meus trabalhos independentes.

23) RM: Como você analisa o cenário musical da Viola. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Enúbio Queiroz: Fernando Sodré, Fernando Degi, Marcos Biancardini, Marcos Violeiro, Juliana Andrade, Mazinho Quevedo. E uma ressalva para as “orquestras de Viola”, como por exemplo, a “Orquestra Paulista de Viola Caipira”, dirigida pelo maestro professor Rui Torneze. Acho que ninguém regrediu propriamente dito, podem alguns ter parado no tempo, mas não sei lhes informar.

24) RM: Quais os Violeiros já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Enúbio Queiroz: Tião Carreiro, Renato de Andrade, Almir Sater, entre tantos outros.

25) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Enúbio Queiroz: Em 2006, fiz uma apresentação no “Se Vira nos 30”, do Programa do Faustão. E, além dos 30 segundos, toquei por mais um tempo a pedido do apresentador Fausto Silva. Após uma semana mais ou menos, já em minha loja, um senhor entrou e ficou me olhando tocar por um bom tempo.

Quando acabei, ele me diz: “O senhor até que toca, mas se ver o cara que foi no Faustão semana passada você desiste do trem!”, nisso, outro cliente que estava na loja replicou: “Mas é ele! Ele quem tocou lá no Se Vira nos 30!”, e o senhor responde, olhando para mim: “É… até que parece um pouco… Mas o rapaz lá era mais novo…”.

Em outro acontecimento engraçado, fui convidado para tocar em uma palestra sobre os produtos da Herba Life, fiz a abertura tocando o Hino Nacional Brasileiro.

E como o tempo era curto para a apresentação, fiz uma série de malabarismos, tocando com o queixo, com o cotovelo, só com a mão esquerda, só com a mão direita, tocando com a Viola nas costas, com a Viola no colo tocando em tapping, fiz imitações de passarinhos, caixinha de música, entre outras.

Quando o palestrante iniciou a palestra, ele estava dando exemplos de superação, que não há limites para se conquistar o ideal.

E apresentou ao público o DVD de Tony Meléndez, o violonista sem braços que toca com os pés, e tocou para o Papa João Paulo II Nos Estados Unidos. Eu achei que estava fazendo muito tocando com uma mão, ele me vem e fala para todos da platéia sobre um rapaz sem braços que toca com os pés! Tenho muito apreço por este músico, mas na hora me senti pequeninho, e que não fiz quase nada…

26) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Enúbio Queiroz: Tristeza no meio musical é meio incoerente, tocar Viola foi sempre uma coisa que me deu muito prazer. E minha maior alegria é ver meus alunos progredindo e tocando aquilo que sempre sonhei em tocar, tanto meus alunos presentes como os virtuais.

No passado o que mais me entristeceu foi estar preparado, com vigor da juventude, e não ter shows para fazer. Mas na verdade, o meu maior objetivo com a Viola foi concluído, sem dúvida estou deixando um legado para o ensino da Viola Caipira, pois ajudei a resgatá-la. Como diz um famoso pensamento: “Você se tornará aquilo que imagina ser”.

27) RM: Nos apresente a cena musical dos Violeiros de sua cidade e região?

Enúbio Queiroz: Na cidade, há sempre locais onde se apresentam os Violeiros da música raiz, e São José do Rio Preto é um celeiro de bons violeiros solistas, por exemplo: Zé do Rancho, Divino, Clayton Torres, Juliana Andrade.

28) RM: Quais os Violeiros que você recomenda ouvir?

Enúbio Queiroz: Tião Carreiro e Pardinho, Almir Sater, Nestor da Viola, Gedeão da Viola, Renato de Andrade. Porém, na verdade não existem Violeiros exclusivos, existem boas composições e interpretações.

29) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Enúbio Queiroz: Minhas composições sempre fizeram fundos musicais, vinhetas de programas e comerciais, porque a musica instrumental não tem potencial para competir com a música de cantores.

30) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Enúbio Queiroz: É muito gratificante, mas é preciso que tenha um ideal muito forte e definido, até onde você quer chegar. Mas em tudo se precisa ter um ponto muito importe: a chamada “estrela”, porém a musica por si só, mesmo sem fama, é uma maravilha.

“Se os seus sonhos estão nas nuvens, eles estão no lugar certo, pois terá de lutar para construir os degraus e alicerces com muito esmero, porque existe um grande prazer nesta construção”.

31) RM: Quais os projetos futuros?

Enúbio Queiroz: Estou concluindo um álbum de partitura e tablatura para viola com minhas músicas. E estou preparando um clipe para postar no Youtube da minha composição em homenagem ao meu cachorro: “Pepe”.

32) RM: Enúbio Queiroz, Quais os seus contatos para show e com os fãs?

Enúbio Queiroz: Danúbio Queiroz Instrumentos Musicais e Cursos, na Rua Marechal Deodoro, nº 2423, em São José do Rio Preto. www.enubioviola.com.br | [email protected] | [email protected]
| (17) 32344769 | 32336716
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=2NBuNoUptv0
http://www.youtube.com/watch?v=0FeNJ995pEM
http://www.youtube.com/watch?v=pFKReNFfpwo


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.