More Gereba »"/>More Gereba »" /> Gereba - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Gereba

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O cantor e compositor baiano Gereba (Winston Geraldo Guimarães Barreto)  têm história musical registrada nos vinte discos gravados. Trabalhou no inicio da carreira com os baianos famosos do tropicalismo e com: Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Elba Ramalho e Anastácia.

Tem composições gravadas na voz de: Elizeth Cardoso, Bete Carvalho, Amelinha, Diana Pequeno, Fagner, Anastácia, Trio Nordestino, Paulo Moura,  Gilberto Gil, Caetano Veloso, Moraes Moreira, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho e gravadas também  na Argentina pelo cantor Leon Gieco e na Alemanha por Folkan Crieg.

Músico eclético que transita do regional ao erudito com originalidade. Seus Discos são temáticos e versáteis com a responsabilidade estética e cultural de mostrar o melhor da música popular brasileira.

O Seu novo lançamento: Sertões em homenagem aos cem anos do livro: Os Sertões de Euclides da Cunha fecha o ciclo da Guerra de Canudos. O Disco anterior tinha como homenagem a Canudos. São mais de trinta anos de carreira baseada na integridade profissional e resgate das tradições nordestinas e da música popular brasileira em todos os seus gêneros: Samba, Choro, Forró.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Gereba para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.11.2001:

01) Ritmo Melodia: Fale do seu primeiro contato com a música.

Gereba: Meu primeiro contato com a música foi com meu pai e meus tios que tocavam violão e eram seresteiros. Uma tia dirigia o coral da igreja, tinha um tio que era pistonista. Eu nasci no dia 14 de agosto de 1946 em Monte Santo – BA que é o maior centro de romarias do sertão de Canudos. Meu contato com a música religiosa, violeiros e seresteiros foi muito intenso. Eu respirava e vivia tudo isto, ou seja, de Pixinguinha, Dilermando Reis, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e tudo que tocava no alto-falante do centro da cidade. Depois vieram os conjuntos de bailes, com influências mais diversificadas como: Beatles, Severino Araújo e Gafieiras.

02) RM: Como foi o seu início da carreira musical?

Gereba: Foi em conjunto de baile e Festivais de Música, depois em 1971 fui para Salvador – BA e comecei a tocar no teatro Vila Velha, aonde começou também Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Tom Zé, o velho Vila Velha. Meu primeiro trabalho que chamou atenção foi à trilha que compus para a peça: Quincas Berro D’Água, de Jorge Amado que tive o privilégio de conviver um pouco nas primeiras leituras que eram feitas na casa dele, daí resultou na minha primeira gravação para disco. Um disco da trilha lançado pela Phillips em 1972, nesse disco estavam MPB4, Nara Leão, Edil Pacheco, Fernando Lona, foi um compacto duplo. E depois fui convidado pelo Roberto Menescal para fazer o meu primeiro disco em 1973 que dei o nome de Bendegó (que em Tupi é: a estrela boa que veio do céu) que virou a velha oficina Bendegó, ou seja, um grupo que serviu a MPB em mais de 40 discos, desde Caetano Veloso no disco Joia na música “Canto do Povo de Um Lugar”, Jards Macalé, Oswaldinho do Acordeon, Moraes Moreira, Diana Pequeno e muitos outros.

03) RM: Quantos Discos lançados? 

Gereba: Até agora são 20 discos, contando com os vinis e os discos do Bendegó, todos de MPB sem maquiagem, tudo no pau puro, muitos deles com temas específicos. Em 1993 o disco “Gereba convida” 13 cantoras do primeiro time da MPB: Cássia Eller, Vânia Bastos, Tetê Espíndola, Marlui Miranda, Virginia Rosa, Ná Ozetti e outras. O disco de 1997: “Canudos”; sobre os 100 anos da Guerra, um disco mais introspectivo, contou com a participação do Olodum e Oswaldinho do Acordeon. O disco: “Canções que vêm do Sol”; o primeiro pela Paulus, um disco instrumental de violão dedicado a meu pai, nele estava os mais importantes instrumentistas populares e eruditos: Oswaldinho do Acordeon, o clarinetista Naylor Proveta, líder da banda Mantiqueira e os eruditos José Ananias e o João Omar (filho do cantor e compositor Elomar). As músicas mais conhecidas são: “Rancheira”, com 10 gravações e “Eu e tu”, recentemente gravada pelo Fagner, com 8 gravações.

Solo: Bendengó (1973) Fontana/ Phonogram, Te Esperei (1985) Independente, Gereba Convida (1993) RGE, Canudos (1997) CPC-Umes, Forró da Baronesa (2000) CPC-Umes, Canções Que Vem Do Sol (2001) Paulus, Sertão (2002) Paulus, Don Quixote Xote Xote (2008) Atração. Com Bendegó: Forró Bom! É do ABC! (1989) Continental, La Nave Va (1986) 3M, Bendegó (1981) Continental, Bendegó (1979) Epic/CBS, Onde o Olhar Não Mira (1976) Continental. Com Tom Zé: Cantando Com a Platéia (1990) Independente.

04) RM: Quem gravou suas canções?

Gereba: Gravaram minhas músicas: Elizeth Cardoso, Bete Carvalho, Amelinha, Diana Pequeno, Fagner, Anastácia, Trio Nordestino, Paulo Moura. Trabalhei com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho. Músicas minha foram gravadas também na Argentina pelo cantor Leon Gieco e na Alemanha por Folkan Crieg.

05) RM: Como você define o seu estilo musical?

Gereba: Um estilo diverso. Eu posso ser um violonista de Valsa e Choro, um forrozeiro, um cantor de Toadas e tocador de Samba amarrado ou de licutixo (palavra utilizada no sertão nordestino para expressar agonia), rojão, assim como arranjador de MPB. Tenho shows em diversos formatos: Violão e Voz, com um Trio: sanfona, zabumba, triangulo, mais o meu violão e voz. “Gereba sopros e cordas” uma orquestra com quarteto de cordas e um regional de Choro, ao todo 12 músicos. “Gereba e trio forró brabo”. E “banda Quebra Gereba” formação bem grande, me apresentei com ela nos 50 anos do Baião em 1999 no Sesc com Elba Ramalho e Dominguinhos. E me apresento com a mesma no carnaval da Bahia desde 1986, fui com esta formação para a Europa e Estados Unidos. Foi assim que recebi Luiz Gonzaga e Dominguinhos no meu projeto “Carnaforró” (1986) introduzindo deste modo o Forró no carnaval da Bahia. E deslocando o carnaval do centro para a orla marítima, fazendo cair 60% da violência no carnaval da Bahia e foi o primeiro trio elétrico que tocou na orla, até então o carnaval era só no centro de Salvador – BA.

06) RM: Qual a importância da música regional nordestina no seu trabalho?

Gereba: Importantíssima. Eu respiro e vivo a nossa história nordestina que é inesgotável. Agora mesmo estou comemorando os 100 anos de: Os Sertões; de Euclides da Cunha, que vai até 02 de dezembro (lançamento do livro, 2 de dez. de 1902). E vai ser nesta pisada, lançando o meu disco “Sertão” pela Paulus, que está me dando a maior força em todo o Brasil. Estou lançando o disco com grande festa em estações de Metrô, Pátios de Escolas e em lugares públicos contando em música a nossa fascinante história do sertão. E lancei o disco em grande festa na beira do Açude de Cocorobó de Canudos – BA no dia 08 de junho 2002 em Monte Santo minha cidade natal, que foi quartel general na época da Guerra de Canudos. No disco tem o último poema do queridíssimo Patativa do Assaré: “Festa da Natureza”. Um motivo de muita honra, neste poema ele louva o sertão verde e sem sofrimento, louva alegria dos passarinhos cantando e as pessoas felizes. É uma fotografia linda do Patativa, é o contrário da grande obra “Triste Partida” em que ele descrevia a partida do nordestino para São Paulo. Na música “Festa da Natureza” ele quase que pede para que o nordestino se fixe no campo.

07) RM: Fale do mais recente lançamento em homenagem a Canudos. O que motivou fazer essa homenagem?

Gereba: Me sinto como Canudense, na obrigação de retratar a minha terra em música, nos discos: “Canudos” e “Sertões”.

08) RM: Quais são as suas referências musicais?

Gereba: Luiz Gonzaga e Pixinguinha.

10) RM: Gereba, Como você analisa o mercado fonográfico brasileiro hoje?

Gereba: Perverso, tremendamente injusto e só sabem vender lixo. Uma hora tem que aprender a vender coisa boa, pois melhoraria a qualidade cultural das pessoas, mas isto não é bom para os governos, pois eles não vão criar cobra para vim contra eles mesmos. Quer dizer: se o governo dê cultura para o povo, o povo vai votar bem, e aí a primeira coisa que vai fazer é sair do cabresto e tirá-los do poder. Quer dizer é complicado, mas a de ter um governo que encare esta história. Eu estou torcendo que isto aconteça o mais cedo possível.

Contatos: [email protected]

https://www.youtube.com/watch?v=JuSCppMAY-s

https://www.youtube.com/watch?v=4ln4f2wQ4Wc


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Comments · 1

  1. Bela e respeitosa a sua história. Também venho de uma família de músicos e me entristece ouvir e ler mais uma vez sobre o desrespeito com a arte.
    Parabéns e obrigada por não deixar nossa cultura morrer.
    Meus respeitos.

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.